fatias de abacaxi com açúcar

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Pra um abacaxi havaiano que não estava lá um primor de doçura, este pequeno make-up transformou a fruta ácida numa sobremesa instigante. E a transformação se fez em questão de segundos. Eu simplesmente adoro idéias assim, rápidas e fáceis. O pó de pirlimpimpim foi o açúcar feito de seiva da palmeira de coco, mais uma opçao ecológica e sustentável nas prateleiras de açúcar no meu Co-op. Escolhi comprar para experimentar essa versão com um toque de flor de sal de Bali. O sabor desse açúcar é muito agradável e o toque do sal só adiciona pontos na gostosura. Mas apesar de toda a propaganda, o açúcar de seiva de palmeira de coco continua sendo um açúcar e convém controlar o entusiasmo exagerado e não abusar.

na fazenda Yamaguishi

Chegamos na fazenda orgânica Yamaguishi em Jaguariúna às 8:30 da manhã de um dia que prometia ser esbaforento e quente. Mas naquela hora o frescor ainda imperava e assim que desci do carro respirei um ar que me pareceu imensamente familiar. Não sei explicar exatamente o que era aquele cheiro conhecido, de coisa fresca, de infância, de tempos bons, de riacho transparente, de mangueira carregada de fruta, de terra molhada e grama pisada. Avistamos uma casa grande rodeada de um varandão que me pareceu a sede administrativa e lá batemos para perguntar pelo moço que iria nos ciceronear naquela visita.

Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi

Eu, minha mãe e meu irmão fomos recepcionados por uma senhora, que nos ofereceu um café. Foi o tempo de brincar com o gato e olhar um pouco ao redor e já chegou o Romeu, com quem eu tinha trocado breves mensagens de e-mail. Não teve muitos salamaleques para agendar uma visita. Fui ao website da fazenda, cliquei no e-mail de contato e escrevi dizendo que queria visitar a Yamaguishi e que uns amigos, professores da Unicamp, tinham me recomendado que eu falasse com o Romeu. Dias depois estávamos lá, muito bem recebidos logo pela manhã para um convercê e depois uma extensa caminhada, com direito a explicações detalhadas sobre tudo e respostas para todas as minhas perguntas.

A fazenda Yamaguishi tem 60 hectares de mata replantada e 37 de mata original. Eles fazem entregas de cestas de produtos orgânicos à domicílio e participam também de várias feiras em Campinas e região. Oferecem 66 variedades de legumes e verduras, que podem ser escolhidos ao gosto dos clientes. O Romeu explicou que as estações não muito rigorosas do Brasil possibilitam a produção ininterrupta de muitos produtos, que são oferecidos quase que durante todo o ano. A sazonalidade é muito mais flexível, devido ao clima mais ameno. Nada é produzido em estufas, tudo saí dos imensos canteiros espalhados pela extensão da fazenda. E dali também saem o ano todo frutas como laranja, banana e maracujá. A fazenda Yamaguishi dispõe seus produtos com os de mais 17 agricultores orgânicos da região, que formam o Grupo Mogiana. Eles promovem cursos, e treinamentos, dividem experiências e técnicas, que são praticadas por todos. A variedade dos produtos oferecidos pela Yamaguishi é também graças à essa organização de produtores. O grupo também participa de um planejamento de produção com os agricultores convencionais, para ajudar com controle de pestes, preservação do meio ambiente e divulgação de técnicas de agricultura orgânica e sustentável.

Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
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Nossa caminhada pela fazenda nos deixou de língua de fora e com o queixo caído. São apenas 27 pessoas cuidando da produção de legumes, verduras, frutas e de um montão de galinhas. Todos vivem em casinhas dentro da fazenda e todos administram o negócio conjuntamente. Na Yamaguishi não tem chefe, não tem dono, todos são iguais pela filosofia que é aplicada no dia-a-dia. O Romeu nos explicou como eles controlam as pestes sem químicos, como re-usam o excedente, reaproveitam tudo, fazem rotação da lavoura, preservam o rio e a mata, e os animais silvestres que vivem por lá. Eu deveria ter levado um gravador, pois foi muita informação pra memorizar. Uma das coisas que me chamou a atenção foi a lindeza dos canteiros, folhas enormes, brilhantes, quase sem nenhum ataque de bichos e o Romeu contou que isso é resultado de anos das práticas orgânicas. A fazenda já tem 22 anos e serve 800 clientes das cestas entregues semanalmente, mais as feiras e o suprimento de lojinhas, como a Macróbios de Campinas. A fazenda recebe visitantes comuns, grupos de escolas e tem também umas atividades abertas ao público nos finais de semana. É só escrever ou ligar pra eles e perguntar.

Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
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Mas a parte da fazenda que mais me impressionou foi a dos galinheiros. De longe avistamos o imenso gramado todo cercado com arame, onde as galinhas ciscam livremente das 10 da manhã até às 5 da tarde. É um espaço cercado por razões óbvias—não dá pra deixar centenas de galinhas soltas pela fazenda, expostas à predadores e depois ficar catando os ovos botados ali, aqui e acolá. Eles têm um esquema super bem organizado, com galinheiros espaçosos onde os franguinhos moços e as franguinhas moças crescem primeiro em espaços separados. Na fase adulta eles finalmente se juntam, um bando de galinhas e um seleto número de vigorosos galos. Os ovos são fertilizados, fruto do ciclo natural da vida. Mas o Romeu contou que apesar das galinhas estarem em maior número, quem escolhe o galo são elas, portanto são elas que realmente mandam no galinheiro. Entramos em alguns deles onde naquela hora matinal as penosetes ainda estavam botando ovos. Cada galinheiro tem um compartimento onde as galinhas entram e ficam lá, quentinhas e fechadinhas, colocando os ovinhos em total privacidade. O Romeu quis nos mostrar um deles e para nossa surpresa, antes de abrir bateu na porta do compartimento explicando que todos os outros funcionários também faziam o mesmo, em sinal de respeito, para avisar as galinhas de que elas iriam ter a privacidade invadida. Como adentrar um quarto de moçoilas enquanto elas estão fazendo a toilete, com um toc toc toc e um discreto com licença para mostrar respeito.

Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
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O Romeu foi nos mostrando tudo, pegou o solo do galinheiro com as mãos, explicando que aquilo iria adubar os canteiros da fazenda. Nunca vi terra tão limpa. Naquela hora um dos funcionários estava deixando os sacos de ração nas portas dos galinheiros. A ração é feita lá mesmo na fazenda, vimos a lista dos produtos—nada de porcariadas, nada de artificial, nem de químico, só ingredientes naturais. As galinhas comem até casca de ostra, que ajuda a deixar a casca do ovo mais durinha. Vimos também o pessoal pegando os ovos [e batendo na porta e pedindo licença antes], a limpeza e armazenamento, depois o empacotamento dos ovos fresquinhos que vão para as cestas domésticas ou para os mercadinhos. Os ovos da Yamaguishi são realmente de galinhas saudáveis e felizes—eu posso dizer isso, pois fui lá e vi!

Fazenda Orgânica Yamaguishi Fazenda Orgânica Yamaguishi
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Saí da fazenda Yamaguishi um bocado entusiasmada, porque pude ver com meus próprios olhos, e caminhando e sujando o meu calcanhar de terrão vermelho, o trabalho bacanérrimo que tem sido feito ali com os orgânicos. Muita gente me diz que onde mora não tem orgânicos, que é difícil, eteceterá e tals. Mas eu tenho certeza que tem muito agricultor, pequeno ou grande, fazendo coisas muito bacanas, como o pessoal da Yamaguishi já está fazendo ali nas imediações de Campinas há várias décadas. O truque é começar a procurar. Olhar em volta, fazer muitas perguntas, se informar, se conectar, montar uma rede e ajudar a divulgar—quem vende os legumes, o leite que entrega em casa, o queijo, os ovos, aquele sitiante que aceita encomenda de galinha ou de um porquinho. E assim vamos devagarzinho saindo daquela imposição dos grandes produtores e distribuidores, e vamos mudando um bocado da nossa alimentação e da nossa vida, pra melhor!

Hoes Down Fall Festival

hoes down fall festival
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Me diverti à beça no passeio que fizemos com nossos amigos da Unicamp na Full Belly Farm no dia do Hoes Down Harvest Festival, o festival do outono e da colheita. A Full Belly é uma fazenda orgânica localizada no Capay Valley e organiza essa festa, bastante famosa, há quase trinta anos. Além de poder conhecer a fazenda, ver o que eles produzem e como eles produzem, pode-se aprender muito com vários workshops e entender um pouco como funciona essa tal de agricultura sustentável. Mas a melhor parte dessa festa é mesmo a diversão—música, dança, comida e bebida. Nos vários palcos montados pela fazenda, tocava música ao vivo ininterruptamente e toda a comida servida era feita com ingredientes orgânicos. Desde o cachorro quente e os hambúrgueres, feitos com carne grass-fed de animais criados de maneira humanitária, até os tomates e as salsinhas das saladas, vindos das fazendas da região. Tudo uma delícia, até a cerveja orgânica da cervejaria Thirsty Bear de San Francisco e os vinhos orgânicos de vinícolas locais.

Toda energia usada na festa era solar, o lixo era todo reciclado e o orgânico compostado, um mercado vendia frutas, legumes e verduras, tinha muita atividade para entreter a criançada, muita coisa legal pra ver e fazer. Nas fotos, um pouquinho de cada coisa: as crianças ajudando a moer a maçã para fazer apple cider, a apresentação dos alunos da escola Waldorf de Davis, o galpão cujo teto estava forrado de flores secas, os produtos feitos com a lavanda orgânica desta fazenda que visitamos na primavera, centenas de abóboras para quem quisesse fazer sua própria jack-o-lantern, artesanatos com flores, lã, panos e tintas para colocar as mãos na massa, e muita coisa boa para comer e beber, incluindo os mais deliciosos e mais criativos picolés do mundo vendidos pelas meninas do Fat Face de Davis.

O festival durou dois dias e teve música e dança até tardão da noite. Quem quisesse podia acampar na fazenda. Nós fomos somente no sábado e não ficamos até o final, porque já tínhamos outro compromisso. Foi a primeira vez que participei, mas com certeza não será a última. No próximo ano estarei lá novamente—nem dúvide, pois já marquei na agenda!

garrafa vira copo

copos-garrafasAs garrafinhas dos refrigerantes vintage da Boylan ganharam um corte arredondado e viraram uns copinhos muito fofos. O charme está também nos rótulos pintados no vidro, que são originais dessa marca. Esses foram comprados assim já cortados na loja Sur la Table. Mas se vcê conhecer alguém que domine a técnica do corte do vidro e que deixe os copos seguros para quem for usar, pode mandar fazer os copos do tamanho que quiser, com as garrafas que quiser. Não é uma ótima idéia?

a arte de encher linguiça

Eu nunca enchi uma linguiça de verdade nessa minha vida de enchedora de linguiça de palavras. Tirar assunto das pedras, sim isso é possível se você quiser e tiver o dom da conversa. Não quero insinuar que o meu papo é o mais interessante do planeta, mas quem sabe encher linguiça, sabe encher linguiça. E é claro que não estou falando da linguiça comestível.

Por isso nos dias em que fico sozinha em casa—e que não são poucos durante o verão, nem rareiam durante o resto do ano para quem é casada com um acadêmico, quando não tenho um outro humano presente para conversar, tagarelo com os gatos, com a televisão, com o computador e comigo mesma, que sou realmente a melhor e única companhia quando estou sozinha. Me dou bronca colocando o meu próprio dedo em riste no meu próprio nariz, tomo decisões exclamando bem alto frases autoritárias—AGORA CHEGA TÁ ME OUVINDO? ou—AGORA VAI OU RACHA, HEIN DONA FERNANDA! Dou muitas gargalhadas lembrando de certas histórias, choro borbulhões de lágrimas quando a macaca morre de pneumonia no filme, leio livros, leio revistas, marco receitas pra fazer, faço algumas mesmo estando sozinha e além de fazer, eu como. Sim, como e bebo, pois posso ser tudo, mas boba é que eu não sou.

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O único problema de fazer receitas quando se está sozinha é acabar com um monte de comida sobre a mesa, nas bancadas, no fogão e na geladeira. Quando alguém aparece, já vou oferecendo—não quer levar esse bolinho, fiz com farinha orgânica superfina, ovos cairpiras, tá vendo como tá amarelão? Empurro sobras pro meu filho, que já tem empilhado na cozinha da casa dele um monte de pratos, vasilhas de vidro com tampa e guardanapos, esperando ele lembrar de me devolver. Mas mesmo sendo comida super simples, eu faço em casa. Pois gosto de comer, e comer comida fresca, comida boa, quero aproveitar as frutas, os legumes, não quero comer qualquer porcaria em qualquer lugar puramente por causa da minha preguiça.

Descobri a roda e o fogo quando decidi testar fazer batata frita e torradas na churrasqueira. Dá super certo e fica super bom, garanto! Outro dia fiz até um frango xadrez usando uma wok dentro da churrasqueira. Queimou os cabos de madeira, mas o frango com legumes e amendoim ficou uma delícia. No verão eu uso e abuso da minha churrasqueira, muitas vezes porque está muito quente pra ligar o fogo do fogão, outras vezes somente porque cozinhar no quintal é divertido. E tudo feito na churrasqueira tem um gosto especial. Aos poucos vou experimentando coisas diferentes.

vinho
vinho
No dia em que chegou a cesta orgânica eu já grelhei uma berinjela comum e outra japonesa, vários pimentões verdes, amarelos e vermelhos, algumas pimentas jalapeño, várias abobrinhas. Aproveitei e cortei uma baguette do dia anterior em rodelas, esfreguei alho e pinguei uma gota de azeite em cada uma e também grelhei—acredite, ficam as melhores torradas para bruschettas! Meu jantar neste mesmo dia foi torradas com tomates e folhas de manjericão picados e temperados com azeite, um pingo de balsâmico e sal, mais as abobrinhas grelhadas, que eu pré-temperei com ervas de provence, sal grosso e azeite, mais alguns figos e nectarinas frescas, além de duas taças de vinho rosé, feito com uvas orgânicas da costa norte da Califórnia.

Não me importo de sentar à mesa sozinha, escutando jazz, falando comigo mesma, rindo dos gatos, comendo coisas nem sempre combinantes, nem sempre uma refeição clássica, desde que seja comida boa, gostosa, fresca, que eu como com um imenso prazer. E como muito, nem vou mentir. Gosto de encher linguiça, gosto de falar, gosto de comer e beber. Mas tem uma hora que é preciso dizer chega. Hoje vou buscar meu marido viajante no aeroporto. Agora quero comer e beber um pouco com companhia, contar e ouvir histórias, abraçar, beijar, dar risada—que saudades que estou dele!

compras verdes

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Uma tábua de pia feita com embalagens de alimentos reciclados, produto dos EUA [nada de made in China] e muito anatômica. Da mesma marca que faz minha escova de dentes. Eu fujo dos plásticos, mas abracei essa idéia!

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Na mesma loja onde comprei as forminhas para picolé, também encontrei a solução que buscava para guardar legumes e verduras na geladeira. Ficava incomodada com o tanto de ziploc que gastava, mesmo tentando ao máximo reusá-los. Esses, laváveis, não só guardam os produtos na geladeira, mas podem ser levados ao supermercado e feira, para colocar as compras neles. Ao invés de pegar outro saquinho, leva o seu, reusa, lava, reusa. Adorei a idéia e aprovei a qualidade, pois meus legumes e verduras ficaram muito bem conservados na geladeira. Comprei quatro pacotinhos, cada um contendo dois sacos grandes e um pequeno e custando dez patacas.

from the ground up

Whole Earth Festival 2010 Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010
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Whole Earth Festival 2010
Whole Earth Festival 2010

Três dias de música, paz e amor. Não estou falando de Woodstock, mas do Whole Earth Festival, que acontece todo ano no campus da UC Davis desde 1969. É um festival hippie, celebrando a diversidade e a vida alternativa. Todo ano é a mesma coisa, mas eu vou com o mesmo entusiasmo e como as delicias vegetarianas que eles vendem, ouço música ou discursos políticos e ambientais nos diversos palcos instalados pelo campus, olho as barracas de artesanato e o povo colorido. É um dos festivais mais populares e frequentados da universidade. Detalhes interessantes: toda a eletricidade, até a do palco principal onde as bandas grandes se apresentam, é gerada por energia solar. O festival produz ZERO de lixo, com seu programa eficientíssimo de reciclagem. Eles usam uma técnica muito legal de utensílios rentáveis. Você paga um dólar extra pelo copo, garfo ou prato, e recebe o dinheiro de volta quando retorna. A segurança e organização do festival é feita por um grupo de voluntários denominado Karma Patrol. Todos são bem-vindos, hippies, geeks, caretas, etc. Todos se vestem como querem, e dançam como querem pelo gramado do Quad. Toda a comida vendida nas barraquinhas do festival é vegetariana, vegana ou étnica. No Whole Earth Festival você vai ver de tudo, coisas que normalmente não vê no campus da Universidade da Califórnia em Davis, que é um campus muito mais sisudo e careta do que o de Berkeley, por exemplo. Nestes três dias de festa, a cidade se enche de Kombis psicodélicas e pessoas com roupas e cabelos coloridos. Eu vou sempre, pois adoro essa festa. Neste ano comi comida raw e vegana, como no ano passado. Era um curry de legumes crus, o arroz era repolho bem triturado, a salada tinha um molho delicioso e os crackers estavam incríveis. O Uriel comeu um sanduba de berinjela grelhada, nada excepcional. Bebemos limonada de gengibre adoçada com néctar de agave e de sobremesa dividimos um crepe integral recheado com morangos frescos e decorado com açúcar e nutella.
»veja todas as fotos do WEF 2010 no Flickr.
»WEF 2009—sustainalovability.
»WEF 2008—mending our web.
»WEF 2007—the zero waste festival.

Theo

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Os chocolates da Theo são feitos com cacau orgânico e fair trade e esse amargo, com figos, erva-doce e amêndoas, ainda é vegano. Não resisti à essa mistura diferente, especialmente por causa da erva-doce. E de quebra eles ainda vêm com essa embalagem super fofa. Já fiquei freguesa, pois o chocolate é delicioso!

tem dias que, nem sei viu

Não bastava ser uma segundona, eu ter acordado com a escuridão ainda presente, o Uriel estar viajando e eu ter esquecido de comprar pão. O Misty precisou vomitar toda a comida de salmão que ele devorou no breakfast pelo corredor, pelos tapetes e carpete. E eu ainda precisei pisar sem querer no vômito e carimbar outras partes do carpete e tapetes com a meleca. Também não foi suficiente o mau humor usual, mas eu tive que subestimar a chuva e pensar que dava pra pedalar segurando o guarda-chuva. E não deu. Gastei minutos preciosos correndo pelo quarto, trocando de roupa freneticamente como eu sempre faço e saí atrasada, enfrentando a chuva e o percurso até o trabalho à pé, correndo contra o tempo, treinando disfarçar a cara de bunda de quem chega depois da hora.

Não bastava ser uma segundona e todo o resto que aconteceu, mas eu tinha que cometer um erro de escolha na hora de me vestir e assim me auto infligir o miserê de passar o resto do dia com um visual fug. Sem brincadeira, se eu vier trabalhar enrolada num saco vazio de arroz basmati tailandês, ninguém no meu circulo diário vai dar um suspiro, quanto menos se importar. Mas eu me debato com o maldito dilema fashion todo santo dia. Me visto visando o conforto, já que vou ficar sentada por oito horas, com algumas levantadas e caminhadas necessárias. Não preciso me vestir de maneira específica, meu trabalho não impõe nenhum código de vestimenta, não preciso usar terninho, nem sapato social, posso ir trabalhar vestida de camiseta, bermuda e chinelo de dedo e talvez seja isso que me estimule a fazer tanta besteira. Por exemplo, ninguém dever ter entendido o que eu estava fazendo de vestido longo estampado no dia que a tempestade do tufão japonês nos castigou. Já para essa fatídica segundona escolhi uma tunica fofa de florezinhas verdes e manga comprida com camiseta cinza por baixo, colete beige por cima, echarpe longa marrom, bermuda levemente balonê de veludo cotelê verde. Até aqui tudo estava bem. Entornei o caldo quando decidi vestir uma meia beige até o joelho e tênis de alpinista. Parece até que eu não tenho espelho em casa. E de castigo, passei o dia achando que todo mundo com quem eu cruzava estava rindo de mim. Se existisse um what i wore today—the clown version, eu poderia certamente participar com sucesso.

Vestida assim, passei o dia camelando e segurando o guarda-chuva, pra lá e pra cá. Resolvi pegar uns livros na biblioteca. Fui e voltei, fui e voltei, porque da primeira vez esqueci minha carteirinha da universidade. Voltei carregando livrões pesados sob a chove chuva. Me atrasei na volta para casa no final do expediente e segunda, vocês sabem, é dia de buscar a cesta orgânica. Na correria pra mandar uma mensagem pra Marianne avisando que estava atrasada, esqueci de trancar a porta da frente da casa e saí pela garagem. Só notei que minha casa ficou aberta, quando fui abrir a porta pra Marianne. As verduras e legumes chegaram mais imundos que o normal, por causa da chuva. Felizmente consegui convencer a Marianne a levar a mega acelga, pois eu ainda tenho uma inteira na geladeira. Lava lava, lava lava, gatos impedindo o meu livre trânsito na cozinha, lembrei que ainda tinha que trocar a roupa de cama e banho e limpar o vômito do Misty no andar de cima, que nessa altura já estava uma crosta ressecada.

Minha maratona dessa segundona chuvosa merecia um prêmio. Quando tenho dias complicados, quero comer algo que me deixe absolutamente feliz. E esse algo é sempre macarrão alho e óleo. Fiz a minha receita básica, usando um espaguete de farro italiano, bastante alho micro picadinho, três filezinhos de aliche bem picadinho refogados em bastante azeite e MUITA, MUITA, MUITA salsinha fresca picada. Pimenta moída na hora, bastante queijo parmesão ralado bem fininho na hora de servir, uma taça de vinho e uma salada de tomate para acompanhar, voilá! Comi bastante e fiquei feliz. Fiz ainda muitas outras coisas depois do meu jantar solitário e fui deitar me sentindo absurdamente cansada. Ninguém duvida que qualquer dia corrido cansa, mas um dia assim, como essa segundona, cansa muito mais.

pipoca estourada no saco de papel — brown bag popcorn

Me entusiasmei deveras quando vi essa idéia do Mark Bittman para um snack saudável no seu livro Food Matters. Ele argumenta corretamente que a pipoca é um grão integral, custa baratíssimo, fica pronta em minutos e brownbag-popcornpode ser preparada com inúmeras variações de sabores, doces ou salgados. Todo outono eu recebo muitos pacotinhos de pipoca na cesta orgânica. Elas são de milho indígena, alguns do azul. Vou guardando tudo num pote, pois não tenho o costume de estourar pipoca regularmente, apesar de adorar comê-las. Pra mim estourar pipoca é como fazer brigadeiro: eu não tenho jeito e pronto. Meus poucos brigadeiros sempre ficaram uma joça e com a pipoca é a mesma história. Ponho muito ou pouco óleo, muito ou pouco sal, deixo queimar, faço metade pipoca, metade piruá. Sério, é uma incapacidade. E DETESTO pipoca de microondas, aquelas com manteiga com gosto de plástico e sabores artificiais. DETESTO.

E o Bittman dá exatamente uma receita de pipoca de microondas, pra fazer com milho fresquinho dentro de um pacote de papel—as brown bags que o pessoal aqui usa pra embrulhar lanche. Gostei imensamente da idéia e fui testar. Ele diz pra deixar de 2 a 3 minutos em potência alta. Como eu sou uma pessoa com muito [pouco] bom senso, resolvi preparar a minha com o tempo máximo: 3 minutos. E é claro que não fiquei lá olhando, prestando atenção como deveria. Fui fazer outra coisa e só me toquei que um desastre estava em desenvolvimento quando comecei a sentir o cheiro de queimado. Corri para dar de cara com um pesado fumacê embaçando a visão dentro do microondas. Foi horriveRR. A pipoca torrou de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. O saquinho de papel já estava em combustão, quando o movi do microondas para a pia. Foi um tal de abrir janela, abanar com o pano de prato, a gataiada toda ouriçada. Tive muita sorte que o fumacê não disparou o alarme de incêndio. Mas e o fedor? A casa ficou três dias impregnada com um cheiro fortíssimo de queimado, mesmo eu tendo tentado de todas as maneiras encobrir o cheiro fazendo comidas aromáticas. Até comprei um spray, desses pra desinfetar futum de cigarro. Não adiantou.

Mas uma receita do Mark Bittman dando em desastre não era possível. O erro só podia ter sido cometido por mim. Resolvi tentar de novo, deixando só dois minutos e vigiando militarmente a janelinha do microondas. Ficou perfeito! Refiz outras vezes mudando o tempero e a perfeição persistiu. Então se você for fazer, comece testando nos dois minutos e fique de olho. Se o seu microondas for mais fraco, dai sim suba pra três minutos. Essa pipoca é realmente um snack legal, pois você pode temperar tudo ali no saquinho de papel, ela fica pronta realmente em dois minutos e não deixa quase NENHUM piruá!

faz de 2 a 4 porções
1/4 de xícara de milho de pipoca
1/2 de colher de chá de sal ou menos se quiser
2 colheres de chá de óleo ou menos se quiser

Dentro do saco de papel coloque o milho de pipoca, o sal, óleo, chacoalhe bem e dobre a borda umas duas vezes. Coloque no microondas em potência alta por 2 [ou 3] minutos. Remova o saco e abra com cuidado, pois vai sair um vapor quente. Você pode adicionar ervinhas secas, sal com ervas, misturinha de temperos com curry ou pimenta, ou mesmo açúcar para fazer pipoca doce.