Free Food

O ano letivo na UC Davis começa nesta quinta-feira. A movimentação já está intensa, com estudantes chegando e se instalando em apartamentos, fraternidades, sororidades, condominios e dormitórios. Já percebi um fluxo maior de bicicletas pelo campus e toda hora vejo um barata tonta com aquela cara de quem não sabe onde está, girando um mapa, pra esquerda, pra direita e escaneando a área ao redor com movimentos oscilantes da cabeça. Pobres e perdidos freshmen. Outra coisa que reparei foi a quantidade de cartazes aflixados pelos caminhos principais do campus. A maioria está tentando convocar os novos estudantes para se afiliarem em associações e organizações. E todos oferecem alguma coisa, geralmente as mais chamativas: pizzas, sorvetes, sanduiches. Uma das placas vai direto ao ponto e anuncia selvagemmente—FREE FOOD! Que estudante recém-iniciado numa vida longe da família e com pouco dinheiro vai conseguir resistir a um atrativo como esse?

habaneros [mad hot!]

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Eu li o aviso que alertava em letras vermelhas—habaneros—mad hot! E a mocinha da banca vendo a minha cara de purfa me avisou precavida—they’re really, really, really HOT! Ela me disse que era pra tomar muito cuidado, pois essas pimentas eram de estraçalhar. Cuidado com os olhos, se você tocar num corte ou machucado com as mãos sujas do habanero, vai inchar, vai doer. Use luvas e coloque só um pouquinho. Mesmo sendo uma covardona para pimentas e ouvindo todos os avisos amigos, resolvi comprar quatro pequenas habaneros, sem ao menos saber o que vou fazer com elas.
O Garrett também comprou as mad hot habaneros e foi bem ousado, como ele relata nessa história hilária.

Inari sushi

tofu_pockets_

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Foi no final da década de 80, no livro O Melhor da Festa da Sonia Hirsch, que eu li pela primeira vez uma receita com as almofadinhas de tofu frito, que ela chamava de aguê. Naquela época a cozinha asiática não era tão popular como é hoje e não foi muito fácil achar as tais almofadinhas. E quando achei deu um baita trabalho pois, como a Sonia explica no livro, tinha que ferver as almofadas, depois espremer, depois cortar fininho sem furar—e aí é que a porca torcia o rabo comigo, pois eu sempre cortava torto e furava várias. Ela ensinava a rechear com arroz integral refogadinho e era assim que eu fazia.

Hoje sei que essas almofadinhas de tofu frito recheadas com arroz são o inari sushi, que eu simplesmente adoro. Eu compro o aguê, ou abura-age, ou fried bean curd em qualquer mercado asiático. Não precisa ferver, nem espremer e já vem cortadinho, é só abrir os envelopinhos e rechear. Desta vez eu fiz um recheio inventadinho, com arroz de sushi, onde acrescentei:

Chives—ciboulettes picadinhas
Sementes de gergelim pretas tostadas
Cubinhos de cenoura refogados levemente em um pingo de óleo de gerlegim.

arroz para sushi
2 e 1/2 xícaras de arroz próprio para sushi [grãos curtos]
3 xícaras de água.

Lave o arroz e deixe escorrer por vinte minutos. Misture o arroz e a água numa panela grande. Cubra e ponha no fogo alto. Quando ferver, reduza para fogo baixo e deixe cozinhar por uns 25 minutos ou até a água ser totalmente absorvida. Tire a panela do fogo e deixe descansar ainda tampada por mais 20 minutos. Enquanto isso faça o molho de vinagre com:

5 colheres de sopa de vinagre de arroz
1 colher de sopa de saquê
3 colheres de sopa de açúcar
2 colheres de chá de sal

Misture todos os ingredientes numa panela pequena e cozinhe no fogo alto até o açúcar dissolver completamente. Colocar sobre o arroz e revolver bem com uma espátula de madeira. Não misture, só revolva. Deixe o arroz esfriar em temperatura ambiente.

bolo de limão & azeite

bolo de azeite & limão

Receita simpaticíssima que encontrei no Serious Eats e que fiz, com relativo sucesso, se descontarmos o fato que o bolo se desmilinguiu totalmente ao ser desenformado—o que realmente não contribuiu para que ele tivesse uma foto à altura da sua gostosura. Segue a receita.

lemon olive oil cake
3/4 xícara de azeite extra virgem, mais um extra para untar a forma
1 1/2 xícara de farinha de trigo
1/2 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/4 colher de chá de sal marinho fino
3 ovos caipiras
1 xícara de açúcar
3/4 xícara de iogurte integral
Raspas de 3 limões [amarelos]

Pré-aqueça o forno em 325ºF / 162ºC e unte uma forma de 20 cm com azeite. Misture a farinha, o fermento, o bicarbonato e o sal com um batedor de arame. Na batedeira em velocidade alta, bata bem o açúcar com os ovos até formar uma pasta bem clara e fofa, por mais ou menos 5 minutos. Em velocidade media, adicione as raspas do limão e o iogurte. Bata bem e vá acrescentando devagar o azeite. Desligue a batedeira e acrescente a mistura de farinha, batendo bem com uma espátula até todos os ingredients ficarem bem incorporados. Coloque a massa na forma untada e leve ao forno por 45 minutos. Deixe esfriar e desenforme.

banana da terra frita

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A variedade de frutas nestas terras californianas certamente não incluí as tropicais. No caso da banana, estamos mais ou menos limitados à nanica—que eu tenho o cuidado de comprar fair trade, já que não posso comprar local. Acha-se a banana maçã, que eu já desisti de comprar, porque pra mim não tem gosto nenhum da banana maçã que eu conheço. E acha-se também a banana da terra, conhecida aqui como plantain. Não sei se elas são a mesma coisa, mas o sabor é bem parecido. Só que as plantains chegam aqui vindas sei lá de onde e normalmente estão verdes. Eu sei que há maneiras de se preparar essa banana verde, mas essas não são o meu objetivo. Quero a banana madura, no ponto ideal para se comer crua se quiser. Mas isso é quase uma missão impossível. As plantains geralmente estão muito verdes ou extremamente maduras. Quando eu dou de cara com uma banana no ponto [quase] ideal, dou pulos de alegria. Essas não estavam perfeitas, mas deu pra fazer frita, do jeito que eu gosto. Cortei em rodelas e fritei dos dois lados na manteiga. Na hora de servir, salpiquei com flor de sal.

Banana é uma das minhas frutas favoritas. E eu tento comer uma por dia. E adoro banana frita e banana flambada, que eu faço com a banana nanica mesmo. Êta coisa boa!

o hóspede & o peixe

Aquele ditado popular um bocado rude que diz que “visita é como peixe: depois de três dias começa a feder”, sempre me intrigou, porque nunca tive a experiência de um peixe ou de um hóspede chegando nesses termos. Pois no sábado passado, mesmo estando sozinha, fiz o favor de comprar dois filezões de peixe no peixeiro do Farmers Market. Como naquele dia eu já tinha um almoço engatilhado, coloquei os filés num canto da geladeira e me comprometi mentalmente a prepará-los no domingo. Separei até uma receita. Mas no domingo fiquei pra lá e pra cá por causa da torta de figos e não o fiz peixe nenhum. Aliás, nem lembro o que comi no domingo. Dificuldade com a memória está se tornando um problema. Segunda chegou e com ela chegou também o Uriel. Depois veio a terça quando corri comprar uns bifões no Co-op que fiz de maneira simples na churrasqueira. A definição do jantar da quarta-feira permanecia em estado nebuloso, envolvida na escuridão da falta de idéias, quando fui ler o post da Neide sobre a moqueca caiçara feita com postas pequenas de peixe e temperada com ervas. PEIXE?? PEIXE!! Pois então lembrei que os filés de peixe do sábado ainda estavam no cantinho da geladeira. Não deu outra, foi tudo pro lixo. Chicotadas imaginárias na alma! Felizmente nunca tive o desprazer de sentir o fedor provocado por um hóspede, mas agora sei que o do peixe é deveras incômodo. O menu do jantar foi polenta.