semifreddo de mascarpone
[com molho de cereja e porto]

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Essa receita foi feita no ano passado e saiu da revista Martha Stewart Living. Devo ter dado uma piscada de preguiça e ela acabou escapando de ser publicada por aqui. Vou dizer que o molho de cerejas ficou maravilhoso, mas o semifreddo talvez precisasse de um pouco mais de açúcar. Se eu fosse fazer novamente, com certeza adicionaria mais uma colher. O bom é que esse tipo de sobremesa gelada faz as vezes de um sorvete e não precisa de maquinetas ou gadgets similares para prepará-la.
para o molho de cereja e porto:
1 xícara de porto [ruby ]
1/3 xícara de açúcar
3/4 xícara de cerejas secas
para o semifreddo:
1 xícara, mais 1 colher de sopa de queijo mascarpone
3/4 xícara de creme de leite fresco
1 colher de sopa de açúcar de confeiteiro
Uma pitada de sal grosso
50 gr de chocolate meio amargo picado
Faça o molho de cereja e porto. Coloque o porto e o açúcar numa panela e deixe ferver e depois reduzir em até um terço—mais ou menos uns 5 minutos. Coloque as cerejas secas e cozinhe por uns 2 minutos. Remova do fogo, cubra e deixe descansar por uns 10 minutos, Leve à geladeira e deixe gelar por 40 minutos. As cerejas e o caldo ficarão bem grossos.
Enquanto o molho gela, faça o semifreddo. Na batedeira, bata o queijo mascapone, o creme de leite, o açúcar e uma pitada de sal grosso até formar picos médios. Misture o chocolate picado [eu ralei usando um microplane] e coloque a mistura numa forma de pão coberta com filme plástico ou papel vegetal. Leve ao congelador por 50 minutos. Remova da forma, corte em fatias ou remova bolas com uma colher de sorvete e sirva com o molho de cerejas por cima.

o impecável Chez Panisse

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Seguimos por um caminho diferente, um pouco mais longo e tortuoso, mas a estrada estava tranquila e chegamos em Berkeley com tanto tempo sobrando que conseguimos estacionar com calma e ainda passar no The Cheeseboard e comprar uns brioches. Entramos no primeiro piso do prédio onde fica o Chez Panisse e a primeira coisa que se vê é o movimento na cozinha do restaurante, onde os chefs e auxiliares preparavam o jantar que seria servido à noite. Nosso almoço era no café, então prosseguimos pela estreita escada que leva até o andar superior. Estava um dia tipico de inverno, frio, nublado e chuvisquento—basicamente desconfortável. E já estávamos com fome, o que só adicionava mais desconforto ao desconforto. Mas pisar no espaço mistico do Chez Panisse muda tudo. O restaurante tem uma atmosfera tão deliciosa, que é impossível não se sentir a vontade e feliz lá dentro.
Mesmo tendo chegado um pouco adiantados, já fomos levados até a nossa mesa—um booth extremamente confortável localizado bem em frente da cozinha aberta e do forno de pizza. Foi tão bom sentar ali, num ambiente super quentinho, aconchegante e convidativo. Pedimos vinho, um Zin do Alexander Valley, água com gás e azeitonas, que já fomos devorando junto com o pão com manteiga. Depois pedimos nossas entradas, eu uma brandade de bacalhau numa fatia de pão tostada no forno a lenha e acompanhada de uma saladinha de rabanete, erva-doce e chervil. Meu irmão Carlos e o meu filho Gabriel comeram carpaccio que até eu, a chatoronga que não come nenhuma carne crua, experimentei. Depois eu e o Carlos comemos uns pacotinhos de linguiça envolta em repolho, acompanhados de lentilha com chaterelle e fitas finérrimas de batata frita. O Gabriel comeu frango com radicchio e purê de abóbora. Nossa sobremesa foi sherbet de grapefuit e bolo de chocolate. Esses eram alguns dos pratos do dia, daquela terça-feira, onze de janeiro. Tudo preparado com produtos locais e sazonais de excelente qualidade, a marca registrada do Chez Panisse. Tudo absolutamente simples e incrivelmente saboroso. Durante todo o almoço nossas caras demonstravam uma imensa alegria e satisfação. Não sei quantos hmmms pronunciamos, neste almoço memorável que fizemos em família, para celebrar as possibilidades de um ano realmente promissor.

Lá da Venda

Lá da Venda
Lá da Venda
Lá da Venda Lá da Venda
Lá da Venda Lá da Venda
Lá da Venda
Lá da Venda Lá da Venda
Lá da Venda
Lá da Venda Lá da Venda
Lá da Venda
Lá da Venda Lá da Venda
Lá da Venda
Lá da Venda

Ainda queria escrever sobre dois lugares bacanas que conheci quando estive no Brasil em outubro e um deles é o Lá da Venda da chefe Heloisa Bacellar. Já tinha lido tanto sobre esse lugar e me senti realmente feliz por ter conseguido dar um pulinho lá e provar a comidinha super deliciosa e brejeira que é servida no restaurante. O espaço tenta reproduzir a atmosfera de uma vendinha antiga, cheia de badulaques para vender. Me falaram que o pão de queijo deles é o melhor que existe—feito com queijo da Serra da Canastra. Mas infelizmente não provei. Comi os pasteizinhos caipiras feitos com massa de milho e bebi a nostalgica Tubaína. Também provei a picanha com purê de banana da terra, simplesmente deliciosa e depois duas bolotas de sorvete de pintanga. Tudo estava uma delícia e o ambiente é acolhedor, mas o mais gostoso mesmo foi ter dividido a minha mesa com duas queridas—minhas amigas Roberta Fabbri e Maria Rê. E ainda de lambuja conheci a Heloisa Bacellar, cuja simpatia foi capaz de desarmar minha horrível timidez e me fazer pedir pra sair numa foto com ela. [olha lá—XIS—click!]

Miss Lulu Bett

Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett
Miss Lulu Bett Miss Lulu Bett

Eu não me considero uma cinéfila, porque não sou uma pessoa por dentro de todos os filmes lançados, não sei detalhes sobre quem dirigiu, cenografou, fotografou ou roteirizou. Sou apenas uma aficcionada por filmes antigos. Minha preferência é a década de trinta, mas vejo absolutamente tudo que caí nas minhas mãos ou aparece na programação do meu canal de tevê favorito—o TCM. Este filme mudo de 1921 eu peguei em DVD, durante a minha fase obsessiva em que busquei ver todos os filmes protagonizados pela diva Gloria Swanson. Miss Lulu Bett, dirigido por William C. de Mille [irmão do Cecil B. de Mille] veio extra, no lado B e foi pura diversão.
Lulu Bett é uma solteirona vivendo de favor na casa da irmã, onde é feita de servente, cozinhando, limpando e cuidando de tudo. Ela não consegue casar porque não tem um dote e por isso tem que aturar a tirania do cunhado e ser escravizada dentro da cozinha. No meio do filme ela casa com o irmão do cunhado e vai ter sua própria casa, até descobrir que o casamento era uma fraude e ser obrigada a voltar para a casa da irmã e para a labuta da cozinha, que ficou abandonada com pilhas e pilhas de louça suja acumulada. Mas a partir dalí tudo vai ser diferente, não vou contar os detalhes, mas o final será feliz!
O filme inteiro gira em torno de Lulu na cozinha, servindo a mesa, fazendo comidinhas para uma festa e até indo a um restaurante, com a irmã, cunhado e o pretendente canastrão. Pra mim o mais legal é poder observar os detalhes da cozinha, da sala de jantar, de como preparar uma refeição era um negócio extremamente trabalhoso. O filme mostra com primor todos os detalhes do fogão, da mesa, louça, talheres. Fez a minha alegria numa noite de domingo. Sem falar que a história é realmente interessante e divertida. Se você curtir filmes antigos como eu, assista!

[arroz doce]

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Essa foi a última invencionice que pratiquei no auspicioso ano de 2010. Enquanto fazia aquela arrumação-revolução que já contei que fiz, preparei uma panela de arroz doce. Os ingredientes que usei sairam um pouco do padrão dos usados nas receitas mais comuns dessa iguaria. Mas o resultado agradou muito.

Numa panela robusta coloque:
1 litro de leite de cabra
1 xícara de arroz sweet/mochi
1 fava de baunilha cortada no comprimento e as sementes raspadas com a ponta de uma faca—coloque tudo na panela
1/2 xícara de maple syrup [ou mais se quiser mais doce]

Leve a panela com os ingredientes ao fogo médio e deixe ferver. Abaixe o fogo para o mínimo, tampe a panela, deixando um espacinho aberto, e cozinhe até secar quase todo o liquido e formar um creme. Deixe esfriar e sirva morno ou frio.

bolo de gengibre
[cristalizado]

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A outra sobremesa que fiz no Natal entrou na lista por causa de um pacote de gengibre cristalizado que eu queria usar. E também pelo fato do gengibre ser simplesmente a nossa paixão. Receitas de bolos de gengibre abundam e eu mesma já publiquei esta e esta. No entanto essa nova versão me inspirou, pois além de usar o gengibre cristalizado na massa e na decoração, usava também o gengibre fresco, numa cobertura à base de cream cheese. Ficou outstanding!

bolo de gengibre
1 tablete [113 gr ou 1/2 xícara] de manteiga sem sal
2 colheres de sopa de açúcar mascavo escuro
1 ovo grande
1 xícara de melado
1 xícara de cerveja escura
2 1/4 xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 1/2 tcolher de chá de cravo em pó
1 colher de chá de canela em pó
1 pitada de sal
1/2 xícara de gengibre cristalizado cortado em pedacinhos

Pré-aqueça o forno em 350ºF / 176ºC com a grade no centro. Unte uma forma com manteiga ou óleo vegetal.
Numa batedeira em velocidade média bata a manteiga até ela ficar cremosa, adicione o açúcar mascavo e continue batendo. Adicione o ovo, o melado e a cerveja. Bata bem por uns 2 minutos.

Numa vasilha separada misture a farinha, bicarbonato, cravo e canela em pó e sal. Adicione essa mistura seca à mistura de manteiga aos poucos, vá batendo a cada adição. Usando uma espátula adicione o gengibre cristalizado. Coloque a massa na forma untada e leve ao forno por 40 ou 50 minutos. Remova do forno, deixe esfriar e coloque o bolo numa travessa. Cubra com a cobertura de cream cheese e gengibre.

cobertura de cream cheese e gengibre
85 gr [3 ounces] de cream cheese em temperatura ambiente
1/4 xícara de manteiga sem sal e em temperatura ambiente
1 colher de chá de extrato puro de baunilha
2 xícaras de açúcar de confeiteiro
1/2 colher de chá de gengibre fresco ralado
[*coloquei um pouco mais porque gostamos mais picante]

Na batedeira bata o cream cheese, a manteiga e a baunilha em velocidade média. Adicione gradualmente o açúcar de confeiteiro, depois o gengibre e bata até obter um creme bem liso. Cubra o bolo com esse creme e decore com pedacinhos de gengibre cristalizado.

pudim inglês
com castanha & chocolate

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Me senti um pouco insegura ao preparar esta receita para a sobremesa de Natal por causa dos passos de cozinhar na água com a forma tampada e eteceterá, mas no final percebi que não era um bicho de sete cabeças. E o pudim cozinha direitinho, fica delicioso. Eu tinha um punhado de castanhas portuguesas locais e fresquinhas que comprei no Farmers Market, por isso optei por testar esse pudim inglês. Foi uma escolha muito auspiciosa.

200 gr de manteiga amolecida
200 gr de açúcar
4 ovos batidos
[certifique-se que os ovos estejam em temperatura ambiente]
200 gr de farinha de trigo self-raising
[se não tiver, adicione 1 colher de sopa de fermento em pó na farinha]
150 gr de chocolate meio amargo picado
[*usei o Scharffen Berger com 90% cacau]
150 gr de castanhas portuguesa cozidas e descascadas
8 colheres de sopa de mel
Manteiga para untar a forma
Custard, creme de leite fresco batido ou crème fraîche para servir

Na batedeira, bata a manteiga e o açúcar até formar um creme fofo. Devagar adicione os ovos batidos. Adicione a farinha gentilmente, misture bem e com uma espátula misture o chocolate picado.

Unte uma forma grande [ou oito forminhas] com manteiga. Cloque as castanhas picadas no fundo da forma, adicione o mel por cima das castanhas. Então adicione a massa com chocolate.

Corte um círculo de papel vegetal do tamanho da forma e cubra bem a superficie do pudim com esse círculo. Cubra toda a forma com papel alumínio—se tiver o heavy duty, melhor. Amarre bem com um barbante em volta da forma. [*eu não fiz isso, porque usei o alumínio grosso e dobrei bem firme nas extremidades].

Coloque a forma [ou forminhas] numa panela grande com tampa e cubra até a metade da panela com água fervendo. Tampe a panela, abaixe o fogo e cozinhe por 1 hora para a forma grande ou 40 minutos para as forminhas pequenas. Se a água abaixar muito, adicione mais durante o processo.

Remova a forma da panela, retire o papel aluminio e o papel vegetal, deixe esfriar um pouco e vire com cuidado numa travessa. Sirva com um custard [que pode ser batizado com rum ou cognac], creme de leite fresco batido ou crème fraîche. Eu servi com o crème fraîche.

um ano novinho!

feliz 2011! feliz 2011!
feliz 2011! feliz 2011!
feliz 2011! feliz 2011!
feliz 2011! feliz 2011!

O Uriel ainda está rolando de rir e tirando uma onda da minha cara por causa do título do último post—foi tudo bem simples. Segundo ele, um jantar que levou dez horas pra ficar pronto não pode ser chamado de simples. Mas eu insisto que foi. E por ter cozinhado tanto no Natal, passei o Ano Novo sem nem chegar próxima de uma panela. Entrei em férias, fiz compras, viajamos prá lá e prá cá pelo sul da Bay Area, fiz uma limpeza revolução pela casa, doei caixas e caixas, sacolas e sacolas, muita coisa que não usava mais. Até pendurei uns quadros, que estavam no chão, apenas encostados na parede, há muito tempo. Passamos o Ano Novo em Monterey. Jantamos uma comida deliciosa num restaurante em Carmel, voltamos para o hotel onde passamos a meia-noite dançando rock ‘n roll numa festa. Dormimos muito e depois de conversar com a família saímos pela estrada. Meu irmão chegou no segundo dia do ano, que foi quando eu e o Uriel comemoramos 29 anos de casados. Conversamos, comemos, bebemos, fizemos muitos planos para este ano que promete ser muito bacana e diferente. Ah, e pela primeira vez na vida eu fiz luzes no cabelo. Estou realmente me abrindo para muitas mudanças!
✳✴ Feliz Ano Novo! ✴✳

foi tudo bem simples

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Eu cozinhei o dia inteiro, porque não tenho, não tive ajuda. Pela manhã o pessoal da limpeza chegou e me pegou descascando as castanhas portuguesas. A visita deles era imprescindível e foi muito aguardada. Casa limpa para mim é essencial. Mas na cozinha fiquei mesmo sozinha. E fui devagar fazendo as receitinhas—marinei uma costela de cabra num molho de vinho, alho, limão e ervas que depois foi assada coberta com papel alumínio por quatro horas, fiz um pudim inglês de castanhas portuguesas e chocolate e um bolo de gengibre*, depois preparei tâmaras recheadas com queijo de cabra e amêndoa [reprise de outros carnavais], fiz uma bandeja com queijinhos, torradinhas, azeitonas castelvetrano e chips de maça, assei beterrabas vermelhas e amarelas para fazer uma saladona temperada com óleo de nozes, cozinhei com ervas o flageolet, o feijão verde francês que combina muito bem com carnes fortes como a de carneiro ou cabra, preparei um pesto de cranberry e pistachos para fazer com a couve de bruxelas, também preparei cranberry sauce e uma saladona com alface romana, laranja, maça e raiz de salsão. Bebemos cava com os antepastos e um vinho chileno especial que ganhamos de presente de uma amiga com a refeição. Foi tudo bem simples, mas muito gostoso na nossa pequena ceia de natal, cujas sobras viraram almoço no dia seguinte. *receitas das sobremesas virão logo a seguir.