o primeiro da estação

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Minha surpresa nesta semana foi encontrar muitos tomates já bem grandes, mas ainda verdes, nos pés de tomate que plantei este ano na minha horta. Surpresa maior foi ver vários tomates cerejas vermelhinhos pendurados num galho. O negócio é que eu não plantei nenhum pé de tomate cereja este ano, pois já vem muitos deles na cesta orgânica e eu sempre acabo com um surplus enorme. Esses nasceram espontaneamente, fruto das sementinhas dos tomatinhos que cairam na terra no final do último verão. Então tá, pelo jeito não tenho escolha, né? Vou ter tomates cerejas abundando na horta e na cozinha mais uma vez!

um dia em fotos

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Lembro que naquele dia eu acordei com a macaca e com mil idéias na cabeça. Com a câmera fotográfica já preparada, rolos de filmes extras, fui avisando—Gabriel, vamos registrar o seu dia em fotos! E ele, como o menino mais lindo do mundo que ele sempre foi, topou. Quem tem um avô que te fotografa em todas as poses possíveis e uma mãe engraçadona que te pega no flagra quando VOCÊ ESTÄ MEDITANDO NO DÁBLIUCÊ, não estranha quando recebe a proposta de ser modelo da própria vida. Então fomos lá, eu passei o dia atrás dele, clicando. Só não tirei fotos dele tomando banho, porque ele não quis e tive que respeitar. Mas começamos com o acordar, que obviamente na foto está todo encenado, já que a janela está escancarada, o quarto cheio de luz, ele está de óculos e com a boca suja de leite com chocolate, que era o que ele sempre bebia no café da manhã. Depois continuamos com ele estudando, ou melhor, fazendo as tarefas da escola, depois almoçando a comidinha natureba com aquela cara de alegria que ele sempre fazia em frente ao prato cheio de arroz integral e agrião refogado, depois escovando os dentes na frente do espelho—que ficou uma foto criativa, admito. Fizemos o set do cotidiano, que depois eu colei em sequência num pequeno álbum, para guardar para todo o sempre, afinal a gente esquece detalhes com o tempo, e naquele tempo não havia blog nem foto digital, era tudo muito mais dependente da sua memória, boa ou ruim, natural ou ginkobilobada.

fatos da foto:
Estava friozinho, pois ele estava dormindo com o acolchoado de lã de carneiro da minha infância. Minha mãe mandou fazer um pra cada filho, os dos meninos azul, os das meninas vermelho. O Gabriel herdou o meu.

Tinhamos voltado da Bahia fazia pouco tempo, pois o Gabriel está com as fitinhas do Bonfim no pulso e atrás da cama dá pra ver um pedaço do berimbau que ele veio carregando paulistamente no avião.

Filho de peixe. Ele dormia de camiseta, como o pai e a mãe. Somos uma família que nunca teve pijamas. E ele fazia o que eu faço até hoje, dormia com o cabelo molhado e com uma toalha no travesseiro e depois acordava com aquela cabeleira do zezé, com tufos super ondulantes só de um lado da cabeça.

letter from the farm

Welcome back from the weekend, as the temperature has cooled and the skies have cleared. It is mid-summer, a grand time for epicures like yourselves. As you can see from your baskets, the amount of tomatoes is steadily increasing each week, painting themselves a brighter red each time. The ambrose cantaloupe are slipping off the vines like butter. Cantaloupe, with origins in Africa and India, was introduced to North America by Christopher Columbus on his second voyage to the New World in 1494. Continue Columbus’ voyage with our Recipe of the Week.
This week the baskets abound with garlic, onions, collards, kale, chard, cantaloupe, cucumber, summer squash, eggplant, peppers, potatoes, tomatoes, basil, zucchini, plums, and peaches. The figs and nectarines were picked from the bountiful Ecological Garden; please note they are not certified organic.
Today’s baskets were picked and packed with love by Matt, Ethan, Laurie, Judy, Hai, Toby, Rachel, Raoul, Laura, and Aubrey. Enjoy the week!

Recipe of the Week
Cantaloupe Bread – Pão de Melão
1 3/4 xícara de farinha de trigo
1/4 colher de chá de bicarbonato de sódio
2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal
2/3 xícara de açúcar
2 ovos
1/2 xícara de pecans picadas
1/5 xícara de manteiga derretida
1 xícara de polpa amassada de um melão cantaloupe
Misture todos ios ingredientes secos, adicione os ovos, a manteiga e a polpa do melão. Incorpore as pecans picadas. Coloque a massa numa forma de pão bem untada. Asse em 350ºF/ 176ºC por mais ou menos 50 minutos.

Gazpacho

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Depois de fazer o Ajo Blanco, quis fazer também o Gazpacho. Dei uma olhadela no 1080 Recipes, onde me inspirei para fazer a minha versão.
Bati no liquidificador 4 tomates orgânicos maduríssimos, 1 pimentão vermelho pequeno, uma cebola bem pequena, 4 azeitonas pretas, um punhado de salsinha fresca picada e duas fatias de pão francês de ontem amolecidas em água gelada. Bati bem, acrescentei uma xícara de água gelada, pimenta do reino moída, flor de sal a gosto e bastante azeite de oliva. Coloquei tudo numa jarra e deixei gelar. Servi com croutons simples, feitos com fatias finas de pão francês cortadas em cubinhos e tostados na frigideira de ferro, e regados com um fio de azeite.

Ajo Blanco

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Uma deliciosa sopa fria típica da Andalucia, na Espanha. Usei esta receita, dando umas adaptadas aqui e ali. Achamos o resultado bem interessante, um prato ideal para dias super tórridos, quando não se pode ou quer usar o fogão.

1 xícara de amêndoas sem pele
4 fatias de pão branco sem a casca imersas em água gelada
3 dentes de alho em fatias
5 colheres de sopa de azeite de oliva
2 1/2 xícaras de água gelada
2 colheres de sopa de Jerez, vinagre de sherry
Sal a gosto
Uvas brancas sem sementes
Salsinha picadinha para decorar

Numa panela coloque as amêndoas e o alho, cubra com água e dê uma fervida. Coe e coloque no processador com o pão molhado. Bata bem, vá adicionando o azeite aos poucos. Adicione a água gelada e o vinagre. Processe até a mistura ficar bem cremosa. Adicione sal a gosto. Coloque a sopa numa vasilha e leve à geladeira para gelar. Sirva com as uvas, decorado com a salsinha picada e algumas fatias de amêndoas tostadas se quiser. A adição das uvas brancas realmente faz uma diferença e adiciona um plus nesta versão branquela do gaspacho.

quatro musas

M.F.K. FISHER — o melhor texto de gastronomia em língua inglesa, produzido por uma mulher linda demais e que escrevia bem demais, as melhores histórias, todo blogueiro que gosta de escrever quer, insolentemente ou discretamente, ser um pouquinho como ela, viajada, sabida, charmosa, glamourosa, não nasceu na Califórnia, mas se considerava uma californiana, assim como eu.
JULIA CHILD — danem-se as receitas francesas! eu gosto mesmo é do jeitão bonachão dessa mulher gigante em muitos sentidos, desengonçada, grandona de corpo e com uma voz pequenininha, que nunca pareceu se incomodar por não ser um padrão de beleza, desabrochou tarde, teve uma vida plena, uma californiana que conquistou o mundo, sem planejar, nem se afobar, apenas sendo o que ela sempre foi, insistente e perfeccionista, sem nunca se furtar de admitir que derrubou sim o pernil no chão da cozinha.
ALICE WATERS — ingenua e romanticamente inspirada, um gênio obcecado, iniciou uma revolução, que hoje é parte da história do resgate do simples e do natural, e todo mundo deveria pretender ser um pouco como ela, correndo atrás do que acredita, fazendo sonhos virarem realidade.
JUDITH JONES — antenada, trabalhando sempre quietinha e nos bastidores para nos dar acesso à criaturas fascinantes e criativas, cujos livros hoje enchem nossas estantes e enriquecem a nossa vida cotidiana, com tantas mil histórias, cardápios e receitas, sem o trabalho dela, muitos outros não teriam sido revelados.

prove aqui o novo sabor

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Não sei como é no resto do mundo, mas aqui os distribuídores de amostra de comida e bebida estão por todos os cantos. Acho que deve fazer parte da cultura essa satisfação de poder provar, sem precisar pagar, antes de decidir se vai ou não comprar. E eu acho isso ótimo, muito justo, nada mais prático, afinal não tem nada pior do que se decepcionar com aquele produto pelo qual você pagou uma baba. Mas eu nunca me senti à vontade com esse hábito. Vou ao Farmers Market e tem amostra de tudo, das frutas, dos pães, dos queijos, do azeite. E alguns até oferecem seus produtos de uma maneira um pouco agressiva, como na barraca de bolanis onde os moçoilos bonitos e simpáticos do Afeganistão usam aquelas manjadas técnicas machistas para conquistar as clientes do sexo feminino. E em qualquer supermercado estão lá as senhorazinhas sorridentes, e até as não muito sorridentes, te oferecendo pedaços de linguiça frita, bolachinhas com patê, quiches e tortas, cremes, queijos, sorvetes, sucos, leites, refrigerantes, gororobas variadas, numa lista interminável de produtos novos ou já conhecidos, tentando te convencer a comprar, ali mesmo ou num futuro bem próximo.

Eu vejo a aglomeração de pessoas e carrinhos e passo reto, às vezes dou até uma desviada. Obrigada, não quero. Não consegui ainda adquirir esse hábito de pegar pedacinhos disso ou daquilo em publico e comer equilibrando o copinho e o garfinho ao mesmo tempo que empurro o carrinho de compras. Não gosto de comer assim, andando, beliscando, comida oferecida com o único propósito de te convencer a comprar o produto.

Alguns eventos servem comida e bebida de graça. Eu curto beber uma taça de vinho ou mesmo provar algo comestível, desde que não tenha que enfrentar uma muvuca, me acotovelar pra pegar um pedaço de queijo, driblar a malta para agarrar uma lasca de pão e depois passar o resto do tempo preocupada se não fiquei uma semente de gergelim no meio dos dentes, ou com aquela sensação de dedos engordurados sem opção de poder lavá-los.

Além dos entusiasmadinhos e famintos de sempre, quem realmente curte esses eventos distribuidores de comida são as crianças. No Copia, a voluntária dando amostras de um sorvete sabor morango fazia um sucesso incrível com a gurizada. Sem nem um segundo sequer de descanso, ela só conseguia suspirar, respirar fundo e continuar firme. No copinho ou na casquinha? Na casquinha, of course!

gelado de milho

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Fiz novamente o famoso sorvete da pamonha, que pra mim é uma das coisas mais deliciosas desse mundo. Eu perco a pose de moça fina, pois não consigo parar de comer essa gostosura com sabor de roça! Já estou com uma abundância de espigas na geladeira e estou feliz, pois este ano a fazenda plantou da variedade amarela, que é a que mais gosto. Esse milho é de uma doçura ímpar. A receita é quase a mesma, só substituí o buttermilk por creme de leite fresco e o açúcar demerara por néctar de agave.