Bolo de gengibre

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Estou tentando melhorar as minhas habilidades fazendo bolo. Como sempre fui uma negação nessa área, estou adorando conseguir seguir receitas e fazer bolos gostosos. Essa receita eu tirei da revista Everyday Food da Martha Stewart. É um bolo super tradicional daqui da América do Norte. E como toda receita testada na cozinha maravilhosa da Marthinha, ficou ótimo. Eu recomendo que se use a forma que eles indicam na receita – a Bundt com um furo no meio.
ginger cake
1 xícara de gengibre fresco moído
3 xícaras de farinha de trigo
2 colheres de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de cha de sal
1 1/2 xícara de açúcar
2/3 xícara de melado
2 ovos
1 xícara [2 tabletes] de manteiga sem sal derretida
1/3 xícara de água quente
açúcar de confeiteiro pra enfeitar
Aqueca o forno em médio [350ºF/ 176ºC]. Unte a forma com manteiga ou spray e salpique com farinha. Misture a farinha, o bicarbonato e o sal, dissolvendo bem com o batedor de ovos. Numa vasilha separada bata os ovos com o açúcar e o melado até ficar bem cremoso. Acrescente a manteiga e 1/3 xícara de água quente. Coloque a mistura de farinha e bata bem. No final acrescente o gengibre moído. Coloque a massa na forma untada e asse por 45 minutos. Deixe esfriar completamente antes de desenformar. Decore com açúcar de confeteiro polvilhado com uma peneira.

o angu

Todo mundo tem seus dias de desastre na cozinha e hoje foi o meu. Querendo aproveitar o estoque de legumes orgânicos na geladeira, resolvi fazer uma sopa, que cozinhou, cozinhou e começou a ficar estranha. Adicionei uns feijões, também da cesta orgânica, e dai o negócio ficou parecendo o conteúdo de um caldeirão borbulhante de bruxa. Bati tudo no liquidificador na esperança de melhorar o aspecto da gororoba, mas a situação só piorou. Foi então que resolvi adicionar uns macarrõezinhos….

Dizem que a fome é o melhor tempero, mas nem isso ajudou. O acompanhamento também ficou péssimo, a sobremesa decepcionou, o jantar foi um completo desastre e tenho certeza que ninguém vai querer a receita.

Friday Night Fever

Em Orleans ficamos num Holiday Inn de beira de estrada, o que foi um tremendo alívio, pois não precisamos nos perder pela cidade para achar o hotel. Saímos do pedágio — dele não escapávamos nunca — e já entramos no estacionamento do hotel. Com essa economia de tempo tivemos a chance de sair caminhando calmamente depois de um banho e procurar um restaurante para jantarmos sossegados.

Logo na outra esquina encontramos uma brasserie—Le Bouche à Oreille. Era um local simpático e logo que entramos escutamos a música. Nas sextas-feiras havia a animation musicale, transformando o local num restaurante dançante. Não sei onde vi isso antes, se na minha infância de interior ou em algum filme, mas eu não conseguia parar de sorrir com a familiaridade daquela situação. As mesas do restaurante se posicionavam ao redor de uma pista de dança, onde os comensais se requebravam antes, durante e depois da sobremesa e do licor digestivo. No pequeno palco, que se elevava em um degrau, uma duplinha super animada botava pra quebrar. Um tocando keyboard, que fazia o som de uma banda completa, e o outro cantando com muita animação.

Nós pedimos a comida à la carte, depois de perguntarmos em francês se alguém ali falava inglês, ou português, ou espanhol. Nada. Com gestos, apontando, sorrindo amarelo, suando, conseguimos pedir uma água Perrier, uma cerveja Stella Artois sem álcool, um frango com arroz e um bife com batata frita. Ufa. Estava muito divertido ver o pessoal dançar e a comida estava muito gostosa. A garçonete até que se esforçou muito para não nos deixar passar fome, nem acabar comendo carne crua ou tripa.

A ironia desse nosso jantar na brasserie de Orleans foi que enquanto nos descabelávamos para decifrar o menu em francês e nos comunicarmos com a garçonete, a duplinha musical cantava hits EM INGLÊS e os dançantes faziam conjuntamente passinhos de square dance, imitando os bailes country norte-americanos, enquanto cantavam acompanhando a música. E cantaram especialmente alto e excitados quando a duplinha interpretou um sucesso da Shania Twain – Man! I Feel Like A Woman!

Rolinho de repolho com camarão

No inverno é um tal de vir repolho na cesta orgânica que até cansa. Eu não sou uma “repolho person” [sou mais batata ou tomate] e nem sei muito bem como preparar essa verdura, então tenho que usar a criatividade para gastar a repolhada.

Com o repolho roxo eu faço salada. Ou um acompanhamento pra porco, meio chucrutal, mas nem tanto: cozinha o repolho roxo cortado em tiras fininhas com maçã picada, vinagre, sal e açücar. Serve frio.

Com o repolho comum eu também faço salada e quando tenho paciência uns charutos, que recheio com arroz cozido misturado com nozes.

Mas ainda tem o repolho crespo, aimeudeusdocéu. O que fazer com o bendito? Folheando a revista Martha Stewart Living de Janeiro/06 achei uma receita fácil e com uma cara ótima, pra usar o repolho crespo. Dei uma adaptada na receita, como sempre, mas ficou muito bom. Acho que é um prato legal tanto pra se fazer no inverno, servido quente, quanto no verão, servido frio.

A receita:
Shrimp Rolls with Citrus-Ginger Dipping Sauce
Para o molho:
Misture o suco de uma laranja com o suco de um limão pequeno, 2 colheres de sobremesa de gengibre fresco ralado, um pouquinho de óleo de gergelim, sal e açúcar. Misture bem e sirva com os rolinhos.
Para os rolinhos:
Umas 6 folhas de repolho crespo [savoy cabbage]
Uma bandeija de camarão pequeno
Sal à gosto [use sal grosso]
Um punhado de avelãs [a receita pede castanha portuguesa, mas como eu não tinha, usei avelã e ficou muito bom. amendoa também deve ficar]
Um pedaço de uns 4 cm de gengibre fresco picado
Bastante coentro fresco
Pode por alho e pimenta vermelha fresca, mas eu não coloquei.

Moer todos os ingredientes juntos num food processor até ficar uma pasta bem consistente. Rechear as folhas de repolho com essa mistura e formar rolinhos. Coloque os rolinhos num bamboo steamer ou outro tipo de panela que cozinhe no vapor. Coloque o steamer sobre uma wok ou qualquer panela larga com um dedo de água. A água não pode tocar nos rolinhos. Cubra e deixe cozinhar no vapor por uns 15 ou 20 min. Servir com o molho de laranja.

Tortilla Espanhola

Na minha infância eu comi muita dessa omelete de batata, que agora descobri as origens e o nome verdadeiro – tortillas da Espanha. A primeira vez que ouvi a palavra tortilla se referindo à omelete velha conhecida minha, não entendi direito, pois estava acostumada com as tortillas mexicanas, muito comuns aqui e que são somente umas panquecas de farinha de trigo ou de milho. Uma espanhola de Barcelona que me explicou que as tortillas deles eram bem diferentes. Mas na realidade iguais pra mim, pois eh exatamente a receita que a cozinheira fazia na casa dos meus pais. Eu faço muito durante o verão, quando recebo batatas fresquinhas e deliciosas na minha cesta orgânica. Se você nunca comeu uma batata colhida na manhã do dia em que você vai usá-la, não sabe o quanto de sabor uma simples batata pode ter.

A receita, como eu faço:
Lave bem batatinhas bem pequenas. Corte em quatro. Eu nem descasco, porque as minhas são orgânicas – alías, aprendi com os noruegueses e americanos a não descascar batatas, mas isso dá outro post, pra outro dia.

Numa frigideira de ferro, frite as batatinhas em azeite [ou óleo] até elas ficarem um pouco douradas. Desligue o fogo e acrescente cebola em fatias finas e pimentão verde em fatias finas. Por cima despeje uma base de omelete – ovos, um pouco de leite, sal e pimenta do reino. Coloque a frigideira no forno e asse até ficar firme e dourada. Sirva com uma salada de tomates e cerveja gelada.

food bloggers in Davis, CA

Eu leio muitos food blogs em inglês. Alguns estão bem próximos de onde eu vivo, como os de San Francisco. Mas não sabia de nenhum aqui na minha cidadezinha, uma pequeno university town de 60 mil habitantes. Mas a Ines me passou o endereço do Something in season, o food blog do Brendon que, como eu, também vive em Davis, Califórnia e escreve sobre comida. É muito legal poder ler alguém escrevendo sobre as coisas e lugares que eu conheço e frequento. Como o Farmers Market ou o Mishka’s Cafe, um dos inúmeros “free wi-fi hotspots” da cidade, que vive cheio de estudantes plugados nos seus laptops, geralmente tentando estudar. Eu não sou uma bebedora de café, mas vou bastante ao Mishka’s para um chá – que eles têm das melhores variedades de folhas soltas – ou para uma italian soda.

comida de cowboy

Fomos à uma festa que comemorava a aposentadoria de um dos professores colega do Uriel. O cara, muitíssimo simpático, fez parte da banca de contratação dele anos atrás. Numa das fases da contratação teve um jantar num restaurante quando eu fui convidada. A intenção era me conhecer, saber a minha opinião sobre viver definitivamente aqui em Davis. Fomos à um restaurante de california cousine – tudo light, fresco, seasonal, orgânico. Lembro que o John comentou durante esse jantar que tinha uma fazenda onde criava gado. Pois agora, aposentado, ele vai se dedicar cem por cento à sua fazenda.

Um pouco diferente do costume, o homenageado foi o cozinheiro para o banquete. Ele fez questão de preparar a carne – barbecue, para quase cem pessoas. Fiquei um pouco desconfiada quando o meu marido disse que o menu da festa seria churrasco, mas estava confiante que teria sorte de comer um naco de carne bem passada. Mal sabia eu que o churrasco seria cowboy style.

Tri-tip é um corte de carne que já me falaram equivaleria a picanha ou a maminha. É um corte muito bom para churrasco ou mesmo para fazer assada. Mas no menu de ontem ela veio misturada num desses molhos de churrasco adocicados que é muito popular por aqui. A carne era de excelente qualidade, vinda da fazenda do John, macia e saborosa. Mas o tal molho estragava tudo.

Esse é o menu do cowboy – carne com o molho doce acompanhada de feijão. No jantar de ontem havia também salada de folhas verdes e tomate cereja, salada de batata [que foi o que mais gostei] e pãezinhos. O feijão é exatamente aquele que se vê os cowboys comendo nos filmes – pequenos grãos de cor marrom clara, molho viscoso, sabor adocicado tal qual o molho da carne. Sinceramente, ECA!

Não vou dar, nem mesmo quero saber a receita desse feijão e desse molho de barbecue, porque esse é o tipo de comida que só se prova por curiosidade ou por falta de opcão, quando não se pode ofender o dono da festa.

Tom Kah Gai

O nome dessa sopa em tailandês soa muito ridículo para nós luso parlantes, mas garanto que o sabor supera tudo. Eu e o Uriel adoramos comida tailandesa [e o Gabriel e a Marianne também, preciso dizer], então estamos sempre batendo ponto num dos cinco ou seis tailandeses daqui da minha cidade. Sempre que vamos, eu tomo essa sopa que é originalmente feita com frango, mas eu peço para ser substituído por camarão. Eu tenho um problema com frango em restaurante asiático, não consigo comer. Então vou sempre de camarão. Todas as sopas orientais que eu gosto, incluíndo a hot & sour chinesa, eu aprendi a fazer em casa. Fiz a Tom Kah Gai, ou Galangal, Chicken and Coconut Soup para um jantar tailandês para doze pessoas que fiz aqui em casa uns anos atrás. Ficou perfeita!

Aqui está a receita:
1/2 litro de caldo de galinha
4 folhas de limão kaffir [a folha da árvore do limoeiro mesmo]
um macinho de lemon grass – erva cidreira
um pedaço de três cm de galangal fresco picadinho
[esse ingrediente é típico e se não for encontrado pode ser substituído por gengibre, que tem um sabor similar]
4 colheres de sopa de molho de peixe – uma espécie de shoyo com um sabor e odor bem forte – cuidado, é bem salgado e não deve ser abusado
2 colheres de sopa de suco de limão
300 gramas de peito de frango cortado em pedacinhos – para a minha sopa eu uso camarão, que eu acho que fica muito melhor!
2 latas de leite de coco
uma pitada de pimenta vermelha – chili powder
1 xícara de cogumelos brancos e frescos cortados ao meio
50 gr ou 1/2 xícara de baby corn – mini milho cortados em quatro no comprimento
Coentro fresco à gosto para decorar a sopa

Aqueça o caldo de galinha e vá colocando todos os outros ingredientes nele, com exceção do frango ou camarão e do leite de coco. Deixe ferver e então adicione os dois ingredientes restantes. Deixe cozinhar por un minutos até a carne ficar cozida. Abaixe o fogo, cozinhe por mais uns minutos. Jogue bastante coentro picado antes de servir. Eu gosto dessa sopa pura ou misturada com arroz jasmine cozido somente com água e sal.

it’s all about the beer

Acho que foi anteontem que tive esse sonho estranho. Olhei para o outro lado da rua e vi o supermercado canadense que eu frequentava. Não era exatamente o mesmo, vocês sabem como as imagens dos sonhos nunca são exatas, mas eu sabia que era o Superstore. E estava coberto de neve, como costumava ficar – e ainda costuma, com certeza – durante oito longos meses. Mas por que estou contando isso? Não é só porque eu gosto de enrolar. O ponto é que depois do sonho fiquei o dia todo pensando naquele país gelado, onde vivi por alguns anos. Tirei do baú uma caderneta onde eu anotava tudo junto, receitas que eu pegava dos amigos, nas revistas ou na tevê e até dúvidas das aulas de inglês. Minha missão era encontrar nesse caderninho a receita de uma sopa de cevada que eu fazia sempre pra aquecer os ossos nos invernões. Não achei a receita, mas acho que me lembro mais ou menos como fazer. A receita original era beef and barley soup, que eu incrementei para beef, barley and beer soup. Excellent, eh?

A receita:
Sopa de Cevada com Carne e Cerveja
Refogue no azeite ou óleo meio quilo de carne para refogado [stew] cortada em cubinhos. Acrescente cebolas e cenouras picadinhas. Acrescente a cevada lavada e escorrida, refogue por um minuto. Jogue um litro de caldo de carne ou legumes, deixe cozinhar até a carne amaciar e a cevada ficar bem cozida e molinha. Acrescente mais liquido se precisar. No final acrescentar uma lata ou garrafinha de cerveja – de preferência uma bem forte e encorpada, testar o sal e acrescentar mais à gosto. Pode pôr um pouquinho de pimenta do reino se quiser. Deixar ferver por mais um minutos e servir fumegando.

Sopa Indiana de Batata Doce

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Peguei essa receita na revista REAL SIMPLE. É facílima de fazer e muito saborosa. Só precisa ter cuidado com a quantidade de curry, senão fica muito apimentada.
2 batatas doces grandes cozidas e cortadas em cubinhos
1 cebola media cortada em pedacinhos
1 colher de óleo para refogar
um pedacinho de uns 2cm de gengibre fresco, descascado e picado bem fininho
1 colher de sobremesa de PASTA VERMELHA DE CURRY [nao é o curry em pó, nem o amarelo, é um curry vermelho e molhado, como uma pasta de tomate – cuidado, pois é HOT!]
1 lata de leite de coco
3 xícaras de caldo de galinha
sal à gosto
suco de um limão
coentro fresco
Refogar a cebola e o gengibre no óleo até ficar macio. Acrescentar a pasta de curry vermelho. Refogar por um minuto. Acrescentar o caldo de galinha e o leite de coco. Deixar ferver, abaixar o fogo e cozinhar por cinco minutos. Acrescentar a batata doce. Cozinhar por mais cinco minutos. Desligar o fogo. Acrescentar sal à gosto, espremer um limão. Na hora de servir, decorar com o coentro fresco picado.