
Não sei como é no resto do mundo, mas aqui os distribuídores de amostra de comida e bebida estão por todos os cantos. Acho que deve fazer parte da cultura essa satisfação de poder provar, sem precisar pagar, antes de decidir se vai ou não comprar. E eu acho isso ótimo, muito justo, nada mais prático, afinal não tem nada pior do que se decepcionar com aquele produto pelo qual você pagou uma baba. Mas eu nunca me senti à vontade com esse hábito. Vou ao Farmers Market e tem amostra de tudo, das frutas, dos pães, dos queijos, do azeite. E alguns até oferecem seus produtos de uma maneira um pouco agressiva, como na barraca de bolanis onde os moçoilos bonitos e simpáticos do Afeganistão usam aquelas manjadas técnicas machistas para conquistar as clientes do sexo feminino. E em qualquer supermercado estão lá as senhorazinhas sorridentes, e até as não muito sorridentes, te oferecendo pedaços de linguiça frita, bolachinhas com patê, quiches e tortas, cremes, queijos, sorvetes, sucos, leites, refrigerantes, gororobas variadas, numa lista interminável de produtos novos ou já conhecidos, tentando te convencer a comprar, ali mesmo ou num futuro bem próximo.
Eu vejo a aglomeração de pessoas e carrinhos e passo reto, às vezes dou até uma desviada. Obrigada, não quero. Não consegui ainda adquirir esse hábito de pegar pedacinhos disso ou daquilo em publico e comer equilibrando o copinho e o garfinho ao mesmo tempo que empurro o carrinho de compras. Não gosto de comer assim, andando, beliscando, comida oferecida com o único propósito de te convencer a comprar o produto.
Alguns eventos servem comida e bebida de graça. Eu curto beber uma taça de vinho ou mesmo provar algo comestível, desde que não tenha que enfrentar uma muvuca, me acotovelar pra pegar um pedaço de queijo, driblar a malta para agarrar uma lasca de pão e depois passar o resto do tempo preocupada se não fiquei uma semente de gergelim no meio dos dentes, ou com aquela sensação de dedos engordurados sem opção de poder lavá-los.
Além dos entusiasmadinhos e famintos de sempre, quem realmente curte esses eventos distribuidores de comida são as crianças. No Copia, a voluntária dando amostras de um sorvete sabor morango fazia um sucesso incrível com a gurizada. Sem nem um segundo sequer de descanso, ela só conseguia suspirar, respirar fundo e continuar firme. No copinho ou na casquinha? Na casquinha, of course!