uma história que não tem nada a ver com comida

Cheguei do trabalho ontem com uma lista de intenções para o meu final de tarde e início de noite – ia tirar umas fotos, escrever uns textos, tentar fazer algo na cozinha e, principalmente, sair do quarto de hóspedes e me mudar de volta para o meu querido quarto. É uma longa história, que se arrastou por cinco meses e que finalmente vai ter um fim. Mas porque o fim não aconteceu quando deveria acontecer fui engolfada por um ziriguidum total e não fiz nada do que planejava fazer.

Minha casa tem uma guest house no fundo. Meu filho e a namorada moraram lá, até comprarem a casinha deles. Depois disso nós só tivemos problemas. Primeiro alugamos o lugar para o casal geek orgânico, que fez da casa um cortiço, nunca limparam nada, deixaram tudo um lixo e ainda não pagaram o último aluguel. Daí contratamos o serviço de uma imobiliária, pois não temos tempo, nem saco pra lidar com essas chatices. A casa foi alugada para a mulher mais rude e sem consideração que eu já tive o desprazer de lidar. Ela ligou o ar condicionado da casinha – que dá para o meu quintal e fica diretamente em frente às janelas do meu quarto – em março e não desligou mais – dia e noite, dia e noite, dia e noite. O aparelho é enorme e faz um barulho dos diabos. Pedir por favor para ela desligar o treco pelo menos à noite não adiantou, então tivemos que esperar o contrato vencer pra ela se mudar. E o dia dela se mudar era ontem. Cheguei em casa depois das cinco e o a/c estava ligado, as janelas abertas – como ela andava fazendo ultimamente – o cachorro dela correndo pela calçada, ela visitando a vizinha, tudo no seu devido lugar, como se nada fosse acontecer! A casa deveria estar vazia. Tive um treco! Meu marido ficou ligando pra imobiliária lá da fazenda, avisando que eu iria desligar a eletricidade e o gás da casa. A figura da imobiliária – cujo serviço vai ser dispensado – barganhando mais dois dias pra fulana grossa e sem consideração se mudar, porque é lógico que ela quer mudar sossegada no final de semana. No way, José! Meu filho e minha nora ficaram comigo, conversando até as dez da noite, porque eu estava muito louca da vida. A incompetente da funcionária da imobiliária foi ajudar a lacraia a empacotar as tralhas e ficou pelo telefone pedindo por favor pra gente não desligar a eletricidade à noite porque a geladeira da figura estava cheia de comida. Hoje de manhã já desliguei o gás – ninguém vai tomar banho quente às nossas custas. E hoje na hora do almoço eu e o meu filho vamos desligar a eletricidade. Tão gostando da novelona mexicana??

Ao menos a lambisgóia finalmente desligou o a/c e eu pude dormir na minha cama, em silêncio, pela primeira vez em cinco meses! Agora vou pensar o que fazer com a minha guest house. Durante o mês de setembro ela vai ficar vazia, preciso me recuperar dessa experiência traumática. Talvez eu mobilie e alugue para estudantes ou pesquisadores estrangeiros que vem pra ficar apenas alguns meses. Minha casa fica a dois blocos da universidade, e o mercado imobiliário aqui em Davis está super aquecido, é muito difícil arrumar lugar pra morar – e nós com essa total falta de sorte com a nossa casinha!

* adendo explicativo – como não tem como medir os gastos de água, gás e eletricidade da casinha, e separar dos gastos da nossa casa, quem aluga não paga por essas utilidades. então além de aturar a barulheira, nós que pagamos a conta do arzinho night and day da inquilina dos infernios…

folga na cozinha e outros papos

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Todo final de agosto, início de setembro, meu marido some na fazenda de pistacho ou em congressos pelo mundo afora. Então eu fico meio desorganizada na cozinha, porque não tenho muito ânimo de cozinhar só pra mim. Improviso muito, também porque não gosto de comer em restaurantes sozinha. Faço coisas simples e práticas. Sandubas e saladas são a base do menu. Ontem fiz uma coisa horrêver… Jantei uma salada Caprese – tomate, mussarella fresca e basilicão – com uma fatia de pão preto, em pé na cozinha, enquanto telefonava para as minhas amigas e combinava um cinema.

Fomos ao Varsity Theater, o cinema independente da minha cidade, ver o documentário Who Killed the Electric Car. Logo na entrada, notei uma janelinha que eu não tinha visto antes, no lado esquerdo do hall principal e fui lá xeretar. O teatro tem o seu balcãozinho estilo anos 50 vendendo pipoca, refrigerante, mas aquela janelinha vendia café e sorvete – gelatto e regular. Me encantei por um sabor de berries com cabernet. Achei uma ótima idéia, só que senti um pouco de dificuldade para terminar o sorvete quando a sala ficou escura.

a trilha sonora do capítulo de hoje é Dylan

Ele está na fazenda de pistacho no sul da Califórnia. Não fui nadar, porque estava ansiosa para ir até a Borders com um cupom comprar o novo cd do Bob Dylan. Comprei também mais um livro de culinária francesa, desses com fotos bonitas, e postais pro meu amigo Guto. Na volta passei ao lado da inquilina da minha guest house e seu cachorro de três pernas conversando com o meu vizinho cinqüentão tri-atleta na calçada. Essa foi uma história traumatizante que felizmente acaba depois de amanhã.

Comida, comida! Nao quis comer no restaurante italiano, nem no bistrô das saladas. Peguei o carro e fui até o Co-op, nosso supermercado cooperativa. Enchi o carrinho de coisas tolas – sorvete de frutas, wrappings com hummus e falafel, marmelada, pão preto, duas bananas, polenta corn chips, hamburger vegetal. Ouvi pela terceira vez neste dia um elogio à minha roupa – your top is awesome! Sim, é mesmo!

Uma taça de vinho branco de Cadiz na Andaluzia, salsa de vidro com coentro e azeitonas, figos verdes e roxos, iogurte grego com mel. Bob Dylan tocando no cd player me leva quase às lágrimas. Meu vizinho recebe uma visita, um cabeludo hipongo. Será o George da esquina? Eu achava que o George era desempregado e até sentia pena da mulher sorridente dele, quando fiquei sabendo que ele é um professor do departamento de Artes. Quanta diferença do departamento de Engenharia agrícola, onde ninguém tem tempo pra nada e ainda viaja. Todos os meus vizinhos são acadêmicos.

Vou ler A Little Taste of France, vou escrever postais, de óculos que eu odeio, vou terminar de mastigar os figos, que eu adoro, e sentir as sementes estourando entre os meus dentes, vou terminar de ouvir Dylan e seu Modern Times, tentando não sair dançando pela cozinha, evitando que o meu vizinho me veja pelas janelas e me pegue no flagra comendo, bebendo, cantando.

pança cheia

* post reciclado de agosto de 2005, do The Chatterbox.
Uma amiga mencionou um prato típico do norte ou nordeste chamado baião de dois e eu fiquei com as bichas. Então hoje resolvi fazer o tal prato, mas num esquema muito do improvisado. Procurei a receita no cybercook e ia tanto ingrediente regional – manteiga de garrafa, feijão não sei das quantas, farinha de não sei o que. Pensei, vixe maria, acho que vou ficar só na vontade. Mas a capacidade de improvisação do ser humano é uma coisa impressionante. Fiz o tal baião com um bacon americano que eu descongelei no microondas, um feijão italiano e um arroz basmati indiano que eram sobras de outro dia, adicionei pimentão e tomate, salpiquei com queijo ralado e servi acompanhado de um refogado de quiabo. Nem sei se combina, nem se esse baião fajuto pode ser chamado de baião. Mas que ficou muito bom e eu enchi a pança é a mais pura verdade!

a pêra crocante

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O produtor de quem eu compro pêras no Farmers Market me disse que ele cultiva dez tipos diferentes dessa fruta. Eu gosto dessa variedade asiática, por causa da textura. Acho também que elas são menos doces que as outras mais moles. Sempre que compro essas pêras lembro da minha querida amiga Alessandra. Eu comprava a pêra asiática no mercadão de Piracicaba, quando morei lá nos no final dos anos oitenta, e quando eu falava pra Alessandra que essas frutas eram crocantes, ela se acabava de rir e dizia—só na casa da Fer que se come pêras crocantes!!!

o primeiro encontro com a sopa em lata

Na introdução de The Art of Eating, Anna Parrish, a filha mais velha da autora M. F. K. Fisher, escreve um pequeno parágrafo sobre a sua mão. Ela conta que seus amigos ficavam embasbacados quando jantavam com ela, pois a mãe servia coisas simples e boas, como uma prato de salame, prosciutto e melão, uma salada de alface, pão e vinho. De sobremesa uvas ou sorvete.

Lendo isso me lembrei de muitas histórias da minha inocência culinária, fazendo coisas simples e boas – como sempre fiz, mas pra audiência errada. Nos nossos primeiros meses no Canadá, a filha de um casal de amigos se encantou com o meu filho. Ela devia ter uns sete anos e o Gabriel tinha dez. Um dia ela se convidou para dormir em casa e passar o sábado lá. Nem lembro se o Gabriel curtiu aquilo, mas ele sempre foi extremamente gentil.

Fui logo perguntar o que a menina gostava de comer e quando ela disse que a comida preferida dela – ever – era sopa de cogumelos, fui correndo ao supermercado, comprei os cogumelos mais frescos que encontrei e fiz aquela sopa simples, saborosa e linda. Na hora no almoço a menina veio toda pirilampa, sentou-se para comer e quando olhou para o prato fez uma careta de nojo e desapontamento, enquanto mexia a sopa com a colher como se estivesse revirando uma lavagem de porco. Saiu da mesa abruptamente dizendo que tinha mudado de idéia, não estava com fome. Eu depois fui perguntar, mas como, você não quer comer nada, não esta com fome, como pode, brincou a manhã toda, e a educadinha canadense disse sem papas na língua – eu não gostei dessa sopa que você fez, eu gosto da sopa de cogumelos DE LATA!

Bom, a partir daí vi que não podia mesmo fazer nada. Eu não podia ousar competir com uma lata de sopa Campbell.

a cozinha também está dominada

Vocês já sabem que a cozinha sempre foi um lugar perigoso pra mim. Foi em cozinhas que ganhei minhas maiores cicatrizes, em terríveis cortes e queimaduras. Tenho sempre uma atitude prevenida quando estou fazendo comida ou qualquer outra coisa numa cozinha. Eu me vejo em situações gravíssimas, sangue jorrando, morte eminente. Vou tentar traçar o mapa do local minado: um tapete entre a cozinha e a sala de jantar, outro tapete largo em frente da pia e máquina de lavar louças, um forno e um fogão sempre ativos, uma geladeira com duas portas que se abrem opostas uma a outra, muitos armários com portas pontudas na altura da minha cabeça, e dois gatos. Se todo o resto não bastasse para provocar situações de acidentes mortais, ainda temos os gatos na cena. Eles são a cereja no topo do bolo do meu infortúnio destino.

E eles são onipresentes no local. Estão sempre deitados nas cadeiras onde você vai sentar, correndo pra lá e pra cá ou ou escarrapichados nos tapetes. Quando eu estou fazendo o rango e andando de um lado para o outro na cozinha, nada mais apropriado do que ter um gato gordão, sentado, deitado ou em pé feito uma estátua, bem no meio do seu caminho. Ou ter um gatinho maluco dando pinotes e corridas alucinadas pelo meio da cozinha, chispando como um furacão pelo meio das minhas pernas ou passando frenéticamente aos pulos enquanto joga um ratinho de pano pra lá e prá cá pelos ares e ocasionalmente dando botes nas minhas pernas e pés.

Este é o cenário realista e perturbador. Por isso não se assustem se eu contar histórias de como tropecei num gato com um facão numa das mãos e só deus sabe como consegui recuperar o equilíbrio sem me auto-degolar ou me auto-estripar. Ou de como tropecei no outro gato [ou seria o mesmo?] e quase caí de cara na sopa borbulhante na panela e periguei virar coadjuvante de um réplica caseira de uma cena de Angel Heart. Eu piso em ovos para não pisar em gatos e se for vitima de mais um freak acidente na cozinha, vocês já estão avisados, para não haver nenhuma sombra de dúvida sobre a identidade dos futuros supostos culpados!

um toque de classe

Era uma segunda-feira, quando eu vou buscar minha cesta orgânica, lavo, guardo e tento usar os legumes e verduras que encalharam ou sobraram da outra semana. Geralmente é um dia bom para deixar um caldo preparando na panela elétrica, e para fazer pratos simples, nada que necessite mais que três etapas—lavar, picar, cozinhar rapidamente ou temperar em salada.

Pra acompanhar a refeição simples que eu fiz naquele dia, eu resolvi usar um pacote de noodles cozido que eu tinha na geladeira. Esses pacotes são muito práticos, pois o macarrão feito com ovos vem prontinho, você só precisa despejar no stir fry ou sopa. Pois nesse dia fritei na wok umas fatias finas de alho no azeite, joguei os noodles, sal, pimenta, cobri com muita salsinha fresca picada e servi com bastante queijo pecorino ralado. Um alho & óleo oriental.

Pois o que foi que ouvi quando servi o jantar?
Ah, você fez miojo hoje?
Á? Á? Á?
MIOJOOOOO???!!!
Nem preciso dizer que fiquei chocadíssima e ofendidíssima…

A saga das panquecas

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Acontece também com você? E você não odeia quando acontece? Você decide fazer uma receita, pensa em todos os ingredientes, menos nos óbvios – farinha, leite, ovos, fermento, pois esses você tem certeza que sempre tem! Mas o quê? Basta você começar a se preparar, pôr os utensílios alinhados, abrir o caderno de receitas, separar os ingredientes para constatar que NÃO TEM FARINHA DE TRIGO!!

Foi isso que me aconteceu quando resolvi que iria fazer panquecas recheadas com ricota para o almoço de sábado. Fiquei muito irritada, pois tive que mudar as direções da barca culinária, o que não foi uma situação feliz.
Resolvemos a questão no sábado à noite, quando o Uriel foi comprar umas coisas no Co-op e trouxe um saco de farinha. Pro almoço de domingo fiz as panquecas, recheadas com ricota e onde usei o molho de tomate que preparei para uma eventual macarronada.

A receita da massa das panquecas é da minha mãe. O recheio não tem segredo, é ricota amassada com cebolinha e salsinha picadinha e temperada com sal e pimenta do reino.

Para a massa, bata no liquidificador 2 xícaras de farinha de trigo, 2 xícaras de leite, duas colheres de sopa de manteiga, 1 colher de chá de fermento em pó, 2 ovos, uma pitada de sal. Bata bem e deixe descansar por 5 minutos. Frite as panquecas o mais fininho possível na frigideira untada com manteiga. Enrole cada uma com o recheio de ricota. Ponha num refratário, cubra com molho de tomate e salpique com queijo parmesão. Leve ao forno médio por uns 15 minutos e sirva.

Minhas madeleines

Porque minha mãe tinha uma carreira e trabalhava fora oito horas por dia, na casa dos meus pais sempre teve duas empregadas—uma pra cozinhar e outra pra fazer todo o resto, inclusive cuidar das quatro crianças endiabradas. Agora eu entendo por que minha mãe tinha uma pessoa só para cozinhar. Pra ela, a alimentação era uma coisa importantíssima e nós sempre tivemos quatro refeições por dia, todas preparadas do zero, sem congelar, descongelar, requentar, pois naquele tempo nem era comum as famílias terem freezer, muito menos microondas.

Então a cozinheira cozinhava o dia inteiro. Tomávamos o café da manhã a família toda junta, com a mesa arrumada, xícara com pires, colherzinha, guardanapo. Meu pai e minha mãe iam almoçar em casa e então sentávamos todos juntos à mesa de novo. À tarde tinha o café da tarde, que ora era café com leite, ora chocolate, ora mingau, sempre uma fruta, bolacha salgada ou doce. Meu pai às vezes aparecia para tomar o café da tarde em casa—e muitas vezes nos pegou no flagra fazendo arte durante as férias. No jantar a coisa incrementava, pois minha mãe fazia questão de servir sempre uma sopa antes do prato principal, mais salada e sobremesa. Durante a semana as sobremesas eram simples, frutas, ou salada de frutas, gelatina, sorvete. Para o sábado e domingo tinha sempre algo mais sofisticado, um pavê, uma torta. Todo sábado à noite tinha pizza, todo domingo macarronada com frango—se não houvesse um churrasco muito raro. Todas as refeições tinham horário fixo. Meu pai às vezes ganhava dos fazendeiros da região um porco vivo, ou galinhas, ou um sacão de batatas, ou outro artigo comestível. A empregada que cozinhava era incumbida de matar a galinha—tarefa repugnante que eu testemunhei uma vez e que marcou a minha memória para sempre. E minha mãe sempre inventando receitas novas, pegando idéias nos livros, que a cozinheira concretizava. Uma vez por mês ela encomendava peixes, que chegavam num caminhão refrigerado. E o leite vinha todo dia numa carroça puxada por um cavalo.

Minha casa tinha dois andares, em cima tinha uma cozinha que nunca foi usada, com um fogão, pia comprida, armários e um aparelho americano de assar frango. Ao lado tinha uma sala de jantar. Mas o buxixo ficava no andar de baixo da casa, onde tinha a cozinha pequena toda branca, onde a cozinheira com quem eu passei mais tempo—a Cida—ficava. Ao lado tinha uma copa grande, onde fazíamos praticamente todas as refeicões. Eu estava sempre pela cozinha, atrás das empregadas, xeretando a geladeira, abrindo armários, lendo os livros de receita. Essa Cida era uma mulher grande e muito mal humorada, que ficava muito irritada comigo sempre atrapalhando o serviço dela. Mas eu nunca me intimidei e um dia comecei a mexer nas panelas. Eu devia ter uns oito ou nove anos, não lembro exatamente qual foi a minha primeira invenção na cozinha, mas me lembro de uma idéia de girico que fracassou, fez uma sujeirada e me deu uma dor de barriga danada – eu misturei manteiga com ovos e açúcar e fritei à colheiradas no óleo quente. A Cida só revirava os olhos, grunia—devia estar me rogando pragas de caganeiras—e ia de cara fechada limpar a minha arte antes que meus pais chegassem, minha mãe tivesse um xilique e me desse uma surra.

Mais tarde lembro de ficar bem arrojada e abrir o livro de receitas A Alegria de Cozinhar da Helena Sangirardi e fazer uns sanduichinhos com pão pullman, maionese e pepino. Ninguém quis comer aquilo. Hoje entendo o que aquele sanduíchinho tão nada a ver com a nossa cultura culinária estava fazendo naquele livro. Dona Helena Sangirardi traduziu o The Joy of Cooking, então a herança inglesa da cozinha dos americanos foi parar nas nossas cozinhas brasileiras. Usei muito aquele livro nas minhas investidas na cozinha da Cida. Fui melhorando aos pouquinhos, claro, até chegar num ponto, durante a minha pré-adolescência, em que consegui fazer coisas completamente comíveis.