» a exposição do mês de setembro no Copia – Counter Culture – The American Diner.
Mês: outubro 2006
That’s Hollywood!
Me lembro, ainda criança assistindo filmes na Sessão da Tarde nas férias, de ir até a cozinha e encher uma xícara de café tirado de uma garrafa térmica que ficava sempre num canto da cozinha, para satisfazer os inúmeros cafezinhos que o meu pai bebia diariamente. Eu fazia isso porque via os personagens nos filmes americanos bebendo café e ficava impressionada e motivada com o gosto com que eles faziam aquilo. O charme era o fato deles não usarem as xícarazinhas, como o meu pai fazia, mas umas xícarazonas de chá cheias do liquido negro. O que eu não sabia é que o café dos filmes era realmente esse café fraco, que hoje eu conheço muito bem, e não o nosso café forte, próprio para ser bebido nas xícarazinhas. Eu devia ficar totalmente turbinada, mas era legal demais tentar imitar o pessoal dos filmes!
Uma prima do Uriel, que também mora aqui nos EUA, uma vez me contou da primeira impressão de uma das irmãs dela, quando chegou em New York para visitá-la. Ela estava inconformada e perguntava insistentemente onde estava aquela comida maravilhosa e deliciosa que ela passou a vida assistindo aos personagens comerem lambendo os beiços nos filmes? Onde estão os donuts, as pizzas, o café – esse é o mais enganador, os hot-dogs, aquelas coisas que pareciam uma estupenda delicia, mas – SURPRISE – não são!! Enganação de Hollywood? Ilusão coletiva?
Eu observo muito a comida nos filmes. Como os atores comem ou não comem. Nos filmes antigos, todo mundo sentava-se à mesa, mas se prestarmos bem atenção vamos notar que ninguém realmente comia. Hoje os filmes são mais realistas. Eu deito cedo e fico lendo, fazendo coisas no computador e vendo filmes na tevê – tudo ao mesmo tempo agora! Outro dia enquanto pagava minhas contas online, passava o filme Moonstruck, com a Cher e o Nicolas Cage. É um filminho fofo, que eu não me incomodo de rever mil vezes. Muitas cenas se passam na cozinha da casa da famiglia Castorini. Eu adoro aquele tipo de cozinha, com muito espaço, uma mesa no centro. Numa das cenas, Olympia Dukakis prepara sunshine toasts – aquele ovo frito enclausurado num buraco no centro de um pão tostado, que se faz tudo junto, na frigideira ou no forno. Eu sempre quis fazer essas toasts, mas como não curto ovo e só faço breakfast quando tenho visitas, nunca tive a oportunidade de testar essa receita interessante. No filme, o ovo vasa por baixo e dá pra perceber que vai ficar uma bela droga quando a senhora Castorini vira a toast na frigideira. A filha cheira o prato antes de enchê-lo de sal e mesmo assim não come – vejam o filme e reparem!
Outra cena na cozinha é a final, quando a mãe prepara um mingau para todos – sogro, marido, filha, pretendente da filha e casal de amigos. Todo mundo come o mingau enquanto os nós da trama são desfeitos. Pra mim essas cenas dos filmes são preciosas e quase sempre inesquecíveis. Mas agora cresci e amadureci [um pouco] e desta vez não corri pra minha cozinha pra fazer um mingau!
Salada de quinoa com limão e tomate
Finalmente arrumei ânimo para sair do ‘feijão-com-arroz’ de sempre e tentei uma receita nova. Usei esta receita do blog 101 Cookbooks como base e a partir dela fui modificando uma coisa aqui, outra ali. Eu queria fazer algo com quinoa. Fiz uma pesquisazinha e aprendi algumas coisas úteis: primeiro deixar a quinoa de molho por uma meia hora, depois lavá-la bem pra tirar qualquer resquícito da cobertura de saponin dos grãos que dá à quinoa um sabor amargo, e por último uma dica que eu achei muito importante, que é guardar a quinoa sempre na geladeira, pois ela se deteriora facilmente mesmo não estando cozida – bem diferente de outros grãos que dá pra guardar por anos no armário.
Fiz então a minha salada de quinoa. Deixei 1 xícara de molho por meia hora. Lavei bem, enxaguei, enxaguei, peneirei. Coloquei a quinoa numa panela de ferro com 2 xícaras de água. Quando ferveu, abaixei o fogo e deixei cozinhar com a panela tampada por uns 15 minutos. Mexi com o garfo pra misturar, coloquei numa vasilha e deixei esfriar.
Numa vasilha maior preparei o molho. Misturei 1 colher de chá de tahini com raspas e suco de um limão verde. Coloquei bastante azeite, sal e pimenta do reino moída a gosto e um punhado de coentro picadinho. Misturei bem com o batedor de arame. Piquei três tomates sem sementes em cubinhos pequenos. Misturei ao molho. Na hora de servir, adicionei a quinoa cozida e deixei macerar por uns minutos.
cores de outono
finalmente uma gadget realmente pratica!
Desde março que temos uma Ikea a dez minutos da minha casa, em West Sacramento. Então de vez em quando dou uma passadinha por lá, pois adoro as coisas de cozinha que eles vendem. Desta vez fui mesmo para comprar uma poltrona, dessas super confortáveis para sentar e afundar para ler livros e revistas, e acabei comprando uma mesinha pra sala, pois eu não gostava muito da que eu tinha e me apaixonei por uma que abre, encaixa uma parte extra para estender o comprimento e ainda tem um espação para storage. Além da poltrona, da mesinha de sala, ainda comprei um monte de outras coisinhas. Entre elas essa gadget simplesmente o máximo, útilissima, perfeita para a minha pia e para as minhas lavagens semanais de legumes, verduras e frutas. É uma cesta tipo coador, com uma base para ser mantida em pé e dois aros que abrem e fecham, que permitem que voce encaixe direitinho no tamanho da sua pia. Adorei esse treco e tenho usado direto desde que comprei. Gosto quando compro gadgets úteis assim, por que das inúteis os meus armários e gavetas já estão cheios.
na caixinha do picnic
Um picnic combinado às pressas. Catei um vinho branco que estava na geladeira—eu sempre tenho um ou dois gelando—e preparei uma caixinha com dolmathakias, os rolos gregos de arroz em folhas de uva, tomates secos e coração de alcachofras. Temperei com um pouco de sal e azeite e me mandei pro parque. Foi uma excelente idéia.
a super pêra
Ainda não sei o que vou fazer com essa pêra – talvez apenas fatiar e comer pura. Comprei na barraquinha das pêras fantásticas no Farmers Market. É um produtor estrangeiro, de algum país do oriente médio. O pai, um sujeito bonitão sempre usando um chapéu de palha quadrado, uma vez me perguntou se eu era do oriente médio também. Eu sempre ouço essa pergunta, quando não escuto palavras numa lingua estranha sendo dirigidas à mim, com uma saudação típica. Culpa da minha cara de Samira Magnani… Mas voltando à pêra, ela é realmente enooooooorme!!
pizza é napolitana
Meu filho não visita o Brasil desde 1997. Novembro ele estará chegando em São Paulo com a namorada Marianne. Meu irmão irá buscá-los no aeroporto para levá-los para Campinas, onde a família com certeza estará aguardando com bandinha de música, bandeirinhas flamulantes, bexigas e serpentinas coloridas. Combinando com o tio os detalhes da chegada ele falou:
—quero que você pare na primeira pizzaria que passarmos pela frente, antes mesmo de chegar na casa do vovô.
—pizzaria, Gabriel?
—sim, quero comer uma pizza portuguesa, aquela com cebola, presunto, ovo cozido.
Ouvi esse diálogo e fiquei rindo com a boca aberta, mostrando todos os meus dentões. Pizza portuguesa, Gabriel?? Isso é um oximoro!
um bolinho de chocolate para adoçar o dia
Muito obrigada à todos que deixaram recadinhos por aqui! Abri e li cada um com a alegria de quem abre um pequeno presente especial! Fiquei muito feliz!
Hoje, de idade nova, me sinto uma mulher cada vez mais realizada. Meu marido sempre vem com aquela pergunta de quem não sabe comprar presente—o que você quer de aniversário? E eu sempre respondo que não sei, porque eu tenho tudo o que eu quero. Não tenho wish list. Ele tem que se rebolar pra fazer coisas criativas. Neste ano acho que vou ganhar uma massagem/banho de lama em Calistoga. Não riam, eu até que achei legal a idéia dele.
Nossas comemorações de aniversários sempre envolvem um almoço ou um jantar num restaurante da preferência do aniversariante, e um bolo pós-rango. Minha escolha pra ontem seria uma bodega espanhola, mas eles não servem almoço no domingo, então fomos à um desses de cozinha californiana. Comemos muito bem, eu pedi uma salada niçoise de salmão e um flat bread com queijo, acompanhado de vinho branco. O pão nunca pode faltar!
Viemos pra casa, onde um bolinho que eu encomendei no Ciocolat nos aguardava. Bebemos chá, pois o tempo mudou radicalmente ontem, e entramos definitivamente no outono. Depois recebi visitas, que lembraram do meu dia e vieram tomar um vinho comigo. Falei com todos da minha família no Brasil, foi um aniversário típico. Eu pensei por muitos meses que deveria fazer uma festona, muita gente, muita comida, mas isso realmente não é o meu estilo. Eu não cozinho no meu aniversário, não lavo nem um copo, não faço nada, só aproveito o meu dia!