seis graus

A rainha Faby me conta que um dos melhores amigos do marido dela – um amigo de adolescência, ligou para parabenizá-la pela reportagem no Estadão. Na onda, ele revela uma informação extra: a prima dele também estava na reportagem. Quem é o amigo do marido da Faby? Meu primo Paulo, filho da tia Maria José, que deu a receita do Chucrute com Salsicha para a minha mãe.

A querida Cris está me ajudando a encontrar um lugar legal em Campinas para fazermos um encontrinho dos blogs de culinária quando eu estiver por lá. Ela me escreve pra sugerir um restaurante bem bacana – o Terraço Rosário no shopping Galleria, bem localizado e de fácil acesso para todos. Trocamos algumas informações particulares e rapidamente desdobram-se revelações incríveis: a Cris trabalha na IBM com o meu cunhado Beto, irmão do Uriel.

Estamos todos de uma maneira ou de outra interligados – não tenham e menor dúvida disso!!

um thanksgiving sem peru

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[Thanksgiving 2004—em destaque no buffet, a minha famosa torta de tomate]

Nós costumamos passar o Thanksgiving com a Reidun, a sogra do meu filho. Ela nos convida todo ano, e faz o almoço/jantar com todos os elementos da clássica comemoração americana. Eu curto muito essa celebração, porque é uma festa de família e comida, sem aquela neuras de presentes que é o Natal. Dizem que o Thanksgiving é o feriado mais importante para o americano, deixando até o Natal para trás. Eu entendo o por que disso, e acho fabuloso uma festa para agradecer! Então todo ano vamos para o Marin county no final de novembro e comemos o peru assado—sempre preparado pela minha nora, que passa o dia em função do bicho, temperando e untando de hora em hora com manteiga. Para acompanhar sempre tem batatas em forma de purê ou apenas cozidas—ítem que não pode faltar na casa de uma norueguesa—além de gravy, cranberry sauce, batata-doce, vagens, ervilhas, cenouras, brussels sprouts, stuffing que recheia o peru e é geralmente servido separado, saladas e pães. Sobremesas de torta de maçãs e de abóbora. Tem sempre um toque diferente aqui ou ali, como a adição de uma salada de palmito ou uma torta de tomate trazidas por mim. Mas no geral o cardápio básico é sempre o mesmo.

Neste ano vamos ter um Thanksgiving diferente aqui em casa. Uma grande amiga da Reidun ficou viúva e ela decidiu passar esse dia na companhia dela. E também o Gabriel e a Marianne embarcam para o Brasil no dia seguinte, então ninguém vai estar com cabeça para assar peru. Eu também não estou, por isso resolvi que vou fazer uma bacalhoada, tudo simples e rápido, pois estou um pouco apavorada com a falta de tempo que vou enfrentar nessas festas de final de ano. Vou chegar do Brasil no dia 16 e vou ter exatamente seis dias para preparar o Natal que vai ser outra vez aqui em casa, com o meu irmão, cunhada e sobrinhas, mais a família da Marianne. Acho que vai ser um potluck Christmas, tudo diferente, como esse Thanksgiving com bacalhau!

from the farm

Howdy everyone, your baskets are ready to be picked up here at the farm.
Happy Thanksgiving! We hope the veggies in your baskets today will add beauty and farm-fresh flavor to your tables this Thursday. Today’s bounty consists of garlic, “scunions,” broccoli, cabbage, cauliflower, Red Russian kale, arugula, beets, Acorn squash, sweet potatoes, eggplant, tomatoes, parsley, mixed herbs, and escarole. Escarole is a type of chicory, usually eaten raw as a salad green. Its roots are also dried and ground up into a powder, which is used for flavoring various dishes. Some people add a pinch of chicory to their morning coffee… in fact, back when coffee was still a luxury product, chicory was often used as a substitute! You may notice that the escarole leaves have a slightly bitter flavor, but they’re quite tasty in salad with a good dressing, and in soups. We hope you’ll enjoy this new addition to your baskets! Today’s veggies were picked and packed with love by Tracy, Jo, Catherine, Coby, Sophia, Erica, Rachel, Raoul, Su Lan and Dori.

Uma belíssima polenta

Apesar de eu ser descendente de italianos, na minha casa nunca se fez muita polenta. O macarrão sempre foi o elemento forte e dominante da nossa cultura carcamana. Li ou ouvi que a polenta é mais comum no norte da Itália e minha família veio do sul – Potenza. Além da falta de familiaridade com esse prato, eu ainda tinha um certo preconceito com relação à sua preparação, pois eu sempre achei que dava uma trabalheira sem fim. Imaginava o feitio da polenta envolvendo horas de trabalho intenso, mexendo o fubá sem parar num tacho de ferro com uma colherona de pau. Aquela coisa de criar músculo e suar bicas. Lembro de ter ido uma vez à uma festa típica de uma comunidade tirolesa perto de Piracicaba e como chegamos tarde, ficamos a ver navios, sem comer, pois a venda da polenta tinha se esgotado. Ficamos parados lá no meio da muvuca sentindo o cheirinho e vendo bandejas cheias de pratos com o creme amarelo acompanhadas de frango passarem pra lá e pra cá, sobre as nossas cabeça. Prometemos voltar no próximo ano e comprar os ingressos para a comida antecipadamente, mas nunca fizemos. Embora eu adorasse comer os quadradinhos fritos nas churrascarias, a polenta pra mim sempre foi um prato meio desconhecido, que nunca tive a chance de realmente apreciar.
De vez em quando eu comprava no supermercado uns rolos de polenta pronta, que eu tentava fritar e matar um pouco da vontade de comer aquelas deliciazinhas fritas dos restaurantes brasileiros. Mas nunca consegui replicar a guloseima. Outro dia, olhando a seção das farinhas no Co-op, vi a farinha própria para polenta e decidi que deveria largar mão de ser frescona e arriscar um pouquinho mais nas minhas receitas. Pelas instruções da embalagem, aquilo não parecia ser um bicho-de-sete-cabeças. Comprei um pacote, apertei a ponta do nariz prendendo a respiração e tchiiguuun, mergulhei nas águas desconhecidas da preparação desse tradicional prato italiano.

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Nas fotos a polenta já é quase finita! Quando o Uriel falou brincando – essa é a piada da hora aqui em casa agora – você não vai tirar uma foto, já estávamos quase acabando de almoçar. Mas resolvi registrar o evento mesmo assim!
Polenta da Italiana do Sul
Ponha 3 xícaras de água com sal para ferver numa panela de ferro. Quando ferver, adicione 1 xícara da polenta e vai mexendo até engrossar com um batedor de arame – uns 5 minutos, nem chega a cansar! Quando já estava bem grossinha, juntei umas mini-linguiças cortadinhas em rodelas e uma colher de sopa de cebolinha picada, que era o que eu tinha na geladeira. Eu fiz tudo numa panela só, pois sou assim, sempre me arranjo pra ter menos coisas pra lavar. Usei uma panela que vai ao forno. Então por cima da polenta coloquei uma camada de molho de tomate bem grosso – usei um que fiz dos meus tomates da horta e congelei. Penerei o molho pra não ficar nenhum pedacinho de tempero. Por cima do molho coloquei fatias de dois tipos de queijo – Panela e Provolone, que era o que eu tinha na geladeira. Coloquei no forno por uns 30 minutos. Ah, ficou tão boa que nem acreditei! Eu fiz polenta! Eu fiz polenta!

Feijoa

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Na barraquinha do Farmers Market essas frutinhas estavam sendo vendidas como um tipo de goiaba mexicana, cultivadas na Califórnia. Experimentei uma e achei o gosto bem parecido com a goiaba mesmo, só que com bem menos sementes e uma polpa incrívelmente perfumada. A casca é amarga e é mais comum se comer só a polpa, com uma colher. Foi o que fizemos hoje no almoço. Depois fui dar uma pesquisada na frutinha e descobri que ela é original do extremo Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Quem diria, hein? Tantos anos no Brasil e nunca tinha visto uma dessas…

dá pra pôr num marmitex?

Essa história já foi contada e recontada na minha família zilhões de vezes. Virou uma fábula.
Quando eu ia ao Rio, ou ela ia a Campinas era comum passarmos as noites em claro conversando. Como a gente conversava, e como curtíamos a companhia uma da outra. Na última vez que fui ao Rio visitar a minha prima Helô, os nossos convercês atravessaram as madrugadas, o que era um tantinho sacrificante para os nossos filhos – o meu Gabriel com uns seis anos, e o Pedro dela, com uns quatro. Acordávamos tarde, tomávamos aquele café da manhã longo e ficávamos na mesa conversando, conversando… Íamos jantar super tarde, era uma bagunça geral. Pobres crianças, filhos inocentes de duas malucas.

Num belo domingo, levantamos super tarde, tomamos café e ficamos na mesa até tardão, nem pensamos em almoço nem nada, até que alguém sugeriu irmos comer numa churrascaria rodízio. O marido da minha prima era amigo do dono do lugar, então o cara ofereceu um desconto para a nossa mesa. Beleza pura! Sentamos para comer e o Gabriel simplesmente desembestou. Encheu o prato com tudo que era possível e toda carne que era oferecida ele aceitava. Ficamos de olhos esbugalhados olhando o guri comer. E como ele comeu! Na hora de pagar, o dono da churrascaria falou – olha, vou dar o desconto como prometi, mas vou ter que cobrar aquele menino como adulto, pelo tanto que ele comeu.

O marido da minha prima pagou a conta e voltou rindo, inconformado, nos contando o ocorrido. Começamos a rir também, quando vimos um garçon se aproximar do Gabriel e ouvimos ele pedir – dá pra você pôr os restos num MARMITEX que eu vou levar pra casa?

Pobre guri, filho de uma mãe desnaturada, estava tentando se prevenir. Vai que não tivesse almoço no dia seguinte! Até hoje não me conformo – que dóóóó!!!!