Teve notícia nos jornais, tevês e rádios, porque foi a primeira classe a se formar nesse curso de fazenda. Eu estava lá convidada por uma das formandas e voltei um pouco mudada. Chegamos atrasados e por causa do nosso almoço tardio e do calor intenso nem tivemos muita vontade de jantar com as galinhas antes da cerimônia. Foi um jantar todo preparado com produtos da horta que podíamos avistar das mesas e regado à vinhos locais. Nos concentramos nas águas aromatizadas, servidas em jarras de conserva. Foi só o que fiz—beber água, andar pra lá e pra cá e conversar com amigos. Quando todos foram embora e a luz do entardecer já estava naquele ponto de transformar uma simples paisagem num cenário mágico, eu e o Uriel fomos sozinhos fazer um passeio pelas hortas rodeadas por pomares de nozes. No centro da pequena fazenda os barulhinhos vindos de um galinheiro nos dizia que já era hora de dormir—pois elas são madrugadeiras em tudo. Essa escola fazenda na cidade vizinha de Winters é parte de um projeto maior e que tende a crescer ainda mais. Enquanto passeava pelas hortas eu fiquei absolutamente tomada pela beleza de tudo aquilo e pensando o quando eu adoraria trabalhar num lugar assim. Sei que trabalhar com a terra não é pra qualquer um e certamente não deve ser pra mim, mas essa visita me deixou repensando muita coisa. E repensar é sempre o primeiro passo.
Categoria: orgânicos
a feirinha da vila
Outro dia minha amiga me contou que um dos vizinhos dela era o jardineiro com o dedo mais verde que ela conhecia e me fez um convite para conhecer as maravilhas que ele planta, colhe e agora também vende, numa feirinha improvisada num gazebo no gramado central da Village Homes em Davis. Essa comunidade, construída nos anos 70, já foi um exemplo de pioneirismo ecológico, numa área com mais de 200 casas planejadas e construídas como modelos de sustentabilidade e preservação ambiental. As casas são bem bacanas, mas é a área externa que se destaca, com jardins, hortas e pomares coletivos. Um paraíso para quem gosta de plantas e jardinagem e onde todos que quiserem podem usufruir da vantagem de ter terra disponível para plantar seus legumes e frutas. E é exatamente o que esse moço faz com prazer e dedicação. Os produtos que ele oferece são absolutamente perfeitos. E tão lindamente expostos, que comecei a tirar fotos assim que cheguei [e perguntei primeiro se podia]. Comprei um monte de coisas e fiquei lá mais tempo do que deveria para um dia de semana, conversando com quem entende do assunto. Uma pena que a Village Homes fica completamente fora de mão pra mim, senão eu viraria freguesa sem a menor dúvida.
UC Davis Farmers Market
Não vou mentir nem negar que sou uma habitué um tanto quanto fanática dos Farmers Markets da região. Antes eu era frequentadora apenas do mercado de Davis nas duas versões de sábado e de quarta-feira, se bem que essa última era mais pra fazer os afamados picnics. Agora vou nas duas versões em Woodland, no sábado e terça-feira, e também nas quartas-feiras do UC Davis Farmers Market. Essa opção é bastante conveniente pra mim, pois fica bem pertinho do prédio onde trabalho e posso dar um pulinho lá durante o meu break da manhã. É uma variante minúscula e montada especialmente para servir a população de estudantes do campus—os que com certeza tem a pior alimentação de todas. Essa versão universitária, que começou em 2007, é sazonal e acontece semanalmente no campus durante a primavera e o outono. Esse mercado já figurou por aqui uns anos atrás quando eu ia lá com o meu saudoso chefe. Desde então eles mudaram para numa área mais espaçosa, mas a feirinha continua tão boa quanto e hoje mesmo eu fui lá e comprei um punhado de cerejas.
colhendo frutas [u-pick]
Desta vez fomos colher frutas na fazendinha orgânica da road 99 um pouco mais cedo e pegamos a [curta] temporada dos damascos. No ano passado colhemos apenas morangos e berries. Ficamos bem animados este ano e já voltamos duas vezes. Os morangos são deliciosos e segundo um amigo do meu marido que provou alguns, eles são os melhores que ele já comeu na vida! Eu até acredito. As berries ainda não estão super maduras, mas os damascos estão um caso à parte. As árvores estão carregadíssimas e as frutas estão lindas e dulcíssimas. Meu marido, que tem anos de experiência projetando robots chacoalhadores para colheita em árvores frutíferas, improvisou um chacoalhador manual no meio do pomar e pudemos coletar as frutas mais maduras que cairam das árvores. Adoramos e admiramos o fato da fazendinha usar o honor system na hora do pagamento. Nunca tem ninguém lá vigiando quem pega ou quem paga. Você colhe, você pesa, você paga o que eles pedem—treze dólares pelo baldinho cheio para morangos e damascos e quatro e cinquenta para o pound das berries. Acho que não dá pra ser mais local, mais fresco e mais próximo do produtor do que isso, né? É por essa, entre muitas outras, que eu adoro viver aqui na roça!
receitas sem fotos
Meu velho iMac não está conectando na internet. Justamente esse, que é o computador onde eu desovo e processo todas as fotos para o blog porque a tela é maior e melhor. Hoje fiz uma investigação e um interrogatório, me aproveitando da sapiência e gentileza de dois colegas, um programador e outro meterorologista. Chegamos à conclusão que: 1. o airport precisa ser atualizado. 2. o airport tá bichado e precisa ser trocado. Enquanto isso faço o que posso do laptop que fica na cozinha. A combinação desse pequeno probleminha com a correria de trabalho e outras coisas, está me deixando meio desanimada. Até tenho uns assuntos e receitas para publicar, mas simplesmente não estou conseguindo. Se eu pudesse dormir menos horas, essa condição de falta de tempo se resolveria facilmente. Sem falar que ainda entramos no nosso daylight saving time e por isso voltamos a acordar no escuro e não está sendo fácil tentar dormir menos.
Outro dia estava pensando que sou uma pessoa mais de imagens do que de palavra. Será? Porque às vezes fico frustradíssima quando vejo algo super legal e não consigo fotografar. Faço mil pataquadas, tropeço e caio no meio da rua, fico pra trás do grupo, aguentando filho e marido revirando os olhos, só porque eu preciso captar uma imagem. Depois de escolher entre trocentas fotinhos, cortar uma por uma [minto, uso um sistema], sempre gosto de montar as imagens numa galeria com a intensão de dizer algo, contar uma história. Can you dig it?
E as minhas histórias neste momento giram em torno da minha vidinha pacata—a casa, os gatos, os vizinhos, as plantas, as flores, as frutas, os legumes, a garrafa de vinho, detalhes da paisagem que está mudando.
Num domingo fiz um almoço pro meu filho e minha nora. Mas como ainda estava me recuperando de uma gripe morfelenta que me deixou um bagaço por duas semanas, resolvi que iria tentar simplificar ao máximo, fazendo um peixe na churrasqueira. Preparei uma posta grande de atum, que só temperei com sal, pimenta, raspas e suco de laranja. Foi pra grelha embrulhado em papel alumínio sobre uma cama de rodelas de laranja—aquelas da minha bondosa vizinha. O peixe assou rápido e ficou super úmido e tenro. Todos gostaram. Acompanhou salada de batata com vagens e salada verde de folhas. Num outro domingo fiz peixe de novo, desta vez bacalhau fresco do Pacífico, pescado em Half Moon Bay. Cozinhei as postas num molho de tomate [aquele em lata orgânico], depois de fazer um refogado com alho poró. E temperei com curry vermelho tailandês e coentro fresco.
Toda segunda-feira tenho precisado praticamente colocar um post-it na testa para lembrar, mesmo depois de ja ser avisada duas vezes pelo meu calendário no iPhone, que é dia de pegar a cesta orgânica. Já passei reto pela fazenda duas vezes. Da primeira vez eu voltei—estava no meio do caminho quando caiu a ficha. Da segunda vez eu entrei em casa e chorei. Depois me recompus e mandei um texto pra pra minha ex-nora, pedindo pra ela ir pegar a cesta pra mim. Essa amnésia recorrente tem acontecido por causa da minha imensa ânsia de voltar pra casa no final do dia de trabalho.
O que me deixa feliz é que a primavera já está bem presente até na minha cozinha, com a chegada de alguns tímidos aspargos. Está finalmente chovendo tudo o que não choveu quando deveria ter chovido. Tenho deixado os gatos sairem no quintal [com supervisão] durante o final de semana. Vamos mandar repintar a casa inteira por fora. E consertar uma goteira. Essa será a minha primeira primavera em Woodland.
o que comeu-se
Durante o final de semana eu cozinho bastante, mas não faço nada excepcional e não tenho mais a menor vontade de fotografar tudo o que faço. Uso o instagram no iphone pra registrar uma coisa ou outra e se o resultado ficar legal, publico aqui. Esses foram os rangos brejeiros que ganharam destaque.
Salada de pera asiática fatiada bem fininha, temperada com balsâmico de fruta e acompanhada de queijo de cabra envelhecido.
Pizza de abóbora e sálvia. A butternut squash foi fatiada no mandoline, temperada com sal, pimenta e azeite e assada por 15 minutos. Cobre-se a massa de pizza pré-assada com um queijo cremoso [ricota, cream cheese ou queijo de cabra] espalha as fatias de abóbora, salpica com queijo parmesão ralado e leva ao forno por uns minutos. Na hora de servir espalha por cima folhinhas de sálvia que foram previamente fritas em óleo bem quente.
Salada de rabanetes e coentros, que neste momento abundam na cesta orgânica. Fatia-se os rabanetes usando o mandoline, tempera com sal, pimenta do reino moída na hora, azeite, suco de limão e balsâmico de pêssego. Salpica com as folhas de coentro fresco e serve. Fica muito bom, bem refrescante.
E finalmente a marmelada, que é só marmelo descascado e cortado em pedaços, suco de limão, um pouco de água e açúcar mascavo. E cozinha, cozinha, cozinha, cozinha, cozinha, cozinha, mexendo vez ou outra, com a panela semi-tampada e sempre em fogo baixo. Fiz sem medida. Quem descasca os marmelos é sempre o Uriel. Salva de palmas pra ele, pois descascar e limpar marmelo não é fácil!
sim, eu sou uma locavore!
Algumas coisas estão bem diferentes na minha vida depois da minha mudança de casa e cidade. E tudo que eu achava que iria acontecer, não aconteceu da maneira como eu previa. Eu tinha certeza absoluta de que iria fazer muita coisa em Davis, além de trabalhar no campus durante a semana. Achava que iria continuar com as aulas de pilates naquele studio hiponga modernete frequentado pelas cheer leaders, continuar visitando a thrift store do SPCA regularmente, e nadando na mesma piscina de sempre com os Masters e que não perderia nenhum Farmers Market aos sábados. Well….
Mudei e comecei a olhar tudo em volta de mim. Achei uma piscina pra nadar perto de casa, comecei a visitar a lojinha de antiguidades da Main Street, achei um outro lugar pra fazer aula de pilates e praticamente não coloco mais o nariz em Davis nos finais de semana. No primeiro sábado em Woodland fui checar o pequeno Farmers Market da cidade. Foi um grande choque, porque o FM de Woodland é uma ervilha se comparado com o de Davis. São poucas bancas, não tem o peixeiro, nem a florista, nem o japonês dos cogumelos, nem a carne grass-fed, nem o frango caipira. São praticamente pequenos fazendeiros da região fazendo um esforço fora do comum para manter o mercado funcionando. Uma vez, conversando com a administradora, ouvi ela reclamar amargamente dos habitantes de Woodland que não tem o hábito de frequentar esse tipo de feira. O que eu faço com esse povo, ela me perguntou desgostosa. Respondi que ela precisava fazer umas promoções, divulgar mais, que tudo é uma questão de informação. Mas sei que não é nada fácil.
Nos últimos meses fui freguesa assídua do FM de Woodland. Frequentei as versões das manhãs de sábado e as da terça-feira à tarde. Fiz amizade com a maioria dos produtores, com quem bati ótimos papos, fiquei sabendo onde eles plantam, o que plantam, como plantam, por que plantam. Todo sábado eu voltava pra casa com a cesta lotada de delícias fresquinhas e com um sorriso na cara, porque as conversas eram as mais bacanas e variadas. Isso me deixava imensamente feliz, pela impagável oportunidade de socializar com a pessoa que tinha plantado, colhido e agora estava me vendendo o produto que iria virar minha refeição. Me encantei!
Quando fiquei sabendo que o mercado de Woodland era sazonal e iria fechar durante o outono e inverno, me desmanchei de tristeza. Peguei cartão de endereço com todos os fazendeiros, perguntei se eles vendiam direto da fazenda, se tinham frutas durante o inverno, me preveni. No primeiro sábado depois do encerramento das atividades do FM de Woodland, eu e o Uriel fomos ao de Davis. Fiz as compras no mercado lotado, muita gente comprando, outros só aproveitando a manhã e consumindo as comidas étnicas que são vendidas lá, muita gente fotografando as lindas abóboras. O Farmers Market de Davis está em atividade há 30 anos. Tem uma estrutura apropriada, construída pela prefeitura e que permite que tudo funcione mesmo durante os dias frios e chuvosos. É um mercado bacanérrimo, cheio de variedades e novidades, tem tudo o que você precisa e um pouco mais, a localização é excelente bem ao lado de um parque enorme, é realmente tudo o que falam dele, merece a fama de ser um dos melhores Farmers Markets do país.
Mas eu agora quero um pouco mais—ou melhor, um pouco menos. Porque adorei a oportunidade de chegar mais perto dos fazendeiros e das suas fazendas, mais perto das colheitas, observar as atividades no background de todo esse sistema que termina quando estou cortando um tomate para fazer uma salada na minha cozinha. Vejo os campos, os pomares e as atividades agrícolas diárias, de acordo com a estação. Me encantei com os campos de girassóis, com a colheita dos tomates e agora estou de olho num pomar de nozes com o chão todo salpicado de frutos, que estão prontos para serem colhidos, depois que as cascas racham e se abrem.
Decidi que vou tentar o máximo continuar consumindo os produtos dos fazendeiros de Woodland, vou mandar e-mail, combinar de passar pelas fazendas quando der. Uma das fazendas, que além de tudo é certificada orgânica, fica bem no meu caminho. Todo dia eu passo em frente e vejo um galpão onde a família arruma os produtos que serão vendidos durante o dia. Nao fica ninguém lá, apenas as abóboras, os melões e os tomates, uma lista de preços rabiscados numa lousa, uma balança para pesar os produtos e uma caixinha para a gente colocar o dinheiro. E eu gosto muito disso.
[*o que é um locavore?]
ovos caipiras
Já faz muitos anos que não compro uma caixa de ovos dessas de supermercado que custam $1,99 a dúzia [ou duas por $1,99 na promoção]. Não compro porque não acho necessário participar de um sistema baseado em crueldade para eu poder fazer uma omelete ou um bolinho vez ou outra. Compro e uso sempre os ovos da galinha feliz—fato que não preciso mencionar a cada receita que publico aqui, mas que é absoluto na minha cozinha.
Compro uma dúzia de ovos caipiras a cada duas ou três semanas, dependendo do que eu fizer na cozinha. Às vezes demoro mais pra gastar, porque não faço muita coisa levando 5 ovos e tais. No farmers market de Davis eu tinha a minha banca favorita para os ovos caipiras. E no primeiro dia no mercado de Woodland já achei minha fornecedora de ovos, de quem tenho sido cliente assídua.
Outro dia cheguei lá para comprar uma caixa e ela me disse—sinto muito, hoje só tem ovos para quem tem o nome na lista. E me explicou que nos dias muito quentes as galinhas diminuem a produção, pois é claro né minha gente, aquele bafão e você botando ovo? Elas simplesmente tiram uma folga. E a mudança da estação, com os dias amanhecendo mais tarde e anoitecendo mais cedo, também afeta a produção do galinheiro, pois donas galinhotas têm que ter o sono restaurador da beleza e nessa época dormem mais cedo e acordam mais tarde, não vão botar ovos nessas horas.
Coloquei meu nome na lista para cada duas semanas, pra ter certeza de que não ficarei totalmente sem ovos. Porque é assim que tem que ser. Nenhuma galinha é escrava e se eu quiser ovos em dias tórridos ou quando a estação faz eles ficarem mais curtos, eu é que terei que me esforçar, pagar mais e ter paciência.
Comparemos então a vida dessas galinhas que tem o direito de botar ou não botar ovos, com aquelas eternamente confinadas num cubículo iluminado noite e dia por uma luz artificial, comendo ração cheia de hormônios pra poder botar ovos dia e noite, sem nenhuma influência das leis naturais e assim suprir a demanda dos ovos com bacon e omeletes diárias pros pafúncios humanos.
Não é justo. E não é assim que precisa ser. A escolha é nossa.
[ we picked ]
Chegou o dia em que fui finalmente vencida pelo cansaço. Passei o domingo super devagar, me sentindo sem energia. Tomamos um chazinho acompanhado de éclairs às 4 pm e eu já me entristecia com o encerramento do final de semana quando o Uriel sugeriu um passeio. Quero te mostrar a fazenda orgânica com u-pick de morangos que vi no final da highway 99—disse ele. O céu despencou num baita temporal. Assim que a chuva parou, nos agasalhamos, entramos no carro e fomos ver o tal lugar.
Se eu tivesse a minha bicicleta em Woodland, daria pra ir até a fazenda Pacific Star Gardens pedalando. De carro se chega lá numa piscada. Ela fica no inicio de uma estradinha que liga Woodland à Davis. Não é a estrada principal, nem a melhor estrada, por isso eu nem conhecia.
A região tem muitas fazendinhas com campos de tomates, girassóis e trigo. Numa parte do caminho tem muitas oliveiras enfileiradas. Paramos na fazenda e não tinha absolutamente ninguém por lá. Achamos que o u-pick estava fechado. Fomos investigar. Num pequeno barracão estavam os baldes e cestinhas, uma balança, uma caixinha pra gente colocar o dinheiro e uma placa com as explicações: o preço do pound das blackberries e de cada cestinha de morangos, pegue o balde, vá colher as frutas, pese e pague, obrigado! Ainda tem muita gente que usa esse tipo de honor system, onde a confiança é a alma do negócio.
Pegamos um baldinho e rumamos para o campo, que estava uma lama só por causa das tempestades que caíram durante todo o final de semana. Plaquinhas indicavam os arbustos de blackberries, marionberries e olallieberries. E o campo de strawberries. Fomos pegando as frutas, ainda molhadas da chuva, até encher o balde. No caminho vimos um campo enorme cheio de galinhas felizes. Fiquei animada em poder comprar ovos. Também vimos um pomar de damascos, campos com verduras e tomates. Fiquei num estado de alegria e excitamento sem fim.
Quando já estávamos indo pro campo de morangos, vi uma moça lá junto das galinhas e corri falar com ela. Queria saber dos ovos! Acenei lá de longe, ela acenou de volta, fui apressada encontrá-la. Ela era a dona da fazenda e me contou que os ovos já estão todos vendidos, mas que eles planejam aumentar a produção. Disse que logo terá u-pick de tomates e berinjelas e que se eu quiser eles vendem a galinha viva com recomendação de quem pode fazer o trabalho sujo pra mim. Dispensei. Mas fiquei interessadíssima nos tomates e afirmei que vou voltar para mais berries e tomates até o final da estação, vou virar freguesa. Ela disse que a fazenda tem 40 acres e que tem também um pomar de nozes e eles estão começando a criar patos e perus. Uma ótima opção para o Thanksgiving!
Conversei um tempão com a moça, que me contou da família dela e do Farmers Market de Woodland, que como eu pensava é o Real McCoy, com apenas fazendeiros locais vendendo por lá. Embora nem todos certificados orgânicos, como eu também já sabia.
Fomos pra casa com as botas sujas de lama, um balde cheio de frutas e um sorrisão estampado na cara. O passeio me revigorou e me reanimou. Fizemos nosso lanchinho, com as frutinhas deliciosamente frescas e doces [especialmente os morangos!] mais iogurte grego com mel, pão doce e nutella. Sentados à mesa, devorando as delicias, o Uriel comentou—estou me sentindo como um urso, pois colhi o meu próprio jantar de berries. [ hahahaha! ]
um dia, dois dias, três dias
mais autenticidade, seria bom, né? sozinha, comi sanduíche de salada de batata com ovo. e vinho. minto, não estava sozinha. o gato Misty estava na cadeira ao lado. e a salada de batata com ovo era CÍTRICA. trilha sonora by Boswell sisters—the devil and the deep blue sea. peguei um monte de apps do Lonely Planet, mesmo não estando indo viajar pra lugar nenhum, só porque estavam dando de graça. sou unha de fome? vestindo uma camisa azul marinho tamanho extra large do meu marido—the same old me. meus planos: cancelar todas as assinaturas de revistas assim que comprar meu iPad. assinar todas as revistas novamente, versão eletrônica para o iPad. Peter, Paul & Mary. mãos geladas e aquecedor da casa ligado. casaco, botas, guarda-chuva. it rained on me. sempre percebo o erro ortográfico ou gramatical quando já é tarde demais. casquei fora do picnic de indio dos funcionários da universidade. sem muitas delongas, disse apenas, it’s not my cup of tea. sou uma lesma lerda mesmo: como que eu nunca participei de nenhuma cooking class no Co-op? e falando nelas, encontramos LESMAS ENORMES alojadas dentro de um repolhão meio oco que chegou com a cesta orgânica. A Place in The Sun [1951] obra prima do George Stevens. Elizabeth Taylor linda de cair o queixo aos 17 anos e Montgomery Clift, nem tenho palavras. Montgomery Clift é, pra mim, uma figura trágica. fico absurdamente comovida quando vejo filmes dele depois do acidente que o transfigurou. porque ele era lindo, lindo, lindo! muito mais que o fedorentinho James Dean e o mal humoradinho Marlon Brando. warning—isso tudo é um déjà-vu.