The Olive Pit

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Depois do almoço no Granzella’s em Williams, dirigimos mais umas trinta milhas em direção ao norte, com destino à cidade de Corning no condado de Tehama, conhecida como the olive city—a cidade das azeitonas. Corning fica no meio de campos imensos de oliveiras e tem uma loja famosa que vende azeitonas e azeites de todos os tipos. Fiquei impressionada com a quantidade de maneiras diferentes de preparar as azeitonas, e com as inúmeras variedades que a loja oferecia. Comprei um azeite não filtrado feito com a variedade Arbequina e um outro feito com a variedade Mission prensada junto com laranjas vermelhas.
Um professor, colega do Uriel, nasceu em Corning e contou que a cidade não mudou nada desde o tempo em que ele era criança. Pudemos constatar o fato in loco. Achei fofo que muitas ruas tinham nomes de frutas. Mas a cidade é outra daquelas sem muitos atrativos, com uma rua principal bem larga, com cara de downtown dos anos 50. Pude até visualizar o Bill rebolando a pélvis num bailinho da escola pública de Corning ao som da sensação musical do momento—Elvis Presley.

Granzella’s

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A Califórnia não é só San Francisco, Los Angeles, Hollywood, Napa Valley. A Califórnia é também um estado agrícola, responsavel pelo abastecimento de gostosuras pelo país e mundo afora. Além do glamour dos lindos lugares turisticos e afamados, há também grandes extensões de terra cultivadas com arroz, tomates, amêndoas, azeitonas, nozes, muitas fazendas de gado e de frutas. É uma beleza de ver, apesar de não ser tão chamoso e não atrair nenhum turismo.
Quando o Uriel viaja pelas fazendas na Califórnia, ele e o grupo dele sempre acabam tendo que comer em lugares não muito refinados. Eles comem pela estrada, em lugares que servem comida pesada e porções gigantescas para caminhoneiros, lenhadores, trabalhadores da terra, gente que precisa repôr a energia perdida no trabalho braçal. Então quando ele achou esse restaurante italiano no meio do nada, com comida decente, uma deli que prepara sanduiches frescos e leves, uma lojinha com centenas de variedades de azeitonas e azeites, ele se sentiu num oásis. E quis que eu fosse lá conhecer o lugar.
O Granzella’s fica no meio dos campos de arroz, mais pro norte do estado, na cidade de Williams, condado de Colusa, com três mil e poucos habitantes. Nós fizemos um rápido tour pelo lugar, que num sábado à tarde parecia uma cidade fantasma, com a exceção da movimentação no Granzella’s e por um casamento mexicano acontecendo numa igreja simples numa esquina. O restaurante deve ser a única atração e a maior fonte de empregos da cidade. Um incêndio destruiu o local no ano passado, mas ele foi rapidamente reconstruído.
O Granzella’s é enorme e comporta um restaurante, uma deli, uma loja de quitutes e um sports bar que realmente me chocou, com centenas de cabeças de animais penduradas pelas paredes. A deli é bem famosa, onde você pode pedir sanduíches leves feitos com queijos e carnes frias e o pão fresquinho assado na padaria do lugar. Nós optamos pelo restaurante e não achamos nada especial, mas a comida era honesta. O Uriel pediu um nhoque que não impressionou. E eu pedi um steak, que na verdade eram quatro e vieram acompanhados de vagens cozidas no vapor e purê de batata com gravy, que veio por engano, pois eu tinha pedido batata frita. As fritas vieram como cumprimento mais tarde. Eu bebi um White Zinfandel e o Uriel uma Italian soda de morango. Os pratos incluiam o salad bar, que não tinha nada de diferente ou especial, a não ser pelas azeitonas temperadas. As porções eram enormes, fato normal em qualquer restaurante que sai do circuito refinado da California Cuisine.
A lojinha de guloseimas era tentadora, com mil e um tipos de azeites, até suco de azeitonas pra se colocar no Martini e Bloody Mary. Tomamos um gelatto e atravessamos a rua para visitar a lojinha de presentes do Granzella’s, que não achamos nada especial, pelo contrário, achamos meio cafonalha e bem careira. Mas eu comprei uns cremes para mãos feitos com azeite e com lavanda que me impressionaram pela delicadeza e perfume.

popovers de alho & alecrim

popover de queijo & alho
popover de queijo & alho
Essa receita veio impressa em alguma embalagem, que eu recortei e deixei na altura dos meus olhos, encaixada na fresta da porta de um dos armários, para poder lembrar de fazer em breve. Os popover são pãezinhos bem leves, que até lembram um pouco aquele pão de queijo de liquidificador, só que eles ficam mais sequinhos e com uma consistência mais firme. Mas crescem e abrem em formato de flor e ficam ocos por dentro, portanto ótimos para comer com algum tipo de recheio. Eles foram o acompanhamento para uma sopa de lentilha verde temperada com alho e ervas e uma salada simples de tomate, servidos numa noite de ventania descabelante e barulhenta.

1 1/2 xícara de leite integral
Três dentes de alho
1 colher de sopa de alecrim fresco picadinho [*usei o seco]
3 ovos da galinha feliz
1 1/2 xícara de farinha de trigo
1 colher de manteiga derretida
1/4 colher de chá de sal
3 colheres de sopa de queijo parmesão ralado

Aqueça o leite numa panela até ele ficar bem quente. Desligue o fogo e coloque os dentes de alho cortados ao meio e o alecrim de molho no leite quente por pelo menos vinte minutos.

Pré-aqueça o forno em 450ºF / 232ºC. Unte seis formas grandes ou doze pequenas para popover com manteiga. Se não tiver as formas próprias para popover, use as para muffins.

No liquidificador coloque todos os ingredientes, mais o leite coado [descarte o alho e o alecrim]. Bata bem até obter uma massa lisa e coloque nas formas até 2/3 de altura, porque eles crescem e abrem.

Salpique cada popover com um pouquinho de queijo parmesão e leve para assar em forno alto pré-aquecido por 15 minutos. Baixe a temperatura do forno para 325ºF / 162ºC e asse por mais 15 minutos. Não abra a porta do forno durante o processo. Desenforme e sirva, quentinho.

dias de ventania
[descabelante]

Perdi hora pela manhã, o alarme não tocou. Isso acontece raramente, mas quando acontece desestrutura todo o meu dia. Acordar devagar, abrir os olhos com calma, espreguiçar, pensar na morte da bezerra antes de colocar os pés no chão, me desejar um bom dia, tudo isso faz parte da minha rotina matinal, que foi interrompida porque o alarme não tocou ou tocou e eu não ouvi. Me virei ainda semi-imersa num sonho para olhar o relógio e os números que vi me fizeram pular da cama num sobressalto assustado—sete e cinco!

Felizmente deu pra beber minha xícara de café, remoendo a perda dos preciosos minutos. Cara amarrada. Já saindo para a fazenda ele me perguntou—dormiu bem? A resposta era sim, dormi, mas não pude dizer que sim, já que estava amargurada pelo atraso. Mais ou menos, foi a minha resposta mal humorada.

O menu do jantar foi sopa de lentilha verde com alho e ervas. Colocar a receita aqui é chover no molhado, mas eu queria registrar. Começou a ventar horrivelmente. Uma pessoa que conheço, nascida em Upstate New York, sempre bradava num tom apocalíptico que na Califórnia quando chovia, chovia, chovia, chovia, e quando ventava, ventava, ventava, ventava. Eu nunca entendi muito bem essa reclamação exacerbada, mas é verdade que quando venta, realmente venta e venta enlouquecidamente e descabelantemente por vários dias.

Dormi com o barulho dos galhos da árvore chicoteando o telhado da casa. O cachorro do vizinho latia sem parar, chorando. Vento, vento, vento, vento. A manhã chegou gelada e eu perdi hora, perdida no sonho, sonhando com algo que nem mais lembro.

pimentão recheado com arroz

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Usei o arroz jasmine coral já cozido de maneira tradicional e segui o principio da receita de pimentão recheado da tia Dirce, pois acho que aliche/anchova combina muito bem com pimentão. É só cortar os pimentões ao meio—usei verdes, vermelhos e amarelos, já que tinha uma coleção—remover sementes e rechear com a mistura de arroz, cubinhos de pimentão vermelho, filézinhos picadinhos do melhor aliche que seu dinheiro puder comprar, azeitonas pretas picadinhas e salsinha fresca picadinha. Assar em forno médio, até os pimentões ficarem macios. Servir quente ou frio.

Fair Trade

jasmine-coral-rice_1S.jpg jasmine coral rice Quando eu perguntei ao meu amigo que é diretor da fazenda orgânica da UC Davis e uma das pessoas mais engajadas em políticas de agricultura e meio-ambiente que eu conheço, o que mais eu poderia fazer além de comprar local e orgânico de produtores que praticassem a auto-sustentabilidade, ele respondeu na lata—buy Fair Trade!
Ele também me recomendou pesquisar os fazendeiros que adotassem práticas justas com seus trabalhadores, não explorando mão de obra barata e ilegal. Mas o Fair Trade é um detalhe muito importante para os produtos que vem de países mais pobres e em desenvolvimento, pois essa prática econômica tem como um dos seus objetivos principais promover um sistema global de economia sustentável e justa. Morando num país rico que compra produtos de países mais pobres, é minha obrigação tentar não contríbuir com qualquer tipo de exploração. Banana, chocolate, café, açúcar são produtos que têm uma boa distribuição Fair Trade aqui nos EUA. A banana e a quinoa que eu compro são Fair Trade. Há muitos outros produtos nas prateleiras dos supermercados que também são, é só procurar com cuidado. Esse delicioso arroz jasmine coral da Tailândia é Fair Trade. Fique de olho nesses produtos você também!
»Para saber mais, visite o website da Fair Trade Federation.

sopa de abóbora e manjericão

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Relendo depois de vinte anos O Melhor da Festa da Sonia Hirsch, rememorei algumas das suas boas idéias. Uma delas, misturar abóbora com manjericão, que segundo ela é uma das combinações mais perfumadas da história da culinária. Não posso discordar. Usei uma abóbora japonesa, a kabocha, que já estava previamente assada. Eu tenho o costume de assar coisas de véspera ou quando estou usando o forno ou a churrasqueira pra fazer outras coisas. Essa abóbora tem uma casca grossa que não é fácil, precisa ter muito muque para descascá-la e como muque é o que eu não tenho, apenas cortei ao meio, removi as sementes, embrulhei no papel alumínio e assei. Na hora de fazer a sopa, removi toda a polpa com uma colher, coloquei no liquidificador com bastante folhas de manjericão fresco e um tanto de água—ia usar caldo de legumes, mas resolvi que não deveria interferir no sabor da abóbora e do manjericão. Bati bem a mistura. Numa panela refoguei cubinhos micros de cebola no azeite, acrescentei o creme de abóbora, temperei com sal e pimenta branca moída, deixei levantar fervura e desliguei o fogo. Servi a sopa com pedaços de queijo fresco e um fio de azeite super-extra-especial.

DNNO

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Este foi o terceiro ano do Davis Neighbors Night Out organizado pela prefeitura da cidade e neste ano a nossa vizinhanca participou. Não foi nada que não pudessemos ter feito sozinhos, como já fizemos em 2002 num churrasco comunitário. Mas com o apoio da cidade, que ofereceu descontos e brindes, enviou convites e fez a promocão, ficou realmente mais fácil. Este ano, com as comemorações dos 100 anos da cidade e do campus da Universidade da Califórnia, o objetivo era conseguir cem vizinhanças participando.
Nossa vila foi construída pela UC Davis em 1996 para abrigar professores da universidade. São trinta e duas casas agrupadas num circulo e uma linha reta que faz a fachada da vila. As casas no círculo são para os professors e têm uma casinha de hóspede no fundo, também chamada de graduate cottage, pois foram construídas para abrigar estudantes de pós-graduacão. Na linha reta ficam casas geminadas [town houses] onde moram funcionários da universidade. É uma comunidade bem estruturada e forma um grupo grande de vizinhos.
Eu conheco meus vizinhos do lado, da frente e umas amigas que vivem numa das casas geminadas e numa casa de hóspedes. Fora esses, não conheco mais ninguém. Como temos uma mailing list da vila, conheço alguns outros de nome, mas é só. Então participar dessa festa de vizinhos me animou, pelo menos para dar uma olhada na cara das pessoas que vivem do outro lado.
Como eu já tinha marcado um outro compromisso com umas amigas e o papo estava pra lá de bom, acabei chegando atrasada na festa dos vizinhos. Chegar atrasada aqui muitas vezes significa perder a parte principal da festa, E foi o que aconteceu com o casal atrasanildo da casa 273. Cheguei com a minha saladona quando a maioria já tinha comido. E não havia mais name tags para escrevermos nossos nomes. Além de que todo mundo já estava no papo animado em grupinhos e alguns já estavam quase indo embora. Mesmo assim nos enturmamos, eu conheci pelo menos uma pessoa super legal e o Uriel ficou de papo com um professor aposentado. Não prestei atencão na comida, mas vi de relance que tinha cachorro-quente feito com salsichas assadas numa churrasqueira e uma mesa de saladas, outra de doces, snacks espalhados por todo canto. Também havia vinho, cerveja, refrigerante e suco. Logo anoiteceu e ninguém mais conseguia ver a comida. Um cara chegou com lanternas. As criancas correram e brincaram muito e dançaram—porque também tinha um som na caixa tocando. Estava uma festa agradável, apesar que alguns vizinhos eu simplesmente não me importo de encontrar novamente, pois eles são uns chatos de longa data. Outros são muito legais. Pessoas diversas, como em toda comunidade.

mesa para um jantar

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As minhas arrumações de mesa refletem muito bem a minha libra influenciada por uma rigorosa vênus em virgem, que exige hamonia e beleza mas de-tes-ta emperequetação. Minhas mesas são sempre assim, simples. Raramente uso toalha, porque no caso dessa minha mesa de jantar de quase cem anos, eu gosto de mostrar a história de vida que ela tem impressa na madeira. Gosto de misturar estampas e cores e de guardanapos coloridos contrastando com a rigidez das cores sobrias. Nessa mesa eu usei uma mistura de pratos—uns vintage americanos estampadinhos de cor cinza claro e outros de design escandinavo cinza escuro. Os guardanapos deram o toque final de cores. Ficou uma mesa muito legal, onde sentaram-se cinco pessoas para comer pizza e beber vinho!