Consegui QUEBRAR uma panela de FERRO Le Creuset.
((((( APLAUSOS, APLAUSOS, APLAUSOS, APLAUSOS )))))
Obrigada, obrigada, obrigada!
Categoria: histórias
a noite dos mortos-vivos
ou a bruxa escapou e está solta
ou a noite dos horrores pré-halloween
O resultado de querer correr uma maratona no final do dia, quando se deveria estar relaxada e sentada no sofá vendo um filme e bebericando de uma taça de vinho, foi um vidro de um litro do mais puro e saboroso azeite extra virgem, que veio como presente super especial dos amigos espanhóis de Córdoba, espatifado no meio do chão da cozinha. O resultado foi cacos de vidro por todos os lados, mancha imensa verde, oleosa e viscosa se alastrando e se infiltrando pelas ranhuras do chão de cerâmica, gatos dando pulinhos de curiosidade sem atentar para o perigo cortante iminente e uma mulher histérica chorando e praguejando com um rolo de papel toalha na mão, sem saber direito o que fazer.
Foi uma noite realmente assombrada, entremeada por outros tantos acidentes aterrorizantes, como o açúcar caro esparramado na bancada da pia, o remédio errado trazido da farmácia, o cansaço provocando dores nas costas e ainda o choque inesperado ao olhar no calendário e perceber que em dois dias será Halloween.
multitasking
[i’m only human]
Cheguei em casa com o pacote do Adobe Creative Suite e queria pular da tarefa de fazer o jantar e ir direto para a tarefa de fazer a instalação dos programas no meu computador. Eu me dei de presente de aniversário um iMac novo, já que o velho estava quase aposentado e fazia uns três anos que eu praticamente só usava o laptop. Mas o computador novo veio praticamente pelado de programas úteis e os que eu tenho em versões mais antigas não rodam bem no sistema novo. Então aproveitei o meu desconto educacional e comprei na livraria da universidade esse pacotão por um preço bem razoável.
Mas jantar era preciso, então me apressei. No interim chegou revistas, DVD e livros, tinha uns tapetes de molho na máquina de lavar, umas toalhas de banho e lençóis esperando um segundo ciclo na máquina de secar e tive que enfrentar a desorganização básica de sempre na cozinha. Mas dessa vez me surpreendi, pois nunca estive tão afinada numa coreografia de fazer o jantar coordenado com outras atividades domésticas. Fiz uma sopa de lentilha vermelha, que era a que eu tinha na despensa.
Numa panela refoguei alho picadinho num fio de azeite. Adicionei a lentilha lavada e maçãzinhas lady cortadas em pequenos cubinhos. Refoguei, refoguei, juntei água suficiente para cobrir tudo, cozinhei, cozinhei até a lentilha quase derreter. Usei o mixer de mão para transformar tudo num creme espesso, adicionei sal a gosto e umas pitadas bem cautelosas de curry. Deixei ferver e desliguei o fogo.
Corri abrir dois peitos de frango caipira com a faca, deixando-os bem largos e finos. Fiz a mesma receita do frango recheado com espinafre e queijo brie, só que dessa vez usei folhas frescas de espinafre. Coloquei os dois peitos recheados para assar em forno médio e subi correndo para fazer o que tinha que fazer no meu novo iMac.
Demorou a beça pra instalar o Suite e durante a espera tive tempo de arrumar o meu semi-abandonado e hiper-bagunçado escritório, que agora está frequentável novamente.
Foi uma noite proveitosa. A sopa ficou uma delicia, o frango ficou super saboroso e macio, os programas foram instalados com sucesso, e ainda consegui dobrar e guardar as toalhas e lençóis lavados, folhear os livros novos e terminar de ver um filme!
foi o esquilo que me encarou
Na frente da porta de entrada para a minha sala no meu trabalho tem um arbusto que se enche de pequenas flores no verão e que no outono viram frutos ovalados com uma cor verde bem escura. Esse arbusto é um pé de feijoa, uma fruta deliciosa também conhecida como goiaba mexicana. Eu levei muito tempo para me tocar que aquelas frutinhas eram feijoas, já que elas desaparecem rapidamente por serem vilmente atacadas e devoradas ainda verdes pelos esquilos.
Voltando da minha caminhada estica-pernas das três da tarde observei uma comoção esquilanesca nas proximidades do pé de feijoa. Foi quando peguei no flagra três esquilos, que já roiam covardemente as tais frutinhas. Minha presença e cara nada amigáveis fizeram com que dois dos esquilos se pirulitassem e fossem procurar por coisinhas comestíveis na grama de outra árvore mais próxima. Mas um deles não se moveu, ficou ali plantado e me encarou. O esquilo me encarou sem piscar, nem disfarçar, não abaixou a cabeça, não vacilou. Ele simplesmente me encarou. E eu encarei de volta, enquando ele subia pelos galhos da árvore, sem nunca virar a cabeça, sempre firme me encarando. O duelo de olhares durou alguns minutos. Foi emocionante. Não sei por que, mas eu tive quase certeza de que aquele esquilo era uma esquila.
dias de ventania
[descabelante]
Perdi hora pela manhã, o alarme não tocou. Isso acontece raramente, mas quando acontece desestrutura todo o meu dia. Acordar devagar, abrir os olhos com calma, espreguiçar, pensar na morte da bezerra antes de colocar os pés no chão, me desejar um bom dia, tudo isso faz parte da minha rotina matinal, que foi interrompida porque o alarme não tocou ou tocou e eu não ouvi. Me virei ainda semi-imersa num sonho para olhar o relógio e os números que vi me fizeram pular da cama num sobressalto assustado—sete e cinco!
Felizmente deu pra beber minha xícara de café, remoendo a perda dos preciosos minutos. Cara amarrada. Já saindo para a fazenda ele me perguntou—dormiu bem? A resposta era sim, dormi, mas não pude dizer que sim, já que estava amargurada pelo atraso. Mais ou menos, foi a minha resposta mal humorada.
O menu do jantar foi sopa de lentilha verde com alho e ervas. Colocar a receita aqui é chover no molhado, mas eu queria registrar. Começou a ventar horrivelmente. Uma pessoa que conheço, nascida em Upstate New York, sempre bradava num tom apocalíptico que na Califórnia quando chovia, chovia, chovia, chovia, e quando ventava, ventava, ventava, ventava. Eu nunca entendi muito bem essa reclamação exacerbada, mas é verdade que quando venta, realmente venta e venta enlouquecidamente e descabelantemente por vários dias.
Dormi com o barulho dos galhos da árvore chicoteando o telhado da casa. O cachorro do vizinho latia sem parar, chorando. Vento, vento, vento, vento. A manhã chegou gelada e eu perdi hora, perdida no sonho, sonhando com algo que nem mais lembro.
S.O.S Kitchen
Uma caixa de primeiros socorros fica permanentemente numa das gavetas da cozinha. Não estou querendo me fazer de vitima aqui, mas eu me machuco TODO SANTO DIA e garanto—juro, que muitos desses pequenos acidentes não são minha culpa. Eu me corto na folha do livro de receitas que estou olhando, na borda da forma de metal que estou lavando, ou quando vou pegar uma louça no escorredor fatio o dedo no mandoline que está ali proximo, e queimo os pêlos do braço nem sei como, e quando estou refogando algo no azeite quente uma lasca de comida dá um salto de trapezista e aterrisa dentro do meu olho, me corto na borda da lata vazia de comida dos gatos quando vou colocar outra coisa na lata de lixo, prendo o dedo fechando a gaveta ou tampando a panela de ferro. Manchas roxas, cortes sangrentos ou cascudos, bolhas, esfolamentos e cicatrizes abundam. E pra completar essa minha rotina de cumprimento da pena cármica, ainda tem o animal. Sim, o animal, aquele que sempre me espera passar pelo tapetinho entre a sala de jantar e a cozinha pra dar o bote. Sim, o bote que é de brincadeira, mas às vezes machuca. Ele não tem intencão de machucar, mas quando eu passo ele dá um pulinho e lasca uma patada. O alvo da patada é a minha perna. E as patas têm garras afiadas. Então nesta semana eu já colecionei uma bolha, um corte do mindinho, um dedo roxo esmigalhado e três arranhões gigantes na parte de cima do meu pé esquerdo, perpetrados pelo animal, o ANIMAL!
mise dis place
Que atire a primeira pedra quem nunca fez uma pataquada dessas: separar a receita, sair pra comprar os ingredientes, voltar e começar a arranjar tudo, fazer o mise en place e notar que dois dos ingredientes principais, insubstituíveis, estão faltando. Eu faço isso o tempo todo, mesmo escrevendo e carregando listas, mesmo checando e re-checando. É como ler a receita várias vezes e mesmo assim esquecer de acrescentar um ingrediente—e logo aquele que vai fazer diferença, interferir no resultado, provocar o total fracasso.
Ainda bem que era um domingo e eu estava inteiramente à disposição de fazer a tal receita. Primeiro passei no Co-op e comprei coisas, muitas coisas. Depois voei até a árvore de ninguém, empastelei a sola dos meus sapatos com aquele grude de figo podre com grãos de pedra e apesar de usar luvas, fiquei com um braço coçando. Voei novamente para casa, onde a gataiada nem conseguia dormir, tal era o meu entra e sai. Reli a receita, em português e inglês e fui me preparando para transformá-la num estrondoso sucesso quando vi que não tinha um dos ingredientes principais—que eu jurava que tinha, e o outro tinha só metade da quantidade necessária. A frustração que eu senti não teve medida. Voltei ao Co-op tão fula da vida e soltando bufadas pelas ventas, que até esqueci de revestir os sapatos e só fui notar quando cheguei no supermercado que estava vestindo meus chinelos de dedo encardidos. Corri para pegar os ingredientes faltantes sem me permitir olhar mais nada e entrei na fila do caixa que ainda não tinha me atendido naquele dia.
A receita foi realizada, com um errinho aqui, outro ali. Nada grave. O único problema que me aflige agora é—quem vai comer tudo isso? Pior que inventar moda, esquecer ingredientes e ficar num pra lá e pra cá frenético, é inventar moda e não ter ninguém pra dividir a história e os garfos.
ninguém engana o lobo
Relendo um dos capítulos de Como Cozinhar um Lobo da M.F.K. Fisher, caí na gargalhada quando li essa passagem, onde ela comenta a nossa neurose em encobrir os cheiros causados durante a preparação da comida. Sendo eu uma dessas, que fica um pouco neurotizada com o cheiro de cebola frita, vesti a carapuça.
“Você pode fazer um acordo, encobrindo um cheiro com outro. Você pode fazer isso, seguindo os ensinamentos da escola Stark de Realismo, acendendo um pedaço de jornal amassado e correndo pelos cômodos da casa com o jornal esfumaçado. Você pode, mais efetivamente [e mais ajeitadamente] pingar gotas de óleo de eucalipto ou pinho numa placa de metal quente e movimentá-la pra lá e pra cá. Se voce quiser se sentir como um personagem dos irmãos James num vago momento romântico, você pode pode pingar umas gotas de óleo de lavanda numa bacia de prata cheia de água quente. E se você é alguém que eu não conheço, e mais que isso, não me importo de nunca conhecer, você pode queimar um pequeno cone de incenso. Ou você pode assar a carne, fritar as cebolas, refogar o alho no vinho tinto… e me convidar pra jantar. Eu nao me importo, realmente, mesmo que seu nariz esteja meio brilhante, contanto que você se sinta confiante e certa de que lobo ou nao lobo, sua mente é sua e seu coracão é de alguém e portanto está no lugar certo.”
Fisher era uma mulher com uma prosa fina e uma língua afiada. Ela tinha uma maneira elegante, porém direta, de dar uma opinião. Mesmo sendo uma daquelas encucadas com a possibilidade do meu cabelo estar cheirando a bife frito, concordo com cada palavra desse parágrafo e reconheço o ridículo de tentarmos encobrir o efeito das nossas aventuras culinárias. Mas mesmo assim, quando eu acho que devo, fervo umas emanações com cascas de laranja ou pauzinhos de canela. E lavo o cabelo. No entanto, certamente como a Fisher, não me importo de nunca vir a conhecer pessoas que queimam incenso!
choque cultural & feijão preto
Meus anos no Canadá foram um laboratório que me preparou para adotar um novo país. Lá eu não era imigrante, estava somente de passagem, mas mesmo assim inicialmente passei por todos os processos de adaptação necessários para me integrar a uma vida nova, com clima novo, língua nova, elementos culturais novos. Acontece com todo mundo, aconteceu comigo. O surto maior durantes todos os meus anos canadenses foi não poder lavar o banheiro. Onde está o maldito ralo?? Era a pergunta que eu não conseguia fazer calar, até aceitar o fato inexorável de que naquele país não se lava banheiro e pronto. Não foi fácil, mas todos os choques culturais que enfrentei lá me ajudaram numa adaptação mais tranquila aqui. Eu já cheguei nos EUA ajustada.
Um dos processos pelo qual passei foi o da aceitação dos novos ingredientes gastronômicos locais e o da autenticação da cultura gastronômica que eu trazia comigo. Você quer mostrar de onde veio, não só através da língua, música, costumes e comportamento, mas também através da comida.
A universidade que engoliu meu marido num programa de PhD promovia todo inicio de ano letivo sessões de orientação para os novos estudantes internacionais. Tendo participado do evento na condição de esposa do estudante internacional, percebi o quanto era importante tudo aquilo. Me inscrevi como voluntária para trabalhar nos anos seguintes. Havia posições em diversos pontos estratégicos, você podia ser guia de tours, dar palestras, ajudar na organizacão dos eventos acadêmicos ou culturais e também poderia ajudar na cozinha. Serviam-se lanchinhos para os participantes, que eram preparados e empacotados pelos voluntários da cozinha. Nem preciso dizer que a cozinha era o lugar menos atrativo, pois todos queriam voluntariar em posições mais bacanudas, demonstrando suas habilidades intelectuais e interagindo mais intensamente com o grupo de organizadores e os novos estudantes. Ser voluntário na cozinha não tinha concorrência, muito pelo contrário, nem sempre conseguíamos um número necessário de pessoas. Mas todo ano eu estava la, junto com os sempre presentes usual suspects. Era uma turma legal, com estrangeiros e nativos, que devido ao confinamento e as horas passadas juntos cortando cenouras em tiras ou tomates em rodelas, formou algumas boas amizades.
Mas o bacana desse voluntariado na cozinha era que no último dia da orientação rolava um banquete organizado por nós. Tínhamos que trazer pratos típicos de diferentes países, geralmente doados ou feitos pelos próprios voluntários. Essa era a parte que eu mais gostava, pois chegava a hora daquela gente bronzeada mostrar o seu valor, abafando com um belo e saboroso prato tradicional brasileiro. Desde o primeiro ano, a feijoada tinha sido eleita por mim o prato fino da bossa para representar o Brasil no banquete. Porque era bem típico, tinha uma história legal pra se contar se precisasse entreter a galera curiosa e era fácil de fazer em quantidade. Eu adaptava as linguiças, usava as polonesas e russas que abundavam por lá e adicionava beef jerk no lugar da carne seca. O resto eu fazia igual, feijão preto, bacon, alho, azeite, folhas de louro, panelão que cozinhava por longas horas até o caldo ficar grossão. Quando eu finalmente levava a panela de feijão para a festa era um êxtase coletivo. A minha feijoada era o prato mais esperado da noite, seguido pelas samosas preparadas por uma senhora indiana e que eram, sem dúvida nenhuma, as melhores que já comi na minha vida. No dia do banquete os voluntários da cozinha saiam do ostracismo do confinamento e viravam estrelas, protagonistas da festa.
Vestidos com nossas roupetas mais bacanas e ostentando os nossos sorrisos mais amigáveis, servíamos os rangos internacionais, explicando fatos de cada país, tradição e ingredientes. No meu caso, quando eu me prostrava em frente ao panelão segurando a concha que eu mergulhava sem parar na deliciosa feijoada, era só dizer—Brazilian black beans para provocar um excitamento geral na malta, que às vezes se recolocava novamente na fila para, timidamente, pedir para repetir. Nem sempre sobrava para os voluntários, então adotamos o hábito de separar porções individuais da feijoada antecipadamente. Claro que todo ano durante o banquete tinha sempre um ou outro que fazia aquela cara de fuínha quando eu pronunciava as palavras mágicas—Brazilian black beans. Se a cara entortava em sinal de nojo ou medo, eu já dizia sorrindo—acho que você vai se arrepender, e não vai poder voltar atrás, porque os feijões brasileiros NUNCA sobram pra contar a história!
a falta que a magrela faz
Na capital americana das bicicletas encontra-se de tudo, desde as magrelas mais sofisticadas feitas com material levíssimo, altas tecnologias aerodinâmicas, passando pela multidão de bikes comuns, outras inusitadas, daquelas com apenas uma roda ou um banco altíssimo, onde o ciclista pedala deitado ou totalmente em pé. Davis é realmente uma democracia de bikes com espaço para as caríssimas e brilhantemente novas, as não tão novas, as velhas, e velhíssimas, chegando até aos cacarecos caindo as pedaços. A minha magrela é antiga, da marca Schwinn e cor azul, com duas cestas dobráveis de metal atrás. É uma cruiser, isto é, uma bike pra se andar na boa, sem se esbaforir, sem correr. Ela não é bicicleta com marcha, pra dar velocidade, ela é bicicleta pra passear, cruzar o parque tranquila. Eu escolhi essa bike por acaso, porque ela simplesmente apareceu na minha frente e eu achei que ela era perfeita pra mim. Ela é uma bicicleta alta, com banco alto, guidão alto, carregava um estudante gigante pra lá e pra cá e quando ele terminou o curso e foi embora eu fiz uma doação e fiquei com a magrela. Que bicicleta boa, minha gente! Já viu gente alta pedalando bicicleta comum? É de dar pena. É uma corcundice tórpida, uma abertura de pernas patética, gente alta precisa de bicicleta alta, por isso eu me encantei com essa magrela azul. Ela me deixa ereta, não me faz dobrar, me deixa elegante mesmo na tarefa inglória que é pedalar contra o vento ou sobre a chuva. Minha magrela é uma cruiser com breque de pé, que no começo me pareceu uma coisa da era das cavernas, mas com o tempo se acostuma a usar e hoje eu nem sinto a diferença. Estou sentindo é a falta dela nesses dias, quando tive que caminhar pro trabalho. Nem vou dizer que caminhar não deu certo, na minha atual condição. No final acabei tendo que dirigir, o que pra mim é quase um crime. Gastando gasolina pra ir daqui até ali. Mas tudo bem, enquanto não posso pedalar, vou fazer uma reforma na minha magrela, trocar o banco, os apoios do guidão e finalmente instalar um pára-lama, que faz uma falta danada todo inverno.
*na foto o meu irmão Paulo, um moço muito altão, pedala alegremente a minha bike azul com minha sobrinha Paula de carona, num lindo dia de inverno no Arboretum.