






Essa salada é um coringa aqui em casa nos dias em que somos engolfados pelas ondas de bafão típicas do nosso verão seco e tórrido. A base é a famosa niçoise, que já fiz em inúmeras versões. É só cozinhar uns ovos caipiras, abrir uma lata do melhor atum conservado em azeite que você tiver na despensa e a partir daí improvisar com o que mais quiser e gostar. Desta vez usei edamames, feijão branco gigante, burrata cortada em fatias grossas, azeitonas castelvetrano temperadas com pesto de manjericão e sementes de girassol, e uns tomatinhos cerejas cortados ao meio. Eu tempero cada ingrediente separado, por exemplo, o feijão branco com óregano fresco e azeite, os tomatinhos com tomilho e balsâmico, as edamames com limão e flor de sal, o atum com ciboulettes e azeite. Fica uma refeição completa, pra ser servida acompanhada de um vinho branco gelado.


Esse bolinho simpático estava numa Martha Stewart Living de dezembro de 2008. Eu ainda estou tentando organizar minhas revistas, mas cada vez que tento, aparecem mais idéias e receitas marcadas. É um trabalho sem fim. Bom, esse bolinho me interessou de frente por causa da mistura azeite—anis. Outra coisa legal é que faz apenas 4 bolinhos, então não fica aquele monte de sobra, o bolão ressecando e eu tendo que empurrar fatias para os visitantes e passantes. Assim, pequenos, eles desapareceram rapidamente, também porque ficaram uma delícia!
2 ovos grandes
1 gema de um ovo grande
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de casca de laranja ralada [1 laranja pequena]
1 1/2 colher de chá de semente de semente de anis [erva doce]
1/2 xícara de azeite de oliva extra-virgem
2/3 xícara de farinha de trigo
1/2 colher de chá de sal marinho grosso
1/2 colher de chá de fermento em pó
Açúcar de confeiteiro para decorar
Pré-aqueça o forno em 325ºF / 162ºC. Unte quatro forminhas de mini Bundt [onde caiba 1 xícara de massa crua] com azeite. Toste as sementes de anis/ erva doce ligeiramente numa frigideira. Na batedeira bata bem os ovos, a gema, o açúcar, as raspas de laranja e as sementes de anis/ erva doce até a mistura ficar espumosa e cremosa. Junte o azeite aos pouquinhos, batendo sempre. Numa vasilha pequena misture a farinha de trigo, o sal e o fermento com um batedor de arame e junte à mistura de ovos em três etapas, batendo até toda a farinha ficar incorporada. Divida a massa pelas forminhas e asse por uns 20 ou 30 minutos, até a massa ficar firme e dourada. Remova do forno, deixe esfriar um pouco, remova os bolinhos das formas e polvilhe com o açúcar de confeiteiro usando uma peneirinha ou coador. Sirva morno ou frio.
Fui uma criança super ativa e saudável. Tirando as várias camadas de casca de feridas sempre infeccionadas no joelho, de ter que levar inúmeras injeções anti-rábicas depois de agarrar os gatos de rua e aqueles acidentes com chicletes grudado no cabelo, eu não tenho muitas lembranças de ficar realmente doente. Tive algumas gripes, uma reação alérgica depois de devorar sozinha uma dúzia de mangas, a indefectível caxumba e algumas dores de ouvidos, por causa da água acumulada vinda da piscina ou dos rios, onde eu costumeiramente nadava. Ficar na cama, com febre ou sem, já era punição suficiente pra mim, que precisava estar sempre fazendo mil coisas, arriscando o pescoço subindo nos telhados, mergulhando do alto da pedra na beira do rio ou descendo a ladeira com a bicicleta sem breque e de olhos fechados.
Por isso minhas poucas lembranças de ficar doente não são boas. E é por isso que não curto as comidas clássicas oferecidas à pessoas adoentadas. ODEIO canja de galinha com todo o poder e força que esse sentimento pode gerar. Quando minha mãe vinha com o prato de canja, eu queria morrer—ou melhor, sarar rapidinho. Também não sou nada fã da maçã, a única fruta que eu associo com doença. Das poucas vezes que fui derrubada por um febrão, nos meus delírios eu implorava por um copão de Guaraná borbulhante e gelado. Esse era o néctar dos deuses que ajudava a levantar meu corpo e minha moral e me colocar de novo caçando besouros na rua ou pulando como uma cabrita e bebendo a água da chuva das tempestades de verão.
Até hoje sou dura na queda. Fico pouquíssimo doente, comparado com o resto da população que está sempre batalhando um resfriado ou uma gripe. Os malditos vírus só me pegam em situações extremas. Mas quando eu fico doente só quero comer uma coisa: batata frita. Afasta de mim essa canja! Quero mesmo as deliciosas e reconfortantes french fries, especialmente se forem compradas com amor e atenção pelo meu marido.
Anos atrás minha mãe estava aqui me visitando e fomos juntas para Los Angeles, participar das comemorações do aniversário das minhas sobrinhas. Lá eu peguei um vírus miserável que uma delas, beijoqueira e abraçadeira tão querida, tinha pegado na escola. Voltei podre. Eu podre aqui e minha sobrinha podre lá. Foi punk. Acho que fiquei dois dias dormindo, sem conseguir comer. No terceiro dia, minha mãe preparou a comida mais deliciosa do mundo, que me fez sair da cama, sentar na mesa da cozinha e devorar tudo com o maior ânimo e prazer. O menu preparado pela minha mãe naquele dia consistia de bife a milanesa com purê de batata. Uma das melhores refeições que já comi em toda a minha vida.


Continuo gastando meus saquinhos de agar-agar em pó. Outro dia fiz gelatina de mamão com cassis, usando um suco de mamão natural e licor de cassis. Ficou legal. Desta vez, usei um suco natural de pera e adicionei um prosecco que tinha sobrado de um jantar. As proporções que estão funcionando pra mim são sempre uma xícara de suco fervido com 1 pacotinho [4 gr] de agar-agar, depois adiciona mais uma xícara de suco e adoçante [mel ou nectar de agave] a gosto. Na de mamão com cassis foram 1 xícara de suco fervido com 1 envelopinho de agar-agar, mais 2/3 xícara de suco e 1/3 de licor de cassis. Não usei adoçante. Nesta, usei 1 xícara de suco de pera fervido com 1 envelopinho de agar-agar e depois 1 xícara de prosecco. Nesse esquema fica uma gelatina bem firme, que sai fácil das forminhas. Usei forminhas de gelo de silicone divertidas e minhas lindas formas vintage Jell-o, que abocanhei por cinco mangos na garage sale da Dish.

Quando li o título da receita no livrão Vegetarian Cooking for Everyone, pirei. Spanish Potatoes with Safron, Almonds, and Bread Crumbs. Não soa super apetitoso? Pois foi o que eu pensei. A Deborah Madison tem muitas receitas com títulos longos assim, pondo todos os ingredientes pra desfilar na passarela e conquistando o leitor na primeira olhada. Não esperei nem um dia e coloquei a receita em prática. Felicidade é estar recebendo batatas novinhas na cesta orgânica, daquelas que nem precisa descascar, só lavando com água e esfregando os dedos, a casquinha finíssima já sai.
1 quilo de batatas cortadas em quatro ou em fatias grossas
Sal marinho e pimenta do reino moída na hora
2 pitadas de açafrão
3 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem
1 fatia de pão rústico
1/2 xícara de amêndoas sem casca picadas
2 dentes de alho
2 xícaras de água fervendo
1 colher de chá de páprica [*usei a páprica defumada espanhola]
1 colher de sopa de salsinha picada [*não usei porque não tinha]
Pré-aqueça o forno em 375ºF/ 190ºC. Unte um refratário grande que comporte as batatas numa única camada com azeite. Adicione as batatas, adicione sal e pimenta a gosto e salpique o açafrão por cima.
Numa frigideira, em fogo médio, coloque o pão partido em pedacinhos com as mãos, as amêndoas e o alho. Refogue bem até o alho ficar dourado. Coloque essa mistura num processador e moa bem, adicionando um pouco da ágfua fervendo até formar uma pasta. Adicione sal e pimenta a gosto e espalhe sobre a camada de batatas. Regue com o restante da água fervendo, cubra com papel alumínio e asse por uns 30 minutos. Descubra, mexa com uma colher e deixe assar mais um pouco, até toda água ser absorvida e as batatas estarem bem macias. Se quiser, gratine por uns minutos no broiler. Salpique com a salsinha picada e sirva. Eu servi com uma salada de alface e pepino.


No final do ano passado comprei uma caixa de grits, pensando em bolar um tipo de farofa de Natal com eles. Esse grão é muito parecido com a polenta e é usado em muitas receitas no sul dos EUA. Eu, porém, nunca tinha usado ou comido os grits em nenhuma receita. Para a farofa da ceia, decidi usar o cream of wheat, que engana muito bem. Fiz a farofa e tal e só uns meses atrás que descobri que tinha vários pacotes de farinha de mandioca e de milho guardados num cantinho, no fundo de um dos meus armários. Nada como ser desorganizada!
Mas farofas à parte, a caixa de grits ficou lá esperando por uma oportunidade de ser usada. Com o livro Vegetarian Suppers da Deborah Madison em mãos, vi a receita mais básica que existe para preparar os grits, acompanhados de um refogado de folhas verdes. E foi também uma excelente chance pra gastar vários maços de verdes—dois de chard e dois de dino kale. Greens and grits, foi o jantar que eu fiz.
Para os grits:
1 1/2 xícara de leite
1 1/2 xícara de água
3/4 xícara de grits
Sal marinho
Manteiga a gosto
Misture a água e o leite numa panela e leve ao fogo até ferver. Adicione os grits aos poucos e 1/2 colher de chá de sal. Mexa com um batedor de artame ou colher de pau, até os grits ficarem cozidos e engrossarem. Coloque manteiga a gosto e sirva.
Para os verdes eu usei 2 maços de chard picadinho e 2 maços de dino kale picadinhos. Refoguei cebola cortada finiho em azeite e juntei os verdes. Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Sirva com os grits. Jogue cubinhos de queijo feta por cima e sirva imediatamente.

Durante o verão, chegam raminhos de lavanda na cesta orgânica, que eu geralmente vou colocando em vasos e espalhando pela casa. Tenho vários, já de muitos anos e é incrível como a lavanda, mesmo seca, nunca perde o cheiro. A Marianne levou o primeiro raminho que chegou este ano, mas o segundo acabou ficando na minha cozinha. Eu olhei pras florezinhas azuis fresquinhas e decidi—vou fazer sorvete de lavanda! Debulhei as flores e coloquei mais ou menos uma colher de sopa cheia delas numa xícara de creme de leite fresco. Deixei na geladeira por uns dias. Eu já tinha feito essa infusão fria com lavanda anos atrás, pra fazer um creme. Prefiro assim do que cozinhar as flores e o creme. E dá certinho. Depois é só coar as flores [esprema bem] e acrescentar 1 xícara de leite integral e mel a gosto. Sorveteira e tchans. Fica um sorvete super delicado, com um aroma e um sabor intenso de lavanda. Bom pra comer puro ou acompanhado de frutas frescas, como o morango.

Tenho comprado uns melões da fazenda Capay que só de ficarem na cesta de frutas, perfumam a cozinha toda com um cheiro maravilhoso. Adoro fazer salada com eles e espremer um limão por cima dos cubinhos. Não sei por que melão combina tanto com limão. Se você não experimentou essa mistura ainda, faça o favor de tentar logo. Nessa variação coloquei cerejas frescas descaroçadas e, como sempre, umas lascas de amêndoas torradas. A crocância da amêndoa também ajuda a transformar essa simples salada de frutas, numa sobremesa excepcional.