berinjela tailandesa

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thai eggplant

Essa berinjelinha quase me enganou e também quase enganou o Gabriel, que já foi levando uma delas à boca, pensando que fosse tomate. Breca, breca, é berinjela! A moça da banquinha no Farmers Market que me vendeu essas berinjelas me disse que elas são ótimas em refogados com curry. Depois li que na Tailândia elas são mesmo a base de muitos cozidos—com curry verde ou vermelho. Mas eu não estive em bons dias, então usei os legumezinhos na pressa, só cortei, temperei com sal, ervinhas e azeite e grelhei na churrasqueira pra depois servir frio, como salada. Elas são levemente amargas e têm bastante sementes. São as irmãs gêmeas do jiló.

salada de tomate
[com molho de manjericão]

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A disposição para adaptar e substituir ingredientes muitas vezes nos abre as portas para outras inúmeras possibilidades outrora nem imaginadas. Comigo esse troca-troca é super relax—não tem isso, vai aquilo mesmo, não gosto disso, troco por aquele outro. Não tenho muitos pudores. A saladinha sugerida como acompanhamento na revista Everyday Food levava tomates verdes, que eram grelhados e temperados com um molho de maionese. Eu troquei os verdes pelos vermelhos, não grelhei e substituí a maionese por sour cream, que se ajusta mais ao meu paladar. Ficou uma salada bem diferente.
No processador ou liquidificador combine 1/4 xícara de sour cream, 2 colheres de sopa de azeite, 1/4 xícara de folhas frescas de manjericão, 1 dente de alho pequeno e 1 colher de sopa de suco fresco de limão.
Corte os tomates em rodelas e coloque numa travessa, salpique com sal e pimenta do reino moída na hora. Tempere com o molho e sirva.
»se quiser fazer a receita original, grelhe as fatias de tomate verde numa grelha untada com óleo por uns minutos de cada lado. use a maionese no molho, mas remova o azeite. só isso!

America in color

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Este link de um blog de fotos do jornal Denver Post está sendo repassado alucinadamente pelo twitter desde a semana passada. Quando cliquei nele pela primeira vez, fiquei de boca aberta com o que vi—uma seleção de fotos coloridas tiradas por fotografos contratados pelo governo norte-americano para registrar as áreas rurais e pequenas cidades do país durante a depressão, entre 1939 e 1943. Num país da dimensão dos EUA e numa época em que a comunicação não era tão fácil, a população em muitas áreas de pobreza lutava e definhava sem o menor conhecimento do governo. O trabalho desses fotógrafos foi mostrar um pouco desse imenso interior isolado do país. As fotos são maravilhosas, expondo com uma clareza e honestidade cruel a pobreza e o cotidiano de uma grande parcela dos norte-americanos. O blog do jornal fez uma compilação muito bonita com um punhado dessas fotos, que hoje fazem parte do acervo da Biblioteca do Congresso.

cheesecake congelado
de morango

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Cruzei com essa receita várias vezes durante um periodo de algumas semanas. Sempre me interesso pelas novidades, pelas idéias diferentes e a desse cheesecake congelado simplesmente foi para o trono. Já tinha as tâmaras compradas fresquinhas no Farmers Market e fui logo comprando todos os ingredientes que eu não tinha, como o mascarpone e o iogurte grego. Daí alguma coisa aconteceu que me preveniu de preparar a receita. O mascarpone foi gasto em camadas espalhadas em fatias de pão, o iogurte virou molho de salada e sorvete, depois o Uriel viajou, logo em seguida eu viajei também e ficou tudo por isso mesmo. Voltei a cruzar novamente com a receita, que copiei mais uma vez, naquela incerteza nebulosa de que já tinha feito planos com aqueles ingredientes. Comprei mais mascarpone, mais iogurte e um saco de amêndoas frescas. Decidi usar uns morangos orgânicos congelados, que comprei enlouquecidamente de um fazendeiro no Farmers Market e tinha guardado em sacos no freezer. Num dos dias e que fiquei de molho em casa me recuperando da gripe, fugi da cama e coloquei a sobremesa em prática. No jantar daquela noite tivemos dois convidados adolescentes para quem servi fatias do cheesecake. Levei até um susto quando na primeira garfada um dos guris exclamou quase gritando—NOSSA, QUE DELÍCIA!

Esse cheesecake sem açúcar, sem farinha e que não precisa assar, fica assim mesmo delicioso, ao ponto da gente exclamar frases de elogios entusiasmados. Meu marido, que afirmou não gostar de tâmaras, mas ter gostado imensamente do resultado dessa receita, expressou seu entusiasmo de outra maneira. Naquele seu jeito romântico bem peculiar, ele escreveu o meu nome com a ponta da faca na superfície do cheesecake, na frente dos nossos convidados e antes mesmo de eu poder fotografar a sobremesa para o blog!

frozen pink cheesecake
massa:
300 gr [2 xícaras] de amêndoas
10 ou 12 tâmaras frescas descaroçadas
2 colheres de sopa de óleo de coco
Uma pitada de sal
recheio:
2 xícaras de morangos e framboesas, frescos ou congelados
[*usei apenas morangos orgânicos congelados]
Suco de 1/2 limão
1/2 xícara de mel
1 xícara de queijo mascarpone
1 xícara de queijo quark ou curd
[*pode substituir por iogurte grego integral]

No processador, moa as amêndoas por uns minutos. Adicione as tâmaras, o óleo de coco e sal e pulse até formar uma massa bem rústica. Coloque essa massa numa forma de fundo removível de 20 cm / 8 inch. Coloque na geladeira, enquanto faz o recheio.
Bata as frutas com o suco de limão e o mel. Pode ser no liquidificador ou no processador. Junte o mascarpone e o quark [ou o iogurte, que foi o que eu usei]. Coloque essa mistura na forma forrada com a massa e leve ao congelador por pelo menos 2 horas. Remova do congelador e deixe amolecer um pouquinho antes de servir. Se quiser pode decorar o cheesecake com flores comestíveis e frutas. Eu não decorei.

summertime

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Passamos por metade do nosso verão e até agora nem tenho do que reclamar. Os tomates chegaram tarde, mas chegaram firme. No aniversário do Uriel tomei coragem e fiz um bolo de quatro andares com recheio de morangos e chantilly, cobertura de marshmallow que ficou lindo, gostoso, o fino da bossa. Foi o meu presente pra ele, que já com certeza cansou de ganhar meias, camisas, cuecas, e uns pijamas que ele nem usa.

Viajamos, voltamos. Logo ele vai viajar de novo, mais algumas vezes. E nos dias que fico sozinha, desacelero minha rotina na cozinha. Repito algumas receitas incansavelmente—as sopas frias, incluíndo variações do gazpacho, inúmeras saladas, de abobrinha, de tomate, milho assado na palha, salmão defumado com pão rústico, queijos, azeitonas, picolés de frutas. Outro dia fiz um suflê de milho, grelhei flores de abobrinha recheadas com queijo de cabra e assei uma torta de pêssego. Muita comida que nem tive vontade de fotografar, só de comer. Vinho verde. Brisa gelada durante a noite. Céu sempre azul, azul. Alguns dias tórridos, seguidos de outros dias deliciosamente amenos. Melões, melancias, pêssegos, nectarinas, uvas. Um dos meus pessegueiros está tão carregado de frutas, que o tronquinho magrelo até envergou perigosamente. Ainda tenho uns limões gigantescos na árvore—que vou usando com moderação, para esticar bem a temporada desse cítrico no meu quintal. Já tem outros limões brotando, minha produção consegue ser year-round. Nectarinas já não há, pois o esquilo comeu todas. A devastação foi intensa e o que podemos fazer contra uma peste tão charmosa que nos encara e até posa para fotos, quando corremos para pegar a câmera e registrar o flagra?

Eu sei que é sempre a mesma história, sempre o mesmo papo, mas o verão é isso mesmo. Chegam as ondas de calor, vem a brisa fresca, abundância de tomates e frutas saborosas, um dos gato cheira as flores e rola no tapete e o outro dorme muito mais porque está ficando cada dia mais velhinho, ambos completamente alheios à algazarra silvestre que acontece do outro lado do vidro das janelas.

frutas com buttermilk e mel

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A Martha S. pode ser a maior malandra, ninguém questiona esse detalhe, mas ela é também a maior centralizadora e divulgadora de boas idéias. Como esta, de uma receita refrescante e vigorosa usando as frutas da estação, que podem variar conforme a demanda. Na versão publicada na MSL, foram usados morangos, blueberries e blackberries. Eu usei morangos, blueberries e framboesas. Use o que você tiver em mãos. É uma boa idéia para incrementar um lanche da noite num domingo de verão ou para sofisticar qualquer café da manhã ou brunch.

serve de 4 a 6 porções
2 xícaras de buttermilk gelado
1 xícara de cubos de gelo
1/3 xícara de mel
3 xícaras de frutas misturadas
1/2 xícara de folhas de hortelã fresco

Bata o buttermilk, cubos de gelo e mel no liquidificador até ficar um liquido espumoso. Divida as frutas em vasilhas individuais, despeje o buttermilk batido e decore com as folhas de hortelã. Sirva imediatamente.

a cozinha da Astor House

Astor House - Golden, CO
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A cozinha da Astor House foi um caso à parte. Ficamos mais tempo lá dentro do que em qualquer outro cômodo da casa. Fiquei absolutamente encantada com a riqueza de detalhes, todos os armários devidamente estocados, utilitários, gadgets, lavadora de roupa, telefone, panelas, formas, até dois cortadores de dedo, ops, mandolines gigantes, que nos fizeram gargalhar—imagine eu usando um desses! O mais legal dessa cozinha, além de poder fotografar, é que pudemos mexer em tudo, abrir gavetas, folhear livros, xeretar em todos os cantinhos, até cheirar as especiarias numa lata grande de metal pintada a mão que acomodava várias latinhas com temperos. Fiquei rodopiando pela cozinha por um tempão, como uma galinha bêbada e depois que visitei o restante da casa, voltei para mais uma rodada de olhadas e bisbilhotadas. Não sei se eu gostaria de cozinhar numa cozinha dessas—bem moderna para a época, mas inviável para os nossos hábitos práticos de século 21. Cozinhar dava muito trabalho! Mas o empenho de preservação da história é algo fascinante. Imagino que a maioria das pessoas que visita esse tipo de museu se concentra mais em outras partes da casa, como as salas, os quartos, a biblioteca. Mas eu, se não vejo a cozinha e a despensa, fico realmente frustrada. Nesse passeio que fiz ao Colorado, pude visitar duas cozinhas de duas casas do século 19—a chiquerrima da ricaça Molly Brown em Denver e essa pensão simples, porém incrivelmente equipada, em Golden.

The Astor House
[Golden, Colorado]

Astor House - Golden, CO
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Foi o nosso último dia no Colorado e apesar do Uriel estar chumbado pela gripe chinesa e eu no limite de um ataque de nervos por causa de uma dor de cabeça monumental, provavelmente o prólogo da gripe que também iria me atacar, saimos de carro em direção às montanhas. Uma das partes do percurso, entre as cidades de Golden e Idaho Springs, foi uma verdadeira visão do paraíso. A estrada sinuosa entre penhascos de pedra salpicados de pinheiros com um rio acompanhando, ora no lado esquerdo, ora no direito, me deixou abismada. Paisagem linda de doer os olhos e de embasbacar. Pena que a dor de cabeça naquela altura me deixou catatônica e simplesmente não consegui fotografar nada. As imagens ficaram apenas na memória.

Voltamos para Golden com o intuito de almoçar e eu resolvi que iriamos ficar por ali mesmo, sem pegar mais estrada e sem se aventurar muito, pois ainda tínhamos que achar o caminho do aeroporto antes do final da tarde. Foi a melhor coisa que fiz. Tinha visto umas placas—Museu dos Pioneiros. Depois do almoço fomos investigar.

Golden é a cidade do legendário Buffalo Bill. Ele está enterrado lá e pode-se visitar o túmulo. Mas esse não é o meu tipo de passeio. Pelo nome da cidade já dá pra inferir que ali teve muita mineração. E ainda tem. Há tours para as minas também. E lá também está instalada uma fábrica gigantesca da cerveja Coors. Agora imaginem uma pequena cidade no interior do oeste, com um punhado de museus, tudo muito bem organizado e catalogado, a história completamente preservada e registrada, com a ajuda da população local com muito orgulho do seu passado. Fiquei muito impressionada com o trabalho de preservação, com a qualidade dos museus, embora todos fossem bem pequenos.

Escolhemos visitar primeiro a Astor House, uma pequena pensão no centro da cidade que serviu aos mineradores, estudantes e famílias. Quando pisei na casa, despiroquei! Está tudo preservado como era no século 19, com móveis, objetos, dá até pra sentir o clima da época, como a vida era naqueles tempos. Visitamos a casa inteira, dois andares—em baixo sala de estar e jantar e a cozinha [que terá um post à parte] e no andar de cima, os quartos e a varanda. Havia painéis com audios espalhados pelos cômodos pra se apertar os botões e ouvir as histórias sobre a casa, as pessoas que viveram lá, os hábitos da época e da cidade. Além de todos os mil micro detalhes, ainda podia tocar em tudo e fotografar dentro da casa e eu me esbaldei. Muitas fotos ficaram escuras, mas com essas já dá pra ter uma idéia. Curti tanto esse passeio, que até melhorou minha dor de cabeça!

food trucks [in Denver]

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No dia que fui ao Museu de Arte de Denver, resolvi deixar minha câmera no hotel pra não ficar carregando peso inútil. Quando cheguei numa praça com cara de anfiteatro romano, que era caminho do museu, dei de cara com uma feira de comida. E a maioria dos vendedores usavam os food trucks, que eu acho o maior charme. Eles tinham todo tipo de comida, dos hamburgures e hot-dogs, até crepe franceses, comida chinesa, mexicana, tailandesa, barbecue tradicional do sul, sanduiches leves, bolinhos, eteceterá, eteceterá. Caminhei pela feira e não comi nada, porque ainda era cedo e meu objetivo era chegar logo ao museu. Mas não pude deixar de fotografar, com o iPhone mesmo, alguns dos caminhões. Trés charmant, oui?