the pizza revolution

Quando o chef austríaco Wolfgang Puck abriu o Spago, seu restaurante na Sunset Boulevard de Hollywood em 1982, ninguém esperava que o centro do menu fosse a pizza. Com um poderoso forno à lenha italiano instalado em frente ao bar, o restaurante foi um sucesso instantâneo. Puck inovou o cardápio de pizza da América, colocando sobre os discos de massa ingredientes como camarões frescos de Santa Barbara, prosciutto, scallops, queijo de cabra de Sonoma, alcachofras, berinjelas, flores de abobrinha, ou qualquer tipo de produto fresco que por ventura o chef achasse no mercado do dia. A pizza mais famosa do Spago era a recheada com salmão defumado, caviar, cebola roxa e creme fraiche aromatizado com dill.

O restaurante Spago atraia foodies e celebridades. Frequentadores assíduos eram Billy Wilder, Warren Beatty, David Bowie e Jack Nicholson, que sentavam-se às mesas cobertas por toalhas impecavelmente brancas onde talheres de prata da Christofle e pratos imensos da Villeroy & Boch eram arranjados com classe e harmonia.

Gourmet – 1971

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Depois de um ano, voltei na biblioteca para pegar mais uns volumes da revista Gourmet. Desta vez quis folhear os anos de 1971 e 1972. Foi uma diferença brutal com as singelas edições de 1941, cheias de ilustrações e textos. Inaugurando a década de 70, a Gourmet estava totalmente funkadelic—muitas fotos, a maioria muito feia, escuras e não muito apetitosas, algumas propagandas de carro, outras poucas diversificadas e uma imensidão de anuncios de bebida alcoólica. Não apenas bebida alcoólica, mas destilados. Fiquei realmente impressionada. Noventa por cento das propagandas das edições de 1971 e 1972 era de bebida destilada. E algumas com teor incrívelmente machista. Eram outros tempos. Fiquei tão impressionada que mostrei as revistas para a jornalista que trabalha comigo no IPM. Nós duas comentamos o quanto essa situação das drogas legais mudou aqui nos EUA. Além de outras coisas, como a etnicidade das propagandas. Hoje não se vê esse tipo de pose machista com um casal branco, tudo tem que ser multicultural e indiscriminado, o que eu acho maravilhoso. Fui folheando a revista pra jornalista ver e era UM anúncio de bebida POR página. Eu folheava e ela exclamava—holy shit! Realmente, a revista mudou, o país mudou, o mundo mudou.
*alguns shots mequetrefes das páginas da Gourmet 71 estão AQUI.

até tu, trufus!

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Um vidrinho de trufas negras à venda por dez patacas? Barbas de molho, minhas senhoras e meus senhores. Essas trufas baratotais, que geralmente o rótulo diz serem francesas, mas umas letrinhas miúdas denunciam—tuber indicum, são na verdade as trufas chinesas, cultivadas massivamente na China. E onde mais? Nem o Paraguai conseguiu essa façanha. Há muitos tipos de trufas. As chinesas se parecem muito com as francesas, mas não têm nem de perto o mesmo sabor. E a trufa francesa custa dez vezes mais. Essas trufas servem pra enganar trouxas, como o azeite trufado que se compra em qualquer supermercado e que não tem nem um pingo de trufa nele. As trufas chinesas são trufas, sem dúvida, mas não são o Real McCoy.
*comprei o vidrinho, provei o gosto borrachudo das ditas cujas chinesas e agora, o que faço com elas? um stir fry?

you can get everything you want

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at Alice’s restaurant

Eu tirei essa foto na Portobello Road em Londres porque eu adorei o lugar e também porque me lembrei imediatamente do Alice’s Restaurant do Arlo Guthrie. O Arlo era um jovem hippiezinho no Festival de Woodstock e continua um hippie até hoje, já não tão jovem. Mas quando ele ainda era um piázinho desengonçado, compôs uma música chamada Alice’s Restaurant, que é literalmente uma viagem, pois dura quase meia hora. Depois o Arthur Penn dirigiu o Arlo num filme, também chamado Alice’s Restaurant, com a Alice e seu restaurante. O filme é outra viagem, hiponga.
Não sei explicar exatamente como, onde e por que, mas eu e o Uriel temos até essa private joke, quando dizemos um pro outro—you can get everything you want [at Alice’s restaurant]. Também não sei por que eu gosto tanto do Arlo e tiro foto do restaurante—ou pelo menos parecia um restaurante, em Londres, só por causa da música dele. Talvez não seja somente pelo fato do Arlo ser fofo, engajado e cantar músicas de protesto, mas também porque ele é o filho caçula do Woody Guthrie. Quem é Woody Guthrie, você me perguntará? E eu responderei prontamente, Woody Guthrie foi um grande folk singer norte-americano e um dos caras que influenciou Bob Dylan.

gingerbread man cookie cutter

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Quando minha cunhada me pediu os cookie cutters no formato do gingerbread man, eu assobiei satisfeita—tranquilex, tá no papo, facinho de resolver essa parada. Quando comecei a entrar e sair de lojas de mãos vazias, um sentimento imenso de frustração me invadiu, em modo incompreensão total perguntei como podia eu estar achando cortador em formato de absolutamente TUDO, menos o do homenzinho de gengibre? Minha nora que vou te contar sabe tudo, me respondeu, informando daquela maneira blasé que ela tem de informar coisas trágicas, que achar os gingerbread man cutters iria ser uma missão. Sei lá por que motivo eles parecem ter virado raridade. Ela me sugeriu olhar no e-bay e em lojas de segunda mão. Eu não fui, mas fiquei com o pedido da Patrícia ali na gavetinha das coisas por fazer. Toda vez, toda vez mesmo que eu entrava em qualquer loja, procurava pelos cortadores, assim como quem não espera nada.
Um ano depois numa hardware store em Placerville, lá estavam os gingerbread man cookie cutters! Comprei dois pra ela, dois pra mim. Tenho certeza que a Patricia vai fazer bonecos de gengibre lindos para pendurar na árvore de Natal ou para dar de presente. Eu prometo tentar usar os meus. Depois dessa peregrinação, prometo mesmo!