salada quente de abóbora, radichio e figo

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Corte a abóbora em cubinhos, espalhe numa forma forrada de papel alumínio e asse em forno pré-aquecidoo em 400ºF/205ºC até ficar mole. Retire do forno. Corte um radichio grande ao meio, lave, escorra bem, coloque numa forma forrada com papel alumínio e asse até os radichios murcharem um pouco. É bem rápido, portanto não distraia. Numa panela, jogue alguns figos secos—eu usei a variedade black mission, e cubra com vinagre balsâmico. Reduza no fogo médio. Monte a salada numa travessa, a abóbora de um lado, as metades de radichio do outro. Salpique a abóbora com folhas de tomilho fresco. Jogue os figos cozidos e o balsâmico reduzido sobre a abóbora e radichio. Regue com azeite, salpique com flor de sal e sirva imediatamente.

bons hábitos no trabalho

No meu trabalho tem uma máquina de água, dessas com duas opões: água quente ou gelada. O programador compra os galões de água no Co-op, voluntários trocam, conforme a necessidade. A cada seis meses faz-se a limpeza da máquina de água. Voluntários são requisitados. Da última vez fui eu e a secretária. Ficamos duas horas seguindo o passo-a-passo, mas a água ficou deliciosa—ou assim comentaram os que provaram. Eu me voluntario pra trocar o galão ou limpar a máquina, porque bebo muita água. Se não é gelada, é a quente que eu uso pra fazer meus chás. Eu tenho várias latinhas cheias de saquinhos empilhadas na minha estante e durante os meses frios bebo pelo menos três xícaras de chá por dia. São xícronas. Nosso prédio é pequeno. É na verdade um anexo de um prédio grande. Nós temos uma micro-cozinha que fica no corredor com pia, geladeira, micro-ondas, armário e cafeteira. Não podemos jogar lixo orgânico nas lixeiras. Reciclamos tudo. Cada um limpa a sua própria sujeira. Todo dia pela manhã o meteorologista faz café. Às vezes a jornalista faz mais café à tarde. Todo mundo bebe café, menos eu. Não há pratos, nem talheres, nem copos de papel nem de plástico, todo mundo tem seus próprios utensílios e sua própria xícara ou caneca. Inclusive eu, que tenho três.

hoje eu lembrei

Acho que é hoje que faz dois anos. Não costumo ficar marcando e relembrando datas tristes, mas tenho quase certeza que foi no dia de hoje, há dois anos, que ouvi o recado do meu pai na secretária e depois o som abafado de quem não consegue mais falar. Eu chorei por um tempão, porque ela era uma das minhas pessoas favoritas neste mundo, aquela que eu admirava e imitava, reparava nas parecências e até me assustava. Ela dizia com a sua voz potente e alta—nós duas somos dois livros abertos!

Por tudo isso e mais um pouco, numa época em que meu irmão ainda morava em Los Angeles, nós decidimos que iríamos fazer uma compra mensal de gostosuras pra ela através do supermercado online que entregava tudo direitinho lá no sitio onde ela vivia. Ela amava gostosuras, chocolates, bolachas, geléias. Mas ela tinha aquela doença traiçoeira chamada diabetes. Então minha missão mensal era fazer uma compra de gostosuras que não deixasse ela mais doente. Por três anos, todo final de mês eu me logava e fazia uma comprinha. Era legal, porque durante esses anos eu me inteirei das novidades nas prateleiras do supermercado brasileiro. Via produtos novos aparecendo, marcas novas, diversidade, variedade. Algumas coisas eu queria comprar pra mim, ficava empolgada. Mas a compra era para ela e tinha que ser especial. Eu comprava também sabonetes variados, porque eu sabia que ela iria adorar. Éramos iguais nisso também, loucas por banho, por cheiros, por perfumes.

Faz dois anos então hoje que eu parei de fazer as comprinhas no supermercado online, faz dois anos que acabou a minha diversão de encaroçar pelas prateleiras virtuais, pensando e escolhendo as coisas que eu sabia que ela iria gostar e depois ficar me sentindo imensamente feliz imaginando a alegria dela ao receber a entrega. Outro dia minha irmã disse que a ausência dela é como se nunca mais tivessemos ido ao sitio visitá-la, no que eu concordei. Dois anos depois eu ainda penso nela sempre que vejo chocolates, bolachinhas e geléias gostosas, sabonetes e perfumes, ou todas as outras coisas que ela adorava. Fico olhando e matutando—hmm, será que compro pra enviar, pois ela iria amar!

pasta com cogumelos e espinafre

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Um rango bem simples pra poder usar aquele pacotão de baby portabellas que comprei no Farmers Market, mais uma boa quantidade de espinafre que veio na cesta orgânica. Achei que essa pasta ficou com uma cara incrível de outono!

Cozinhei em bastante água e sal uma porção de orecchiette. Quando a pasta estava quase al dente, refoguei uma misturinha de alho com sal grosso amassada no pilão numa boa quantidade de azeite. Juntei os cogumelos cortados em quatro, refoguei um minuto, juntei o espinafre picadinho, acertei o sal, moí um pouco de pimenta. Escorri o orecchiette e joguei no refogado. Joguei um punhado de salsinha picada, servi com queijo parmesão ralado na hora.

Não sei por que eu fiz sem pensar um panelão desse macarrão e no minuto em que estávamos sentando à mesa, chegaram o Gabriel e a Marianne. Eu tinha comida para um batalhão, somando-se à uma saladona. Colocamos mais dois lugares na mesa e tivemos um jantar em família, no meio da semana, que mais parecia um domingo!

where the buffalo roam

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*Vida nas pradarias canadenses: Uriel e Gabriel providenciando a CARNE pra Fer poder fazer o jantar. Bufalo ou bisão, honey?

No menu do restaurante da floresta de Apple Hill tinha a opção de hamburguer de carne de bufalo—cem por cento orgânica. Eu apontei o item do menu para o Uriel e nós dois fizemos aquela cara de bleargh. Eu não sou uma pessoa essencialmente carnívora. Eu como carne, mas tenho crises de consciência e de asco muito frequentes. Nunca quis provar cozido de coelho, que se preparava em festas de família ou o hamburguer de avestruz, que é famoso aqui em Davis. A carne de bufalo, porém, eu provei. Foi uma experiência inesquecível, no mais amplo sentido da palavra inesquecível. Meu paladar para carnes é bem sensível, carnes muito fortes me entojam fácil e a carne de bufalo não é coisa pra amadores. Pra mim foi mais do que eu consigo suportar.

Pedimos um hamburgão de carne de bufalo cada um num passeio ao Wanuskewin Heritage Park em Saskatchewan, Canadá. Um lugar completamente apropriado para a experiência de provar o sabor da carne do bufalo, que é praticamente o simbolo do desbravamento do oeste norte-americano e canadense. Nem preciso dizer que não consegui terminar o meu sanduíche e que me concentrei nas batatas fritas. Será que os índios plantavam batatas? Se eu fosse uma índia no tempo dos bufalos vagando, certamente viveria plantando e comendo muitas batatas.

sopa para uma noite de chuva

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Quando chove não tem graça, especialmente quando ainda é outono. Porque chuva é personagem de inverno, quando a paisagem já está cinza mesmo e todo mundo já se conformou. Mas tem chovido, chuvarada demais e eu me molhei na hora do almoço e senti frio, por isso fui pra casa decidida que naquela noite teríamos uma sopa bem yang pra compensar o ying do dia.
Descasque e corte uma abóbora pequena em cubinhos e embrulhe em papel alumínio. Descasque uns 4 dentes de alho e embrulhe em papel alumínio. Descasque e corte umas três batata-doces médias em cubinhos ou deixe-as inteiras mesmo e embrulhe em papel alumínio. Coloque os três pacotinhos numa forma e asse em forno pré-aquecido em 400ºF/205ºC por uns 30 minutos ou até que tudo esteja molinho. Pode tirar o alho antes, para que ele não fique muito cozido. Remover tudo to forno. Se não descascou as batatas antes, agora é hora de descascar com cuidado pra não pelar os dedos. Coloque a abóbora, alho e batata-doce no liquidificador com um litro de caldo de galinha ou de legumes. Adicione uns galhinhos de dill fresco e bata bem, até obter um creme. Jogue tudo numa panela, adicione sal a gosto, azeite a gosto e um tantinho de pimenta pra quebrar a doçura dos legumes e do alho assado. Eu usei a pimenta chipotle, que é a jalapeño seca e defumada, que eu acho que tem um sabor bem especial. Deixe a sopa engrossar um pouco no fogo médio e sirva em potinhos decorados com uma bolota de creme fraiche [ou sour cream, ou iogurte] salpicada com dill fresco picadinho.