Categoria: Davis
[ the view from the sky ]
Nosso amigo veio de Santa Cruz nos visitar pilotando o seu aviãozinho e nos levou para um passeio pelo céu da nossa região. Eu estava muito tensa, porque tenho pavor de altura, detesto voar e não tenho muitas boas lembranças de voos feitos em aviões pequenos. Mas o piloto era muito experiente e o co-piloto estava ultra animado e prestativo, então tentei ficar calma. E fiquei. Fizemos um voo sobre Woodland e Davis que foi realmente revelador. Lá de cima puder ver as duas cidades e a região onde elas estão localizada, que é simplesmente um patchwork lindíssimo de fazendas e campos agrícolas. Em Woodland vimos como a cidade é antiga, super arborizada e como tem piscinas nos quintais das casas [e isso deve explicar a inexistência de piscinas públicas, que são abundantes em Davis]. Voamos sobre a nossa vizinhança e vimos a nossa casa, que de cima parecia uma casinha linda de bonecas. Quando entramos no céu de Davis já vimos a grande diferença, com a imponência da universidade e o traçado mais moderno de uma cidade que não teve uma história como as outras, pois ela era apenas uma fazenda que pertencia à UC Berkeley e foi crescendo juntamente com a implementação do campus. O que eu vi lá de cima nunca vou esquecer, especialmente a beleza dos campos já plantados, e dos campos sendo preparados, a visão da terra arada, as marcas dos tratores [que rimos porque elas pareciam ferraduras de aliens equinos], os pomares floridos e os pomares ainda secos, com os galhos formando asteriscos cinza no chão verde. Tudo em miniatura, os açúdes de água, os carneiros e vaquinhas, os celeiros, as estradinhas e de um lado do horizonte as elevações da pequena serra que nos separam do Napa e Sonoma vale e do outro lado o perfil cosmopolita da cidade de Sacramento.
the bikes of Davis
the high tea
Numa quinta-feira recebi o convite via sms para me juntar à um cházinho no sábado com Victoria e Bridget num lugarzinho super gostoso aqui em Davis. Eu já tinha ido ao Tea List beber chá, primeiro com o Uriel e depois com meu irmão Carlos e o Gabriel. Adorei o tea cake que eles servem lá e pirei numa infusão de gengibre com limão, que até já reproduzi em casa. O lugar é super pequeno e aconchegante e quem recebe e serve os clientes é a proprietária, que fala inglês com um sotaque estrangeiro que ainda não consegui identificar a origem.
No sábado, segui caminhando para o Tea List achando que iríamos apenas beber um chá e papear. A grande surpresa foi encontrar a mesa preparada para um high tea—o chá da tarde típico inglês, com a mesa toda arrumada, xícaras e pratos de porcelana, várias rodadas de bules de chá e travessas de três andares recheadas de sanduichinhos, bolinhos, scones, madeleines, frutas frescas, mais creme e geléia para acompanhar.
Na companhia de duas pessoas super queridas e fofas, o papo se alongou por horas, E apesar de eu ter ido ao encontro exatamente após ter almoçado, não resisti e gulosamente comi muitas coisinhas. Tudo lá é caprichadíssimo, delicado, delicioso. A atmosfera do high tea é a melhor parte. O charme do chá inglês, quem não curte?
vão virar catchup
Final de verão é época de colheita aqui na terra do tomate e dirigindo pelas estradas, passamos por muitos desses caminhões carregados da fruta. A maioria vira catchup. O resto é enlatado, no pico da maturidade e doçura.
Pato a Califórnia
Os patos são uma instituição aqui na minha cidade. O habitat natural da pataiada é o Arboretum da UC Davis, onde eles têm um riacho bem comprido para nadar e muito solo orgânico ao redor para bicar e petiscar, numa área realmente enorme e que abriga outros pequenos animais, como lebres e esquilos. Mas se vocês acham que os patolinos estão satisfeitos com o espação que têm e ficam somente por ali, estão enganados. Os aventureiros adentram audaciosamente as ruas do campus e até as da cidade. É bem comum se ver uma fila de carros parados esperando uma fileirinha de patos atravessar a rua, naquele passinho de patatipatacolá. Eu mesma já parei por causa deles incontáveis vezes. E vira e mexe vejo um patolino ou dois perdidos, vagando pelas calçadas das ruas de downtown. Muitos aparecem vez e outra na minha rua e dormem na grama do meu jardim. Eu acho esses patos circulando pelas ruas um perigo, mas felizmente numa presenciei nenhum atropelamento. Todo mundo toma cuidado, pois os patos são ícones da cidade, assim como com as bicicletas e o o cavalo dos Aggies.
Uma amiga uma vez me contou uma história muito pitoresca envolvendo um pato e um cidadão chinês, quando o último se estabeleceu temporariamente na cidade para trabalhar no seu doutorado na UC Davis. Vamos considerar que para um chinês, o fato de patos [comida!] passearem para lá e para cá livremente, sem o risco de virarem um guisado, deve ter tido o impacto de um baita choque cultural. Todo santo dia o chinês saia e voltava para seu apartamento, num dos complexos para estudantes localizado a lado do campus e do Arboretum, e via a pataiada zanzando, nadando, voando razante, levando aquele vidão. Patos gorduchos, bem alimentados, felizes e… suculentos. Um dia o chinês decidiu pegar um dos patos e com ele preparou um belíssimo jantar. Foi uma reação natural, um procedimento normal e o pato assado ficou delicioso, tão bom que ele não resistiu em contar a façanha para os seus colegas no laboratório onde trabalhava na sua pesquisa de doutorado. O chinês contou que o pato assado tinha ficado delicioso, mas os seus colegas ouviram horrorizados que ele tinha matado um pato do Arboretum, um símbolo da cidade, um animal intocável. Alguém o denunciou pra polícia, que depois de fichá-lo, avisou as autoridades da universidade e o estudante chinês foi expulso do meio acadêmico e em seguida deportado. Não posso afirmar se essa história é verdadeira ou se tornou-se uma lenda local, quando eventos muito menos drásticos começaram a correr bocas, cada um contando o conto e aumentando um ponto, como eu estou fazendo agora, contando esse conto pra vocês.
No Tucos com Lud & Luis
Desta vez eu não fui a lugar nenhum, fiquei aqui mesmo e foi eles que vieram até Davis pra me encontrar. A Ludmila e o Luis chegaram ainda pela manhã e sentamos na sala para conversar e bebericar limonada, até que o Uriel apareceu e fomos todos à pé até o Tucos, onde tínhamos combinado de almoçar juntos. O Tucos é o meu lugar favorito aqui em Davis para comida da melhor qualidade, então foi a escolha perfeita para recepcionar dois foodies on the road pela Califórnia! Nosso almoço foi longo, saboroso, com muitos pratos que devoramos com prazer, regado a uma garrafa de um delicioso syrah de Paso Robles. Eu tinha planejado levá-los para um tour pelo campus da UC Davis e depois dar uma passadinha no escritório do Schwarzenegger, o Capitol de Sacramento, e fazer uma caminhada pela sugestiva Old Sacramento, mas sentamos para tomar um chá e o conversê foi avançando animado, que quando vimos já era noite e hora deles pegarem a estrada de volta a Santa Rosa, onde estavam hospedados. Três jornalistas, duas blogueiras, deu pano pra manga pra muito papo divertido. O Uriel só nos acompanhou no almoço, atrapalhado que está na véspera de mais uma viagem. O Misty fez os salamaleques receptivos e o Roux se fingiu de difícil um pouquinho, mas acabou socializando com os donos do Gaston. Gostamos muito de conhecer pessoalmente a Ludmila e o Luis, um casal tão simpático e com tantas coisas em comum, que dá até pena pensar que eles moram tão longe—ou melhor, longe estamos nós, que viemos amarrar o nosso burro neste outro lado do mundo!
no meu caminho da roça
comprando azeite
No Farmers Market, em Davis. Ed, Jeannie e a contentona de cara amassada. Compramos dois tipos de azeite, todos de uma fazenda de azeitonas no Shasta county. Um com meyer lemon, que nós adoramos, suave e citrico, uma delicia.
The Big Tomato
A Ashley tinha me dado um toque, que haveria um evento do tomate aqui em Davis, mas ela não sabia onde, era pra eu ficar de olho. Eu fiquei interessada, mas esqueci de ficar de olho, pois fui carregada na avalanche dos zilhões de acontecimentos da semana e nem lembrei de pensar no tomate.
Mas como se diz por aí, se Maomé não vai até a montanha… O evento do tomate simplesmente apareceu na minha frente, enquanto eu fazia a minha caminhada semanal do sábado pela manhã no Farmers Market. O tal evento do tomate estava bem ali, no meio do gramado do parque. E parecia animado, lotado de gente. Fui lá checar.
O evento, batizado de Big Tomato, foi uma iniciativa do Yolo County Agricultural para promover uma conexão entre a população e a produção número um do nosso condado de Yolo, o tomate. A UC Davis desenvolveu pôsteres com informação sobre a cultura do tomate, e havia distribuição de livretos de receitas e mudinhas de plantas de tomate—eu peguei uma, que vai ficar num vaso, dentro de casa, até meio de abril, quando já vai estar quente o suficiente para plantá-lo na horta. Mas o que estava fazendo sucesso com o público eram os inúmeros restaurantes, entre os melhores da região, oferecendo amostras de comidas preparadas com o ingrediente astro. Eu não provei nenhuma, porque não curto muito essa coisa de pegar amostra de comida em lugares públicos, mas a paella de inverno do Tuco’s, um dos meus restaurantes favoritos aqui em Davis, estava muito bonita e chamativa. Encontrei alguns conhecidos lá, entre eles uma escocesa com quem trabalhei na International House e ela estava animadíssima, provando todas as coisas deliciosas e lambendo os beiços.