Essa lojinha de chás e especiarias fica na parte interna do Pike Place Market e foi recomendada pela minha nora, Victoria. Muito minúscula e abarrotada com todo e qualquer tempero e chá que você possa imaginar. O cheiro lá dentro era inebriante e te estimulava a comprar tudo! Ervas, temperos, chás, acessórios para fazer chá, bules, xícaras. Também tinha uma pequena amostra de cafés. A loja estava, obviamente, lotada e foi um malabarismo fazer fotos lá dentro. Nessas horas que eu vejo que há algumas vantagens em ser alta. Me espremi aqui e ali e mesmo assim não consegui pegar todos os detalhes que eu queria. Mas dá pra ter uma idéia. E os vendedores, eram outro caso especial. Estamos num sebo de discos de vinil? Ou numa loja de skates? Não tem nenhum hippie grisalho com camiseta tie-dye vendendo ervas nessa loja, é bom avisar!
Categoria: farmers market
apples, peppers & irish dance
Nessa banquinha de frutas e legumes no Pike Place Market, os mocinhos ofereciam amostras de fatias de maçãs, cantarolavam canções tradicionais irlandesas e até davam umas rodopiadas dançantes com as freguesas. Essa foi a vibração super energizada e contagiante que senti por todo o mercado. Além da visão em profusão dessas feições célticas, que é explicada pela imensa imigração irlandesa em Seattle.
na temporada
Ruibarbos—fresquinhos e lindos, à venda numa das várias bancas de frutas, legumes & verduras no Pike Place Market em Seattle.
[old fashioned] mini donuts
Um detalhe interessante que notei sobre o Pike Place Market, é que algumas coisas lá são mantidas no seu estilo original. Muitas modernidades contrastanto com o tradicional, como essa vendinha de mini donuts que parece ter saído de uma quermesse. O contraste está nos vendedores bem jovens e com um visual super grunge vendendo essas gostosuras. Adoramos a maquineta, que pinga as rodelinhas na esteira de óleo, depois frita pelos minutos exatos e joga os donuts já prontinhos para serem besuntados com chocolate ou polvilhados com açúcar numa bandeja. Esse acabamento é feito a mão. Você compra os mini donuts por dúzia, pois eles são bem pequenos e um só não faz nem cosquinhas.
Pike Place Market – Seattle
Só porque o Uriel teve uma viagem de trabalho para dois lugares em Washington State, decidimos que eu iria encontrá-lo em Seattle e passaríamos a o final de semana por lá. Nossas viagem de passeio são normalmente determinadas pelos destinos das viagens de trabalho do meu marido. Essa cidade estava na minha lista de prioridades aqui nos EUA. Tão pertinho, mas nunca tivemos a oportunidade, ou criamos uma, para poder passear por lá. Demorou, mas finalmente consegui conhecer Seattle.
Recebemos muitas dicas legais da Victoria, namorada do Gabriel, que é de lá. Mas mesmo antes de ler a lista de recomendações dela, eu já sabia que teria que visitar o Pike Place Market, que é um dos pontos de maior interesse em Seattle. O mercado é mundialmente famoso e um dos maiores e melhores dos EUA. Foi criado 1909, o que para este far west americano, é realmente uma existência ancestral. E é absurdamente enorme, comporta muitos prédios, muitas ruas e vielas. Não conseguimos ver tudo, porque queríamos fazer outras mil coisas e o Uriel queria pegar a balsa para a ilha de Bainbridge, outro passeio recomendado por causa da paisagem.
O mercado é de tirar o fôlego. Estava abarrotado de tulipas, uma flor que tem produção massiva no estado de Washington. Muitas bancas de peixes e frutos do mar, obviamente. Tudo fresquinho, muitos vindos do Alaska, como o salmão selvagem—que era abundante, do fresco ao defumado. As bancas de pescadores e fazendeiros com muita gente jovem e energetica, artistas tocando música em todos os cantos, e muita, muita gente fazendo compras. Tomamos o café da manhã lá, numa lojinha gourmet de enlouquecer. Achei Seattle linda e uma cidade referência para visitantes foodies. Tive ótimas experiências lá, que vou ter que ir contando aos pouquinhos. A loja de ervas no mercado, a primeira loja da Starbucks, o restaurante orgânico, a tour na fábrica de chocolate, eteceterá, eteceterá!
gelado de pêssego [e amora]
Eu sou cliente que dá preferência. Gosto de comprar de certos produtores no Farmers Market. Compro sempre os ovos de uma família simpática—e quando quero ovos tenho que ir cedo, porque eles vendem rapidíssimo. Gosto do casal japonês que vende folhas verdes pra saladas, e do japonês dos cogumelos, também volto sempre no moço engraçado das frutas, e na família onde o guri faz as contas todo atrapalhado. Compro as flores sempre do mesmo casal, que já me conhece e eu e ela sempre trocamos uma prosa. Curto comprar com a bonitona do azeite, a alemã dos pães, com as mocinhas da Capay, e com a sorridente cunhada da Deborah Madison, que vende as melhores geléias. E tenho a maior simpatia por um casal de senhores, onde eu compro tomates, nozes e figos, além dessa senhorazinha que vende as frutas menos bonitas, mas eu gosto de tudo que compro dela, e gosto especialmente dela, por uma razão vingativa. Tudo porque uma vez vi ela dando a maior bronca num fulano boçal que estava apertando as frutas. Grr, como eu odeio essa gente que aperta todas as frutas, escolhe, escolhe, escolhe, escolhe, escolhe, abre as espigas de milho, provam tudo e às vezes viram as costas e não compram nada, grrgrrr! E nesse dia ela falou por mim, falou o que eu gostaria de eu mesma ter falado—NÃO APERTE AS FRUTAS PORQUE ELAS ESTÃO MADURAS E SÃO MUITO DELICADAS, NÃO PRECISA APERTAR! O fulano fez uma cara de pateta ofendido e foi embora sem comprar. A senhorinha nem pestanejou com remorso. Melhor perder um possível cliente, do que aguentar aquela tortura de olhar esses tipos machucando as frutas. Bom, eu aprovei o que ela fez, gosto muito dela e pronto. Por isso no sábado fiquei feliz em revê-la no mercado, pois ela sumiu por umas semanas. Reapareceu vendendo uns deliciosos pêssegos amarelos, que são os meus favoritos. Comprei muitos, sem apertar nenhum, e com eles fiz um sorvete.
Estava descascando os pêssegos quando o Uriel apareceu na cozinha para xeretar e quando eu disse o que ele estava fazendo, ele sugeriu que eu acrescentasse um restinho das blackberries que salvaram-se da nossa trogloditice rústica, que nos fez devorar as frutinhas puras, sem creme, nem açúcar. Decidi abraçar a idéia dele e joguei lá umas dez blackberries, junto com uns seis pêssegos bem maduros descascados, mais 1/2 xícara de leite integral e 1 xícara de creme de leite fresco. Juntei mel a gosto e uma colher de sopa de licor de cassis, bati tudo no liquidificador e depois joguei na sorveteira. Sempre tenho o cuidado de ver que o liquidificador não transforme tudo num purê homogêneo, para deixar o sorvete cheio de surpresas pedaçudas. No teste de textura e sabor o crítico me deu um high five enquanto divulgava seu veredito extremamente positivo. As blackberries não foram suficientes para apagar o sabor intenso do pêssego, mas elas deram uma cor lindíssima ao sorvete.
aquela torta de maçã
Todo sábado, quando vou para minhas comprinhas no Farmers Market, eu passo por uma banquinha que vende pães, sopas e vejo umas tortas de maçã. Eu não costumo parar nessa banca, cuja vendedora é uma americana que já viveu em Paris, França. Ela faz uns pães bonitos, as sopas são sempre populares nos dias frios e na época do Thanksgiving ela faz umas tortas lindas que parecem ter saido de um desenho animado. No resto do ano, as tortas que ela vende são bem simples. Mesmo assim eu sempre olho pra elas com olhos purpurinantes, porque elas me parecem tão bem feitas e tão deliciosas. Só que até hoje eu nunca tinha comprado nenhuma, porque sempre penso—ohwell, essas tortas são ridiculamente fáceis de se fazer em casa!
Mas fazer que é bom, nada. Então neste último sábado extremamente baforento, que não abria a menor possibilidade nem de pensar em assar nada em forno nenhum, não tive a desculpinha de sempre para seguir em frente e esnobar as lindas tortas. Comprei uma!
Engraçado como criamos receitas imaginárias para comidas que vemos por ai. Nessa torta eu jurava que tinha uma camada de creme entre a massa e a fruta. Que nada, é só mesmo uma massinha bem fina, com as fatias grossas de maçã por cima. Deu pra perceber que as frutas tinham sido regadas com limão e salpicadas com açúcar, pois estavam um bocado doces. Muito mais fácil de fazer do que a minha imaginação tinha fantasiado. Isso se um dia eu realmente chegar a fazer.
salada de lentilha verde com cenoura e batata-doce
Recomeçamos nossos picnics das quartas-feiras no Farmers Market. Até o final do verão teremos o parque disponível, com música ao vivo e toda a animação que essa atividade traz. Eu adoro fazer picnics. Tenho uma variedade de equipamento, com cestas bacanas, toalhas e mil e um utensílios. Gosto de planejar e por em prática um mini-menu, que geralmente envolve uma salada, um pão, vinho e água. Para esse picnic inaugural, levei uma salada de lentilha verde de Puy com cenoura e batata-doce—yam, a batata-doce cor de laranja. Cozinhei a lentilha no dia anterior, escorri e reservei. Uma hora antes do picnic cozinhei as cenouras e as batata-doces cortadas em cubinhos no vapor. Deixei esfriar e misturei à lentilha. Temperei com orégano fresco picado, que está abundante na minha horta, vinagre de figo, que trouxe de Portugal, flor de sal com oréganos, que ganhei da Carlota, e bastante, bastante azeite extra-virgem. Levei um vinho branco da Rosenblum que não gostei muito. É o primeiro vinho dessa vinícola que me desagrada. Mas isso não interferiu na minha animação, nem na do pessoal, que comeu, bebeu e conversou muito. Ficamos na grama do parque até às 9 da noite e voltamos para casa no escuro.
comprando azeite
No Farmers Market, em Davis. Ed, Jeannie e a contentona de cara amassada. Compramos dois tipos de azeite, todos de uma fazenda de azeitonas no Shasta county. Um com meyer lemon, que nós adoramos, suave e citrico, uma delicia.
want some castanhas?
O melhor antídoto para uma manhã gelada no Farmers Market é chegar na barraca de um fazendeiro para comprar romã e kiwi e ver uma churrasqueira forrada de castanhas portuguesas assando na brasa. Fiquei ali provando e comprando as deliciosas romãs e o kiwi madurinho recém-colhido de polpa verde e doce, quando o simpático fazendeiro me perguntou:
—do you want some castanhas?
Claro que quero castanhas, respondi. E levei uma porção, que fui comendo pela rua, apertando a casca por baixo e devorando o conteúdo que foi ajudando a aquecer o corpo. Junto com as castanhas ganhei também um folheto—how to roast chestnuts, que vou divulgar aqui. As castanhas são uma iguaria típica de Natal para muitos países nos hemisférios norte e sul. Então onde quer que você esteja, delicie-se com elas!
Primeiro, quando guardar suas castanhas portuguesas, não deixe que elas ressequem. Elas devem ser mantidas em lugar úmido, enterradas numa vasilha com areia ou terra molhada, ou embrulhadas numa toalha úmida dentro de um saco plástico na geladeira, ou congeladas numa vasilha com água.
Roasting em casa—use uma frigideira pequena. Corte um X na base de cada castanha, ou corte a base fora. Adicione 1/4 de xícara de água na frigideira, coloque as castanhas, tampe e cozinhe por uns 3 minutos. Vá chacoalhando a frigideira no fogo, até as castanhas ficarem tostadas, com a casca bem esturricada. Coma as castanhas ainda quentes, retirando uma por uma das cascas. Quando esfria a casca fica muito difícil de ser retirada. Para re-aquecer, leve de volta ao fogo na frigideira.
As castanhas são muito ricas em proteína e têm quase zero de gordura. Elas ficam ótimas recheando carnes, misturadas com arroz, no stir fry. Elas podem ser assadas no forno também—400ºF/205ºC por 20 minutos. Não esqueça de fazer um corte na base de cada uma antes.