the olive trip

Ainda estava no trabalho quando recebi um telefonema do meu marido, que tinha acabado de jantar um bacalhau com batatas em Évora. Hoje ele já deve ter saido bem cedinho em direção à Sevilha, onde vai encontrar um professor espanhol que trabalhou com ele aqui em Davis e que vai levá-lo para um tour das oliveiras. Depois eles vão para Córdoba, para mais encontros e mais eventos com azeitonas. Em seguida ele volta para Évora, onde professores de vários cantos do mundo estarão atendendo uma conferência sobre colheita de azeitonas e participando de um teste de campo com uma máquina argentina que está inovando. Ele me pergunta o que eu quero que ele me traga de lá. Azeite, é a minha resposta ligeira. E se der, azeitonas também, é claro!

pêssego na calda de água de flor de laranjeira

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Dei uma cambalhota tripla quando vi esta sobremesa perpetrada pela fabulosa Faby do Rainhas do Lar. Mas eu nem prestei atenção no sorvete, nem no suspiro, muito menos nas amêndoas. Só conseguia ver aqueles pêssegos boiando na deliciosa calda aromatizada com água de flor de laranjeira. Fiz a receita duas vezes, pois na primeira tive dificuldade para remover a casca dos pêssegos cozidos. Então tentei uma segunda vez descascando os pêssegos antes de cozinhá-los. Usei pêssegos orgânicos, pois vocês sabem que essa fruta é a numero uno na lista das mais contaminadas por agrotóxicos.

6 pêssegos orgânicos bem firmes
2 xícaras de água
1/2 xícara de açúcar
2 colheres de sopa de água de flor de laranjeira
A Faby usa também um pau de canela, mas eu eliminei esse item, pois queria só o sabor da flor de laranjeira

Descasque os pêssegos, corte cada um em quatro e reserve as cascas. Numa panela coloque a água, o açúcar, a água de flor de laranjeira e misture bem, até o açúcar dissolver. Leve ao fogo, coloque os pêssegos cortados em quatro, as cascas e deixe ferver. Quando começar a ferver, conte 5 minutos e remova os pêssegos. Baixe o fogo e deixe a calda reduzir pela metade. Coe para remover as cascas. Deixe esfriar, junte a calda e os pêssegos e coloque na geladeira. Nós comemos os pêssegos na sua calda rosada com um pouco de creme de leite fresco, como sempre fazemos com fruta em calda. Essa receita será repetida muitas vezes. Outstanding!

pudim de ricota com molho de uva

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Essa receita fabulosa saiu da edição de julho de 2008 da revista Gourmet. Eu gostei de tudo nela—da simplicidade, dos ingredientes e do toque especial da uva assada. Fica bem fininha, portanto uma torta de 22 cm não dura muito.

Pré-aqueça o forno em 375ºF/ 190ºC. Unte uma forma redonda refratária de 9″/ 22cm com manteiga. Espalhe sobre a forma untada uma colher de sopa de farinha de pão moída bem fininha—eu faço a minha na hora, usando bolachas integrais.

Bata bem no liquidificador:
1 2/3 xícara [ou 15 oz ou 425gr] de ricota feita com leite integral
2 ovos grandes
3 colheres de sopa de açúcar
1/4 colher de chá de canela
1/8 colher de chá de sal

Coloque essa massa de ricota na forma untada com a manteiga e farinha de pão. Leve ao forno e asse por 25 minutos, ou até a massa ficar firme e levemente dourada. Remova do forno e deixe esfriar.

Faça a calda de uvas assadas, colocando numa assadeira rasa 2 xícaras de uvas vermelhas sem sementes e cortadas ao meio, 2 colheres de sopa de açúcar, 2 colheres de sopa de manteiga e 1 colher de sopa de um bom vinagre balsâmico. Misture bem e coloque no forno a 425ºF / 220ªC na grade mais baixa. Asse por 10 minutos, chacoalhando a forma uma ou duas vezes. Deixe amornar e sirva com o pudim de ricota.

chanterelles refogados

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No filme La Cérémonie do francês Claude Chabrol tem uma cena onde as personagens desajustadas da Isabelle Huppert e Sandrine Bonnaire passam o dia juntas. Quando elas se encontram, Huppert está saindo do meio do mato segurando muitos cogumelos na blusa. Eram chanterelles, que ela refoga rapidamente numa frigideira e serve, acompanhados de pão fresco e um copo de vinho, no almoço em que revelam seus crimes e pecados. Elas devoram os cogumelos refogados com grande intensidade e excitação. Há muitas cenas marcantes neste filme deveras perturbante, mas a dos cogumelos refogados se destacou pra mim, por razões óbvias.

Almoçei sozinha no sábado, sem ninguém para dividir meus crimes e pecados, mas preparei uma porção grande de chaterelles frescos, que refoguei rapidamente no azeite e salpiquei com flor de sal na hora de servir. Devorei o prato todo acompanhado de uma taça de vinho.

sopa de tomate com páprica defumada

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Toda semana tem chegado um pacote de tomatillos na cesta orgânica, além dos tomatões e tomatinhos. Minha cozinha está cintilante com tanto tomate. Mas os tomatillos são um pouco estorvo pra mim, pois não sei muito bem o que fazer com eles, além da famigerada salsa. Fui então apenas jogando os recém-chegados junto com os veteranos numa vasilha, que foi acumulando dezenas de tomatillos verdes e amarelos, todos ainda com sua casquinha fininha. Quando finalmente decidi usá-los da maneira menos criativa, fazendo a tal salsa, me deparei com o resultado desagradável de uma estocagem inconsequente. Os tomatillos mais velhos apodreceram no fundo da vasilha e o fedor pútrido que se desprendeu deles empesteou a cozinha de uma maneira absurda. Nunca, jamais, em tempo algum imaginei que tomatillos podres pudessem feder tanto. Era um cheiro tão nauseabundo que não pude suportar nem olhar para os tomatillos restantres e joguei tudo, muitos, todos no lixo.
Com o final trágico do capítulo dos tomatillos, voltei-me para confrontar a continuação da saga dos tomates, que têm vida mais curta que a dos tomatillos e ao contrário dos seus primos cascudos, não podem de maneira alguma ser desperdiçados.
Foram três dias comendo queijo, azeitonas e pão tostado com fatias de tomate temperadas com azeite, então resolvi que naquela noite sopa teríamos. Seria porém uma sopa fria. Gostei muito da idéia desta sopa, temperada somente com a páprica defumada espanhola. Ficou um prato bem interessante. Eu mudei o modo de fazer da receita e servi com cubos de pão torrado. Segue a receita original e logo abaixo as minhas modificações.
sopa de tomate com páprica defumada
[serve duas pessoas]
1 colher de sopa de azeite
2 dentes de alho em fatias finérrimas
5 tomates orgânicos bem maduros
3/4 colher de chá de sal grosso
1/2 colher de chá de páprica defumada espanhola
1/2 xícara de leite
Refogue o alho no azeite. Adicione os tomates cortados em cubos, o sal e a páprica. Cozinhe por uns 5 minutos mexendo de vez em quando. Coloque tudo no liquidificador com cuidado e bata bem. Passe tudo por uma peneira. Adicione o leite e sirva com pão ou sanduíche de queijo grelhado.
* eu dei uma adaptada bem dramática—refoguei o alho no azeite. Bati os tomates no liquidificador, passei pela peneira e juntei ao alho refogado. Juntei o sal e a páprica, deixei cozinhar uns 5 minutos, juntei o leite e deixei ferver. Desliguei o fogo e deixei esfriar. Servi a sopa morna, quase fria, com cubos de pão integral tostados com azeite numa frigideira.

creme de milho com orzo

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Fiz uma simplificação da receita que vi na revista Bon Appétit e que tinha muitos passos. Pra mim, se uma receita tiver três etapas e usar mais que duas panelas, eu já desanimo. Essa valia a tentativa, mas eu decidi inverter a sequência e enxugar os detalhes.

Numa panela refogue no azeite um talo de alho-poró picadinho até ficar macio. Acrescente os grãos raspados de 2 milhos verdes [ou o equivalente a uma lata]. Continue refogando, acrescente sal a gosto e pimenta do reino. Junte 1/4 xícara de vinho branco seco. Refogue mais um pouco, até o milho ficar cozido. Junte 1 xícara de creme de leite fresco, mexa bem e deixe borbulhar. Desligue o fogo. Numa outra panela com bastante água e sal cozinhe 1/2 xícara de orzo. Deixe ficar um pouquinho durinho. Coe o orzo e junte ao creme de milho. Acrescente ciboulettes picadas—eu esqueci de colocar, mas não comprometeu em nada. Sirva quente ou frio, como acompanhamento ou prato principal.

Eu, Mariana, o Zé e o Bob

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verão do amor—2008

O plano inicial era irmos, eu e o Uriel, juntos encontrar com a Mariana e o Zé em San Francisco. Mas meu marido está atolado em trabalho, com várias viagens programadas, a mesma velha história que rola todo final de verão. Por isso eu acabei indo sozinha, apesar de estar invariavelmente acompanhada simbolicamente pelo Bob, o que fez a Mariana rir muito, lembrando dessa afamada história.
Passamos uma tarde agradável na cidade, que inesperadamente teve um dia bem calorento. Caminhamos até o Ferry Building, onde encaroçamos nas lojinhas bacanas, almoçamos no DELICA rf1, uma delicatessen japonesa que eu adoro, depois devoramos macaroons no Miette. Caminhamos rapidamente por Chinatown, onde eu e a Mariana pudemos piscar nossos olhos seduzidos pelos mil cacarecos de cozinha enfileirados pelas lojas. De carro, fomos até Sausalito cruzando a Golden Gate, depois paramos na Haight Street, bem no famoso cruzamento Haight—Ashbury que ficou famoso por hospedar o inicio do movimento contracultural hippie, conhecido hoje como o Verão do Amor de 1967. Caminhamos pra lá e pra cá, sentamos pra beber algo gelado e, acima de tudo, conversamos muito, o tempo todo!
A Mariana foi me encontrar em Coimbra e desta vez eu fui encontrá-la em San Francisco. É tão bom fazer esses encontros, e melhor ainda foi revê-la!