I’m a Woodlander!

Im a Woodlander! Im a Woodlander
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Choveu no dia da mudança e eu acho que isso significará muita sorte para nós. Mas mudar foi uma trabalheira. A empresa que contratamos chegou às 8:30 da manhã com quatro funcionários, que botaram pra quebrar. Não antes de soltarem uns palavrões quando viram a quantidade de coisas pra carregar e ainda para encaixotar. Os gatos ficaram estressadíssimos e passaram o dia dentro do quarto vazio na casa velha. Só vieram para a casa nova à noite, quando tivemos a grande surpresa de ver o Misty se ajustar em menos de uma hora e o Roux quase ter um treco de tanto medo. Levou um tempinho, mas agora ele já esta novamente se sentindo em casa.

A nossa adaptação foi ainda mais fácil. Eu estava muito dividida, achando que iria sentir muito a minha saída de Davis. Quando chegamos na casa nova eu fiquei direcionando os moços descarregando as caixas e móveis na calçada da frente, bem embaixo de uma árvore. Depois da chuvarada que caiu pela manhã, o sol apareceu e estava uma brisa fresca. Foi exatamente ali que eu caí na real de como essa minha nova casa é simplesmente deliciosa. Não sei se a vizinhança toda arborizada e tranquila também contribui, mas me senti imensamente tranquila. Me senti feliz.

No dia seguinte voltei pra Davis pra pegar algumas coisinhas que ficaram pra trás, me despedi da casa, agradeci os anos tão bacanas que vivi lá, enxuguei um borbulhão de lágrimas e rumei apressadamente de volta para Woodland, onde uma desordem fenomenal me aguardava. Na primeira manhã na casa nova, não se via nem o chão nem o teto da cozinha, que abrigava sei-lá-quantas mil caixas. Como vamos colocar madeira em dois cômodos da parte de baixo, todos os móveis e outras coisaradas estão empilhados num terceiro. A única parte da casa onde dava pra caminhar razoavelmente eram os quartos e banheiro no andar de cima.

Cinco dias de trabalho duro, levantamento de peso, subindo e descendo escadas, dor nas batatas das pernas e no lombo, posso dizer que tudo já está tomando uma cara mais normal. A cozinha já está usável, apesar do fogão elétrico ainda não ter sido substituído por um a gás—mas estou prestando atenção e tomando cuidado. Já preparei algumas boas refeições. Aliás, comemos em casa todos os dias, com exceção do dia da mudança, quando fomos forçados a comer fora. Não pedi pizza, não peguei take out. Minha primeira refeição na minha cozinha ainda lotada de caixas, foi uma salada de tomates com queijo e manjericão fresco e pão torrado na frigideira.

A casa é antiga e aos poucos vamos percebendo certos detalhes que antes nem pensávamos à respeito, como ter ou não ter fio terra nas tomadas. Aqui a maioria não tem. Tivemos que comprar uns adaptadores e vamos ter que chamar um eletricista pra fazer o serviço. A maioria das casas modernas tem espaços padrões pra geladeira, fogão, máquina de lavar e secar. Mas numa cozinha antiga reformada foi um suor instalar a máquina de lavar louça modernosa num espaço adaptado do tempo da onça. Mas tudo isso são detalhes que não interferem com a alegria de viver aqui—estou adorando os assoalhos rangendo quando caminhamos pela casa, a paisagem verde vista de todas as janelas, o cheiro de madeira antiga, o barulhinho do vento nas folhas das árvores, os passarinhos e o silêncio, ah, o silêncio!

»no primeiro dia bateram na porta e era a minha vizinha me recepcionando com um pratinho de cookies ainda quentinhos. ela me disse que mora aqui há 30 anos e que conheceu o dono original, que construiu a nossa casa, que morreu com 98 anos! »no sábado fui conhecer e fazer compras no Farmers Market de Woodland, que é bem modesto. mas lá comprei os morangos e as cerejas mais doces desse inicio de temporada. »nesses dias de folga nem pensei em trabalho, mas amanhã recomeço minha rotina, que não incluirá mais ir pro campus de bicicleta nem almoçar em casa.

»um super feliz e comovido obrigada à todos que deixaram comentários sobre a casa!

a casa da rua Pendegast

Não estava nos nossos planos mudar de cidade. Mas começamos a olhar casas pra comprar em Davis e ficávamos abatidos e desanimados à cada uma que visitávamos—todas muito caras, outras muito pequenas ou muito estranhas ou Pendegast Streetmuito estragadas. Daí decidimos olhar na cidade vizinha e a primeira casa que vimos foi essa. Olhamos pelo website da imobiliária e eu tinha absoluta certeza de que iríamos ter mais uma decepção. Quando entramos na casa fomos arrebatados. Uma semana depois já estávamos fazendo a oferta. O que aconteceu? Não sei. Optei por dizer que a casa nos enfeitiçou, pois toda vez que íamos lá, ficávamos com umas caras de tchongos olhando um pro outro e repetindo—que casa mais bacana! Uma casa com aquela atmosfera reconfortante de lar. E nem tenho como explicar o que isso significa exatamente.

Compramos a casa da rua Pendegast, que fica numa área central da cidade de Woodland. Ela foi construída em 1948 e renovada em 2006, quando ganhou uma plaqueta de herança histórica. É uma casa antiga que ainda ostenta muitas partes originais, como as quinze janelas do tempo do Elvis jovem e magro que terão que ser trocadas por outras mais modernas e eficientes. Mas é uma casa cheia de charme, rodeada de árvores enormes, localizada numa vizinhança com muitas outras casinhas [e algumas casonas] antigas, cujos moradores são realmente orgulhosos das suas encantadoras residências.

Desde que tomamos a decisão de mudar que tenho feito tudo na casa velha imaginando que estou fazendo os mesmos passos na casa nova. Vou certamente sentir falta de algumas coisas da minha vida e da casa de Davis. Mas estou muito entusiasmada com a mudança de panorama e com as inúmeras possibilidades da nova cidade e da nova casa. Nos últimos dois meses tenho andado mentalmente pelos corredores da Pendegast, olhando através das janelas, subindo e descendo as escadas, observando as plantas sentada no banquinho de concreto no quintal, lendo o jornal com a luz do sol iluminando a mesa da cozinha, decidindo as cores das paredes, onde pendurar quadros, onde colocar a estante. E a partir de amanhã vou poder fazer tudo isso de verdade, na prática, lá na minha nova casinha velha.

alcachofras recheadas

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Não foi difícil decidir o que fazer com essas duas alcachofras GIGANTES com caules longuíssimos que comprei no meu supermercado local. Que elas seriam recheadas, não havia nenhuma dúvida. Mas restava saber como. Minha mãe costumava fazer as alcachofras recheadas com miolo de pão e aliche e cozidas num molho de tomate. Ficavam deliciosas! Para fazer as minhas, os caules altamente aproveitáveis foram os primeiros ingredientes. Cortei os dois, descasquei e piquei em pedaços. Daí improvisei. Coloquei no processador os caules picados, um punhado de azeitonas pretas, uns dois dentões de alho, sal, pimenta do reino moída e azeite de oliva extra-virgem. Triturei tudo e coloquei numa vasilha. Separadamente triturei um pouquinho de bolachas integrais e fiz uma farofa. Misturei bem com a massa feita com o caule das alcachofras e usei para rechear entre as folhas. Abra bem a alcachofra e lave com bastante água corrente. Seque com um pano de prato e corte as pontas pinicantes das folhas com uma tesoura. Coloque as alcachofras recheadas numa panela bem grande e funda. Regue com mais azeite, suco de limão e vinho branco. Salpique com sal e pimenta do reino moída. Coloque um pouco de água, tampe e leve ao fogo médio. Deixe cozinhar bastante, até as alcachofras ficarem bem tenras e as folhas sairem fácil quando puxadas [teste uma raspando a parte inferior com os dentes, a parte carnuda e comestível deve estar bem macia]. Se precisar acrescente um pouco mais de água durante o processo de cozimento. Essas duas «über» alcachofras renderam acompanhamento e entrada para várias refeições. E podem ser saboreadas quentes, mornas ou frias.

gelatina de vinho moscato

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Usei um vinho branco bem doce, o Moscato d’Asti, para fazer essa gelatina. Como usei a agar-agar, ficou pronto rapidíssimo. Aproveitei um pouquinho dos morangos maduros que tinha comprado naquele dia e joguei na mistura. Foram 2 xícaras de vinho, 1 pacotinho de agar-agar em pó [2/3 colher de sopa] e um punhado de morango. O vinho é tão docinho que nem precisou de açúcar. Coloque 1 xícara do vinho numa panelinha, salpique a agar-agar por cima e leve ao fogo até ferver. Retire a panela do fogo, junte a outra xícara de vinho, misture bem e despeje numa forma molhada. Coloque os morangos e leve à geladeira até firmar. Desenforme e sirva.

gelado de morango & licor

Fui comprar os morangos orgânicos na banquinha que vende as frutas mais feiozinhas, mas que são as mais docinhas. A mocinha que vendia deu uma piscadela quando me viu e gelado-morangodisse—os figos já estão quase amadurecendo! Lembrando que sou aquela que compra esganadamente todas as cestinhas dessa fruta durante a estação. Respondi com uma animado uh-lah-lah e contei a história dos figos de verão que viraram sorvete. Também falei que faço sorvete com os morangos que compro deles, que são tão doces e delicados, mas precisam ser usados rápidamente. E quando não faço o sorvete com o fresco, uso os que congelo ou a geléia que faço com eles. Ela revirou os olhos sorrindo e fez uma mímica de lamber os beiços.

Sinto um misto de acanhamento com orgulho, quando um fazendeiro do Farmers Market me reconhece como cliente assídua. Tenho aquelas vergonhas de ser pega com a mão na botija, comprando todos os figos ou me empanturrando de pessêgos ou morangos. Mas ao mesmo tempo fico feliz por ser lembrada, pois ajudo a fazer a diferença, valorizo a produção local e compro do pequeno produtor.

E por isso comprei três cestinhas de morangos, que lavei, piquei e mergulhei numa mistura de açúcar e licor de elderflowers [St-Germain]. Cobri a vasilha com filme plástico e deixei na geladeira até o dia seguinte. Dai foi só coar o liquido que se formou nos morangos, colocar as frutinhas marinadas no processador [ou liquidificador] e bater até formar um purê grosso. Medir 2 xícaras desse purê de morango, misturar com 4 colheres de sopa de açúcar, mais um splash generoso de licor de elderflowers e 1 xícara de creme de leite fresco orgânico. Misturar tudo ligeiramente com um garfo, colocar na sorveteira, girar, girar, girar por uns 20 minutos, transferir para uma vasilha de vidro com tampa e colocar no congelador até a hora de servir. Se não achar o licor de elderflower use outro licor de fruta ou flores.

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torta [rápida] de aspargos

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Embarquei na missão de usar todos os produtos que tenho nos meus dois congeladores antes do dia da mudança. Não são muitos, pois não curto muito congelar coisas, nem fazer estoque no freezer. Porque sei que mesmo os congelados têm data de validade e se esquecer de usar eles ficam ruim e acabam indo pro lixo. Tenho sempre fatias de bacon, ervilhas e edamames, alguma fruta, meus molhos de tomate [que já estão acabando], uma base de torta ou pizza, massa folhada Dufour e uma ou outra coisinha. E foi para gastar um par de massa de pizza feita com farinha de milho, que resolvi preparar essa torta. Foi também porque eu tinha três maços de aspargos na geladeira—um que veio na cesta orgânica e os outros dois que não resisti e comprei no Farmers Market. A torta foi super simples de fazer e como fiz duas, rendeu um jantar e dois almoços. Dá pra comer fria ou quente. Use qualquer massa que tiver disponível ou prepare alguma da sua preferência.

Lave os aspargos, remova a parte mais dura da extremidade e cozinha rapidamente com um pouquinho de água numa panela. Não deixe amolecer, é somente para dar uma cozida rápida. Salpique queijo feta quebrado com as mãos sobre a superfície da massa. Cubra com os aspargos, colocando um ao lado do outro alternando a direção das pontas. Tempere os aspargos com sal e pimenta do reino moída, regue com um fio de azeite extra-virgem. Salpique mais queijo feta por cima dos aspargos e leve ao forno até a massa assar. No caso da minha massa foram 20 minutos em forno 400ºF/ 205ºC.