
» sálvia, menta marroquina, alecrim, orégano e tomilho.
o final de dia [calorento]
Fui caminhar durante os últimos minutos do entardecer, quando a luz já estava serena, depois do sol ter baixado daquela linha que fica bem direto com os nossos olhos e provoca uma luminosidade dolorida. O dia foi relativamente quente para essa época do ano. Fez trinta e seis graus celsius, uma onda baforenta fora de hora, que sempre nos tira dos eixos e do percurso natural das coisas. Fui caminhar mais tarde porque fiquei contando uns causos pro Uriel, enquando comia triângulos cortados de uma laranja dulcíssima e ele lavava as panelas e as travessas do nosso jantar. Quando pisei no arboretum, que é cortado nas suas três milhas de extensão por um riacho, senti na hora a umidade vinda da água, vaporizada no ar pelo calor. Caminhei meus rotineiros quarenta minutos sentindo todo tipo de cheiro. Eu tenho um olfato bem calibrado que adora perceber todos os aromas e fedores deste mundo. E ele aspirou, ora entusiasmado, ora repugnado, odores secos e molhados dos mais diversos. Cheiro de mato, de paina, de flores, de musgo, de terra, de pena de pato, de poeirão de esquilo, de casca de árvore, de chinelo de dedo, de suvaco de corredor, de bosta de cavalo, de galho quebrado, de folhas boiando na água, de brotos de cereja, de madeira vermelha, de óleo de pinho, de pavimento esfriando. O dia ferveu e o arboretum mudou seus cheiros, que foram registrados em pormenores pelo meu poderoso nariz.
o jasmim deste ano
![]() |
![]() |
![]() |
Meu jasmim floresce todo ano nesta época. Ele é uma flor trepadeira e, acredito, invasiva. Se você não manter ele num cabresto, ele se espalha de uma maneira irritante, se enroscando em outras plantas. Esse, da porta do fundo da guest house, já se meteu pela roseira ao lado. Como eu não tenho muitas habilidades de jardinagem, vou fazendo como posso. Quando olho pra esse jasmim penso que ele reflete muito bem o estilo do meu quintal-matagal. Um jasmim exagerado, desarrumado, imponente e um tantinho descabelado.
[outra] salada de lentilha

Fiz essa receita num dia em que cheguei em casa decidida que queria comer uma salada de lentilhas. Não tinha nenhuma idéia do que misturar nela, fui pensando conforme fui fazendo. Usei a lentilha francesa verde, a puy lentil, que cozinha rapidíssimo e fica inteira, não desmancha, portanto ótima para fazer salada. A lentilha levou mais tempo esfriando do que cozinhando [uns 15 minutos]. Depois de fria, temperei com suco de limão, óleo de avelã e flor de sal. Misturei às lentilhas um punhado de tomates secos, outro punhado de azeitonas pretas, mais um tanto de folhinhas frescas de manjerona e esfarelei duas rodelas de queijo de cabra por cima. Ficou exatamente a salada que eu queria comer naquele dia!
aspargos com ovos, bacon e molho aïoli

Com os aspargos que recebi na semana passada, adaptei esta receita para fazer deles uma refeição completa. Mudei a maneira de cozinhar o aspargos, que fiz no vapor. Fiz ovos cozidos, ao invés de fritos e usei a minha tática no microondas para obter o bacon torradinho. Essa deve ser a única verdadeira utilidade do meu microondas, pois eu acho que fritar bacon empesteia a casa com, hmhm, um cheiro de bacon. Assim não faz sujeirada e é super rápido.
Forre um prato largo com folhas de papel e coloque as fatias do bacon esticadas, uma ao lado da outra. Cubra com mais papel e coloque no forno por 5 ou 6 minutos. Remova, deixe esfriar, jogue fora o papel e use o bacon. Ele fica crocante, fácil de esmigalhar e usar em receitas como essa ou em qualquer outra.
10 aspargos — lave, remova a ponta dura do final e cozinhe brevemente no vapor
4 fatias de bacon, fritas ou microondeadas
1 colher de sopa de vinagre balsâmico
2 ovos cozidos [ou fritos, se quiser]
Fatias de pão rústico tostadas na frigideira
molho aïoli
1 dente de alho
1 gema de ovo * eu uso cozida
2 colheres de chá de mostarda doce alemã ou outra a gosto
2 colheres de sopa de suco de limão
2 colheres de sopa de suco de laranja
½ colher de chá de sal
¼ xícara de Parmigiano Reggiano ralado na hora
½ xícara de azeite extra-virgem
Coloque todos os ingredientes num mini-processador, menos o azeite, e pulse até tudo ficar bem incorporado. Vá juntando o azeite aos poucos e pulsando. Se fizer com gema crua, pode cozinhar o molho num double-boiler por 5 minutos. Eu prefiro fazer com gema cozida. Sei lá, tenho nojinho da gema crua.
Para montar o prato, coloque os aspargos, regue com o vinagre balsâmico, coloque os ovos, salpique tudo com o bacon esmigalhado e se quiser [eu quis] salpique com mais parmegiano ralado. Sirva o aïoli num potinho ou derrame sobre os aspargos, conforme o gosto do freguês. E não esqueça das fatias de pão rústico, para completar o prato.
verde & limão

com Maria e Franco, em Milão
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Milão foi somente a nossa porta de entrada na Itália. Não planejamos ficar por lá, pois estávamos numa missão especial, que nos levaria à Veneza, Treviso e finalmente à San Zenone degli Ezzelini, a cidade de origem da família do meu marido. Mas o pouco tempo que tivemos em Milão foi precioso. Fomos recebidos pela Maria e Franco, que nos pegaram no aeroporto, nos levaram até o hotel e a Maria nos guiou num rolê à pé pelo centro da cidade. A Maria me deu tantas dicas—algumas nos salvaram de entrar no conto do turista. Nos ajudou a comprar as passagens de trem para Veneza, nos informou de todos os micro-detalhes de muita coisa que não tínhamos a menor idéia. Também fomos recepcionados com um jantar que foi sem dúvida o ponto alto da nossa visita à Itália. Não só pela comida deliciosa preparada pela Maria, mas também pelo papo super divertido que tivempos durante o jantar!
A Maria é leitora do Chucrute de muito tempo—mais tempo do que eu imaginava. Quando eu respondi a um comentário dela, ela fez uma coisa muito legal, que nem todo mundo pensa em fazer: ela se apresentou pra mim. Contou um pouco dela, da sua história, onde vivia, e tals. Eu me identifiquei com muito do que ela me contou. Quando o Uriel me falou que iríamos dar um pulo na Itália, avisei a Maria, para que pudessemos nos encontrar. Mas não imaginei a recepção que ela iria nos oferecer. Foi aconchegante, foi divertido, foi delicioso!
O jantar, todo composto de iguarias italianas, foi fantástico. Tive que pedir pra Maria me mandar o menu por escrito, pois no dia não memorizei muitos detalhes.
De entrada tivemos prosciuto di parma, copa e salame di culatello, o maravilhoso parmigiano reggiano, servidos com pãezinhos fresquinhos, um enrolado com azeitonas que adoramos, e taças de prosecco.
Os pratos principais foram ravioli de berinjela com molho de pimentão vermelho, que estava divino [já pedi a receita do molho e vou reproduzir em breve!], carciofi trifolati [alcachofras preparadas com alho, salsinha e oleo oliva extra virgem], piimentões amarelos recheado com farinha de rosca, alho, salsinha, azeitonas, alici, alcaparras [muito parecido com a receita da minha tia Dirce] e uma torta de batatas e tartufo nero recheada de queijo castelmagno. Tudo isso regado com um vinho tinto maravilhoso, que o Franco deixou arejando por algumas horas. A Maria vai ter que dizer que vinho era, pois eu esqueci.
De sobremesa tivemos doces com massa de amêndoas e pistachios, tacinhas de um moscato licoroso e laranjas vermelhas da Sicilia, que foi para mim o encerramento com chave de ouro do jantar. Fiquei realmente encantada com o hábito de se servir frutas como sobremesa nos restaurantes da Espanha e Itália, coisa que aqui simplesmente não existe, apesar de termos tantas frutas frescas excepcionais. Fazemos isso em casa, porque pra mim, fruta é sobremesa.
Depois dessa comilança pantagruélica, a Maria e o Franco nos levaram de volta ao hotel, onde dormimos o sono dos anjos. Maria e Franco, nunca vou conseguir agradecer o suficiente pela gentileza, cuidado, carinho, amizade, sorrisos, hospitalidade e generosidade. Grazie mille, amici!
»o Edu Luz foi outro felizardo que recebeu a recepção da Maria em Milão, com mais tempo para aproveitar a companhia dela e a cidade.
é claro que comemos!


beleza em tudo que vemos

snow peas & dumplings


Fiquei tão entusiasmada com o preço das snow peas no Predrick Produce, que acabei comprando um pacotão muito grande. Felizmente a Marianne gosta desse legume, então dei metade pra ela. E com a outra metade, todos tão fresquinhos, fiz um refogado ultra-simples. Lavei as ervilhas, sequei e refoguei na frigideira com uma colher de sopa de óleo de gergelim. No final adicionei sal, uma sacudida de pimenta vermelha em flocos e suco de meio limão, espremido ali na hora. Servi com esses dumplings vegetarianos, que comprei na lojinha asiática. Os dumplings são bem versáteis, pois podem ser mergulhados num caldo ou sopa, cozidos no vapor ou fritos. Eu fritei, na mesma panela em que refoguei as ervilhas, adicionando uns pingos extras de óleo, para eles não grudarem.



















