[muitas coisas novas]

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Não faço nenhuma resolução ou plano de ano novo. Porque as palavras geralmente se espalham com o vento e o tempo, e acaba ficando apenas o dito pelo não dito. O meu ideal é ir fazendo o que for preciso ser feito. Com bom senso as chances de sucesso abundam. Se eu tivesse feito planos para o ano de 2011, tudo teria dado com os burros n’água, porque este foi um ano cheio de surpresas e mudanças. Nunca, nem em algum delírio alcoólico, pensei, cogitei, sonhei, imaginei que um dia estaria morando em Woodland—uma cidade que foi minha vizinha por quatorze anos, mas que eu nunca me interessei em conhecer. Todas as mudanças deste ano foram inusitadas e inesperadas. Me pegaram não só de surpresa, mas mudaram um bocado o meu cotidiano. Diminuí muito o ritmo deste blog, olhei pra muita coisa com outros olhos, adotei sem pudor as fotos toscas, aceitei minhas limitações—que não posso blogar todos os meus almoços e jantares, em casa ou em restaurantes. Gostei de ficar mais em casa, mudei meus caminhos da roça, respirei outros ares, expandi meus horizontes. E admito que até pensei, algumas vezes e bem seriamente, em encerrar minha carreira de blogueira de culinária. Porque temo um pouco a monotonia e a repetição. Mas por esse ano ter sido bem incomum, os assuntos acabaram por se distinguir. Tudo foi novidade pra mim durante os últimos seis meses, porque eu nunca tinha estado nessa cidade e vizinhança antes, e fui aos pouquinhos descobrindo as particularidades da minha nova casa. Me espantei alegremente com minha conta de eletricidade caindo em dois terços no verão, por causa das inúmeras árvores ancestrais que rodeiam a casa. Também descobri que tenho camélias no quintal. E que elas abrem nessa época do ano. Quando tudo fica com uma cara cinza, essas flores foram um colírio em tons de cor-de-rosa para os meus olhos. E no próximo ano, mesmo que nem tudo seja mais novidade, o que vier será com certeza especial. Pra mim, pra você e para todos, desejo um Feliz 2012 cheio de boas e bem-vindas surpresas!

jantando chucrute com salsicha

Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha
Cary Grant come chucrute com salsicha Cary Grant come chucrute com salsicha

O filme era até um pouco chato—People Will Talk [1951], mas tem essa cena em que os dois médicos amigos, Cary Grant e Walter Slezak, discutem o caso da paciente Jeanne Crain, que estando grávida sem ser casada tenta se matar. Enquanto eles conversam, devoram pratos cheios de chucrute com salsicha, além de pedaços generosos de pão com manteiga. Deu até vontade!

O Natal em Columbia

Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia
Columbia Columbia

O vilarejo de Columbia fica num parque histórico estadual e faz parte da rota da corrida do ouro, no condado de Calaveras. Lá todo dezembro, celebra-se o natal dos mineiros. Chegamos um pouco tarde para o segundo dia do evento e perdemos algumas das atrações. Mas mesmo assim deu pra fazer muita coisa. As crianças adoraram a peneiragem para achar ouro e pedras [preço do ingresso variando conforme a ambição de riqueza do pequerrucho] e decoraram velas, que era um dos artesanatos mais populares em 1850. Também andamos de stagecoach, a famosa diligência do velho oeste que nos levou por estradinhas íngremes pelo meio da floresta, com direito a assalto com bandido vestido a caráter. Pra quem se inscreve com antecedência, tem a disputada confeção das candy canes—um dos doces mais tradicionais do Natal. Nós só pudemos olhar pelo vidro. As crianças ganharam moedas de chocolate do Father Christmas e nós bebemos café feito na fogueira, onde os mineiros também assavam castanhas e amendoim e contavam histórias para os passantes. E tinha o ferreiro, os bombeiros, as mercearias, os bares, a livraria, as maravilhosas lojas de doces, a estação da carruagem, o jornal, o hotel, o dentista, a loja chinesa, eteceteráeteceterá. Um lugar super gostoso pra se passar uma tarde, com ou sem crianças.

os ares do natal

perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal
perto do Natal perto do Natal

Parei tudo porque tinha que me preparar para a chegada da minha irmã. Parei tudo novamente porque ficamos no trancetê, fazendo coisas por aqui e por lá. Este ano resolvi que teria uma árvore de Natal de verdade, por causa dos meus sobrinhos. Então fomos numa fazenda de árvores em Placerville escolher a nossa. Foi legal ver como eles cortam e embalam uma arvorezona, que vem bem amarrada no teto do carro. Comprei até uns enfeites novos e as crianças fizeram a decoração. A árvore é gigantesca, tivemos até que cortar um pedaço extra, porque o pessoal da fazenda deixou muito grande. Precisava mesmo de muitos ornamentos. Ainda está faltando colocar as luzinhas, por isso não tirei uma foto legal. Também fomos numa celebração de Natal numa cidadezinha histórica do tempo da corrida do ouro californiana. Fotos virão a seguir. Jantamos numa pequena cidade na serra e na saída paramos numa vinícola que teve a idéia mais genial do mundo—eles disponibilizam sofás em volta de fire pits e aquecedores à gas, além de deixarem cestas com mantas macias e quentinhas por perto. Sentamos lá para beber vinho e comer sobremesa. No outro dia almoçamos no Chez Panisse, as crianças foram patinar no gelo no Embarcadero em San Francisco e depois fizemos um passeio básico no Ferry Building. É claro que estou cozinhando, mas como este não é um blog exclusivo de receitas, elas vão reaparecer somente quando eu regressar à minha rotina. Para quem passa por aqui, quero já ir desejando um Feliz Natal. Porque já estamos quase lá e antescedo do que em tempo algum.

bearss lime

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a.k.a. persian — tahiti lime

A cidade já está com aquela cara triste de inverno, paisagem acinzentada, pilhas de folhas mortas nos meios fios das calçadas. Mas mesmo sabendo que agora serão muitas e muitas semanas de frio e chuva, me alegro imensamente com a chegada dos citrus. Minha cozinha já está iluminada com as laranjas, pomelos, tangerinas, tangelos, limões e limas. Depois de consumir toda a vitamina das frutas al natural, guardo as casas para jogar no fogo da lareira.

gratinado de batata doce

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Me apaixonei por esse gratinado. Foi assim curto e simples. Embora não dê pra colocá-lo no clube das comidas salgadas nem no das doces, esse prato é um excelente acompanhamento para qualquer tipo de refeição. Eu nunca tinha feito manteiga clarificada e segui mais ou menos as instruções que achei na internetesfera. Apenas cozinhei a manteiga em fogo baixo e fui retirando a espuma que ia formando. Mas acho que dá pra arriscar fazer usando apenas a manteiga derretida.

5 ou 6 batatas doces
230 gr de manteiga
1 xícara de vinho Porto
10 ameixas secas sem caroço

Derreta a manteiga e clarifique. Aqueça o Porto e coloque as ameixas de molho nele, por pelo menos 20 minutos. Escorra e pique as ameixas. Pré-aqueça o forno em 450ºF/ 232ºC. Unte uma forma redonda de 8 cm com um pouco de manteiga. Corte as batatas doces em fatias finas. Use um mandoline, se tiver. Forre a forma com uma camada de fatias de batata, sobrepondo uma sobre a outra. Pincele com a manteiga. Vá colocando as camadas, temperando cada uma com um pouquinho de sal e pimenta do reino moída na hora e pincelando com mais manteiga. Coloque as ameixas mais ou menos sobre duas das camadas centrais. Termina com a última camada de batata pincelada com mais manteiga. Leve ao forno por mais ou menos 1 hora, até as batatas ficarem macias e um pouco crocantes dos lados. Remova do forno, deixe esfriar uns minutos, inverta num prato e sirva.

os dias estão dourados

dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados
dias dourados dias dourados

Tivemos dias de neblina pesada, dias de chuva, dias de ventania e com isso muitas das árvores já perderam quase todas as folhas. É tão lindo de ver, mas também tão efêmero, como tudo na vida. Os dias voam e eu não consigo fazer tudo o que quero. No primeiro dia de dezembro ganhei um limoeiro, que será plantado num lugarzinho que já escolhi lá no quintal. No segundo dia de dezembro minha casa participou do display das luminárias que acontece todo ano nesta área antiga da cidade. Tenho feito tudo com muito entusiasmo, pois agora sou uma das orgulhosas donas de uma daquelas casinhas vintage que todo mundo gosta de olhar. Minha vizinhança e vizinhos são muito bacanas. Fomos beber vinho e bater papo convidados pelos proprietários da linda casa construída em 1912. Tem dias que eu acho que meus gatos estão muito mais felizes aqui. E de uma certa maneira nós também estamos. Este outono está sendo um pouco diferente e eu não tenho do que reclamar.

savories de queijo & figo

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São poucas as chances de eu ser pega no flagra com a mão na lata de biscoitos, porque não sou uma cookie person—nem pra comer, nem pra fazer. Mas um dia uma receita tentadora aparece para me convencer a colocar as mãos na massa. E esses nem são biscoitinhos doces, como a maioria. São bolachinhas de queijo para comer como aperitivo, acompanhadas de uma bebidinha, só para abrir o apetite. São facilimos de fazer, a massa é muito maleável e o único trabalho é cortar e colocar a geléia. Usei uma caseira, que tinha feito com figos frescos no final do verão. Pode-se usar também uma marmelada ou geléia de pera.

faz 3 dúzias
1 xícara de farinha de trigo
113 gr [8 colheres sopa] de manteiga em temperatura ambiente
113 gr [8 colheres sopa] de queijo azul [ou gorgonzola]
Pimenta do reino moída na hora
Geléia de figo

Pré-aqueça o forno em 350ºF/ 176ºC. Forre duas assadeiras com papel vegetal [parchment paper]. Coloque a farinha, a manteiga, o queijo e pimenta do reino moída a gosto no processador de alimentos. Pulse até obter uma massa levemente grudenta. Coloque a massa num superfície bem enfarinhada e amasse até ficar uma massa bem firme a macia pra abrir. Abra com um rolo e corte em rodelinhas de 3 cm. Coloque as rodelinhas nas assadeiras forradas e com a base da colher medidora de 1/2 colher de chá ou com o dedo, aperte o centro para formar uma depressão. Coloque 1/4 de colher de chá de geléia de figo na depressão no centro das bolachinhas. Leve ao forno e asse por 15 minutos. Remova do forno, deixe esfriar bem. Para guardar, use uma lata ou pote com tampa e coloque as bolachinhas em camadas intercaladas por folhas de papel vegetal.

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