mulled red wine

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Na primavera planejamos assistir à montagem de A Midsummer Night’s Dream que o grupo de teatro da UC Davis estava apresentando ao ar livre, na área mais bonita do arboretum, num corredor de red woods. Nas minhas caminhadas ao entardecer, observei todo o processo dos ensaios do grupo, depois tive que fazer um pequeno desvio no meu caminho durante as apresentações, passando por trás dos camarins e ouvindo e vendo um pouquinho da ação. Por razão desconhecida ou ausente, só explicada pela nossa onipresente capacidade para procrastinação, acabamos não indo e perdendo de ver essa montagem da bucólica peça de Shakespeare.
No inicio do outono o mesmo grupo anunciou que montaria uma versão modernex de MacBeth e desta vez não iríamos dormir de touca, pois teríamos um motivo particular para estar na fileira do gargarejo na estréia. Na trama sangrenta, onde o enlouquecido casal, sir e lady MacBeth, se embola numa matança sem fim, na ambição de chegar ao poder no reino da Escócia, há muitas lutas. E essas lutas precisam ser coreografadas. Nunca tinha pensado nisso até o Gabriel nos dizer que ele iria fazer a coreografia das lutas de espada e adagas para a peça.
Fiquei muito curiosa com essa história do meu filho coreografar lutas e animada para ver os resultados. O único problema é que o grupo faz as montagens ao ar livre e as noites de outono são bem frias. Três horas de peça, sentados nas arquibancadas de cimento, expostos ao frio e vento, não iria ser bolinho. Prevenida, me preparei para uma caminhada pelas planicies alasquianas. Levei um acolchoado macio, almofadas, vesti meu casacão longo de fake fur super duper quentinho, levei luvas, manta de lã, touca, uma garrafona térmica com chá de laranja e outra menor cheia de vinho quente. O chá encalhou, mas o vinho foi bebido em goles largos e felizes durante o intervalo por mim e pela namorada do meu filho. A bebida forte e fumegante nos aqueceu e nos animou para a segunda parte da peça, que teve muito, mas muito sangue e até rolou uma cabeça.
Vi a receita para esse vinho quente na edição de novembro da revista Food & Wine e deixei marcada, pois concordei que era mesmo uma idéia fantástica para detonar restos de vinho das festas. Na minha casa sempre sobra vinho, porque só eu bebo. Fiz da primeira vez usando restos de Cabernet Sauvignon e refiz uma semana depois usando o Zinfandel. Adorei a possibilidade de poder preparar tudo com dias de antecedência e depois só requentar. Esses mulled wines, assim como as cidras, são bebidas muito comuns por aqui durante as festas de final de ano. Eu já comprei as especiarias prontas para fazer essas bebidas quentes, mas achei essa misturinha feita em casa, com pimenta e erva doce, altamente picante e deliciosamente auspiciosa!
mulled red wine with muscovado sugar
2 colheres de chá de pimenta do reino inteiras [black peppercorns]
1 colher de chá de sementes de erva doce [fennel seeds]
1 pau de canela de mais ou menos uns 7 cm
1 1/2 litro de vinho tipo Zinfandel ou Merlot
[*fiz com Cabernet Sauvignon e depois com Zinfandel]
3 folhas de louro
Raspas da casca de uma laranja
1 1/2 xícara de açúcar muscovado ou outro açúcar escuro
Num pilão junte as pimentas e as sementes de erva doce e moa levemente. Numa panela coloque o vinho e todos os outros ingredientes, menos o açúcar. Tampe e ferva em fogo baixo por 10 minutos. Remova do fogo e deixe descansar, tampado, por 30 minutos. Coe para remover todos os ingredientes aromáticos. Junte o açúcar e mexa até dissolver bem. Sirva morno ou reaqueça para servir quente, em taças ou canecas. Esse vinho pode ser feito com antecedência e guardado numa jarra na geladeira por até três dias, Reaqueça na hora de servir.

Pato a Califórnia

Os patos são uma instituição aqui na minha cidade. O habitat natural da pataiada é o Arboretum da UC Davis, onde eles têm um riacho bem comprido para nadar e muito solo orgânico ao redor para bicar e petiscar, numa área realmente enorme e que abriga outros pequenos animais, como lebres e esquilos. Mas se vocês acham que os patolinos estão satisfeitos com o espação que têm e ficam somente por ali, estão enganados. Os aventureiros adentram audaciosamente as ruas do campus e até as da cidade. É bem comum se ver uma fila de carros parados esperando uma fileirinha de patos atravessar a rua, naquele passinho de patatipatacolá. Eu mesma já parei por causa deles incontáveis vezes. E vira e mexe vejo um patolino ou dois perdidos, vagando pelas calçadas das ruas de downtown. Muitos aparecem vez e outra na minha rua e dormem na grama do meu jardim. Eu acho esses patos circulando pelas ruas um perigo, mas felizmente numa presenciei nenhum atropelamento. Todo mundo toma cuidado, pois os patos são ícones da cidade, assim como com as bicicletas e o o cavalo dos Aggies.

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Uma amiga uma vez me contou uma história muito pitoresca envolvendo um pato e um cidadão chinês, quando o último se estabeleceu temporariamente na cidade para trabalhar no seu doutorado na UC Davis. Vamos considerar que para um chinês, o fato de patos [comida!] passearem para lá e para cá livremente, sem o risco de virarem um guisado, deve ter tido o impacto de um baita choque cultural. Todo santo dia o chinês saia e voltava para seu apartamento, num dos complexos para estudantes localizado a lado do campus e do Arboretum, e via a pataiada zanzando, nadando, voando razante, levando aquele vidão. Patos gorduchos, bem alimentados, felizes e… suculentos. Um dia o chinês decidiu pegar um dos patos e com ele preparou um belíssimo jantar. Foi uma reação natural, um procedimento normal e o pato assado ficou delicioso, tão bom que ele não resistiu em contar a façanha para os seus colegas no laboratório onde trabalhava na sua pesquisa de doutorado. O chinês contou que o pato assado tinha ficado delicioso, mas os seus colegas ouviram horrorizados que ele tinha matado um pato do Arboretum, um símbolo da cidade, um animal intocável. Alguém o denunciou pra polícia, que depois de fichá-lo, avisou as autoridades da universidade e o estudante chinês foi expulso do meio acadêmico e em seguida deportado. Não posso afirmar se essa história é verdadeira ou se tornou-se uma lenda local, quando eventos muito menos drásticos começaram a correr bocas, cada um contando o conto e aumentando um ponto, como eu estou fazendo agora, contando esse conto pra vocês.

e agora, as azeitonas

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O campus da Universidade da Califórnia aqui em Davis é sapecado de oliveiras, assim como a cidade. Ao lado da minha casa tem uma fileira enorme das lindas árvores, que nos fornecem uma sombra agradável nos dias quentes. O problema das oliveiras na cidade e no campus são as azeitonas, que caem no chão e deixam o pavimento oleoso e escorregadio, especialmente para as bicicletas. Anos atrás alguém teve a idéia fabulosa de colher as azeitonas do campus e transformá-las em azeite. O negócio prosperou e o azeite da produzido pela UC Davis virou coqueluche nas cozinhas da cidade e região. Agora alguém teve outra idéia—por que não produzir também azeitonas de mesa? Voilá! Na semana passada fui comprar os primeiros vidros lançados pela universidade. As azeitonas são oferecidas em três sabores—siciliano, alho e limão. Comprei a de limão e me surpreendi bastante com o sabor das azeitonas. Elas não são muito carnudas, nem super tenras, mas são bem saborosas. Para a primeira leva está excelente.

extra-virgem para todos!

Eu ouso comparar a saga das azeitonas californianas—que está apenas começando—com a do vinho californiano, que se desenvolveu a partir da década de 60 e alcançou um patamar de qualidade e de renome mundial. Isso porque um homem, o empreendedor Robert Mondavi, decidiu que colocaria o estado no mapa da vinicultura mundial. Eu acredito que a Califórnia tem potencial para tornar-se completamente independente também no quesito azeite e boas azeitonas de mesa. Os produtores de azeitona do estado parecem estar decididos a mudar esse panorama triste, das azeitonas enlatadas. Eu tenho comprado azeite californiano e não tenho tido nenhum motivo pra reclamar. Alguns fatos sobre as azeitonas daqui, tirados da revistinha sazonal do departamento de Plant Science, da UC Davis.

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As oliveiras são originais da Asia Menor e se espalharam pelo Irã, Síria e Palestina seis mil anos atrás e em seguida pelo resto da região mediterrânea. Há documentação que mostra que as oliveiras foram trazidas da Espanha para o Peru em meados do século 16. No século 18 monges franciscanos levaram as oliveiras para o México e depois rumo ao norte, com o estabelecimento do sistema de missões na Califórnia. O primeiro registro de uma oliveira plantada na Califórnia está datado em 1769, na missão San Diego de Alcala.

Pomares comerciais de oliveiras apareceram no final do século 19, primeiramente nos vales do centro e norte da Califórnia. As azeitonas das primeiras colheitas viraram azeite, mas no inicio do século 20 a indústria deu uma guinada, se concentrando na produção de azeitonas para mesa. O desenvolvimento da tecnologia de enlatamento trouxe mais lucros para a indústria do que a fabricação de azeite. Hoje 90% da produção de azeitonas na Califórnia é para enlatamento, com apenas 10% reservada para fazer azeite.

A Califórnia é o único estado do país com uma produção significante de azeitonas comerciais. Aproximadamente 80% das azeitonas consumidas nos EUA vem da Califórnia. O azeite era quase que totalmente importado, mas devido à demanda do consumidor hoje a produção de azeite californiano aumentou consideravelmente. Há previsão de que o volume da produção de azeite no estado aumente em 500 por cento nos próximos cinco anos—te cuida Espanha e Itália!

A Califórnia produz as seguintes variedades de azeitonas:
Para mesa: Manzanillo, Sevillano, Mission, Ascolano e Barouni.
Para azeite: Arbequina, Arbosana, Koroneiki, Frantoio, Mission, Manzanillo e Leccino.

Free Food

O ano letivo na UC Davis começa nesta quinta-feira. A movimentação já está intensa, com estudantes chegando e se instalando em apartamentos, fraternidades, sororidades, condominios e dormitórios. Já percebi um fluxo maior de bicicletas pelo campus e toda hora vejo um barata tonta com aquela cara de quem não sabe onde está, girando um mapa, pra esquerda, pra direita e escaneando a área ao redor com movimentos oscilantes da cabeça. Pobres e perdidos freshmen. Outra coisa que reparei foi a quantidade de cartazes aflixados pelos caminhos principais do campus. A maioria está tentando convocar os novos estudantes para se afiliarem em associações e organizações. E todos oferecem alguma coisa, geralmente as mais chamativas: pizzas, sorvetes, sanduiches. Uma das placas vai direto ao ponto e anuncia selvagemmente—FREE FOOD! Que estudante recém-iniciado numa vida longe da família e com pouco dinheiro vai conseguir resistir a um atrativo como esse?

esse papo já tá qualquer coisa

Minha rotina depois do jantar é subir pro meu quarto, ligar a tevê sempre no mesmo canal e clicar no guia pra ver o que está passando ou o que vai passar e assim poder planejar se vou assistir algo no canal ou colocar um dvd. Depois entrar no banheiro, sempre acompanhada por um dos gatos—se for o Misty eu tenho que abrir a água de uma das pias, se for o Roux vou ter que ficar conversando um pouco com ele, que vai miar com uma voz esganiçada que nos faz dobrar em riso. Tomo o meu banho, faço toda a rotina de escovação de dentões e hidratação de corpão, volto para o quarto e vou ler meus livros e ver meus filmes. Ontem já tinha decidido que não iria ver o filme que estava passando no TCM, o meu canal vitalício—The Joy Luck Club. Eu já vi e revi esse filme, inteiro ou em partes, inúmeras vezes. E todas as vezes eu me debulho em lágrimas. Não tem jeito, o filme é um clássico tearjerker pra desopilar o fígado e lavar a alma. Então quando saí do banho, já pensando qual seria o dvd que iria escolher pra assistir e de olho no livro que estou lendo, sentei na cama ajeitando as costas nas muitas almofadas e pow—não consegui mais descravar o olho do filme, que já estava pra lá da metade. E lá fui eu outra vez, chorar de dar bafão, de assustar os gatos, daqueles choros com gemidos, dolorido, que parece que os dentes vão cair e a cara vai estourar, que me deixou esbugalhada, cansada, fungando e de olhos ardendo. Quando o filme terminou com o encontro das irmãs, meimei! meimei!, eu já estava um farrapo humano, suspirando com uma cara aparvalhada. Fui dormir.

O resultado do chororô da noite foi uma cara matinal de pinguça, agravada por uma dor de cabeça que veio galopante e me deu um baita de um coice no crânio. Estou acordada há quase quatro horas e ainda sinto as sequelas da miserável. Somente o Blues poderá salvar este famigerado dia. Escrever também ajuda.

Estou pensando no futuro, no que vou fazer amanhã e em novembro. O dia vai ser quente, mas está nublado e esfumaçado, um ar pesado e poluído devido aos incêndios que se alastram pelo norte do estado. Isso tudo desanima, até de cozinhar e comer. Tenho me dedicado às receitas simples, rápidas e fáceis. Minha cozinha está cheia de produtos fresquinhos de verão, mas eu não ando entusiasmada. Os deliciosos tomates maduríssimos viram uma simples salada ou são combinados com alho e manjericão numa panela de pasta de rodelinha. Chegou um maço tão gigante de manjericão na cesta orgânica, que fui obrigada a fazer um pesto. Usei uma mistura de nozes e pecans, que era o que eu tinha, Torrei as nozes e as pecans e fiz como manda a receita clássica. Usei um pouco da água do cozimento da pasta pra diluir o pesto, dica da Marcella Hazan que já adotei. No outro dia fui às compras e fiz couscous com cranberries secas e pinoles. Mais um rango simples, servido com salada, porque não ando muito inspirada. E há muitas batatas. Batatas amarelas, brancas e roxas, que chegam toda semana, junto com as folhas verdes, que eu decidi impôr férias, então retiro da cesta lá mesmo na fazenda e coloco numa cesta onde acredito as pessoas doam o que não querem pra uma tal de Kara. A cesta de verão é realmente colorida, com muitos tipos de abobrinha, tomates e algumas frutas. Nesta semana chegaram figos, roxos e verdes, que foram devorados em minutos.

O website da UC Davis traz uma reportagem bacana sobre sustentabilidade e nela vocês poderão ver um pouquinho da fazenda orgânica dos estudantes, de onde vem a minha cesta semanal. Em Planting the Seeds of Change, clique no audio slideshow da direita, Student Farm lessons.

mais azeite da UC Davis

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No ano passado eu dormi de touca e perdi a primeira festa de lançamento do azeite da UC Davis. Meus amigos foram e me contaram. E eu então contei aqui que as oliveiras estão por toda parte, na cidade e no campus da Universidade da Califórnia em Davis. As árvores se enfileiram por ruas e campos. Na avenida paralela à minha rua há uma grupo delas, lindas, pomposas e ancestrais. Fiquei muito feliz quando a universidade tomou a iniciativa de colher as azeitonas das oliveiras do campus e transformá-las em azeite. No ano passado comprei meus vidros do néctar e este ano marquei no calendário o dia da festa do lançamento do azeite da UC Davis e marquei presença, na companhia da minha amiga Charlene. Chegamos um pouco tarde e ficamos tentando botar o papo em dia, então perdemos alguns dos inúmeros rangos que estavam sendo oferecidos. Compramos tokens para provar quatro tipos de vinhos, de algumas vinícolas e distribuidores locais, que estavam expondo seus produtos. Aqui na Califórnia, festa sem vinho não é festa! Provamos o azeite deste ano, que achamos um pouco apimentado demais para o nosso gosto. Outros produtores de azeite locais estavam expondo seus produtos e concluímos que a variedade das azeitonas aqui tem mesmo um toque ligeiramente amargo. Rodamos pela festa, comemos algumas coisinhas, bebemos dois tipos de vinho branco e dois tinto. O vinho que nós mais gostamos foi o Sauvignon Blanc Chasing Venus da wine company Crew. Um vinho neozelandês leve e delicado, com sabor e aroma bem intenso de grapefruit.

tô-fraco-tô-fraco-tô-fraco

Cheguei no trabalho pela manhã, tive apenas tempo de ligar meu computador e ainda estava de casaco e boina quando meu chefe veio falar comigo:
[C]—você viu as aves lá fora? elas estão naquela parte de grama da esquerda e são muitas.
[F]—não vi, elas estão vivas ou mortas?
[C]—vivas! estão ciscando todas juntas no gramado!
[F]—nossa, não vi nada! onde?
Ele me acompanhou até a porta e quando abriu eu pude ver, como se estivesse sonhando, um bando de galinhas d’angola gorduchudas e felizes atravessando a rua apressadamente. Uma que ficou um pouco para trás, deu até uma voada rasante para conseguir alcançar as outras. Fiquei pasma! Ficamos confabulando que tipo de aves eram aquelas, embora eu já soubesse que eram com certeza as famosas d’angolas. Mas de onde elas sairam? Será que elas pertencem à algum departamento da faculdade de veterinária? Que eu saiba na UC Davis não tem zoológico.

bons hábitos no trabalho

No meu trabalho tem uma máquina de água, dessas com duas opões: água quente ou gelada. O programador compra os galões de água no Co-op, voluntários trocam, conforme a necessidade. A cada seis meses faz-se a limpeza da máquina de água. Voluntários são requisitados. Da última vez fui eu e a secretária. Ficamos duas horas seguindo o passo-a-passo, mas a água ficou deliciosa—ou assim comentaram os que provaram. Eu me voluntario pra trocar o galão ou limpar a máquina, porque bebo muita água. Se não é gelada, é a quente que eu uso pra fazer meus chás. Eu tenho várias latinhas cheias de saquinhos empilhadas na minha estante e durante os meses frios bebo pelo menos três xícaras de chá por dia. São xícronas. Nosso prédio é pequeno. É na verdade um anexo de um prédio grande. Nós temos uma micro-cozinha que fica no corredor com pia, geladeira, micro-ondas, armário e cafeteira. Não podemos jogar lixo orgânico nas lixeiras. Reciclamos tudo. Cada um limpa a sua própria sujeira. Todo dia pela manhã o meteorologista faz café. Às vezes a jornalista faz mais café à tarde. Todo mundo bebe café, menos eu. Não há pratos, nem talheres, nem copos de papel nem de plástico, todo mundo tem seus próprios utensílios e sua própria xícara ou caneca. Inclusive eu, que tenho três.