No dia em que comprei uns talos de ruibarbo, recebi um e-mail da Martha Stewart com uma compilação de receitas com ele e me senti a maior pimpona do planeta, já com uma receita escolhida para fazer para o almoço de dia das mães. Tudo parecia tão simples, tão fácil, tão elegante, tão leve e tão saboroso. Pois bem, comecei a fazer a receita no sábado e já fiquei toda irritada quando percebi a quantidade de passos que teria que percorrer até a finalização da torta. Fazer massa, gelar, abrir, assar. Fazer recheio, preparar, gelar. Fazer cobertura de fruta, preparar, macerar, gelar, reduzir. [save-me-baby-jesuis!]. Receitas com muitas etapas não são exatamente o meu forte, porque me atrapalho muito. Mas mesmo assim respirei fundo e fui em frente com atenção e cuidado. Fiz a massa, o recheio e durante o preparo do ruibarbo o Uriel precisou dar um pulo correndo na farmácia pra comprar outra garrafa de brandy, que eu achei que tinha o suficiente, mas não tinha. A torta gelou de um dia pro outro, a fruta macerou de um dia pro outro e no domingo de manhã eu reduzi a calda de açúcar. Minutos antes de servir coloquei os ruibarbos com cuidado por cima do creme de iogurte e limão. A calda para acompanhar passou um pouco do ponto e virou quase uma bala, mas nisso admito que a culpa foi minha pois não deveria ter deixado no fogo por tanto tempo—foi devida a falta de experiência com essas coisas.
Quando começei a cortar e servir as fatias percebi que estava numa situação delicada. A massa estava um pouco dura de cortar e o recheio meio desmilinguindo. Na primeira garfada vi uma unanimidade de caras de nhoque ali na mesa, todos tentando mastigar o ruibarbo meio cru. Minha nora declarou—acho que vamos precisar da ajuda de facas! Isso sem falar na calda, que ficou parecendo uma bala puxa-puxa colando nos dentes e o creme de limão super insonso contrastanto com o ruibarbo duro e cru. Que fiasco!
Voltei lá na receita pra ler os comentários e ver se alguém mais tinha tido algum aborrecimento como esse e li um que descreveu exatamente o ocorrido com a minha torta.—“This recipe takes way too long to make and the 4 hr sitting time is not enough. Mine fell apart as soon as I released the springform pan. Also the rhubarb was not cooked enough. We threw it out.”
Por um minuto fiquei realmente abismada com a revelação de que receitas da Martha Stewart podem não dar certo. Dona Benta feelings. Que maçada! Mas dei o caso por encerrado, afinal o almoço de dia das mães não tinha sido realmente grandes coisas, com um churrasco esturricado e arroz empapado preparados pelo meu marido e meu filho. A sobremesa apenas ornou com o resto da comida.
Decidi que não iria reproduzir aqui a receita que não ficou boa. Se alguém quiser tentar e arriscar, que faça direto do website da Martha Stewart [e depois me conte]. Ao invés dessa torta de ruibarbo meia-boca, deixo aqui essa versão de torta levíssima e muito mais fácil e rápida, que pode ser feita com os originais morangos ou mesmo com ruibarbos cozidos no brandy. Mas certifique-se que os ruibarbos cozinhem por pelo menos um minuto, antes de colocá-los macerando na calda na geladeira.
Categoria: ruibarbo
torta de limão & ruibarbo
ruibarbo com zabaione
Essa sobremesa aparentemente super modesta, acabou dando um certo trabalho. Na edição de abril da revista Martha Stewart Living a receita me saltou aos olhos exatamente pela simplicidade e pelo diferencial nos ingredientes. Ruibarbo, ovos e licor. Fui atrás do detalhe evidenciado como o segredo da receita—o licor de elderflowers. O imbróglio é que parece que só existe uma marca desse licor, o St-Germain. Fui investigar com o moço da seção das bebidas no supermercado, argumentando que eu precisava somente de três colheres de sopa e ele me falou se desculpando que infelizmente não existia nenhum outro licor similar, nem numa embalagem menor, nem num preço mais barato.
A sobremesa seria o encerramento do almoço de Páscoa, então quis adiantar tudo no sábado à tarde, preparando o ruibarbo com antecedência. Descasquei, piquei, fiz a calda e [CHICOTADAS] resolvi que não faria o banho de gelo por pura preguiça. Entrei pelo cano quando vi o ruibarbo se desfazendo dentro da panela [MAIS CHICOTADAS]. Como não sou mulher de desistir tão fácil, voltei no supermercado depois do jantar e comprei mais ruibarbo.
No dia seguinte pela manhã comecei tudo do zero e desta vez OBEDECI às ordens da Martha. E deu tudo certo. O licor é realmente importante. O sabor suave e floral das eldeflowers dá um toque especial ao zabaione e combina incrívelmente bem com os ruibarbos cozidos. O zabaione não pode esperar muito pra ser servido. O ideal seria preparar na hora e servir imediatamente. Os ruibarbos devem ficar inteiros e não muito moles. O resultado agradou à todos. Essa sobremesa fica bem delicada e primaveril.
serve 4 porções
3 xícaras de água
2 xícaras mais 2 colheres de sopa de açúcar
1/2 fava de baunilha
[cortada ao meio, sementes removidas com a ponta da faca]
Um tira de casca de limão [sem a parte branca]
800 gr de ruibarbo, descascado e cortado em pedaços
4 gemas de ovos grandes
3 colheres de sopa de licor de elderflower—St-Germain
[ou outro licor floral se não achar o de elderflower]
Prepare um banho de gelo—uma vasilha encaixada sobre uma outra vasilha maior com metade gelo/metade água.
Numa panela, coloque a água, as 2 xícaras de açúcar, a fava e sementes de baunilha e a casca de limão. Leve ao fogo e cozinhe em fogo médio por 10 minutos. Adicione o ruibarbo e cozinhe por 3 minutos. Transfira o ruibarbo para a vasilha em cima da água com gelo. Deixe esfriar completamente.
Num double boiler—uma panela com água quente [em fogo baixo sem deixar ferver] com uma vasilha em cima, coloque as gemas, as 2 colheres de sopa de açúcar e o licor. Vai batendo com a batedeira manual em velocidade baixa até formar um creme denso, mais ou menos uns 6 ou 8 minutos. O creme vai triplicar em volume. Sirva o zabaione mais rápido possível, sobre os ruibarbos.
»com a primeira leva de ruibarbo cozido que se defez, apurei no dia seguinte e transformei o fracasso numa geléia.
bolo de ruibarbo & limão
Estava com muita vontade de fazer um bolo. Depois de um monte de chatices de saúde—uma gripe chinesa e uma misteriosa intoxicação alimentar, fiquei muitos dias só nos rangos fáceis e repetidos—gazpachos, saladas, pão com tomate, fatias de melancia, peixe grelhado, macarrãozinho. Neste final de semana finalmente consegui assar um bolo, e fiz com ruibarbo pois tinha um saco dos caules frescos esperando para serem usados. Tenho muitas receitas com ruibarbo guardadas, mas escolhi esta de lemon buttermilk rhubarb bundt cake da talentosa Hannah do blog Honey & Jam. Tenho certeza que o ruibarbo pode ser substituído por outra fruta que não solte muito líquido, como maça ou pêra. Eu fiz o glacê já achando que ele seria demais e estava certa. Se você curte doçuras, manda bala. Mas o bolo pra nós já estava perfeito sem a camada extra de açúcar.
para o bolo
2 1/2 xícaras [mais 2 colheres de sopa] de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
1 colher de chá de sal marinho fino
1 xícara de manteiga sem sal [2 tabletes de 113 gr]
1 3/4 xícaras de açúcar
Raspas da casca de 1 limão
3 ovos
1/2 colher de chá de óleo ou extrato de limão [*usei o extrato]
3/4 xícara de buttermilk
500 gr [3 xícaras] de ruibarbo descascado e cortado em fatias
para o glacê de limão
2 xícaras de açúcar de confeiteiro
Suco de 1 limão
1 colher de sopa de manteiga sem sal amolecida
Misture todos os ingredientes muito bem e jogue sobre o bolo.
Pré-aqueça o forno a 350ºF/ 176ºC. Unte uma forma estilo bundt.
Peneire a farinha, o fermento e o sal numa vasilha. Reserve. Na batedeira, bata a manteiga, o açúcar e as raspas de limão até formar um creme bem leve, mais ou menos uns 5 minutos. Adicione os ovos, um de cada vez, raspando a massa dos lados da vasilha com uma espátula. Junte o extrato de limão. Junte a farinha, alternando com o buttermilk—comece e termine com a farinha. Vá raspando as beiradas com uma espátula e batendo até todos os ingredientes ficarem bem incorporados. A massa va ficar bem grossa.
Misture as 2 colheres de sopa extras de farinha com as fatias de ruibarbo e revolva bem com uma colher. Junte metade do ruibarbo enfarinhado à massa. Coloque a massa na forma untada e coloque o resto do ruibarbo por cima. Leve ao forno por mais ou menos 1 hora, ou até o bolo ficar dourado por cima e bem cozido por dentro. Remova do forno e deixe descansar por uns 30 minutos. Inverta e cubra com o glacê de limão.
*quero mostrar com mais detalhes esses pratinhos que comprei na thrift store por uma merreca que nem vou dizer quanto, pois ninguém vai mesmo acreditar. achei tão brejeiros, com os bichinhos e as folhas e espiga de milho. eles são da Williams-Sonoma e estão perfeitos.
bolo de ruibarbo & especiarias
Resolvi levar um pacote de ruibarbo congelado pra casa. Aqui os ruibarbos frescos só aparecem brevemente numa certa época do ano, mas congelados eles estão disponíveis year-round. Lógico que prefiro o fresco, mas decidi arriscar. O pacotinho de ruibarbo ficou esperando no freezer porque, comprado de impulso, eu realmente não tinha nenhuma idéia de como usá-lo. Foi quando folheando a revista Olive distraidamente, encontrei lá três receitas com ruibarbo logo nas primeiras páginas. Uma delas foi a escolhida. Vou dizer que apesar de ter balança [e agora uma digital, presente de natal do meu filho], conversores de medidas nos computadores e no telefone, ainda me atrapalho—sem falar que me irrito— com medidas em gramas. Principalmente se elas não tiverem a conversão exata para xícaras e colheres. Também fiquei cabreira com o detalhe da receita ser feita no processador. Juro que achei que não iria dar certo, ainda somando o fato do ruibarbo ser congelado. Mas para a minha imensa surpresa, o bolo não só vingou, mas ficou fofinho e delicioso, perfumado de especiarias com uma base ardidinha proporcionada pelo ruibarbo. Muito bom! Como eu não tinha o mixed spice pedido na receita, improvisei a minha própria mistura. Também fiz a minha própria farinha self-raising.
140 gr de manteiga amolecida
300 gr de farinha self-raising [*para fazer essa farinha adicione 1 1/2 colher de chá de fermento em pó e 1/2 colher de chá de sal para cada 1 xícara de farinha comum]
2 colheres de chá de mixed spice [*fiz a minha com canela, cravo, cominho, nos moscada, tudo em pó, e raspinhas secas de casca de laranja]
1 colher de chá de gengibre em pó
100 gr de açúcar muscovado escuro [*substitua pelo mascavo]
250 gr de golden syrup [* use xarope de milho ou mel]
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
2 ovos batidos
300 gr de ruibarbo cortado em pedaços pequenos
Açúcar de confeiteiro para polvilhar
Pré-aqueça o forno em 356ºF/ 180ºC, unte uma forma quadrada de 20 cm com manteiga e forre o fundo com papel vegetal. Coloque uma chaleira com água no fogo.
Numa vasilha peneire a farinha de trigo [e o fermento e sal, se não tiver a self-raising] e as especiarias. No processador de alimentos bata a manteiga e o açúcar até ficar uma mistura clara, junte o golden syrup e bata novamente. Misture o bicarbonato de sódio com 200 ml de água fervendo e junte essa mistura gradualmente à massa no processador. Junte a mistura de farinha e pulse, então junte os ovos batidos e pulse mais umas vezes. Remova a mistura do processador para uma vasilha. Junte o ruibarbo e misture delicadamente. Coloque a massa na forma untada e forrada, leve ao forno por 60 minutos ou até que o bolo esteja firme e cozido. Remova do forno e deixe esfriar por uns minutos. Vire o bolo numa grade, remova o papel, deixe esfriar completamente, coloque numa travessa ou prato quadrado e polvilhe com o açúcar de confeiteiro.
sorbet de ruibarbo
Os ruibarbos que sobraram viraram sorbet, com uma receita do Chez Pannise Desserts da Alice Waters. Como tem que cozinhar o ruibarbo antes, porque cru ele é incomível, esse sorvete demorou um pouco mais pra ficar pronto. Eu usei a mesmissima medida de açúcar usada no livro e achei que ficou muito doce pro nosso gosto, que não é o de pessoas-formigas. Diminua se você for como nós, mais fã do ácido do que do doce.
500 gr de ruibarbo – lave, puxe as fibras e corte em cubos
3/4 xícara de água
2 xícaras de açúcar [nota: diminuir pra 1 xícara da proxima vez]
Kirsch ou Grand Marnier para dar gosto [*usei Grand Marnier]
Coloque o ruibarbo com 1/2 xícara de água no processador de alimentos. Pulse até formar uma pasta. Coloque tudo numa panela não-corrosiva, com 1/2 água e o açúcar e leve ao fogo, mexendo de vez em quanto, até o ruibarbo ficar cozido [uns 15 minutos]. Acrescente o resto da água [1/4 xícara] e o Kirsch ou Grand Marnier. Deixe esfriar e leve a geladeira até ficar completamente gelado. Depois é só colocar na sorveteira.
torta de morango & ruibarbo
Outro dia meu chefe, que agora também subscreve uma CSA, veio me contar que a mulher dele tinha feito uma torta com os ruibarbos, morangos e cerejas que vieram na cesta e que a tal foi um grande sucesso. Nem tive tempo de ficar com inveja, pois pude retrucar na lata que tinha ruibarbos orgânicos na geladeira e que também iria fazer uma torta. Só a parte do sucesso é que não pude mostrar firmeza, pois com tortas eu sempre estou jogando na roleta.
Corri no Farmers Market sábado de manhã para comprar os morangos orgânicos fresquinhos e me deparei com uma cascata de frutas maravilhosas. Além dos morangos, abundavam cerejas de diversas variedades, damascos, pêssegos, nectarinas, blueberries, framboesas, amoras e outras berries que nem sei o nome. Me contive e fui direto para a banca da família da fazenda Good Hummus onde eu sempre compro ingredientes interessantes, além de achar o trabalho deles o máximo. Os morangos dessa fazenda estavam perfeitos para virarem recheio de torta—bem maduros e não muito grandes. Comprei duas cestinhas, entre outras muitas coisitas e fui pra casa.
Para decidir a receita fui direto nos livros do Chez Pannisse e Alice Waters e neles encontrei o que eu queria. Para a massa escolhi fazer um pâte sucrée, já que a mistura do ruibarbo com morango não é extremamente doce. Ela saiu do The Art of Simple Food. E o recheio, facílimo, saiu do Chez Panisse Desserts.
pâte sucrée
Bater bem até ficar cremoso:
8 colheres de sopa [113 gr ou 1 tablete] de manteiga
1/3 xícara de açúcar
Adicione e misture bem:
1/4 colher de chá de sal
1/4 colher de chá de extrato puro de baunilha
1 gema de ovo caipira
Adicione:
1 1/4 de farinha de trigo
Misture bem, mexendo e dobrando até a massa não ter mais nenhum ponto seco Embrulhe em plástico e gele por 4 horas [eu gelei menos tempo]. Divida a massa em duas partes, estique com o rolo e cubra uma forma de torta com uma parte, coloque o recheio e cubra com a outra parte. Essa massa fica finíssima e derrete na boca depois de assada.
torta de ruibarbo e morango
Massa para forrar e cobrir uma forma de 9-inch /22 cm.
500 gr de ruibarbo – mais ou menos 4 xícaras
2 xícaras de morangos orgânicos [*morango tem que ser orgânico, né?]
2 1/2 colheres de sopa de farinha de trigo
2/3 de xícara de açúcar [*usei o rapadura]
Lave e corte os ruibarbos puxando a fibra exterior o máximo que puder. É só começar a cortar que você vai ver os fios das fibras e daí é só puxar. Corte tudo em cubos. Lave os morangos, tire os cabinhos e corte ao meio. Misture a farinha de trigo e o açúcar e revire bem. Coloque essa mistura na forma forrada com a massa, cubra com a outra parte da massa, pressione a borda com os dedos pro suco das frutas nãoi escapar. Leve ao forno pré-aquecido em 400ºF/ 205ºC por mais ou menos 1 hora ou até a massa ficar dourada. Retire do forno, espere esfriar. Sirva morna ou fria, com sorvete de creme, ou chantily ou sozinha.
Na segunda-feira fui toda pimpona falar pro meu chefe que tinha feito a torta de ruibarbo com morango e que a minha também foi um sucesso de público e, principalmente, de crítica. Olé!
bolinhos de ruibarbo
& chocolate branco
Fui comprar pão e leite e vi ruibarbos, super vermelhos e fresquinhos, comprei dois talos. Essa é a minha segunda experiência com o ruibarbo. A primeira teve seus muitos percalços. Já estou achando que não dou muita sorte com esse ingrediente. Pensei em fazer uns muffins com ruibarbo e maçãs. Coloquei as palavras chaves no google e a primeira receita que apareceu foi esta. Nem quis procurar mais—era essa mesma que eu iria fazer! Achei facílima, com uma mistura de ingredientes maravilhosa. O unico problema é que eu não me adapto mais à essas medidas em gramas. Sinto muito, mas gosto do modo americano das xícaras e colheres. Você compra um set padrão e não tem como errar. Por isso as receitas da Marthinha S. dão sempre certo pra mim. Com essa receita o que aconteceu, concluí, foi que não consegui traduzir as maledetas gramas do buttermilk. Sinceramente, como se mede liquido em gramas, eu não entendo. Fiquei com pregui de usar o conversor e simplesmente coloquei um recipiente na balancinha, descontei o peso dele e pesei o buttermilk. Óbviamente que não deu certo, pois eu achei que os cupcakes ficaram muito moles, parecendo um bombocado. Sem falar que 150g de chocolate também foi demais. Usei um chocolate californiano de excelente qualidade, o Ghirardelli e mesmo assim achei que essa quantidade deixou os muffins muito oleosos.
Bom, no dia seguinte eles ficaram um pouco mais firmes e apesar de estarem bem comíveis, o resultado não foi o que eu esperava. De qualquer maneira, valeu pela experiência e me ensinou a lição de não me entusiasmar tão rapidamente com a primeira receita que me aparecer na frente e sempre procurar uma que tenha medidas em xícaras e colheres—better safe than sorry.
rhubarb & white chocolate buttermilk cupcakes
[faz 12 cupcakes normais ou 10 grandes]
150 g de açúcar
80 g de manteiga amolecida
2 ovos grandes
225 g de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
150 g de buttermilk
400 g de ruibarbo
150 g de chocolate branco em pedaços
Pré-aqueça o forno em 225º C/435ºF.
Bata o açúcar e a manteiga até virar um creme. Adicione os ovos e continue batendo. Acrescente a farinha e o fermento, depois o buttermilk. Adicione o ruibarbo já lavado, descascado e cortado em cubinhos. Mexa e coloque o chocolate delicadamente. Distribua a massa em forminhas de muffins e asse por 20 minutos. Deixe esfriar numa grade.
the good, the bad and the ugly
A Torta de Morango com Ruibarbo, estrelando Ruibarbo Cooper & Morango Hepburn, no fabuloso épico cinematográfico que vai encantar e deleitar espectadores de todas as idades.
o dia do ruibarbo
No meu primeiro ano no Canadá eu conheci a Grace. Não lembro exatamente como a conheci, porque meu primeiro ano lá ficou um tanto nublado na minha memória, tantas foram as mudanças que tive que enfrentar e administrar. Mas a Grace tinha essa determinação de querer ser minha amiga, apesar de eu não querer muito ser amiga dela. O negócio é que a Grace era meio chatonilda, tipo me ligava no sábado às sete da manhã pra me avisar que tinha uma garage sale ótima na rua tal, número tal, que era imperdível e que eu tinha que ir lá. Normalmente eu balbuciava algo concordando só pra me livrar e voltava pra cama com o meu sono já arruinado pela irritação. Mas uma vez eu segui a dica da Grace e fui na tal sale que ela recomendara, porque o Gabriel queria um globo mundial daqueles que rodam e acendem a luz, e aconteceu dela ver um não sei onde. Dei com os alces n’àgua, é claro. A dica da Grace era uma furada, entrei na casa errada onde não estava tendo garage sale nenhuma, maior bafão, depois rodei, rodei, rodei e não encontrei nada. Ainda tive outras histórias chatas com a Grace, mas não vamos nos fixar só nos pontos negativos. Uma das coisas boas que a Grace fez por mim foi me apresentar à uma planta que eu nunca tinha visto nem ouvido falar—o ruibarbo. Ela me levou à uma casa onde tinha uma plantação de ruibarbos no quintal. Fiquei espantadíssima que aquilo fosse comestível e cozinhável, pois eu passaria reto, achando que era apenas um tipo de planta invasiva. Mas ela me explicou que comia-se somente os talos, e somente os talos cozidos. Normalmente se misturava os talos do ruibarbo aos morangos, pois a acidez bem peculiar que eles tinham casava bem com as berries. Comi uma fatia da torta de morango com ruibarbo feito pela Grace e ficou tudo por isso mesmo.
Quinze anos depois….. Me deparo com talos de ruibarbos no Farmers Market e realmente só prestei atenção porque tinha lido a Valentina e a Tatu postarem que tinham feito umas receitas com eles. Nunca, nunca, em todos esses anos eu me animei ou me interessei em reproduzir a torta de morango com ruibarbo, ou mesmo fazer uma geléiazinha. Acho que o ruibarbo me trazia lembranças daqueles telefonemas chatos em horas impróprias e de como eu não tinha jeito pra me desenvencilhar daquela canadense. Mas nesse dia no mercado respirei fundo, tomei coragem e comprei um maço de talos de ruibarbos orgânicos.
Cinco semanas depois… Disse, é hoje que faço essa torta e uso esses ruibarbos, doa a quem doer! E lá fui eu, aproveitando que o calor diminuiu um pouco e já dava pra ligar o forno um pouco mais tarde, depois do jantar. Lavei bem e dei uma descascada nas pontas dos ruibarbos, piquei e coloquei numa panela junto com um montão de morangos cortadinhos que já estavam misturados com açúcar demerara. Cozinhei por pouco tempo, só até o ruibarbo derreter. Deixei esfriar. Fiz então a massa, com a receita de pâte sucrée. Juro que segui à risca, mas não sei como deu xabú e desandou de uma maneira inexplicável. Eu conferi e reconferi as medidas umas dez vezes, não sei o que aconteceu. Achei que precisava de mais farinha de trigo, mas a farinha tinha acabado. Usei então uma farinha integral bem grossa, que também ajudou na função de abrir a desengonçada massa. Deixei gelar bem, abri, forrei uma forma de torta, enchi com a mistura de morango e ruibarbo, cobri com o resto da massa e assei por meia hora em forno alto. O cheiro estava inebriante, houve até comentários do tipo hmm, o cheiro está bom!. Mas e o sabor?
No dia seguinte…. Na hora do almoço provei a torta. Quase não pude crer, mas ela ficou boa! Até a massa quase arruinada e consertada com farinha integral vingou. O recheio não ficou muito doce, exatamente como eu gostaria que fosse. E pelo que eu me lembro, minha desajeitada rhubarb strawberry pie ficou tão gostosa quanto a da Grace.