torta de verdura

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Fiquei sem geladeira por três dias. A dita cuja parou de funcionar provavelmente na quinta à noite, mas eu só fui perceber que algo estava errado na sexta pela manhã, quando vi o chão da cozinha todo alagado. Mas como só pude pensar no assunto quando cheguei do trabalho no final do dia, perdi algumas coisas que estavam no freezer. O que salvou a patria foi a geladeira velhusca e feia que tenho dentro da garagem. Ela alojou a maioria das comidas, até a visita do técnico, que só aconteceu na segunda-feira. Com esse bafafá todo, tive que usar algumas coisas na correria. As frutas descongeladas que não foram pro lixo, viraram geléia. E as folhas verdes, que eu não quis passar pra geladeira da garagem, acabaram virando uma torta deliciosa. A receita original, publicada na edição de fevereiro de 2009 da revista Everyday Food pedia swiss chard, mas eu usei três tipos diferentes de folhas e metade de um repolho, fatiado fininho. Essa torta me lembrou uma torta de escarola que minha mãe costumava fazer. Com certeza dá pra fazer usando qualquer outra verdura, como escarola, chicória, mostarda ou acelga. A massa é simplesmente o fino da bossa—fácil de fazer e de abrir. Já refiz essa mesma massa, para uma torta de frango. E vou fazer ainda mais uma vez, usando um recheio de palmito. Uma receita & mil e uma variações.

recheio de verdura
2 colheres de sopa de azeite
1 cebola media picada
4 dentes de alho picados
1 quilo de folhas verdes [*swiss chard na receita original, mas eu usei uma mistura de três tipos diferentes de folhas verdes, mais metade de um repolho pequeno]
3/4 colher de chá de flocos de pimenta vermelha
Sal a gosto
1/2 xícara de queijo parmesão ralado
3 colheres de sopa de farinha de trigo
raspas da casca de 1 limão grande
1 colher de sopa de suco de limão

Numa panela, adicione o azeite e refogue ali a cebola e o alho ate ficarem macios. Adicione as folhas verdes picadas, caules também e a pimenta vermelha e o sal. Refogue por uns 4 minutos, com o fogo baixo e a panela tampada. Destampe e cozinhe por mais uns minutos, mexendo de vez em qdo. Se formar água, escorra. Adicione o queijo, a farinha, as raspas e suco de limão. Acerte o sal e coloque o recheio na forma forrada com a massa.

massa de azeite
Numa vasilha coloque 2 1/2 xícaras de farinha de trigo, 1/3 xícara de azeite extra virgem, 1/2 xícara de água gelada, 3/4 colher de chá de sal marinho grosso. Misture bem com um garfo, depois amasse com as mãos e sove por um minuto. Faça uma bola, cubra com plástico ou pano de prato e deixe descansar por meia hora em temperatura ambiente.
Para abrir, divida a massa em 2/3 e 1/3. Abra a parte maior e forre uma forma de fundo removível de 20 cm. Coloque o recheio, cubra com a outra parte menor da massa, pincele com uma mistura de ovo e água, faça quatro cortes na massa para sair o vapor e leve ao forno pré-aquecido em 400ºF/ 205ºC por 1 1/2 hora.

A torta já montada pode ser congelada crua, dentro da forma e embrulhada em plástico e papel alumínio. Coloque ela desembrulhada no freezer por 30 minutos. Embrulhe e guarde por até 2 meses. Quando for assar, pode fazer com ela ainda congelada.

365

Só porque eu quase não tenho o que fazer, né? Três blogs, uma casa, um marido, dois gatos, um emprego período integral. Mas eu já tava de olho em algumas pessoas que praticavam o projeto chamado 365—isto é, publicar uma foto por dia, nos 365 dias do ano. Estava praticamente fazendo isso diáriamente no meu Twitter, usando o Twitpic, um dos inúmeros álbuns disponíveis por lá. Mas o problema desse espaço é que fica tudo engolido na falação e se você não acessa o Twitter, não acompanha nada e fica meio sem um caminho de acesso.
Daí que então, inspirada e incentivada pela Mariana Newlands, que é uma das pessoas mais criativas e talentosas que eu conheço e que tem um 365 dias lindo, resolvi fazer o meu. E combinei de iniciar os meus dias em fotos, junto com outra talentosa querida que também decidiu fazer o dela—a Dadivosa e os seus (quase) 365 dias.
Estou adorando esse meu novo projeto, publicando uma foto de celular por dia, nos meus 365.

as flores, as cores

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Apesar de ainda estarmos no inverno, a floração de muitas árvores já começou por aqui. É um espetáculo de cair o queixo, um deleite para os olhos. Eu não consigo passar batido sem fazer alguns cliques, mesmo sabendo que eles ficam basicamente iguais. Entrando no Co-op para fazer minhas comprinhas semanais, vi esse arbusto todo enfeitado com essas flores de cor tão impressionante. Com o celular mesmo, fiz uns cliques.

from Toscana?

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E não é que parece? Como se eu tivesse ido até a Toscana, comprado esse lindo pratão [ele tem uns 60 cm de diametro] e me rebolado para trazê-lo na bagagem de mão, orgulhosa da aquisição fabulosa. Pois a verdade, mes amis, é que dirigi alguns blocos até a thrift store do SPCA daqui de Davis, estacionei na frente, entrei e vi esse pratão dando sopa no meio da bagunça geral, contínua e patente naquela loja, agarrei rapidinho, paguei algumas patacas por ele no caixa pilotado por um mocinho ouvindo David Bowie na boombox de K7 e saí da loja com um sorriso retangular do gato da Alice colado na cara. Nem precisei ir até a Toscana, mas posso até fingir que fui.

pasta de chocolate & avelã
[ou nutella pra cabra macho]

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Quando vi esta receita no David Lebovitz dei até um pulinho na cadeira, de tanta animação. Eu tinha todos os ingredientes para fazer essa receita super fácil e deveras intrigante. Seria uma nutella rústica? Precisei provar para tirar minhas conclusões. Pensei na utilidade de publicar a receita aqui, sendo que as cocoa nibs e o óleo de avelãs não são ingredientes ordinários que podem ser encontrados em qualquer mercearia da esquina. Optei por publicar, para assim também poder registrar as minhas impressões. Como explicado pelo Lebovitz na receita original, a pasta realmente endurece depois de um tempo e para reusar precisa dar uma esquentadinha, no microondas ou num banho maria. Nós achamos o resultado EXTREMAMENTE FORTE. Com tudo isso concluí e reafirmo—essa pasta é realmente uma nutella bem rústica, chocolatudíssima, coisa mesmo pra cabra macho. Mas como existem os fracos, existem também os fortes. Enquanto que eu e o Uriel comemos a pasta com aquela relutância natural de gente acostumada a passar apenas mel e manteiga no pão; os amigos pra quem ofereci a nutella caseira, numa tentativa de desovar as sobras, não só adoraram, como devoraram nacos inteiros solidificados, como se fossem pedaços de chocolate comum. Ganharam todo o meu respeito!

chocolate-hazelnut spread
faz 2/3 xícara [150 gr]
1 xícara [120 gr] de cocoa nibs torradas
[* usei as da marca Scharffen]
2 colheres de sopa de açúcar tipo demerara
[mais 1 1/2 colheres de chá extra para finalizar]
2 to 3 colheres de chá de óleo puro de avelãs
Sal marinho grosso ou em flocos

Toste as cocoa nibs numa frigideira, por uns 3 minutos, até elas ficarem bem aromáticas. Coloque as nibs no processador e junte as 2 colheres de sopa de açúcar, o óleo de avelãs e uma pitada de sal. Moa tudo muito bem, parando uma vez ou outra para raspar as bordas com uma espátula para que a mistura fique homogênea. A pasta deverá ficar bem brilhante, mas ainda um pouquinho crocante. Remova a pasta do processador e adicione a mão o restante 1 1/2 colheres de chá de açúcar. Sirva sobre fatias de pão e salpique um pouquinho de sal marinho por cima, se quiser.

sopa de bonito no leite de coco

sopapeixe-neide Nunca perco a mania de comprar ingredientes no impulso e no entusiasmo, sem muitas vezes nem saber que uso poderia dar para eles. Foi o caso de um interessante pacote de floquinhos de peixe seco. Tinha comido essa iguaria algumas vezes, salpicados sobre a comida em restaurantes japoneses e gostei. Então quando vi os pacotinhos na lojinha asiática, já fui rebolantemente colocando um na minha cesta. Comprei os floquinhos de bonito, aqueles que tem um tom levemente rosado. Durante alguns meses, o pacote de peixe seco mudou de lugar várias vezes entre as prateleiras da minha pequena despensa, até que…

Até que a Neide Rigo publicou este artigo sobre o piracuí, a farinha de peixe seco. A dela é um produto artesanal com uma textura um pouco diferente da do meu peixe seco japonês, mas quando vi a receita do bolinho e da sopa usando o peixe fui tomada por um imenso entusiasmo, achando que poderia finalmente dar um uso interessante para o meu produto. Fiquei semanas e semanas sonhando, vidrada naquela sopa com leite de coco. Comprei até pimentão fora da estação, orgânico mas vindo do México [e isso é o tipo de compra que evito e detesto fazer] e finalmente consegui colocar a sopa em prática, fazendo as adaptações necessárias. Substituí as folhas de alfavacão que a Neide usa, por folhas de nabo—sim, elas são comestíveis e me surpreendi em como elas ficam gostosas, logo na primeira vez que as usei. Também tive que improvisar para substituir a farinha d’água, que nunca vi, nem comi. Usei os grits. Com certeza essa minha adaptação usando os flocos de bonito ficou um pouco diferente da sopa da Neide, mas o que valeu foi a intenção. E a minha versão ficou super gostosa e aromática. Matou as lombrigas e gastou o pacote de peixe encalhado no armário. Dois pontos numa só tacada! Segue a receita, já com as minhas adaptações.

sopa de bonito no leite de coco
[serve 4 porções]
2 colheres de sopa de óleo de coco ou azeite
3 dentes de alho picado finamente
Meia cebola [100 gr] picada finamente
2 colheres de sopa de pimentão vermelho picado em cubinhos
2 colheres de sopa de pimentão verde picado em cubinhos
1 pitada de pimenta vermelha em flocos
1 tomate sem pele picado em cubinhos
2 colheres de sopa de coentro fresco picado
7 folhas de folhas de nabo picadas
1 xícara [50 gr] de flocos de bonito seco
1 litro de água fervente
1/3 de xícara de grits
1 xícara de leite de coco
Gotas de molho de pimenta a gosto
Suco de meio limão rosa pequeno

Numa panela, aqueça o azeite e doure nele o alho. Junte a cebola e deixe murchar. Adicione os pimentões, a pimenta, o tomate, o coentro e as folhas de nabo e misture. Junte o bonito seco, a água e uma pitada de sal. Em seguida, coloque o grits e misture. Cozinhe por 5 minutos ou até os grânulos dos grits estarem transparentes. Junte o leite de coco e gotas de molho de pimenta a gosto. Adicione sal a gosto. Prove e corrija, se necessário. Quando começar a ferver, desligue o fogo e junte gotas de limão. Sirva imediatamente.

quase tudo sempre igual, com algumas diferenças

É bem raro eu conseguir tirar uma foto dos meus dois gatos juntos, já que o mais velho, Misty, mantém o máximo de distância possível do mais novo, Roux. São sete anos gatos-cadeirastestemunhando o esforço do pequeno para conquistar o mais velho e sua frustração ao ser esnobado, rejeitado e grunido, nas tentativas inúteis de solidificação de uma amizade.

Agora entrou um outro animal na jogada. E eu tinha certeza que o Roux seria o primeiro a se aproximar da cachorra Boo Meringue, que tem nos visitado frequentemente. Ela é a cachorra da namorada do meu filho e aparentemente é aberta às amizades com felinos. Está vivendo numa casa com dois gatos que a esnobam e quando chegou aqui tentou se aproximar dos meus gatonildos. Para a minha surpresa, o Roux foi o que cascou fora em pinotes histéricos e assustados, e mesmo depois de inúmeras visitas, ainda não aceitou a presença ocasional da cachorra. Já o Misty não teve nenhuma reação. Talvez pelo fato dele estar surdo e não escutar o pequeno alvoroço da chegada da visitante. Mas mesmo quando ela chega bem perto dele, pra cheirar o nariz [ou o outro lado, hahaha] ele não se abala. Está sempre dormindo em algum canto e prefere as cadeiras encaixadas nas mesas, localização perfeita por impor mais dificuldades às aproximações do Roux.

Neste dia, quando o Roux sentiu a chegada da Boo, já se pirulitou e foi se esconder no andar de cima da casa. O Misty passou o tempo todo dormindo na cadeira e a Boo o resto do tempo do outro lado da mesa. Na hora da despedida dos visitantes, o Roux desceu, já pressentindo que a área estaria segura para ele circular novamente. Quando ele viu que a cachorra ainda estava na cozinha, se colocou embaixo da cadeira—o seu refugio clássico, pra onde ele corre sempre que faz algo errado ou qualquer reboliço acontece. E foi assim que eu consegui tirar uma foto dos dois gatos numa divertida proximidade: Misty na dele, dormindo e Roux na vigilia, aguardando alerta e desconfiado a partida da cachorra invasora.

gelatina de pera & creme

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Está confirmado o fenômeno: chega uma certa altura do inverno, me dá uma vontade intensa de comer gelatina. Exatamente como aconteceu naquela outra vez, precisei matar as lombrigas com uma gelatina refrescante de fruta. Desta vez escolhi a pera. Comprei um suco integral de peras orgânicas, daqueles sem nada além da fruta. Só que quis misturar a pera com algo cremoso, então fiz a gelatina de creme de baunilha.

Faça uma gelatina de cada vez, usando para cada sabor 2 xícaras de liquido, 2 envelopes de 7 gramas cada um de gelatina em pó sem sabor e o adoçante da sua preferência—eu escolhi o mel.

Para a gelatina de pera, coloque 1/2 xícara do suco num refratário retangular. Salpique os dois pacotes [14 gr] de gelatina sobre o liquido. Enquanto isso, coloque os outros 1 1/2 xícara de suco numa panela e leve ao fogo até quase ferver. Despeje o suco quente sobre a mistura de gelatina, misture bem com um batedor de arame até ficar tudo bem dissolvido. Adoce a gosto. Eu usei o mel. Deixe esfriar, cubra e leve à geladeira até firmar.

Para a gelatina de creme, coloque 2 xícaras de leite integral [use o melhor leite que puder achar e comprar] numa panela, abra meia fava de baunilha ao meio e raspe as sementes com uma faquinha. Coloque a fava e sementinhas no leite e leve ao fogo até ferver. Deixe esfriar completamente e descansar. Pode fazer com muitas horas de antecedência ou de um dia pro outro. Quando o leite estiver completamente frio, coe a fava [e deixe secar para reusar aromatizando açúcar] e coloque 1/2 xícara do liquido num refratário retangular, salpique os dois envelopes [14 gr] de gelatina sobre o leite. Enquanto isso leve o 1 1/2 xícara restante de leite ao fogo, desligue quando estiver quase fervendo. Jogue o liquido quente sobre a mistura de gelatina, mexa bem com um batedor de arame até ficar completamente dissolvido. Adoce a gosto. Eu usei mel. Deixe esfriar, cubra e leve à geladeira para firmar.

Na hora de servir corte as duas gelatinas em cubinhos e coloque em cumbuquinhas ou copinhos, os dois sabores misturados.