tira o leite da vaquinha

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Quando vamos para Point Reyes passamos por inúmeras fazendas leiteiras, que transformam a região numa imensa paisagem de comercial de televisão, com pastos verdinhos, cerquinhas, vaquinhas faceiras e se você der sorte, como nós demos, bandos de cervos correndo pelos morros. Dá vontade de parar para tomar um copo de leite, mesmo eu não sendo fã número um desse produto.
Na minha decisão juramentada de consumir produtos locais, estou fazendo algumas mudanças. Eu tenho a sorte de viver num dos estados com a maior e mais variada produção de alimentos do país, então não está sendo muito difícil acomodar os produtos locais. Eu já era compradora do iogurte estilo europeu e da manteiga dessa fazenda orgânica, e agora estou começando a comprar todos os seus outros produtos. As garrafas de leite e creme são recicláveis e refundáveis, você leva de volta pro supermercado e recebe umas patacas de volta.

então o tomilho secou

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Colhi o tomilho pra colocar em alguma receita. O que sobrou deixei numa pequena vasilha de vidro, em cima da bancada da cozinha. Dois dias depois ele estava completamente seco. É assim que secamos ervas aqui no deserto—é só deixar em algum canto. A secura do ar é tanta, não precisa fazer nada especial. Aproveitei o tomilho seco e coloquei na salada de folhas verdes com rodelas de abobrinha.

pink lemonade plums

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O fazendeiro que vendia as ameixas cor-de-rosa anunciava num pequeno cartaz—”pink lemonade” plums. Fui procurar pela real identidade dessas frutinhas e descobri que elas são uma variedade japonesa chamada “hollywood” ou “trailblazer”. Elas são docinhas e roseadas por dentro, um pouquinho mais carnudas que as ameixas comuns ou roxas. E não têm gosto de limonada, caso alguém tenha ficado com essa dúvida!

esganada

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ou, lust for life, ou, vivendo como se não houvesse um amanhã, ou, será que um dia me arrependerei disso?

Comigo é tudo aqui & agora. Eu não poupo, não economizo, não sou do tipo moderado. Se tem gostosuras, eu como. Se tem bebidinhas, eu bebo. Sabonetes cheirosos e caros vão pro uso. Perfumes são espirrados aos montes, sem comedimento. Roupas compradas hoje são usadas hoje mesmo, ou o mais tardar amanhã. Sapatos são gastos conforme a vontade e a necessidade. As iguarias são devoradas, coisas novas e diferentes compradas, a grana é pra gastar, não consigo passar vontade.

Eu sou assim esganada, não guardo dinheiro, não guardo nada, todas as roupas que eu tenho são para serem usadas, não tenho nada especial reservado numa caixinha dourada, minhas bijous simplórias são guardadas em latinhas de pastilhas e caixas de sabonete, não tenho ouro, nem prata, nem roupas de seda. Como e bebo até passar a vontade, faço as coisas que quero fazer, mesmo quando uma vozinha me aconselha o contrário. Sou espontânea, sincera e arrebatada. Adoro comprar e dar presentes. Choro na hora que o choro borbulha, escandalosamente, não importa onde eu esteja. Dou risada na hora que o riso explode, posso estar onde for. Passo vergonhas monstruosas por causa disso, mas nem penso em tentar me controlar. Não dá.

Quando olho para a vida de pessoas com poupança no banco, vida organizada, tudo meticulosamente planejado, me sinto um ser selvagem, que só se preocupa em satisfazer as necessidades básicas, sem pensar muito no depois. Na verdade, nem é tanto assim, mas é quase.

crostata de damasco

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No pico da temporada dos damascos, com os frutos amarelos e doces em opulência no mercado, eu inventei de fazer esta receita e caí do cavalo. Gastei damascos frescos e pistachos numa torta que acabou no lixo, pois ninguém comeu. Eu até que comi umas duas fatias, mas alguma coisa no recheio de pistacho não me deixou feliz. Desconfio que foram os ovos…
Com os damascos dando os últimos suspiros no Farmers Market, me apressei para comprar uma quantidade que desse para fazer uma torta. Sinto muito, mas quando eu encasqueto, eu encasqueto. E fiquei com essa idéia fixa de fazer uma torta de damascos frescos. E fiz.
Decidi fazer a receita que vi no kitchen apartment therapy, um blog que eu adoro. Nem vou contar os detalhes trampolinescos de fazer a massa. Juro que me apavorei num certo ponto e achei que teria que jogar tudo fora e começar do zero. Culpa da minha pessoa alvoroçada, não da receita. No final, para a minha surpresa e alivio, a massa ficou ótima, abriu como uma beleuzura e assou macia e saborosa. Ufaaaaa! O recheio ficou perfeito pra mim, que não curto muito as coisas extremamente adocicadas e adoro todos os sabores das frutas. Vale lembrar que eu usei um pouco menos açúcar do que manda a receita, só que não percebi [como posso ser assim tão descabeçada?] que o açúcar da massa era mascavo, então usei o branco. Como não tinha buttermilk, usei half-and-half, que é um creme de leite fresco diluido no leite. Na decoração, pulei a parte do suco de laranja e misturei geléia de limão no rum. Mas trelelê à parte, o que interessa é que a torta ficou muito boa. A-le-lu-i-a!!
Apricot and Biscuit Crostata
Faz uma torta redonda de 30cm/ 12″
1 quilo de damascos frescos, descaroçados e cortados ao meio
1/4 xícara de açúcar [*usei um pouco menos de açúcar demerara]
3 colheres de sopa de rum ou brandy [*usei rum escuro]
6 colheres de sopa de manteiga sem sal gelada cortada em cubinhos
2 xícaras de farinha de trigo
1/3 xícara de açúcar mascavo [*distraí nesse detalhe e usei o comum]
1 colher de chá de sal
4 colheres de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de nos moscada ralada
1/2 colher de chá de gengibre em pó
1 ovo
1 xícara de buttermilk
1/2 xícara de suco de laranja
Açúcar de confeiteiro para decorar
Misture as frutas com o rum/brandy e açúcar. Deixe macerar.
Pré-aqueça o forno em 400ºF / 205ºC.
Forre uma assadeira com uma folha de parchment paper. Unte com manteiga e polvilhe com farinha.
Num processador misture a manteiga, farinha, açúcar, sal, fermento e especiarias e pulse até ficar bem incorporado. Separadamente bata o ovo com o buttermilk e vá acrescentando à mistura de manteiga e farinha no processador, enquanto pulsa, até obter uma massa consistente. Se precisar, acrescente mais farinha. Abra a massa e estenda na forma preparada com o papel e untada. Coloque a mistura de fruta no centro e dobre em volta, formando um círculo com borda grossa. Asse por 45 minutos.
Numa panela misture o suco de laranja com o rum/brandy que sobrou da marinada de frutas. Reduza em 2/3. Tire a crostata do forno e pincele com esse xarope de laranja. Pra economizar tempo, eu misturei uma colher sopa de geléia de limão com o rum e pincelei a torta. Polvilhe com açúcar de confeteiro. Sirva quando estiver fria.