atum a siciliana

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Eu e o Uriel não curtimos peixe cru nem semi-cru, então receitas para fazer o atum fresco selado não rola aqui em casa. Mas o atum fresco cozido nós adoramos e quando comprei dois filés lindos, fui procurar por uma receita legal e dei de cara com essa da edição de outubro de 2009 da revista Gourmet. O peixe fica marinando por trinta minutos e depois é totalmente grelhado—fiz na churrasqueira. Nós achamos que ficou delicioso. E não sobrou nem lasca, pois o Gabriel nos acompanhou no almoço desse dia e levou os restinhos pra casa dele.

Serve 4 pessoas
4 filés de atum fresco com 3 cm de espessura
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de suco de limão
3 afilés de aliche /anchovas picadinhos
1 dente de alho picadinho
2 colheres de chá de orégano fresco picadinho

Misture todos os ingredientes e coloque num saco plástico ou numa vasilha tampada, junte os filés de atum, misture bem no tempero e deixe marinando por 30 minutos.

Molho:
2 colheres de sopa de azeite
2 talos de salsão cortados em cubinhos
3 colheres de sopa das folhas do salsão picadinhas
[*opcional, para decorar]
2 tomates bem maduros cortados em fatias
1/4 de xícara de azeitona preta kalamata descaroçadas e picadas
2 colheres de sopa de alcaparras pequenas, escorridas e picadas
3 colheres de sopa de manjericão ou orégano fresco picado
1 colher de sopa de suco de limão

Aqueça o azeite numa panela e junte o salsão, refogando e mexendo por 5 minutos. Junte os tomates, as azeitonas e as alcaparras e cozinhe até dar uma engrossada, mais ou menos uns 5 minutos. Junte o manjericão ou orégano e o suco de limão. Adicione sal e pimenta do reino moída a gosto.

Na grelha ou na churrasqueira, coloque os filés de atum e cozinhe virando uma vez, por uns 7 minutos. Remova o peixe da grelha, coloque numa travessa, cubra com o molho já preparado, decore com as folhas do salsão picadas se quiser e sirva imediatamente.

Gourmet — primeira e última

Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet Gourmet
Gourmet
Gourmet
Gourmet

Quem não lamentou o fechamento da Revista Gourmet? A notícia foi uma grande surpresa e deixou muita gente triste e atônita, pois a revista tinha história. Ela não era apenas uma revista lançada ontem, mas uma publicação com sessenta e oito anos de currículo. Pelas páginas da Gourmet passaram muitos nomes famosos, entre eles o de M.F.K. Fisher. A Gourmet era única e vai deixar um imenso vazio. Quando recebi meu último exemplar, levei uns dias para abrí-lo, pois me senti um pouco melancólica. Deu pra perceber que a decisão da editora foi súbita, pois nada nessa edição tem cara de despedida ou de fim. Confirmei essa sensação quando ouvi a entrevista com a Ruth Reichl na NPR onde ela relata a surpresa e a tristeza do encerramento inesperado da revista.

Anos atrás eu tinha corrido os olhos pela coleção da Revista Gourmet da biblioteca da UC Davis. Eles têm lá TODOS os exemplares, desde o número um, publicado em janeiro de 1941 até este último, datado de novembro de 2009. Pra mim resta o consolo de poder rever qualquer número da revista a qualquer hora. Publiquei minhas impressões dos primeiros números da Gourmet de 1941 e as da Gourmet de 1971, que já tinham uma cara bem diferente.

Hoje escolhi publicar, junto com a capa e umas páginas do último número, a capa e o conteúdo do primeiro número, para dar uma idéia do quanto a revista evoluiu nos últimos sessenta e oito anos. O número um trazia um desenho de uma cabeça de javali assada na capa e as páginas internas eram na maioria em preto & branco. Percebe-se no conteúdo a clara e onipresente influência francesa, que naquela época parecia ser a única referência para a alta gastronomia mundial. Hoje não é preciso mais colocar menu em francês para parecer chique e sério. Os EUA já fixaram terrítorio no mundo gatronômico e mesmo sem a preciosa contribuição da revista Gourmet, acredito que vamos continuar evoluindo, sempre para melhor.

sopa de ervilha com bacon, maçã e sementes de anis

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Uma sopa feita numa noite de cansaço e fome extremos, com pressa, sem muitas idéias, depois de chegar do supermercado com um pacote de.. bacon! Eu compro bacon do Niman Ranch que considero um produtor confiável.
Para fazer essa sopa usei 1 xícara de ervilhas secas lavadas, 5 fatias de bacon, 2 maças granny smith [verdes], uma colher de chá de sementes de anis [erva-doce], 3 xícaras de caldo de legumes. Numa panela robusta refogue o bacon picado em pedacinhos, até ficar bem fritinho e quase crocante. Acrescente a ervilha, as maças raladas e as sementes de anis e refogue por uns minutos. Junte o caldo de legumes e cozinhe até a ervilha ficar bem molinha. Se quiser bata a sopa no liquidificador ou use o mixer de mão, que foi o que eu fiz, mas não bati muito para a sopa ficar pedaçuda. Tempere com sal e pimenta do reino a gosto e sirva, bem quente.

[nove]

Gosto de marcar esta data, pois ela mudou muita coisa pra mim. Mudou principalmente a maneira com que passei a me comunicar, contar histórias, me expressar. Logo que encontrei a ferramenta do Blogger, cliquei aqui, cliquei ali e olha só—comecei escrevendo sobre o Steve MacQueen. No inicio não sabia muito bem como fazer, mas logo fui achando outros blogs e outros blogs foram me achando, Não éramos muitos naquele tempo, talvez uns 15, no máximo 20. Escrevendo fora do Brasil era eu, a Graziela e o Cris Dias. No Brasil estavam a Inêz, a Mariana Newlands, a Zel, o Zamorim, o Jean Boechat, o Nemo Nox e a Pink Dress que já contava com participações especiais da Dadivosa. Depois foram surgindo outros muitos, que ainda estão ativos, como eu.

O sistema de auto-publicação dos blogs foi pra mim o achado do novo século, literalmente. Nunca me senti tão a vontade para escrever meus pensamentos, me expressar sem me preocupar se estava ou não incomodando alguém. Porque no blog o espaço é somente seu. Te visita quem quer e quem gosta. Para mim os blogs viraram sinônimo de absoluta liberdade, que ainda permite uma completa customização. Essa foi a primeira cara do meu primeiro blog, que evoluiu e se transformou, saiu do blogger, testou um publicador inovador e migrou definitivamente para onde estou até hoje.

Gosto de marcar esta data, porque foi a partir daquele 22 de outubro que me transformei numa escrevinhadora diária. Meus blogs estão no meu testamento, com a instrução de que eles continuem disponíveis, mesmo quando eu não puder mais atualizá-los. Nunca escrevi um livro impresso em papel, mas tenho certeza que o que tenho online já basta para marcar definitivamente minha presença neste planeta.

tomatitos borrachos

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Receitinha irresistível, surrupiada da querida Fer, que foi praticamente o prato de despedida da estação dos tomates. Comprei um montão, de uma variedade bem redondinha, um pouco maior que o cereja e fiz conforme a Fer explica. Os tomatitos borrachos ficaram muito apetitosos. Hei de repetir essa receitinha mais vezes no próximo verão.

500 g de tomates cereja
2 colheres de sopa de vodka [*usei uma orgânica, super cremosa]
1 colher de sopa de vinagre de cidra [vinagre de vinho branco também serve]
1/2 colher de sopa rasa de açúcar
1 colher de chá de raspas de limão siciliano
sal maldon, sal korsher, sal marinho ou flor de sal – com sal fino acho que não fica bom
pimenta-do-reino moída na hora

Comece pelando os tomates. Parece uma trabalheira, mas não é. Corte a pele da parte inferior dos tomaticos em cruz. Jogue-os em água fervendo de um só golpe, deixe uns 10 segundos ou até a pontinha cortada começar a abrir, depois assuste-os numa vasilha com água gelada. Puxe a pele deles todos e já está. Reserve-os numa travessa rasa.

Misture a vodka, o vinagre, o açúcar e a raspa de limão siciliano até o açúcar dissolver. Envolva os tomates nessa espécie de caipirosca avinagrada, cubra-os bem e geladeira por até uma hora. [*eu deixei de um dia para o outro] Na hora de servir, você pode salpicar o sal e a pimenta, ou deixá-los à parte para que cada conviva tempere o petisco do seu modo.

feijoada
[the north american way]

feijoada Tucos
feijoada Tucos feijoada Tucos
feijoada Tucos
feijoada Tucos
feijoada Tucos feijoada Tucos

Davis é uma cidade universitária e portanto a maioria dos restaurantes aqui visam atender a clientela estudantil—pessoal jovem, sem muita grana e com muita fome! São dezenas de all you can eat sushi, pizzarias, mexicanos com porções gigantescas, lugares que vendem sanduíches imensos e outras bodegas similares. Mesmo assim temos a sorte de ter alguns restaurantes mais sofisticados, que seguem os preceitos da nova cozinha californiana, usando ingredientes da melhor qualidade, tudo fresquinho, geralmente de produção local, servindo porções decentes, nada daqueles pratões que alimentam tranquilamente cinco elefantes. O Tucos é um desses restaurantes e talvez o menos conhecido, pois fica num espaço bem pequeno e quase escondido em downtown, sem placas piscantes na entrada.

Nós adoramos o Tucos e sempre comemos bem lá. O lugar nunca está lotado. Raramente precisamos fazer reserva. E somos sempre muito bem tratados. Vira e mexe encontro o proprietário fazendo comprinhas no Farmers Market ou no Co-op. O Tucos é o meu tipo de restaurante, membro ativo do movimento Slow Food, com uma atmosfera down-to-earth, servindo comida de excelente qualidade. Portanto é sempre no Tucos que levamos nossos visitantes. Desta vez recebemos a Maryanne e o Paulo para uma visitinha à cidade e marcamos de almoçar no Tucos.

Um dos grandes atrativos do Tucos é o menu eclético com algumas comidas sul americanas e o fato deles oferecerem sucos naturais de frutas brasileiras, além do pão de queijo [adaptado dessa receita da Pati] e a feijoada. Nunca tinha pedido a feijoada, com o pretexto de que feijoada eu sei fazer e faço muito bem, sem falsa modéstia. Mas nesse almoço com a Maryanne e o Paulo, resolvi me jogar no feijão preto, para ver se o nosso prato tradicional estava sendo bem interpretado. Foi um almoço muito simples, não teve confusão de pedidos, pois todos pediram a mesma coisa: suco de fruta, pão de queijo com trufas e feijoada. Adicionei uma porção de azeitonas no pedido, só porque não consigo resistir à essas deliciazinhas. Os sucos de maracujá e goiaba que pedimos estavam ótimos, bem forte e bem grossos, batidos com gelo como num smoothie. Do pão de queijo nunca tenho reclamação. Chega quentíssimo à mesa, molinho, cheiroso, eu adoro. A feijoada não decepcionou, mas tenho algumas criticas. A garçonete nos preveniu que o prato continha nozes, caso alguém fosse alérgico. Nozes, nos entreolhamos com cara de interrogação. Nozes? Bom, na farofa tinha nozes e uvas passas brancas. Desculpa, mas uva passa na farofa da feijoada eu nunca vi. Essa parte da adaptação esticou o limite um pouco além do necessário, não? Já tem a fatia de laranja, não precisa de mais ingredientes doces na feijoada. Faltou também um molhozinho de pimenta, mas tudo bem, perdoado. O feijão estava saboroso, com carninha de porco desfiada. Faltou a carne-seca, mas aí também é pedir demais. A feijoada do Tucos é muito boa. Quem nunca provou uma feijoada brasileira, vai ter uma idéia correta do que o prato realmente é. Não é perfeita, mas não tem enganação. Uma feijoada adaptada, do jeito americano, ou melhor, californiano.

*Ah, faltou também a cairpirinha, né Maryanne?
**As sobremesas não tinham nada de brasileiras, mas estavam perfeitas. Pudim de pão, shortcake de morango e torta de maça com caramelo.