beauty is in the eye of the beholder

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Já faz um tempo que estou querendo tocar neste assunto, já que está mais do que claro para os frequentadores desde blog que eu abandonei o uso das firolices fotográficas por aqui. A câmera está num canto, as lentes estão no mesmo canto e tudo o que eu fazia antes com relação à produção de imagens para publicar neste espaço eu não faço mais. O que eu faço agora é o que considero o mais viável para esta fase da minha vida em que o tempo anda escasso. Carrego aquela gadget multi-tasking super-poderosa faz-tudo comigo pra onde vou, o tempo todo. E é com ela que tiro fotos. Neste momento isso incluí absolutamente todas as fotos que aparecem por aqui. Se não fosse essa maravilhosa gadget combinada com o mais funcional aplicativo de manipulação de fotos, este blog já teria morrido à mingua. As fotinhas com filtro do tão criticado instagram foi o que me restou, porque eu simplesmente não tenho mais tempo para fazer mil cliques com câmera, trocar lentes, editar dezenas de imagens, escolher as melhores, eteceterá. Com a dupla iPhone-instagram eu posso ser rápida, não perco tempo, a comida não esfria, não pago mico em público, não preciso carregar equipamento, não preciso me antecipar pra nada, porque na hora que a oportunidade aparecer eu estarei pronta para ela. Isso não quer dizer que não preciso ter um minimo de cuidado. Muito pelo contrário, preciso ter um certo timing, ter um olho apurado pra captar a essência da imagem e da mensagem que quero passar e preciso ser bem rápida no gatilho, ter a mão firme e ser decidida, porque muitas vezes só me dou aquela única chance, não fico escolhendo pose, apenas enquadro e clico. Já me senti um pouco culpada por ter adotado esse esquema mais fácil, porque percebo que há uma tendência geral pelas imagens mais profissionalizadas. Mas cada momento é único pra cada caso e pessoa. E o meu momento é esse—me falta tempo e paciência, mas não me falta vontade de criar. Assim então, para satisfação ou desgosto do freguês, continuarei até quando resolver mudar.

picolé de cereja fresca
& amêndoa

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Essa mistura da cereja fresca com o extrato de amêndoa resulta num dos sabores mais auspiciosos que já provei nos últimos tempos. Fiz algo parecido pra acompanhar aquela ricota fresca e dali foi um pulo para transferir a ideia para um picolé. Outstanding!

1 xícara de cerejas frescas sem caroço
1/2 xícara de half and half [ou creme de leite fresco]
1/2 colher de chá de extrato puro de amêndoa
Mel a gosto para adoçar

Bater tudo no liquidificador, colocar nas forminhas, levar ao congelador e quando firmar, remover os picolés e se esbaldar.

bolo de milho & coco

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Domingo foi dia de ziriguidum nos armários da cozinha e despensa, porque eu tenho uma mania de ficar comprando todo ingrediente interessante e diferente que vejo pela frente e muitas vezes mantenho por anos, guardado em alguma lata, prateleira ou gaveta. Foi então que joguei fora um monte de coisa [e meu coração chorou!] com data de validade vencida há mais de dois [três, quatro] anos. Mas algumas coisas se salvaram, como um pacotão de flocos de coco orgânico e outro pacotão de flocão de milho brasileiro. O coco eu devo ter comprado pra fazer alguma receita que acabei não fazendo. E o flocão comprei por engano na lojinha internacional achando que era uma variação da farinha de milho em flocos que a gente usa pra fazer cuzcuz paulista. Não era. Como eu não conhecia esse produto, tentei usar para fazer farofa, mas não deu muito certo. Sorte a minha que o pacote trazia duas receitas impressas no verso, uma delas a desse bolo. Adorei a textura flocãozuda dele. O coco, que eu moí grosseiramente no processador de alimentos também deve ter contribuido para a textura final. É um bolo não muito doce, mas bem fofo e pedaçudo, bem gostoso para servir de acompanhamento para aquela xícara matinal de café com leite.

2 xícaras de kimilho flocão*
[se não achar o flocão tente substituir por cormeal moida grossa]
2 xícaras de leite
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de óleo vegetal
1 xícara de coco ralado
3 ovos caipiras [gemas e claras separadas]
1 colher de chá de fermento em pó

Pré-aqueça o forno em 355ºF/ 180ºC. Unte uma forma de 20 cm com um furo no meio com óleo vegetal e reserve. Em uma panela, misture o kimilho flocão, o leite, o açúcar e o óleo. Leve ao fogo médio por 5 minutos. Desligue o fogo e deixe esfriar completamente. Enquanto isso bata as claras em neve. Quando a mistura estiver fria, junte o coco ralado, as gemas e o fermento em pó. Misture bem com um batedor de arame. Junte então as claras em neve usando uma espátula. Coloque a massa na forma untada, leve ao forno e asse por 45 minutos. Quando o bolo estiver dourado e cozido no meio remova do forno e deixe esfriar completamente antes de desenformar.

figo com anis, ricota e avelã

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Na semana retrasada perdi por questão de segundos a última caixinha de figos que um dos produtores do Farmers Market de Woodland estava vendendo. Fiquei emocionalmente arrasada. Neste último sábado cheguei mais cedo e consegui comprar duas caixinhas. Essa é a primeira leva dos figos, que fazem um pequeno hiato e regressam no final de agosto para encerrar o verão num apoteótico gran finale. Comemos alguns dos figos al natural, acompanhados de mel e queijo brie. O restante eu assei, inspirada numa receita da Deborah Madison, que faz a versão sem assar e que também deve ficar muito bom. É regar os figos com um licor de anis [usei o Pernod] salpicar com um pouco de açúcar demerara e coloca-los para assar rapidamente no forno. Depois é só servir com ricota fresca e avelãs [ou amêndoas] tostadas.

gelatina de vinho rosé & berries

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Está fazendo aqueles famosos 40ºC secos por aqui hoje e eu já bebi uns dez litros de água. Por isso resolvi publicar essa receita refrescante que estava no vai-não-vai porque foi invencionice e não tem nada muito de especial. Separe duas xícaras de vinho rose. Coloque 1 xícara numa panela pequena e adoce com mel a gosto [eu usei um fortíssimo de jaborandi, que veio do Brasil] e leve ao fogo médio. Coloque a outra xícara de vinho numa vasilha, adicione uma colherzinha de água de rosas e salpique por cima 1 envelope [7g] de gelatina em pó sem sabor. Quando o vinho estiver bem quente na panela [não deixe ferver] remova do fogo e junte ao vinho frio salpicado com a gelatina. Mexa bem com um batedor de arame até que a gelatina dissolva completamente. Coloque as berries da sua preferência no fundo de taças transparentes e coloque por cima o liquido da gelatina. Leve à geladeira até firmar bem e sirva.

picolé de blackberry & rosa

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As polpudas e delicadas blackberries vieram do Farmers Market de Woodland, inspiração para usá-las veio do livro do People’s Pops e esses picolés ficaram o puro purê da fruta, absolutamente scrumptious! Fiz só com as berries, sem adicionar nenhum liquido. Também não passei na peneira, porque as frutinhas estavam bem maduras e as sementinhas ultra-macias. Mas se quiser, dilua e peneire as sementes.

Bati no liquidificador duas caixinhas de blackberries lavadas, adicionei mel a gosto [usei um bem forte, de jaborandi, que veio do Brasil] e uma colher de chá de água de rosas. Coloquei nas forminhas e levei ao congelador.

ricota fresca — feita em casa

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Fazia muito tempo que eu queria testar fazer ricota em casa, pois li que era super fácil, além de ficar deliciosa e tal. Só que às vezes eu enrolo à beça e preciso de um empurrão e neste caso recebi um da Deborah Madison quando abri novamente o livro Seasonal Fruit Desserts. As receitas de ricota fresca são muito parecidas, mas é importantíssimo usar os melhores ingredientes. Aqui no norte da Califórnia eu uso o leite e derivados de altíssima qualidade de um produtor local, a Straus Family Creamery. A ricota pode ser feita e consumida no mesmo dia. Quanto mais tempo deixar o soro escorrer, mais densa ela fica. Como ela dura apenas uns dias na geladeira, é para ser feita e consumida logo. Mas quem é que vai ficar dando bobeira, esperando pra devorar essa delícia?

4 xícaras de leite integral
2 xícaras de creme de leite fresco
1 colher de chá de sal kosher
3 colheres de sopa de vinagre de vinho branco

Coloque uma peneira sobre uma tigela funda. Humideça com água duas camadas de gaze para fazer queijo ou um paninho e coloque sobre a peneira.
Coloque o leite e creme de leite fresco em uma panela de aço inoxidável ou esmaltada, tipo Le Creuset. Acrescente o sal. Leve à fervura em fogo médio, mexendo ocasionalmente. Desligue o fogo antes que a mistura ferva e então coloque o vinagre. Deixe a mistura em repouso durante 1 minuto até que ela coalhe. Ela vai separar em parte mais grossa [a coalhada] e parte esbranquiçada [o soro].

Despeje a mistura na peneira coberta com a gaze ou pano e deixe drenando em temperatura ambiente por 20 a 25 minutos. Quanto mais tempo drenar, mais espessa ficará a ricota. Transfira a ricota para uma tigela, descartando a gaze e soro [eu guardei o soro e acho que vou usar em sopas frias] Use imediatamente ou cubra com filme plástico e leve à geladeira. A ricota pode ser guardada na geladeira por 4 a 5 dias.

Eu servi a minha ricota fresca em duas versões: doce e salgada. Para a salgada, tostei fatias de pão na frigideira, espalhei uma camada de ricota por cima, salpiquei com sal Maldon e pimenta do reino moída na hora, um fio de azeite por cima. Fiz também acompanhada com fatias de tomate temperadas. Para a versão doce, usei cerejas frescas descaroçadas e cortadas ao meio, marinadas por uma meia hora em um pouco de açúcar demerara e uma colherzinha de chá de extrato puro de amêndoas. Vai formar uma caldinha. Sirva essas cerejas e a calda com uma colherada da ricota fresca. Faça e depois me diga se não fica uma sobremesa de conto de fadas.

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