Culpa da Fafah, que deixou um comentário mencionando um tal sorvete de figo. Minha mente obsessiva entrou em modalidade ziriguidum. Não sosseguei enquanto não fiz o sorvete. Felizmente estamos em temporada de figo. Felizmente em moro num estado onde os figos abundam. Felizmente eu tenho acesso à uma árvore de figos. Felizmente pra Fafah também, pois se eu não conseguisse fazer o tal sorvete de figos, certamente ela iria receber mensagens ameaçadoras das minhas lombrigas mafiosas.
Para fazer o sorvete de figo foi super simples. Envolveu apenas algumas etapas que foram facilmente superadas. Primeiro fui dirigindo até a estação experimental de vegetable crops da UC Davis, onde tem uma figueira de ninguém dando sopa e muitos figos. Esses não são dos figos roxinhos, mas da variedade calimyrna, que é verde. Fui até a figueira munida de luvas e cesta, me espichei toda pra colher as frutas mais madurinhas—a árvore estava lotada, então já sei que ainda vou poder voltar lá mais vezes. A estação experimental fica no meio de um poeirão, com greenhouses de um lado, campos de milho e outros legumes do outro. Tem que ir de sapato fechado e tomar cuidado pra não pisar em figos podres e depois pisar na terra e pedregulhos. E tem que lembrar de checar as solas do sapato antes de entrar no carro.
Munida de muitos figos madurinhos, rumei para casa onde
eles foram lavados e despolpados—alguns devorados animalisticamente ali na frente da pia mesmo. Depois fiz uma mistura de 2 xícaras de creme de leite fresco, 1 xícara de leite integral, 3/4 de xícara de açúcar e 2 colheres de chá de essência de baunilha. Misturei bem com o batedor de arame, até o açúcar dissolver completamente. Acrescentei a polpa de vários figos, mexi bem e coloquei na sorveteira.
Olha, não vou nem tentar contabilizar aqui em público a quantidade absurda desse sorvete que eu devorei, enquanto murmurava palavras elogiosas e prazeirosas degustando o creminho gelado impregnado do sabor e das sementinhas de figo. Obrigada pela inspiração Fafah. As lombrigas de pança cheia mandam lembranças!