toda quarta e sábado

Eu sou bem puxa-saco da minha cidade, porque adoro morar aqui, acho Davis um lugar especial. Uma das coisas que gosto muito aqui é o nosso Farmers Market. Toda quarta e sábado, faça chuva ou faça sol, o mercado está lá no parque central da cidade, vendendo as coisas mais gostosas e fresquinhas possíveis, tudo orgânico e de produtores locais. Durante o verão o mercado fica pululando de coisas deliciosas e sempre lotado de gente comprando. Eu procuro ir todos os sábados. Vou à pé, pois moro bem perto. Nas quartas, durante o verão, eles promovem um picnic ao lado do mercado, com música ao vivo. Nós também aproveitamos esses dias. Ontem fui ao mercado com a minha sacolona de pano, e fiquei até emocionada com a quantidade e variedade de tomates que eu vi nas banquinhas. Lá tem de tudo, e os produtos vão variando conforme a estação e a produção. No mês retrasado os damascos abundavam, agora são os pêssegos e ameixas. O mercado é comprido e eu caminho por ele duas vezes, ida e volta. Vou comprando o que me interessa. Adoro os cogumelos que são vendidos lá, e as frutas. Além das frutas, verduras, legumes e ervas, tem também pão, azeite, azeitonas, batatas, pistachos, amendoas – essas, peloamordedeus, são maravilhosas, tostadas com uma cobertura de caramelo, ou laranja. Tem comidas étnicas, pretzels alemães, tortillas e salsas mexicanas, pães do oriente médio, doces europeus, queijos, peixes, carnes, linguiças, ovos, suco de maçã ou de limão, as flores maravilhosas e as pipocas! No meio do caminho da volta eu sempre paro num carrinho de sorvete, onde duas meninas vendem os melhores picolés que eu já provei, os Aisu Pops feitos à mão, com os ingredientes mais frescos e as misturas mais interessantes. O de limão kaffir com abacate foi o melhor que já comi, com um sabor que me lembrou os cremes de abacate que eu comia na minha infância. Ontem peguei um de baunilha, berries e iogurte. Volto do mercado sempre carregada de coisas, e devorando as delícias pelo caminho. Uma das melhores coisas da vida!

a pêra crocante

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O produtor de quem eu compro pêras no Farmers Market me disse que ele cultiva dez tipos diferentes dessa fruta. Eu gosto dessa variedade asiática, por causa da textura. Acho também que elas são menos doces que as outras mais moles. Sempre que compro essas pêras lembro da minha querida amiga Alessandra. Eu comprava a pêra asiática no mercadão de Piracicaba, quando morei lá nos no final dos anos oitenta, e quando eu falava pra Alessandra que essas frutas eram crocantes, ela se acabava de rir e dizia—só na casa da Fer que se come pêras crocantes!!!

uma boa e honesta salada

Eu gosto de ir à um restaurante grego aqui em Davis, o Symposium quase que somente por causa das saladas que eles servem. Não é nada especial, não tem ingredientes sofisticados, são saladas super simples, mas com um tempero honesto, que eu valorizo muito.

Pra mim o que estraga as saladas servidas na maioria dos restaurantes aqui nos EUA é o molho. Eu DETESTO molho pronto, molho de vidro, desses cheios de coisas dentro e preservativos. Sou adepta da simples e eficiente mistura de azeite, vinagre e sal. Gosto de usar vinagres diferentes, ervas, detalhes interessantes para deixar o molho mais caprichado. Uso muito mostarda em pó ou preparada nos meus molhos. Ou iogurte. Ou sour cream. Mas eu gosto de misturar, não gosto de usar molhos preparados.

Então você vai a um restaurante mediano e pede uma salada. Ela vem encharcada, inundada, afogada num molho pronto. Eles listam pra você – italian, ranch, balsamic, honey mustard, thousand island, vinagrete… Muito raro um desses molhos enriquecerem a salada. Normalmente eles destroem tudo… Eu aprendi a pedir sem molho ou com o molho separado, assim uso só um pouquinho.

Mas no Symposium, não tenho problemas com salada. Geralmente peço uma com alface picadinha, batata cozida, ovos cozidos, tomates, azeitonas kalamata, alcaparras, cebolinha verde. E o molho – só pode ser vinagre de vinho, azeite, sal e pimenta. Tudo na medida certa – 1/3 de vinagre ou suco de limão, ou os dois misturados e 2/3 de azeite.

Meus molhos são os mais variados. Mas aprendi a fazer um molho coringa com uma amiga suíça – uma perfeccionista, que também me ensinou um truque que eu uso até hoje para levar saladas em potluck parties: colocar os ingredientes para o molho no fundo de uma saladeira. Bater bem com o batedor manual. Colocar os ingredientes da salada por cima do molho. Não misturar. Cobrir com filme plástico e guardar. Na hora de servir, misturar bem o molho com a salada. É uma técnica perfeita, especialmente se você quiser levar uma salada de folhas, que certamente vai murchar se for misturada com o molho com antecedência. Isso evita que você tenha que levar o molho numa vasilha separada e que faça sujeirada na hora de misturar.

Este é o molho clássico para saladas da Annemarie:
Misture bem:
Vinagre de maçã
Azeite de oliva extra-virgem
sal/pimenta moída na hora
mostarda preparada
ervas frescas ou desidratadas [* eu uso muito o dill e as chives]
Esse molho dura muitos dias guardado na geladeira.

salada de tomatillos

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Toda semana eu tenho recebido um saco de tomatillos na cesta orgânica. Esses tomates estranhos não são exatamente tomates, mas parentes próximos. São muito comuns no México e usados para salsa e outras receitas típicas. Eu não sou muito de fazer salsa, então estou num horrível dilema, pois não sei o que fazer com esses tomatillos. Muitos já foram para o lixo, pois se eles amarelam [amadurecem], não prestam mais para serem usados. Tem que retirar a casquinha, lavar bem, pois eles são meio oleosos por fora. Um dia eu resolvi fazer uma salada com eles e não ficou mal. O negócio é que os tomatillos são bem ácidos e precisam de um molhinho suave para contrabalançar. Qualquer vinagre com fruta -laranja, o mais comum, dá conta do recado. O azeite também ajuda a suavizar. Adicionei coentro fresco, que é uma erva bastante usada na cozinha mexicana e que combina muito bem com os tomatillos.

o primeiro encontro com a sopa em lata

Na introdução de The Art of Eating, Anna Parrish, a filha mais velha da autora M. F. K. Fisher, escreve um pequeno parágrafo sobre a sua mão. Ela conta que seus amigos ficavam embasbacados quando jantavam com ela, pois a mãe servia coisas simples e boas, como uma prato de salame, prosciutto e melão, uma salada de alface, pão e vinho. De sobremesa uvas ou sorvete.

Lendo isso me lembrei de muitas histórias da minha inocência culinária, fazendo coisas simples e boas – como sempre fiz, mas pra audiência errada. Nos nossos primeiros meses no Canadá, a filha de um casal de amigos se encantou com o meu filho. Ela devia ter uns sete anos e o Gabriel tinha dez. Um dia ela se convidou para dormir em casa e passar o sábado lá. Nem lembro se o Gabriel curtiu aquilo, mas ele sempre foi extremamente gentil.

Fui logo perguntar o que a menina gostava de comer e quando ela disse que a comida preferida dela – ever – era sopa de cogumelos, fui correndo ao supermercado, comprei os cogumelos mais frescos que encontrei e fiz aquela sopa simples, saborosa e linda. Na hora no almoço a menina veio toda pirilampa, sentou-se para comer e quando olhou para o prato fez uma careta de nojo e desapontamento, enquanto mexia a sopa com a colher como se estivesse revirando uma lavagem de porco. Saiu da mesa abruptamente dizendo que tinha mudado de idéia, não estava com fome. Eu depois fui perguntar, mas como, você não quer comer nada, não esta com fome, como pode, brincou a manhã toda, e a educadinha canadense disse sem papas na língua – eu não gostei dessa sopa que você fez, eu gosto da sopa de cogumelos DE LATA!

Bom, a partir daí vi que não podia mesmo fazer nada. Eu não podia ousar competir com uma lata de sopa Campbell.

spicy green salsa

A receita desse molhinho veio numa Everyday Food especial sobre carnes grelhadas. Ele é um excelente acompanhamento para qualquer carne feita na churrasqueira ou no forno. Quando eu faço churrasco de tri-tip, que eu chamo de picanha, preparo esse molho pra acompanhar. Meu filho adora!
1/2 xícara de coentro fresco
1 colher de sopa de pickles de jalapeños [encontra na seção de comida mexicana dos supermercados – inteiro ou em fatias, em lata ou em vidro]
3 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de sopa de água
1 colher de chá de vinagre de vinho tinto
1/4 colher de chá de sal grosso [coarse]
Bata tudo no food processor ou liquidificador. Guarde na geladeira. Dura três ou quatro dias refrigerado.

a melhor pipoca do planeta

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Essa pipoca é a melhor que eu já comi. Compro sempre que vou ao Farmers Market, na barraquinha do Gold Rush Kettle Korn. Eles fazem a pipoca num caldeirão imenso de metal, e ficam mexendo com uma colherzona de pau enquanto a pipoca estoura. Adicionam uma mistura de açúcar com sal que é simplesmente perfeita. A pipoca é crocante, nem doce nem salgada, se conserva fresquinha por vários dias. Eu compro um pacote que eles chamam de “pleaser”, que custa $5 e dura três ou quatro dias. Sou viciada nessa pipoca… Adoro!

salada de berinjela assada

Mais uma receita com tomate. Essa época do ano é assim mesmo… Estou tendo que me virar pra gastar a tomatada e agora a colheita dos cerejas está a todo vapor. Então vi essa receitinha numa Everyday Food do ano passado e mandei bala.

Corte uma berinjela grade em cubos. Coloque de molho na água salgada ou avinagrada por uns minutos. Coe, seque, coloque os cubos espalhados numa forma, regue com azeite, coloque em forno médio até elas assarem. Pode fazer na churrasqueira também. Eu fiz um dia antes e guardei na geladeira.

Na hora de montar salada, coloque os cubos de berinjela numa vasilha, acrescente tomates cereja cortados ao meio e folhas de basilicão cortadas em tiras finas. Numa vasilha separada faça o molho com vinagre de vinho tinto, azeite, sal, pimenta do reino. Bata bem e jogue na berinjela. Misture e sirva.

Pode jogar pedaços de feta cheese também. Mas isso é idéia da minha cabeça, não estava na receita.