No segundo dia em Portland fomos visitar uma mansão histórica que fica numa linda área de mata em cima de um morro. A Pittock Mansion foi contruída em 1914 pelo pioneiro e enpreendedor Henry Pittock. Nascido na Inglaterra, Pittock imigrou para a Pennsylvania e em 1853 com 19 aos pegou uma daquelas carruagens que levava famílias e aventureiros para desbravar o oeste. Pittock chegou ao Oregon, onde começou a trabalhar num jornal do qual acabou dono depois de alguns anos. A casa super moderna, apresentando uma mistura dos estilos inglês, francês e turco, dá uma visão panorâmica maravilhosa da cidade de Portland, com vista para todas as montanhas ao redor. Não posso negar que uma das coisas que eu mais gosto de fazer e que mais me entretem é visitar casas antigas. Essa me fez voltar na sala de jantar e cozinha ums mil vezes. Não é uma casa ostensiva, mas é bem ampla e confortável, com um engenhoso sistema de aquecimento e de intercom. Eles não mantinham muitos empregados e contratavam diaristas. Dá pra ver a lavanderia, a area de geladeira que era separada da cozinha, a despensa, a área do mordomo com ármários com as louças. Nem tudo na casa é original da família, pois quando a casa foi vendida na década de 60 muita coisa se perdeu. Mas quando um objeto ou móvel é original tem um pequeno cartãozinho com o logo da mansão alertando. No andar de cima fiquei muito impressionada com o quarto montado numa espécie de varanda, arejado o suficiente para ajudar os enfermos com a tuberculose, uma doença bem comum na época. E com os banheiros, absolutamente modernésimos, com chuveiros super high-tech. Não fotografei a casa por fora, porque ela estava em obras. Visitamos também a casinha do caseiros [últimas duas fileiras de fotos] que achei uma gracinha, com a cozinha mais fofa do mundo. A casinha tem dois andares e está também cuidadosamente preservada. Seguindo o guia você aprende não somentes fatos sobre a família que viveu lá, mas também sobre a cidade. Os jardins da mansão são maravilhosos e dá pra passar muitas horas lá, dentro e fora, também num pequeno museu montado no subsolo da casa, onde se faziam as festas e hoje mantém um acervo de rádios, vitrolas, gramofones, fonógrafos, televisões e outras fontes de entretenimento audio-visuais.
Pok Pok — Portland
Não sou muito boa planejando passeios e viagens, mas dessa vez fui um pouco mais organizada e usei como guia de Portland este pdf disponibilizado pela revista Sunset e algumas dicas da revista Food & Wine. Nem é necessário dizer isso, mas se você for fazer uma pesquisa rápida de onde comer em Portland, o comentadíssimo, bacaníssimo e modernérrimo Pok Pok vai estar sempre entre os primeiros. E com toda razão. No nosso primeiro dia saímos da Powell’s Books e fomos almoçar nesse pequeno restaurante tailandês, que era um dos lugares que eu queria e precisava checar na cidade. O restaurante começou numa pequena casinha e foi ampliado por causa do sucesso e demanda. A paixão do chef Andy Ricker pela cozinha tailandesa elevou o pequeno lugar à categoria cult & melhor do país. Além do Pok Pok original em Portland, hoje o restaurante tem uma filial em New York. Chegamos já era mais de 2pm e ainda tivemos que esperar 30 minutos. Você chega, dá seu nome para a recepcionista e espera. Há um bar, mesas fora e dentro. Fiquei torcendo para sentarmos fora, pois achei tudo lá dentro muito escuro apesar do ar condicionado, ausente no lado de fora.
O restaurante é bem simples e rústico, com pratos, travessas e copos de plástico, mesa forrada com oleado. O serviço é super gentil e eles respondem com a maior paciência a toda e qualquer pergunta. Eu tinha algumas, especialmente sobre as bebidas. Me apaixonei por uma bebida de fruta e vinagre. Experimentei a de ruibarbo e não consegui desviar meu foco dessa super ideia. Já tinha lido sobre os vinagres na bebida, mas nunca tinha provado. Fiquei louca e em breve escreverei mais sobre isso. A água que eles servem também é especial, vem numa jarrona e tem um gostinho diferente, pois é aromatizada com folhas de pandanus como é feito comumente na Tailândia. Tive um pouco de dificuldade para escolher o que comer no Pok Pok, porque sou uma picky eater de lascar a lenha e o menu tem coisas muito diferentes, ovo e carne de porco misturados com outros ingredientes. No final escolhi algo seguro [para mim] e gostei muito. Uma salada, uma linguiça com ervas. e arroz de coco O Uriel comeu um frango com vários molhinhos e salada de mamão verde. Não sei por que não pedimos sobremesa. Eu tinha planos de ir em outro lugar, mas não deu certo. Estávamos cansados e fazia muito calor. Acabamos indo para o hotel, mas o Pok Pok não saiu mais do meu pensamento, fiquei querendo voltar lá para me aventurar com outros pratos e ingredientes. »pok pok é a onomatopeia em versão tailandesa para o barulhinho que o amassador faz no pilão quando se esta moendo as ervas.
Portland, Oregon
Assim que chegamos em Portland, rumamos direto para a nossa primeira visita na cidade—a imensa livraria Powell’s. Ela é praticamente um ícone na cidade, pois ocupa um quarteirão inteiro, com três andares, vende livros novos, usados, raros, além daquelas inúmeras bugiganguinhas que se vende em livrarias e que nos coloca em modo de consumismo faniquito. Passamos uma hora dentro da Powell’s perdidos entre andares e corredores lotados de livros. É um lugar pra voltar mais vezes, muitas vezes, mas desta vez fizemos somente essa parada. E comprei umas coisinhas, quem resiste?
A cidade é super arborizada e cortada ao meio pelo rio Willamette. Tem vários parques e locais para se caminhar a pé, além das várias pontes que cruzamos pra lá e pra cá indo do nosso hotel para muitos lugares. Minha primeira impressão de Portland foi a de uma cidade cheia de bicicletas e cachorros. Em todo canto se via potinhos de água nas calçadas, na frente dos estabelecimentos comerciais para os animais se refrescarem. Isso pode ter sido reflexo da onda de calor que afetou também o Oregon ou pode ser uma coisa que se faz normalmente por lá. Achamos Portland bem cheia andarilhos e mendigos e eles são de todas as tribos e idades. Ouvi dizer que em Portland até os mendigos são hipsters. Ela não é uma cidade imensa, mas tem uma concentração impressionante de food carts e food trucks. É uma cidade super bonita, com muitos prédios históricos e áreas antigas, bem servida de transporte público, como os street cars que te levam pra todo canto com um ticket de uma pataca válido por duas horas.
»Nossa primeira parada no estado para abastecer o carro nos causou a maior surpresa. No Oregon você não pode colocar a gasolina no seu carro como é aqui na Califórnia. Lá self service é proibido por lei e todo posto tem frentistas para fazer o full service. Depois de tantas décadas enchendo nós mesmos o tanque do carro, achamos isso muito estranho. [ more to come…]
picolés de figo com balsâmico
e banana com peanut butter

Antes de sair para nossa viagem ao Oregon, passei um dia tentando usar todos os ingredientes, i.e. zilhões de frutas e legumes, que tinha na cozinha. Para usar uns figos frescos e umas bananas fiz esses picolés, que ficaram excepcionais!
figo com balsâmico
6 figos
1 colher sopa de manteiga
1 xícara de iogurte natural
Nectar de agave [ou outro adoçante] a gosto
1 splash de vinagre balsâmico—usei um de figo & tangerina
Numa frigideira derreta a manteiga e frite os figos cortados pela metade. Deixe os figos esfriarem e coloque no liquidificador com os outros ingredientes. Forma e congelador.
banana com peanut butter
2 bananas
1 colher sopa de manteiga
1 xícara de leite de amêndoas [ou outro leite]
2 colheres de sopa de manteiga de amendoim
Numa frigideira derreta a manteiga e frite as bananas cortadas de comprido. Deixe as bananas fritas esfriarem e coloque no liquidificador junto com os outros ingredientes. Forma e congelador.
Oregon — a costa do Pacífico
Para quem reparou [*pisc!] estive ausente por alguns dias daqui, mas asseguro antecipadamente que o fim justificará os meios pois terei algumas coisas bem bacanas pra contar e mostrar. É que depois de tantos anos morando na vizinhança do estado de Oregon, decidimos finalmente visitá-lo. Eu já estava querendo ir até Portland desde quando o meu filho foi e ficou me contando disso e daquilo. E também porque toda revista que eu assino que fala da costa oeste, fala das cidades do Oregon, do litoral, das vinícolas e de Portland e sua cultura peculiar, das tribos, da música, da comida. Finalmente achamos a época adequada e colocamos os pés na estrada. Num dos dias mais tórridos do ano subimos pela I5, a rodovia mais rápida que liga a Califórnia ao Oregon com vista panorâmica pelo Mt. Shasta, que ainda tinha neve no seu topo enquanto o termômetro no asfalto marcava 45ºC. A paisagem é linda, com pinheiros e montanhas. Fizemos um desvio em direção a Coos Bay no litoral sul e acabamos dirigindo umas duas horas vendo apenas dunas e florestas. Eu tinha levado um farnel para fazer um picnic na praia, com gaspacho e sopa fria de pepino nas garrafas térmicas, frutas, vinho e sanduíches de queijo. Mas acabamos comendo numa pequena clareira numa área lindíssima de floresta [nem pensei nos ursos]. Seguimos em frente até a primeira área onde se via o Pacifico, com penhascos como aqui na Califórnia, onde visitamos uma lighthouse linda, a Heceta Head. Conseguimos visitar apenas mais uma praia na cidade de Newport e decidimos seguir de uma vez rumo à Portland. A costa do Oregon é enorme e não deu para subir mais pro norte sem sacrificar nossos dias planejados para gastar nos outros lugares. Vamos ter que voltar uma outra vez só para fazer uma viagem pela costa, do centro do Oregon até Washington. [to be continued…]
food & hollywood XII







summer breeze makes me feel fine
ricota com vino santo
[& pêssegos frescos]

Outra sobremesa de verão inspirada pelo livro Seasonal Fruit Desserts da Deborah Madison. Fiz novamente a receita de ricota, desta vez drenei num pano mais grosso e por menos tempo e ela ficou mais liquida. Temperei essa ricota com raspas de casca de laranja, açúcar de confeiteiro a gosto e uma dose de Vin Santo. Bati bem com um batedor de arame e deixei gelar por algumas horas. Quando for servir é só colocar a ricota temperada nos potinhos e servir com fatias de pêssego fresco cortadas na hora.
eton mess

No almoço de despedida para meu filho e a namorada, que seguiram em viagem longa para o Brasil, fiz essa sobremesa tradicional britanica para agradar a minha norinha ultra-fofa que é neta de ingleses. Não é exatamente uma receita, porque eu fiz tudo de olhômetro. Comprei os morangos mais maduros e doces, uns suspiros prontos de baunilha e um vidro do melhor creme de leite fresco que encontro por aqui. Bati o creme de leite em picos firmes e adicionei um pouquinho de açúcar de confeiteiro e um splash de essência de baunilha. Lavei e cortei os morangos ao meio, quebrei os suspiros com as mãos e misturei tudo com o creme batido. Daí é só colocar porções em tacinhas e servir.
massa para galette

galette de uva branca & alecrim

galette de damasco & lavanda
As frutas de verão são ótimas para fazer essa tortinha rápida e prática chamada galette. Dá pra misturar frutas com ervas e até usar ingredientes mais inusitados como o azeite. Nos meus arquivos eu tinha essa receita bem diferente de massa de galette publicada pelo NYTimes. Gostei da ideia dessa massa mais pãozuda, porque as massas de galette são geralmente daquelas quebradiças feitas à base de manteiga. Gostei do resultado, com uma massa muito fácil de abrir e cheirosa [como tudo que vai fermento de pão]. Como a receita faz dois discos de massa, fiz duas galettes. A de damasco servi como sobremesa no almoço e a de uva foi protagonista do nosso lanche do final do domingo.
faz 2 galettes
1 e 1/2 colheres de chá de fermento biológico seco [para pão]
1/2 xícara de água morna
2 colheres de sopa mais 1/4 de colher de chá de açúcar
1 ovo caipira grande em temperatura ambiente, batido
1 xícara de farinha de trigo integral
1 e 1/4 xícaras de farinha de trigo branca
1/4 de xícara de farinha de amêndoas [ou amêndoas moídas]
1/2 colher de chá de sal
4 colheres de sopa de manteiga sem sal em temperatura ambiente
Dissolver o fermento de pão na água morna. Adicionar 1/4 de colher de chá de açúcar e deixar descansar por 5 minutos até que a mistura fique meio cremosa. Adicione o ovo batido e reserve.
Na batedeira equipada com a pá peneire as farinhas, as 2 colheres de sopa de açúcar e o sal. Adicione a manteiga e bata em velocidade baixa até que a mistura fique quebradiça. Adicione a mistura liquida de fermento e continue batendo em velocidade baixa até formar uma massa. Coloque essa massa sobre uma superfície levemente enfarinhada e amasse delicadamente até ela ficar bem lisa, por cerca de um minuto. Formar uma bola com a massa e colocar em uma tigela levemente untada com manteiga, cobrir com filme plástico e deixar a massa crescer em um local sem correntes de ar até que tenha dobrado de tamanho, por cerca de 1 hora.
Coloque a massa numa superfície levemente enfarinhada e divida em duas partes iguais. Moldar cada pedaço em uma bola sem amassar, cobrir com filme plástico e deixar descansar por 5 minutos.
Abra a massa com cerca de 20 centímetros de diâmetro. Coloque sobre uma assadeira coberta com papel vegetal. Pode cobrir a massa aberta com plástico e levar ao congelador, se quiser guardar uma delas pra usar numa outra ocasião. Para descongelar é só deixar por alguns minutos em temperatura ambiente. Para fazer as galettes coloque o recheio no centro da massa e leve ao forno pré-aquecido em 365ºF/ 185ºC até a massa ficar bem dourada e o recheio cozido, certa de 20-30 minutos.
»para fazer o recheio de damascos com lavanda—lave e corte meio quilo de damascos ao meio, remova os caroços. tempere os damascos com suco de meio limão, 1 pitada de sal, 1 colher de sopa de amido de milho, 1/2 xícara de açúcar de lavanda , misturar bem e rechear a massa. pode molhar as bordas da massa com água e salpicar açúcar, nessa eu usei o açúcar perolado.
»para fazer o recheio de uvas brancas & alecrim—lave e corte ao meio três cachos grandes de uva branca sem semente, misture com três galhinhos de alecrim fresco, tempere com azeite de laranja [ou outro bem frutado] e um pouco de açúcar demerara. recheie a massa. pode molhar as bordas da massa com água e salpicar açúcar demerara.
