Eu tenho uma certa tendência para o exagero. E com relação às frutas que adoro, não apenas o exagero, mas também a cobiça e a ganância. Quando vejo a abundância de certas frutas, simplesmente me descontrolo. E foi exatamente isso o que aconteceu no final do verão do ano passado, quando comprei todo o figo que pude carregar, mas que obviamente não consegui comer. Lembro de um dia em que comprei figos em três bancas diferentes no Farmers Market. Numa delas, vendo figos e mais figos empilhados na minha cestinha, a mocinha vendedora comentou desoladamente—ah, você já comprou figos? E eu heróicamente resolvi levar mais duas cestinhas dela, pra não fazer desfeita, nem causar constrangimentos, usando uma justificação perfeita—vou fazer geléia. E foi o que fiz, não só porque queria mesmo fazer uma geléia, mas porque precisei fazer a tal geléia para não desperdiçar tanta fruta deliciosa. Não lembro exatamente se cozinhei os figos com limão ou com baunilha, só sei que rendeu bastante e um pote da geléia de figo ainda estava na geladeira enquanto eu arrumava as malas para viajar para o Brasil em outubro. Como nunca nessa vida eu iria correr o risco de deixar uma geléia caseira feita com figos frescos e orgânicos acabasse criando mofo dentro da geladeira, passei rapidamente o pote para o freezer. Viajei e esqueci.
Outro dia, dando uma geral no meu freezer—porque você sabe que mesmo congelados tem prazo de validade, né—descongelei a geléia e decidi fazer um sorvete com ela. Também porque ando achando que esses sorvetes feitos com geléia funcionam muitíssimo bem e ficam super cremosos. Foi assim que terminei com um pote de sorvete de figos, uma doce reminiscência do último verão.
1 xícara de geléia caseira de figos
2 xícaras de half and half
[ou use 1 xícara de leite integral e 1 xícara de creme de leite fresco]
1 splash de brandy
Bater tudo no liquidificador e colocar na sorveteira. Depois de pronto, guardar no congelador, num pote de vidro até a hora de consumir.