Orgulho da mamãe! Meu filho é lindo, inteligente, charmoso, carinhoso, talentoso e ainda cozinha muito bem. Faz franguinho, arrozinho, saladas, sopas e também pizza. No sábado ele promoveu uma pizza party para comemorar o aniversário da namorada. Ele fez o mesmo esquema da primeira pizza party onde ele foi pizzaiolo, na casa so meu cunhado no Brasil. Fez a mesma massa, o mesmo molho e quase as mesmas variedades de toppings. Para a pizza sobremesa ele trocou a banana pelo morango, pois a aniversariante não gosta de banana, e acrescentou chocolate. Eu não provei, porque estava exausta de tanto comer as versões salgadas, mas quem provou disse que estava no mínimo o máximo.
brunch de Páscoa
Sem chocolate. Com salmão defumado e fatias de tomate e limão, omelete com pecorino e chives, aspargos cozidos no vapor e temperados com azeite, um pingo de vinagre balsâmico e flor de sal, pães de centeio e integral, iogurte, mel, manteiga de amêndoas, frutas frescas, queijo provolone, manteiga sem sal, café, leite e suco de cenoura.
mais azeite da UC Davis
No ano passado eu dormi de touca e perdi a primeira festa de lançamento do azeite da UC Davis. Meus amigos foram e me contaram. E eu então contei aqui que as oliveiras estão por toda parte, na cidade e no campus da Universidade da Califórnia em Davis. As árvores se enfileiram por ruas e campos. Na avenida paralela à minha rua há uma grupo delas, lindas, pomposas e ancestrais. Fiquei muito feliz quando a universidade tomou a iniciativa de colher as azeitonas das oliveiras do campus e transformá-las em azeite. No ano passado comprei meus vidros do néctar e este ano marquei no calendário o dia da festa do lançamento do azeite da UC Davis e marquei presença, na companhia da minha amiga Charlene. Chegamos um pouco tarde e ficamos tentando botar o papo em dia, então perdemos alguns dos inúmeros rangos que estavam sendo oferecidos. Compramos tokens para provar quatro tipos de vinhos, de algumas vinícolas e distribuidores locais, que estavam expondo seus produtos. Aqui na Califórnia, festa sem vinho não é festa! Provamos o azeite deste ano, que achamos um pouco apimentado demais para o nosso gosto. Outros produtores de azeite locais estavam expondo seus produtos e concluímos que a variedade das azeitonas aqui tem mesmo um toque ligeiramente amargo. Rodamos pela festa, comemos algumas coisinhas, bebemos dois tipos de vinho branco e dois tinto. O vinho que nós mais gostamos foi o Sauvignon Blanc Chasing Venus da wine company Crew. Um vinho neozelandês leve e delicado, com sabor e aroma bem intenso de grapefruit.
happy chocolate day
Ontem minha nora, Marianne, fez trinta anos. Vamos ter muitas comemorações neste final de semana e no próximo. Como é de praxe, eu já fiquei toda animada com a possibilidade de fazer um bolo pra ela e assim praticar meus baking skills, que precisam de muito treino. Pensei no trabalhão que eu iria ter fazendo um bolo de aniversário, na bagunça, nos acidentes, nos possíveis e prováveis fracassos, no tempo que iria gastar e decidi aceitar a sugestão da minha amiga Leila—comprar um bolo no Nugget.
Conversando pelo telefone com a mãe da Marianne, para combinarmos o weekend, ela citou o fato de que domingo é dia de Páscoa. Juro que me surpreendi. Esse é um feriado que foi aos poucos ficando cada vez menos importante no meu calendário comemorativo. Primeiro que aqui a sexta-feira santa não é feriado. E eu não me importo com chocolates. Fazia as coisinhas quando o Gabriel era pequeno. Lembro como se fosse hoje a excitação da manhã de domingo, com ele procurando os ovinhos pelos arbustos e matagais do sítio da minha tia Anah. Lembro da risada alta dela, toda vez que ele achava um dos preciosos ovos que ela mesma tinha escondido. Hoje as histórias de Páscoa são apenas doces lembranças.
Mas teremos ovos e coelhos, que serão providenciados pela sogra do Gabe, que é a festeira da família. Ela curte os ovos e coelhos, traz o chocolate. No ano passado passamos a Páscoa na casa dela, e foi quando tirei essas fotos, que estão batendo o recorde de visitas de navegantes vindos pelo Google em busca de imagens de ovos e coelhos. Sinceramente, isso me deixa deveras triste e bastante furiosa, pois essa gente vem buscando imagens e vão pegar e usar, sem pedir, sem dar crédito. Os coelhos e os ovos da Reidun e as minhas fotos, vão ser usadas por aí, como se fosse de domínio público. A internet está mesmo infestada de larápios e copiões.
as frô de pês
O panorama no quintal já está bem diferente de algumas semanas atrás, quando tirei essas fotos. O pé de nectarina e os dois pés de pêssegos que estavam floridíssimos, estão cheios de folhas verdes. Logo começam a aparecer as frutinhas. A expectativa é sempre grande, pois essas frutas são o algo mais do meu verão.
cozinha cheirosa
Não consigo jogar as cascas dos cítricos no lixo. Acho essas frutas tão preciosas. Sempre que posso, ralo a casca bem fininha e coloco em receitas. Adoro colocar os zests no molho para salada. Ou então guardo as cascas para jogar no fogo da lareira. Mas elas, tão perfumadas, também fazem uma ótima infusão aromática. Fervidas na água com alguns cravos da india, deixam a cozinha com um cheiro delicioso. Não tem fedor de bacon frito que resista à essa poção mágica.
popovers de queijo parmesão
Queria servir um pãozinho com a sopa, mas tinha que ser coisa simples e rápida, porque não sei o que acontece comigo, mas sempre no final do dia estou exausta, fisica e mentalmente. Tive essa idéia de fazer popovers, que são bolinhos macios que crescem e geralmente explodem pra fora da forminha. Usei a conveniente caixinha do Food Blog Search e cai nesta receita deste blog, que achei perfeita. Meus popovers não cresceram muito, nem ficaram com a aparência típica dos popovers, mas tudo bem, beleza não é tudo nesta vida, né?
Parmesan Popovers
Pré-aqueça o forno em 400ºF/205ºC. Unte uma forma com 12 muffins com azeite. No liquidificador, coloque:
3 ovos
3/4 xícara de farinha de trigo
1/4 colher de chá de sal
1/2 colher de chá de pimenta do reino moída na hora
1/2 colher de chá de ervas de Provence
4 colheres de sopa de salsinha fresca picadinha * eu usei orégano fresco
1 xícara de leite integral
3/4 xícara de queijo parmesão ralado
Bata bem. Encha as forminhas com 3/4 da mistura e asse por 25 minutos, até que eles cresçam e fiquem dourados. Remova da forma e deixe esfriar numa grade. Esses bolinhos são ótimos para serem levados, fechados num container, para picnics.
sopa de brócolis
Já estou de joelhos, pedindo, implorando—chega de brócolis por este ano! Pode ser que o panorama da cesta mude em breve, pois nesta semana chegaram, junto com mais brócolis e mais repolho, quatro aspargos bem compridos e bem magrelos.
Mas enquanto a temporada do brócolis não termina, vamos inventando receitas. Nessa sopa só precisei cozinhar os raminhos com caldo de galinha, até eles ficarem super tenros. Juntei umas cenouras também. Temperei com sal, pimenta e um fio de azeite. Quando os legumes amoleceram, moí com o mixer de mão e acrescentei uma xícara de buttermilk. Depois disso foi só servir.
oito xícaras & oito pires
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Quando eu vi o joguinho de oito xícaras e oito pires de porcelana da Bavaria alemã, não pensei em nada, agarrei as fofuretes, paguei e me mandei. Na thrift store que eu frequento e que ajuda os animais do abrigo do SPCA de Woodland, é assim: viu e gostou, agarra rápido! Porque se parar pra pensar, pode não ter uma segunda chance e alguém atrás de você pode sair da loja com as coisinhas que você vacilou e não comprou.
O único problema dessa questão das minhas visitas semanais à lojinha dos bichinhos é que estou ficando, ou melhor já estou, sem lugar pra acomodar mais nada. Esse jogo alemão foi a gota d’água na seção das xícaras. Quando abri o armário onde guardo uma parte das xícaras para chá e café, vi que uma das prateleiras estava manca, pois um dos suportes tinha se quebrado. No desespero de tirar todas as xícaras de lá, quebrei uma. Felizmente era uma num conjunto de onze, então sobraram outras dez. Protagonizei um pequeno sambalelê, pedi ajuda e ainda levei uma bronca porque é evidente que na cozinha não tem mais lugar nos armários pra nem mais um copo. Revidei às críticas ao meu consumismo assistencial com o melhor argumento de todos—poootesz greeelo, estou apenas ajudando os animais desabrigados, será o benê que não tenho esse direito?!
smoke gets in your eyes
Todo mundo que passa por aqui deve saber que eu tenho uma obsessãozinha por filmes antigos. Aliás, filmes antigos é quase só o que eu assisto. Tenho preferência pelos da década de 30, mas assisto de tudo, gosto de observar os micro-detalhes, além de curtir a história, os atores e tal. Uma coisa super notável nos filmes de 34 pra frente, quando se reenforçou o código para os filmes de Hollywood e acabou com o bacanal de mulheres semi-nuas, sexo, violência e all that jazz, é a presença constante do cigarro. Bom, não se podia fazer mais absolutamente nada, as mulheres tinham que se vestir com casaquetes fechados até o pescoço, os casais não podiam dormir na mesma cama e beijar só de lábios bem selados, então o jeito era fumar, e fumar muito!
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Três objetos que hoje estão praticamente em desuso, eram necessidade básica naqueles tempos—o isqueiro, coisa fina para os ricos, os pobres usavam aquela outra coisa que se riscava na sola do sapato pra acender o cigarro; a cigarreira, também outra coisa fina, geralmente presente do amante com iniciais encravadas, os pobres tiravam aquele maço de papel amassado do bolso do paletó surrado; e o cinzeiro, que ficavam espalhados pela casa e eram tão populares que eram vendidos desde em lojas como Tiffany até nas biroscas de turistas em Niagara Falls—e que deve ser hoje o único lugar onde pode-se ainda achar um deles.
A atriz com luvas brancas, chapéu com peninhas e redinha e um terninho incrívelmente sufocante, já entra em cena segurando um cigarro. E era um cigarro sem filtro, porque ela tira um naco de fumo da língua, como eu via algumas pessoas que fumavam Minister sem filtro lá na minha pré-história na década de sessenta, fazer. Eram pessoas mais pobres, que não podiam comprar o fino Hollywood com filtro. Presumo que na decada de quarenta todos os cigarros eram sem filtro. Até a Bette Davis tirava naco de fumo da língua, porém com luvas e com muito charme.
Cigarros eram tão parte de tudo, que ninguém se importava com ele, Fumava-se comendo, beijando, dentro do elevador, nas festas de criança, no banheiro, durante brigas, fazendo sexo em camas separadas, é claro. Cigarro não incomodava, muito pelo contrário, quando alguém entrava em cena, oferecia-se um cigarro, como hoje se oferece um vinho do porto, um copo de água, um cafézinho passado na hora, um chiclete de menta. Chegava a vamp de chapéu e o pitéu de casaco com corte perfeito de alfaiate abria a cigarreira de prata e oferecia um cigarro. Ou havia uma caixa de cigarros na mesa de centro e o casal dividia as baforadas, ou ele acendia os dois cigarros e passava um pra ela. A primeira coisa que se fazia, antes de tudo, até do café da manhã, era fumar. Os filmes antigos têm aquela tênue névoa pairando no ar em todas as cenas. Era o fumacê discreto do sempre presente cigarro.
Hollywood já não é a mesma, principalmente porque hoje na Califórnia não se pode fumar em praticamente nenhum lugar público. Mesmo do lado de fora, há regras. Em alguns lugares, por exemplo, pra poder dar umas baforadas no cigarrinho, o fumante marginalizado tem que estar a pelo menos seis metros de qualquer janela ou porta de qualquer prédio. Eles ficam lá sozinhos, fumando no ostracismo, os passantes desviando, como se o fumacê tivesse bactérias nauseabundas ou vírus contagiantes. Acabou o glamour, hoje quem fuma não é mais Bette Davis.
* eu não fumo, nunca fumei.

