Na região do Napa tudo gira em torno dessa fruta. Uvas e videiras são praticamente onipresentes na paisagem. Essas videiras carregadas de uvas madurinhas e docinhas – eu comi uma – eram cerquinhas dividingo os lotes no estacionamento do Copia. Fica lindo, uma coisa realmente diferente. Depois as uvas secam, viram passas ali no pé, como já vi em algumas vinícolas, porque acho que ninguém colhe.
cenas de cinema
Uma parte que eu realmente gostei no Copia foi na exposição permanente, uma salinha que passava clips de filmes com cenas de comida, jantares com amigos, famílias, o clássico Thanksgiving. Charles Chaplin tem várias cenas com comida nos seus filmes – a da sola de sapato e dos pãezinhos dançantes em The Gold Rush por exemplo, são simplesmente memoráveis. As solas de sapato devoradas no filme por Chaplin e Mack Swain, eram feitas de licorice, um doce borrachudo de cor arroxeada que era muito popular – talvez ainda seja. A cena dos pãezinhos espetados nos garfos imitando pés dançando foi repetida por Johnny Depp no singelinho Benny & Joon.
American Market Café
Outro dia voltaremos para almoçar ou jantar no Julia’s Kitchen, pois essa será a visita principal. Mas ontem comemos no American Market Café ao lado do restaurante, onde se pode pedir pratos mais simples preparados no Julia’s Kitchen, sanduiches, sopas ou fazer uma comprinha básica de queijos, pães, quitutes e preparar um picnic para se devorar sentado na grama dos jardins do Copia. Nós escolhemos pratos do restaurante e sentamos nas mesinhas do jardim. Eu quis tentar o mini hamburguer, que era mini mesmo! Três mordidas – gone! Veio num mini pãozinho de batata, acompanhado por fritas com limão e tomilho e um molho chipotle. A salada era de espinafre, três tipos de vagens e amêndoas. Eu gostei, apesar de não ser super fã das vagens. O Uriel sempre prevenildo pediu um fettucini com legumes. Tudo vem da horta e pomar orgânicos mantido lá mesmo no Copia—o edible gardens.
The Edible Gardens
Todo mundo anda pelo Copia carregando um copo de vinho. Eu caminhei pelo edible gardens sorvendo um Francis Coppola 2005 Pinot Noir Rose Carneros Sofia. Esse não foi tasting e o copo custou o preço da garrafa inteira. But who cares! Beber esse vinho caminhando por esse jardim que rescendia a lavanda já vale o preço.
Copia
Não cozinhei nem sexta nem sábado. No domingo, já tinha até pensado no menu do almoço quando ele sugeriu às dez da manhã – vamos lá no Copia?
Não precisou nem ouvir a resposta. Já fui tomar banho, me vestir e me aboletei sorridente no carro. Copia não é só a deusa romana da abundância, mas também um lugar muito bacana instalado na cidade de Napa. The American Center for Wine, Food & The Arts é uma mistura de museu, galeria de arte, restaurante fino, cafeteria, espaço para eventos, wine tasting, cinema, jardim, horta, pomar. Passamos a tarde lá, comendo, bebendo, vendo, ouvindo, cheirando, tocando comida e vinho. Primeiro fizemos uma tour do local, depois almoçamos no café, que é ligado ao restaurante Julia’s Kitchen [um dos 100 melhores da Bay Area, batizado em homenagem à Julia Child]. Depois vimos três exposições – a permanente, sobre comida, e outra sobre American Diners e garçonetes profissionais. Passeamos pelo maravilhoso jardim, que produz frutas, legumes e verduras orgânicos que provém o restaurante e o café. Não fizemos mais coisas por falta de organização e tempo. Já tínhamos visitado o Copia em 2002, mas estamos precisando ficar mais assíduos.
* seguirão fotos galore!
cranberry upside-down cake
Fiz essa receita no outono de 2003, quando me meti a assar bolos. Tirei da revista Every Day Food da MS. Como agora não é época de cranberry, mas é de blueberry, acho que essa substituição ficaria bem adequada. Mas também acho que dá para fazer com qualquer tipo de fruta, que tenha uma consistência mais firme.
8 colheres de sopa de manteiga sem sal na temperatura ambiente
1 xícara de açúcar
1/2 colher de chá de canela em pó
1/4 colher de chá de allspice
1 3/4 xícara de cranberries
1 ovo grande
1 colher de chá de extrato de baunilha
1 1/4 xícara de farinha de trigo
1 1/2 colheres de chá de fermento em pó
1/4 colher de chá de sal
1/2 xícara de leite
Pré-aqueca o forno em 350°F/ 180ºC com a grade no centro. Unte uma forma redonda de bolo de 8-inch/20 cm. Numa vasilha pequena misture 1/2 xícara de açúcar com a canela e o allspice. Espalhe essa mistura no fundo da forma untada, jogue as cranberries por cima.
Numa batedeira bata a manteiga com 1/2 xícara de açúcar até ficar bem cremoso. Adocione o ovo e a baunilha. Bata bem. Numa vasilha separada misture a farinha, o fermento e o sal. Adicione essa mistura de farinha ao creme de açúcar com a batedeira em velocidade baixa. Alterne farinha e leite, em três vezes e continue batendo até formar uma massa bem uniforme. Coloque a massa na forma, sobre as cranberries. Coloque a forma sobre uma assadeira lisa de assar biscoitos. Asse por 30 ou 35 minutos. Deixe esfriar numa grade por 20 minutos. Inverta a forma sobre um prato, assim a parte do bolo com caramelo e cranberries ficara por cima.
livros, livros, livros!
Eu fico super inspirada quando leio os textos de história da culinária escritos pela Gorete. Outro dia deixei um comentário pra ela, dizendo que qualquer hora iria até a Biblioteca Pública de San Francisco pra ver o que eu poderia achar sobre história e comida. Cacilda, eu sou uma pessoa bem cabeça de ventoinha mesmo…. Dirigir até San Francisco ou pegar o trem, para ir à biblioteca? For Pete’s sake, se liga Fezoca!
Eu trabalho ao lado de uma super duper biblioteca acadêmica. Moro perto também. Passo em frente da Biblioteca da UC Davis quatro vezes por dia. Já frequentei muito essa parada, quando fiz classes na universidade. E como staff, posso retirar livros a la vontê. O que eu estava pensando? E o que eu estou esperando!!
Já fiz um search no website por “culinary”, “cookery” e “gastronomy” e fiquei até com lágrimas nos olhos com os resultados. Toneladas de livros, coisas novas, antigas, reliquias, em diversas línguas, sobre todos os assuntos possíveis relacionados à comida. O problema agora é onde vou arrumar tempo pra fazer uma visita à biblioteca. E onde vou arrumar tempo para ler todos os livros que vou achar por lá. Estou numa confa. Não que eu esteja reclamando. Nada disso!
pasta de verão
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Saí do trabalho me sentindo tão cansada. Pedalei minha bicicleta com um baita esforço. Achei que tinha pegado um “bug” de gripe. Me senti tão pesada e desanimada que sinceramente não sei como consegui fazer um jantar decente.
Quando estou assim no limite, minha opção é sempre um macarrão. Usei a última abobrinha na geladeira. E alguns dos zils tomates. Um pouco do mação de basilicão. Juntei tudo e improvisei uma receita inspirada numa que li em algum lugar – não lembro onde.
Cozinhe o macarrão em bastante água fervendo temperada com sal e uma folha de louro. Enquanto o macarrão cozinha, corte a abobrinha em fatias finas, corte os tomates ao meio, pique folhas de basilicão, esmague uns quatro dentes de alho assado, tempere tudo com sal e pimenta do reino. Escorra o macarrão e misture com a abobrinha, tomate e ervas. Esquente um tanto de azeite numa panelinha – não esquente muito – e jogue sobre o macarrão. Misture bem, cubra com queijo ralado. Sirva-se a vontade!
* vejo esse macarrão feito em muitas versões, pode substituir a abobrinha por outro legume, o basilicão por outra erva, acrescentar azeitonas pretas, e o alho assado por alho cru – pra quem tiver coragem!
os verdinhos vão secar
Eu uso as ervas frescas o quanto posso. Mas não é possível consumir tanto, então todo final de verão começo a secá-las. Seco o basilicão, o orégano, o tomilho, o hortelã, o alecrim, a sálvia e o que mais aparecer. O bom é que, vivendo num clima seco, eu não preciso fazer nada para secar as verdinhas. É só abandoná-las por uns dias em cima de um prato, num canto qualquer. Depois moer as folhas com as mãos mesmo e ensacar ou envidrar o produto que será usado nos meses de inverno.
um verdadeiro milagre
Nos meus primeiros meses como staff do programa de controle integrado de pestes [IPM], levei muitos sustos. Vejam só, eu sou uma web developer e fui contratada para me dedicar full-time à este web site gigantesco, que é mantido pelo Departamento de Agricultura dos EUA, UC Davis, UC Berkeley, UC Riverside, o condado de Yolo e outras entidades. É um programa importantíssimo e utilíssimo, tanto para os fazendeiros do estado, quanto para as pessoas comuns que mantém uma horta ou um jardim. O IPM divulga informação científica para ajudar no controle das pragas, dando prioridade para gerenciamentos biológicos, culturais e orgânicos, aconselhando o uso de químicos somente em último caso, observando e cuidando também para não poluir o meio-ambiente e as redes de água.
Bom, quando coloquei as mãos pela primeira vez nas páginas que monto e mantenho, já tive um chocante encontro inicial de primeiro grau com as pestes da cultura do milho. Passei muito tempo levando sustos horríveis, fazendo caretas, pondo a língua pra fora e me contorcendo toda de arrepio e nojo na frente do meu monitor. Eu não imaginava – realmente, que inocência – que existissem tantas pragas atacando a nossa comida! Achava que o pior que poderia acontecer era uma geada ou uma seca. E eu só conheci até agora as pestes que atacam a produção agrícola da Califórnia. Um IPM do país ou do mundo seria um completo circo de horrores!
A primeira coisa que me passou pela cabeça quando fui apresentada aos horroríveis insetos, ácaros, doenças, ervas daninhas, coisas vertebradas e invertebradas foi – putsz, ter uma salada ou um cozido na nossa mesa é um verdadeiro milagre, pois temos que primeiro lutar bravamente contra todas essas pragas! Meu marido rolou de rir quando me ouviu falar isso, porque ele está cansado de saber quem são os purulentos e cascorentos que infestam os nossos campos e pomares. Eu precisei de um bocado de tempo para digerir essa informação, abismada com o quanto nós humanos temos também que rebolar para poder nos alimentar. Felizmente somos mais fortes e mais inteligentes, senão com certeza nosso menu teria apenas dois itens: sopa de pedra e pão de areia.
