gingerbread man cookie cutter

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Quando minha cunhada me pediu os cookie cutters no formato do gingerbread man, eu assobiei satisfeita—tranquilex, tá no papo, facinho de resolver essa parada. Quando comecei a entrar e sair de lojas de mãos vazias, um sentimento imenso de frustração me invadiu, em modo incompreensão total perguntei como podia eu estar achando cortador em formato de absolutamente TUDO, menos o do homenzinho de gengibre? Minha nora que vou te contar sabe tudo, me respondeu, informando daquela maneira blasé que ela tem de informar coisas trágicas, que achar os gingerbread man cutters iria ser uma missão. Sei lá por que motivo eles parecem ter virado raridade. Ela me sugeriu olhar no e-bay e em lojas de segunda mão. Eu não fui, mas fiquei com o pedido da Patrícia ali na gavetinha das coisas por fazer. Toda vez, toda vez mesmo que eu entrava em qualquer loja, procurava pelos cortadores, assim como quem não espera nada.
Um ano depois numa hardware store em Placerville, lá estavam os gingerbread man cookie cutters! Comprei dois pra ela, dois pra mim. Tenho certeza que a Patricia vai fazer bonecos de gengibre lindos para pendurar na árvore de Natal ou para dar de presente. Eu prometo tentar usar os meus. Depois dessa peregrinação, prometo mesmo!

abóbora recheada com quinoa [e pecan]

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A receita original do Epicurean era pecan and wild rice-stuffed squash, mas eu não tinha arroz selvagem, então resolvi usar a quinoa vermelha. E usei a butternut squash, que era o tipo de abóbora que eu tinha. Porque eu faço muitas coisas ao mesmo tempo, sempre acabo fazendo omissões na receita e desta vez esqueci de colocar a noz pecan, o que me fez lamentar muito depois, porque eu acredito que elas dariam um toque de classe extra à essa receita extraordinária. Mas mesmo sem as pecans, ficou ótimo! Enquanto eu comia, senti uma nostalgia das lojas de produtos naturais, daquelas que tinham lanchonete, como era a Mãe Terra, em São Paulo.

1 butternut squash cortada ao meio
1/2 xícara de arroz selvagem, quinoa ou buckwheat
* usei a quinoa vermelha inca
1 1/2 xícara de água
3 colheres de sopa de sálvia fresca
1/2 xícara de salsinha fresca
1 colher de sopa de azeite
2 talos de salsão picadinho
1/2 cebola [1 xícara] picada
1 colher de chá de manjerona seca *omiti por avoamento
1 colher de chá de pimenta do reino moída na hora * omiti por avoamento
1 pitada de nos moscada ralada na hora *omiti por avoamento
1 colher de chá de sal
3/4 xícara de pecan * omiti por avoamento

Pré-aqueça o forno a 400°F/205ºC. Forre uma forma com papel alumínio e coloque as duas metades da abóbora em cima. Asse por 20 ou 30 minutos, até a polpa ficar bem mole.
Enquanto isso faça a quinoa, misturando com água e levando ao fogo alto. Quando ferver abaixe o fogo e tampe a panela. Deixe cozinhar até secar toda a água.

Separadamente, refogue o salsão, a sálvia picada e a cebola no azeite. Acrescente a salsinha picada e os outros temperos que eu esqueci de pôr. Refogue bem e remova do fogo. Acrescente a quinoa, misture bem. Remova a abóbora do forno, com uma colher remova um pouco da polpa cozida, coloque numa vasilha. Amasse bem com um garfo e misture ao refogado com a quinoa. Moa as pecans num processador e junte à mistura de quinoa e abóbora [* não esqueça, como essa cabeçona que vos escreve]. Recheie as metades da abóbora e ponha novamente no forno, asse por uns 20 minutos ou menos.

o presente da moça Dadivosa que desbravou terras e oceanos para encantar nas terras estrangeiras

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Eu não sou mulher viajada
por aquele Brasil encantado
sou caipira exilada
que nunca comeu puba
nem cuxá, nem sururu,
mas vejo com muito bom grado
toda essa riqueza culinária
que pretendo um dia desbravar.
Enquanto esse dia não chega
vou viajando nas paradas
desse livro tão letrado
mais que isso, caprichado
que a inspirada cozinheira Tatu
escreveu com muita graça
e com prosa bem casada.
E se assim tenho nas mãos
essa jóia da nossa culinária cultural
com todos os ingredientes porretas
que muito me apeteçem,
foi graças a impar gentileza
de uma Fernanda muito prendada
que todos temos juntinho do coração
e que chamamos de Dadivosa.
Peço licença à todos
para fazer esse agradecimento
pois foi com grande satisfação
e imenso contentamento
que abri o envelope,
endereçado em caprichosa letra de mão,
e com distinta dedicatória,
das lindas moças prestimosas,
para essa humilde oradora
que agora aqui vos fala.

como arruinar um dia perfeito

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Quando o Uriel propôs de irmos até Apple Hill no domingo, para o festival da colheita da maçã, logo pensei que aquela não era uma boa idéia. Quando li o relato da Sheri no Edible Sacramento tive certeza: seria uma FRIA! Mas fomos assim mesmo. E fomos tarde, pois eu precisava nadar. Eu só consigo nadar nos finais de semana. Pegamos a estrada pensando em almoçar em algum orchard em Apple Hill. Congestionamento na freeway, congestionamente na estradinha que leva aos pomares, dificuldade para estacionar, gentarada saindo pelo ladrão, familias e mais famílias com crianças, pais, avós, bisavós, querendo desfrutar as atividades promovidas pelas fazendas. E que atividades minha gente: correr por pumpkin paths fajutos, andar de cavalo [detesto, detesto essas coisas envolvendo animais], pagar ingresso para brincadeiras de quermesse, ficar horas na fila para tudo, inclusive para comer as mil e uma sobremesas feitas com maçã. No pomar que paramos, eles vendiam de tudo—tortas congeladas de maçã, vinho de maçã, suco de maçã, descascador de macã, e muitas maçãs, é claro. Fomos procurar algo para comer de almoço. O menu maravilhoso de hamburguer, hot dog, corn dog, chili dog, fritas, e eteceterá me desanimou. Mais desânimo quando vi o cartaz na janelinha da venda—espera de 30 a 45 minutos. Esperar tudo isso pra comer um monte de fritura? O Uriel se colocou na fila dos doces de maçã e comprou donuts, tortas, dumplings. Depois pegamos a estradinha congestionada novamente, pra tentar achar um restaurante. No meio de uma floresta de pinheiros achamos um pub inglês que servia todos aqueles pratos típicos, misturados aos norte-americanos, nada que entusiasmasse. Pedimos um rango mesmo assim e saímos de lá frustrados e desapontados. Fomos até o fim da estrada que corta Apple Hill e pegamos a freeway novamente, dando de encontro com outro congestionamento. Nesse ponto meus nervos já estavam em frangalhos e o Uriel decidiu parar em Placerville, que é uma cidadezinha histórica da corrida do ouro, com um ponto de interesse peculiar—um bar que foi construído no local onde ficava uma árvore onde se enforcavam criminosos, bem no estilo old wild west. Uma coisa fantasmagórica e deprimente. A cidade, que já visitamos duzentas e trinta e sete vezes, é bem bonitinha, com um bar a cada metro e muitas lojas de antiguidade. Eu me diverti nas lojinhas, bebemos suco de maçã, café e fomos embora. Que total desperdício de um belo domingo!