finalmente uma gadget realmente pratica!

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crique & amprie

Desde março que temos uma Ikea a dez minutos da minha casa, em West Sacramento. Então de vez em quando dou uma passadinha por lá, pois adoro as coisas de cozinha que eles vendem. Desta vez fui mesmo para comprar uma poltrona, dessas super confortáveis para sentar e afundar para ler livros e revistas, e acabei comprando uma mesinha pra sala, pois eu não gostava muito da que eu tinha e me apaixonei por uma que abre, encaixa uma parte extra para estender o comprimento e ainda tem um espação para storage. Além da poltrona, da mesinha de sala, ainda comprei um monte de outras coisinhas. Entre elas essa gadget simplesmente o máximo, útilissima, perfeita para a minha pia e para as minhas lavagens semanais de legumes, verduras e frutas. É uma cesta tipo coador, com uma base para ser mantida em pé e dois aros que abrem e fecham, que permitem que voce encaixe direitinho no tamanho da sua pia. Adorei esse treco e tenho usado direto desde que comprei. Gosto quando compro gadgets úteis assim, por que das inúteis os meus armários e gavetas já estão cheios.

a super pêra

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Ainda não sei o que vou fazer com essa pêra – talvez apenas fatiar e comer pura. Comprei na barraquinha das pêras fantásticas no Farmers Market. É um produtor estrangeiro, de algum país do oriente médio. O pai, um sujeito bonitão sempre usando um chapéu de palha quadrado, uma vez me perguntou se eu era do oriente médio também. Eu sempre ouço essa pergunta, quando não escuto palavras numa lingua estranha sendo dirigidas à mim, com uma saudação típica. Culpa da minha cara de Samira Magnani… Mas voltando à pêra, ela é realmente enooooooorme!!

pizza é napolitana

Meu filho não visita o Brasil desde 1997. Novembro ele estará chegando em São Paulo com a namorada Marianne. Meu irmão irá buscá-los no aeroporto para levá-los para Campinas, onde a família com certeza estará aguardando com bandinha de música, bandeirinhas flamulantes, bexigas e serpentinas coloridas. Combinando com o tio os detalhes da chegada ele falou:

—quero que você pare na primeira pizzaria que passarmos pela frente, antes mesmo de chegar na casa do vovô.
—pizzaria, Gabriel?
—sim, quero comer uma pizza portuguesa, aquela com cebola, presunto, ovo cozido.

Ouvi esse diálogo e fiquei rindo com a boca aberta, mostrando todos os meus dentões. Pizza portuguesa, Gabriel?? Isso é um oximoro!

um bolinho de chocolate para adoçar o dia

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Muito obrigada à todos que deixaram recadinhos por aqui! Abri e li cada um com a alegria de quem abre um pequeno presente especial! Fiquei muito feliz!

Hoje, de idade nova, me sinto uma mulher cada vez mais realizada. Meu marido sempre vem com aquela pergunta de quem não sabe comprar presente—o que você quer de aniversário? E eu sempre respondo que não sei, porque eu tenho tudo o que eu quero. Não tenho wish list. Ele tem que se rebolar pra fazer coisas criativas. Neste ano acho que vou ganhar uma massagem/banho de lama em Calistoga. Não riam, eu até que achei legal a idéia dele.

Nossas comemorações de aniversários sempre envolvem um almoço ou um jantar num restaurante da preferência do aniversariante, e um bolo pós-rango. Minha escolha pra ontem seria uma bodega espanhola, mas eles não servem almoço no domingo, então fomos à um desses de cozinha californiana. Comemos muito bem, eu pedi uma salada niçoise de salmão e um flat bread com queijo, acompanhado de vinho branco. O pão nunca pode faltar!

Viemos pra casa, onde um bolinho que eu encomendei no Ciocolat nos aguardava. Bebemos chá, pois o tempo mudou radicalmente ontem, e entramos definitivamente no outono. Depois recebi visitas, que lembraram do meu dia e vieram tomar um vinho comigo. Falei com todos da minha família no Brasil, foi um aniversário típico. Eu pensei por muitos meses que deveria fazer uma festona, muita gente, muita comida, mas isso realmente não é o meu estilo. Eu não cozinho no meu aniversário, não lavo nem um copo, não faço nada, só aproveito o meu dia!

obladi oblada

Porque o dia vai ser cheio, o post vai ser Seinfeld style, sobre nada. Porque não pára de chover e o dia está escuro. Porque estou trabalhando em vários projetos e um deles – segredo – é muito especial. Porque fico triste que meus gatos não são amigos. Porque decidi comer uma maçã por dia, mesmo não curtindo muito essa fruta. Porque não mexi a bunda ainda para nada relativo ao Natal. Porque estou animada para ver o mar no inverno. Porque estou aceitando mais desafios. Porque admiro pessoas que tem classe. Porque desprezo gente babaca. Porque meu travesseiro cheira a sachê de açaí. Porque eu simplesmente amo filmes antigos. Porque tento cozinhar peixe uma vez por semana. Porque me falaram mais uma vez que eu pareço com a Nigella Lawson. Porque vou precisar pegar na vassoura em breve. Porque estou sempre ouvindo Blues tradicional. Porque eu não ligo pra modismos. Porque estamos sempre rindo. Porque eu sou desorganizada pacas. Porque ele também é. Porque a água me anima e me conforta. Porque quero assar um bolo. Porque os legumes e verduras deixam a geladeira colorida. Porque tudo aqui cheira a lavanda. Porque tenho muitas pilhas de revista. Porque estou sempre click-click-click. Porque gosto de inovar. Porque também gosto de tradição. Porque nunca vamos ser iguais. Porque eu não consigo parar de tricotar. Porque eu não gosto de falar com qualquer um no telefone. Porque eu gosto de papear com a minha irmã no telefone. Porque eu sou Esther Williams. Porque eu sonho muito, demais. Porque eu tenho amigos que eu adoro. Porque bebemos muita limonada. Porque não consigo parar de escrever, mesmo que eu só escreva sobre o nada.
*post reciclado do The Chatterbox, de 8 de dezembro de 2004.

A Raposa Vermelha

Minha melhor amiga no colegial, a Teresa, era neta e sobrinha das proprietárias da Raposa Vermelha. Por anos, a Raposa foi uma loja de discos e livros, novos e usados, instalada na garagem/basement da casa da Dona Olga e da Ieda na rua Padre Vieira, em Campinas. Era uma casa antiga, de dois andares, mais o porão, toda pintada de um roxo cor de berinjela. Era um dos lugares mais cool da cidade para se ouvir a melhor música, achar raridades. As paredes da loja eram cobertas de posters de bandas e músicos. Aquilo era um paraíso. Sempre inovadoras, Dona Olga e sua filha Ieda praticavam a macrobiótica e resolveram abrir um entreposto. A Teresa trabalhou lá por um tempo e me chamou para substituí-la quando precisou parar. Era 1980. Foi meu primeiro emprego! Eu ganhava uma miserinha, mas adorava trabalhar lá. A loja de macrobiótica foi instalada no porão da casa, entre a loja de discos e livros e uns cômodos ultra maravilhosos, decorados com móveis antigos, onde a Ieda lia tarôt e vendia umas roupas super transadas. Pra chegar na loja macrô tinha que atravessar a loja de música, entrar num corredorzinho e voalá, atrás de um balcãozinho de madeira crua ficava eu, toda odara, extremamente tímida e reservada, lendo livros e vendendo os produtos. Às vezes eu tinha que ensacar arroz integral, que a Ieda comprava no atacado. Outras vezes eu reorganizava as prateleiras. Quando chegava cliente, eu orientava, cobrava a mercadoria, empacotava muito simplesmente em sacos de papel e dava troco, essas coisas. Mas na maioria do tempo a loja ficava vazia e eu ficava ouvindo as músicas maravilhosas que o Fer, que trabalhava na parte de discos, tocava o tempo todo, e lendo os livros macrôs e naturebas da pequena livraria, que oferecia literatura básica e avançada sobre o assunto. Eu li muito nessa época – li e me surpreendi com o fato de que eu era NORMAL na minha repugnância por carnes. Naquela época eu encontrei a minha turma, mesmo sendo eu uma natural born e sem nenhuma idéia filosófica sobre alimentação natural, carnes, açúcar, eteceterá.

A Raposa Vermelha mudou a minha vida. Eu passava as minhas tardes lá, se não lendo, ouvindo os papos mais variados do pessoal que frequentava a loja, entre eles muitos malhadores da Coca-cola e demonizadores do açúcar branco. Um deles batia ponto no local diariamente e contou uma vez como ficou envenenado depois que comeu uma lasca de frango e do barato que ele sentiu respirando oxigênio puro nos tubos quando ele mergulhava. Era cada história… Pra mim era tudo o máximo! Um dia um casal muito estranho entrou na loja e ficou numa atitude suspeitíssima num cantinho da loja [e ela era minúscula!] onde ficavam uns produtos bem caros. Eu fiquei com a pulga atrás da orelha, mas a loja estava cheia e não pude prestar muita atenção as manobras do casal. Quando o movimento acalmou, fui lá no cantinho ver o que o casal olhava tanto e vi que uma das caixinhas daqueles suplementos importados estava aberta e vazia. Eles tinham roubado o negócio. Contei pra Ieda e ficamos confabulando sobre essa história. Um dia a Ieda veio me contar que estava iniciando um papo com aquele fulano assíduo da loja, o do barato do oxigênio, contando as preliminares do roubo, falando algo do tipo, nossa, a gente confia nas pessoas e vê só no que dá, elas nos roubam, quando o cara começou a chorar e a pedir perdão! Sem querer ela provocou a revelação de outro meliante, que confessou aos prantos que toda vez que ia ao banheiro da loja – onde ficavam estocados alguns produtos, ele embolsava algo. Ficamos pasmas e rimos muito! O cara voltou a frequentar a loja, mas nunca mais pediu para usar o banheiro.

* Por que o nome da loja era A Raposa Vermelha? Por causa da raposa vestida de vermelho da capa do álbum Foxtrot do Genesis ainda com o Peter Gabriel, de quem o marido da Ieda era fã.