salada de legumes assados

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Essa salada é absolutamente simples, casual e frugal, mas o resultado me surpreendeu deveras. Quando vi a receita na Everyday Food de setembro de 2008 pensei—que legal, vou poder usar muitos ingredientes acumulados na geladeira! Mas eu não poderia imaginar o quanto essa salada de legumes assados ficaria boa. Aliás, você já teve a oportunidade de avaliar como alguns minutos de forno transformam o sabor da couve-flor?

Os ingredientes para a receita original eram cenoura, cebola roxa e abobrinha, mas eu usei os legumes que tinha e a minha mistura, além da cenoura, levou alho-poró, couve-flor e favas. Use os legumes que você quiser e tiver disponível na sua cozinha.

Distribua os legumes numa assadeira forrada com papel alumínio, salpique com sal marinho grosso, pimenta do reino moída na hora e um fio de azeite. Coloque em forno alto [450ºF / 232ºC] por 20 minutos. Deixe os legumes esfriarem um pouco. E descasque as favas. Numa saladeira faça um vinagrete com vinagre de vinho ou sherry [jerez], sal e azeite.

Misture bem, junte os legumes assados. Na hora de servir junte folhas de alface rasgadas com as mãos e algumas bolotinhas de queijo de cabra.

Olha, não houve clima para fotos da salada pronta, porque atacamos a dita cuja com uma fúria só comparada à de um bando de coelhos famintos. Ficou deliciosa, deliciosa mesmo e não sobrou nem um molhinho no fundo da tigela.

sopa fria de salsão & maçã

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Este ano estou muito inclinada à fazer sopas frias. Achei algumas receitas interessantes numa revista Gourmet de agosto de 2006 que estava soterrada numa pilha de revistas que fica no meu banheiro—este ano também estou mais do que inclinada, estou realmente decidida, à organizar as centenas de revistas espalhadas pela casa.
Gostei imensamente do resultado dessa sopa, que a revista chama de gazpacho. Como eu não tinha o pão branco [baguette] pedido pela receita, substituí por pão de centeio preto, que era o que eu tinha e achei que acrescentei um ponto no sabor com essa modificação. Faça como quiser, com pão branco, ou preto, mas faça, pois essa sopa é realmente um must!
celery apple gazpacho
serve 4 pessoas
3 xícaras [mais ou menos 8 talos] de salsão [aipo] picadop
1 maçã Granny Smith descascada e picada
1 1/2 xícara de água fria
1 colher de sopa de suco de limão
1 colher de chá de sal
1 baguette de 3-inch/ 8 cm sem a casca *usei pão de centeio preto
1/4 xícara de amêndoas despeladas e picadas
2 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem
Tiras finas do salsão para decorar, se quiser
No liquidificador bata bem o salsão, maçã, água, limão e sal até formar um purê. Coe tudo para uma vasilha e acrescente os pedaços de pão no liquido. Enquanto isso lave o copo do liquidificador e bata as amêndoas nele, até moer bem fininho. Junte o liquido com o pão imerso, bata bem e vá acrescentando o azeite. Coloque numa sopeira e leve à geladeira até a hora de servir. Decore com fiozinhos de salsão, feitos com o descascador de legumes, se quiser.

pense diferente

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Era uma vez algumas xícaras sem pires, que foram compradas mesmo assim, porque elas eram lindas. As xícaras sem pires ficaram guardadas no armário do castelo, até que um dia apareceram belos pires sem xícaras cavalgando sob a luz da lua no horizonte. Os pires ouviram dizer que haviam xícaras vivendo solitárias na torre do castelo, mas que as lindezas enclausuradas eram de outra linhagem, não da mesma dos pires. Mesmo assim os pires seguiram em frente e resgataram as xícaras. O encontro foi muito auspicioso, com amor à primeira vista. As xícaras e seus companheiros pires são diferentes, mas é na diferença que reside a verdadeira harmonia. E assim, na diversidade, viveram todos felizes para sempre.

frogurt de morango & baunilha

Fui arrebatada pelo entusiasmo quando cheguei no Farmers Market sábado pela manhã morango-baunilhae vi à venda toneladas de damascos, cerejas, morangos e alguns tomates precoces. Acabei trazendo pra casa mais fruta do que poderíamos comer. Como não guardo fruta nenhuma [muito menos tomate] na geladeira*, não podemos ficar dando bobeira, esperando a fruta estragar. Principalmente se a fruta for morango. Comemos muitas al naturel, porque é assim que eu acho que aproveitamos muito mais o sabor de cada uma. E com parte do morango, reiniciei a temporada dos sorvetes. Para esta estréia, fiz um refrescante frogurt—frozen yogurt.

300gr de morango orgânico
1 1/2 xícaras de iogurte natural
1 xícara de iogurte cheese style
1 colher de sopa de extrato de baunilha
Nectar de agave [ou mel] a gosto

Bater tudo no liquidificador e colocar na sorveteira.
*com tomates é comprovado que a geladeira faz com que eles percam o sabor. e eu acho que com as frutas é exatamente a mesma coisa.

sustainalovability

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Já escrevi tanto sobre este festival que acontece todo mês de maio e coincide com o final de semana do dia das mães, que já esfolei o dedo cata-milho. Neste ano, o Whole Earth Festival completou 40 anos, firme e forte, cada vez mais dedicado às suas propostas originais. Essa festa imensa que dura três dias não acumula lixo nenhum, graças à implementação da reciclagem intensiva. Não há copos, pratos e talheres de plástico ou papel. Pagamos pelos utensílios, que são reutilizáveis e que quando devolvemos e ganhamos o dinheiro de volta. Ninguém aqui é bobo de desperdiçar grana, né? E toda a comida servida no festival é vegetariana, orgânica, local, natureba plus! Eu adoro comer os rangos e neste ano fui de comida vegan, que não é algo muito comum de se ver por aí. Comi um prato mediterrâneo, com dolmas—os rolinhos de folha de uva com molho de tahini, salada de folhas com um molho de nozes e um humus de coco delicioso acompanhado de torradinhas veganas. Pensar que nesse prato saborosissimo não foi usado nenhum ingrediente de origem animal, me inspira! E o Uriel foi de pita de berinjela, que também estava muito bom. Bebemos uma limonada de gengibre adoçada com agave nectar e depois matamos o caloire com picolés de kiwi colada!

Eu devo ter mesmo uma alma hiponga que fica feliz apenas em passear por esse festival, ver as barracas de artesanato, as barracas políticas, as de tratamentos alternativos, palestras esotéricas, de vida alternativa. Neste ano havia duas barracas ensinando a usar os fornos solares. Só não vi muitos protestos políticos, por uma boa razão. E tem muita gente dançando, improvisando música, shows de artistas mais profissionais, dança, batucada, até escola de samba [a UC Davis tem uma muito boa]. Toda a energia usada no festival vem dos painéis solares, que são instalados em vários pontos.

Para mais detalhes sobre essa festa, siga o link do meu post sobre o Whole Earth do ano passado ou ainda o de um ano anterior. E veja mais fotos de 2009 AQUI e outras fotos de 2008 AQUI.

cenoura & tofu assados

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[enchendo liguiça com tofu…]

Me servi de uma porção de tofu e cenoura assados, coloquei o prato na mesa e num flash de segundos decidi pegar a câmera e fotografar a comida. Não tinha pensado em fazer antes, pois achei que não seria interessante tirar uma foto de um prato com cubinhos de tofu e nacos de cenouras—menu modesto e improvisado para um jantar corrido num dia de semana. Mas às vezes o simples nos surpreende e acabei gostando da singeleza dessa combinação. Tivemos também uma salada de alface e outra com uma abobrinha [a primeira do ano!] ralada. Bem trivial, bem discreto, mas super saboroso.

Fiz o tofu e as cenouras assadas em pacotinhos separados. A cenoura eu temperei com um fio de azeite, sal grosso e folhinhas de tomilho fresco. Embrulhei num pacotinho de papel alumínio. O tofu [firme] eu cortei em cubos, temperei com óleo de amêndoas [mas pensei que o de gergelim também iria bem], uma colherzinha de chá de pasta de curry vermelho dissolvida num pouco de água e uns pingos de molho de soja [shoyo] e embrulhei em outro pacote de papel alumínio. Forno pré-aquecido em 400ºF /205ºC por 30 minutos e voilá.

tudo pronto pra mais um picnic!

No ano passado fui à apenas um [ou talvez dois] picnic, porque não tive muitos ânimos de arrumar rango e cesta e sair de casa depois do trabalho num dia de semana. Culpa da minha doencinha, que roubou toda a minha energia por quase um ano. Mas agora que estou recobrando meu pique, reanimei para fazer picnics!

Chegamos um pouco tarde ao parque, já eram 7pm, mas mesmo assim deu pra aproveitar bastante. O bom é ficar batendo papo na grama do parque no escuro, quando a banda e o farmers market já encerraram as atividades e a maioria das pessoas já se dispersou.
Fiz rapidinho um rango com fatias fininhas de salmão selvagem defumado, crackers de aveia, queijo de cabra temperado com ervinhas do quintal [chives, tomilho e orégano], pimenta branca e um fio de azeite. Bebemos vinho verde espanhol.

A evangelização segundo MP

Enquanto procurava por um itém da minha lista de compras pelas prateleiras de um dos corredores do Co-op, vi uma menina analisando uma dessas caixas tetrapak de leite de aveia ou arroz com grande concentração. Passei por ela e ainda na busca do que queria comprar, ouvi ela perguntar para um cara mais velho, que eu assumi ser o pai dela:
[garota]: o que você acha deste aqui?
[pai]: você não sabe que não devemos comprar nada que tenha componentes que você não entende o que é e nem consegue pronunciar na lista de ingredientes de um produto?
[garota]: mas eu conheço esses ingredientes e consigo pronunciar todos!
[pai]: bom, compre então só pra você, que eu não vou consumir isso.
[garota]: não parece nada mal.
[pai]: você não sabe que não deve comprar produtos que a sua avó não reconheceria como comida?
[garota]: mas minha avó com certeza reconheceria isso!
[pai]: você que sabe…
Não pude prolongar mais a minha parada ali com o ouvido esticadão. Segui em frente a contragosto e não vi o final da história—se a menina levou ou não o leite de caixinha que o pai criticava. Reconheci o discurso do pai, que não citou nenhuma fonte, mas que certamente saiu da leitura dos livros do Michael Pollan.

Será que há algo errado com essa torta de maçã?

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Não. Pode acreditar que não há nada errado com essa torta de maçã!
A não ser que levemos em conta que esta torta não leva ovos, nem farinha, nem leite, nem manteiga. Essa é uma torta de maçã intitulada livre de culpas, o que já pode ser uma forte indicação de que a receita tem algo errado. Mas ela realmente não tem nada de errado.

Limpando a papelada acumulada no meu escritório, achei soterrada na base de uma pilha de outras mil coisas, uma dessas revistas naturebas que se pega de grátis em portas de supermercados também naturebas. Dei uma folheada final, antes de levar pra reciclagem e nessa folheada parei total nessa receita de guilt-free shredded apple pie. Gostei, não porque é uma receita natureba que nos livra das culpas de comer doces—porque sinceramente eu não sinto culpa nenhuma por comer doces, já que como doces com moderação. Gostei, por causa da mistura de ingredientes, da novidade de usar purê e suco de maçã, a aveia e a tapioca.

Fiz a torta, que é simples e fica com uma aparência interessante, apesar de ser livre de culpa. As opiniões do publico & crítica foram bem diversas. O Uriel detestou, depois de provar apenas uma lasca. O Gabriel adorou e levou metade pra casa dele. Eu comi, mas não achei a melhor torta de maçã do universo e não faria novamente. Mas se fizesse eu mudaria uma coisa: eliminaria o suco de maçã e a tapioca, pois achei que essa mistura de mingau deixou o recheio com uma textura muito gelatinosa. Só as maçãs raladas já seriam suficientes, talvez com a adição de mais duas ou três.

Para quem quiser tentar, segue a receita. Mas fica um lembrete: essa é uma torta que nos livra de todas as culpas, portanto não espere que ela lhe traga o mesmo prazer que a experiência de um doce cheio de pecado traz.

Massa:
2 xícaras de aveia grossa
1 xícara de purê de maçã sem açúcar
1/4 colher de chá de sal.

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma de fundo removível de 9-inch/ 22 cm com óleo em spray [*eu usei manteiga]. Misture a aveia com o purê e o sal até ficar uma massa. Com os dedos, pressione a massa no fundo e lados da forma. Leve ao forno e asse por 30 minutos, ou até a massa ficar levemente dourada.

Recheio:
2 xícaras de suco de maçã sem açúcar – do tipo cidra, de cor opaca – o transparente é feito de concentrado, não é suco puro
1/2 xícara de nectar de agave [ou mel]
4 colheres de sopa de tapioca granulada [quick-cooking]
4 maças Granny-Smith grandes descascadas e raladas
1/2 colher de chá de canela em pó
1/4 de colher de chá de noz moscada [rale na hora]

Numa panela, junte o suco de maçã, o agave e a tapioca e deixe descansar por 5 minutos. Leve ao fogo e mexendo sem parar, deixe ferver. Abaixe o fogo e continue mexendo até formar um creme transparente. Desligue o fogo, adicione as maçãs raladas misturadas com a canela e a noz moscada. Misture bem e coloque o recheio sobre a massa assada. Deixe na geladeira por 2 horas e então sirva.