tapenade com figo e citros

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A Anna Thomas comenta antes de dar a receita desse tapenade no seu livro Love Soup, que ele é uma ótima entrada para ser servido acompanhado de um vinho branco gelado numa noite de verão. Mas pra mim não rola esperar por uma noite de verão, né? Ainda mais que no inicio do outono caí de boca nos figos secos vendidos na banca do Farmers Market de um senhorzinho, que sempre tem poucas quantidades de produtos excelentes. Esses figos secos naturalmente no sol, são o fino na bossa. Feios, porem os mais gostosos, sem falar que não tem nenhuma química. O resto dos ingredientes da receita, nem preciso comentar: azeitonas, limão, laranja, temperinhos. Adorei o resultado desse tapenade, que fica mais adocicado que o feito só com azeitonas. Servi com torradinhas de pão francês e foi duro—duro não, foi mesmo quase impossível, parar de comer.

90 gr de figo seco
1 xícara [180 gr] de azeitonas pretas kalamata
1 colher de sopa de alcaparras escorridas
1 colher de chá de alho picadinho
1 colher e chá de alecrim fresco ou seco picadinho
1 colher de chá de tomilho fresco ou seco picadinho
1/4 xícara [60 ml] de azeite de oliva [do frutado se tiver]
2 colheres de chá de suco de limão
1 colher de chá de raspinhas da casca de laranja
Pimenta do reino moída na hora
Sal marinho, se necessário [*não usei]

Coloque os figos numa panela com 1 xícara de água e cozinhe tampado em fogo baixo até as frutas ficarem molinhas. Coe os figos e guarde liquido. No processador combine todos os ingredientes e pulse até obter a textura ideal de uma pasta grossa. Se precisar adicione um pouco da água reservada, onde czinhou os figos. Sirva o tapenade com torradas, crostinis, bolachas salgadas, pita bread tostado, eteceterá.

figo adriático

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Pensei que já tinha provado o figo mais saboroso que existe quando mordi um dos lindos candy stripes. Mas eu ainda estava por conhecer o rei dos figos, o mais gostoso que já comi.

Comprei duas cestinhas deles na banca da Good Humus Farm e voltei pra mais. A banca dessa fazenda é a mais colorida do mercado. Trabalham lá a família toda e, pela quantidade de jovens atendendo ao público, os amigos também. Eles têm sempre produtos bacanas, flores lindas, os ovos caipiras que desaparecem depois das 8:30 am de tão populares, frutas e legumes diferentes. Foi lá que comprei uma uva muito roxa, quase preta, que perguntei o nome e ninguém sabia. Me falaram que a uva começou a crescer lá num canto e deu tanto que eles resolveram vender. Pra mim, que não sou grande apreciadora dessa fruta, foi a melhor que comi em muitos anos.

Também comprei muitos morangos deles, que estavam tão, mas tão maduros que só davam pra virar geléia ou sorvete. Viraram sorvete. Um dos muitos de morango que fiz este ano. Num dos dias que comprei morangos, paguei a conta com um monte de notas de um dólar e pensei que estava tudo bem. Saquei o celular da cesta pra tirar uma foto das flores e percebi que a menina que me atendeu olhava e re-olhava a grana com uma cara de confusa. Virei minha atenção para os pêssegos e tomates de outra banca, quando senti um toque no ombro—olha seu troco, você me deu uma nota de dez no meio das de um. Eu faço dessas, sempre, o tempo todo.

No dia em que que comprei os figos verdes pela primeira vez, pensando que eles eram da variedade calimyrna muito comum por aqui, me surpreendi com a polpa roxíssima e dulcíssima daquelas frutinhas. Não poderia ser o calimyrna, que é uma variedade bem sem graça e que fica melhor seco. Por isso quando voltei para mais figos na semana seguinte, perguntei o nome e os rapazes e moças ficaram num jogo de peteca risonho, um tentando ajudar o outro a lembrar o nome do figo. Eu já estava quase indo embora sem esclarecer minha dúvida, quando um dos rapazes gritou—adriático! o nome da variedade é adriático!

Pois então, acreditem-me, esse figo adriático é na minha opinião o supra-sumo. O rei dos figos.

figos, figos galore!

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geléia de figo & limão

Finalmente coloquei em prática uma decisão que eu estava protelando para concretizar há meses: voltar a nadar. Parei de dar minhas braçadas e pernadas na piscina no final de novembro de 2007, já desanimada com a chegada do frio e incomodada com os sintomas dos fibromas. Foram eles que me impediram de voltar mais cedo, somado ao fato de que sou uma procrastinadora crônica quando o assunto é mexer o corpão e fazer algum exercício físico. E nadar é o único exercício que eu realmente gosto, porque ele é para mim muito mais do que apenas mexer o corpo. Nadar é uma meditação, que deixa minha cabeça e meu corpo leve. Dentro da água eu me sinto em total harmonia com o universo.

No sábado acordei mais cedo e fui ao Farmers Market, onde fiz minhas compras rapidamente com a facilidade do lugar não estar ainda lotado de gente. Encontrei amigos lá, bati papo, comprei tudo o que queria comprar e voltei pra casa. Protetor 70 no rosto e 30 no corpo, toalha, goggles, touca, maiôzão atlético, bicicletei até a piscina e fui falar com o coach:

—quero recomeçar minhas braçadas, mas não quero fazer treino, quero usar cupons para nadar quando quiser e puder.
—mas você precisa ser membro, mesmo para dar suas braçadas, sem treino.
—tudo bem, quero preencher a papelada pra reativar meu membership.
—sim, você preenche tudo, faz o cheque e volta no sábado que vem.
—NÃO! eu preciso nadar HOJE, porque estou protelando essa volta há meses, se não nadar hoje, capaz de desanimar novamente e não voltar nunca mais…
—tudo bem, então preenche os papéis..
—e pago a nadada de hoje pra você?
—eu confio em você, traz os papéis e o cheque amanhã, pode nadar hoje.
—OBRIGADA! êba ———–> tchigummmmm!

E assim nadei. Depois de quase dois anos, achei que iria quase morrer, botar os bofes pra fora, desmaiar. Quando voltei a nadar em 2002, estava tão fora de forma e destreinada, que tinha que descansar a cada 100 m. Ficava até com tontura quando saia da piscina. Desta vez foi tranquilo. Nadei, nadei, soprei bolhinhas na água, dei piruetas, reconheci e cumprimentei algumas pessoas que nadavam e continuaram nadando. Voltei no domingo, com a papelada preenchida, os cheques e nadei de novo. Adoro nadar de manhã, ouvir o silêncio das ondas do corpo dentro da água, olhar os aviões que cruzam esporadicamente o imenso céu super azul sem nenhuma nuvem. Nadar é a minha ioga.

Só queria deixar registrada aqui essa vitória da minha força de vontade sobre a minha malemoleza. Pronto!

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figos roxos

Por ter tomado essa importante decisão e por ter nadado, me senti absurdamente energizada e passei o dia de sábado fazendo mil coisas. No Farmers Market a fruta da hora era o figo. Variedades de casca verde, da roxa ou da listrada estava por todos os cantos. Como sempre me entusiasmei, porque confesso que com figos eu fico gananciosa, quero todos pra mim! Comprei muitos. Na banquinha da fazenda orgânica da família onde comprei os morangos que viraram geléia na outra semana, agarrei caixinhas de figos bem roxos. Contei pra moça que tinha feito uma bela geléia com os morangos e que iria tentar fazer geléia com os figos. Ela me contou que o marido fez uma geleia no ano passado, que ela usou para rechear os biscoitos de Natal e que ficaram maravilhosos.

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fazendo geléia de figos

Fui pra casa animada e já fui colocando a idéia em prática. Para fazer a geléia, lavei e piquei os figos, que foram para a panela de ferro com o sumo e a casca ralada de um limão, mais rapadura ralada. Cozinhei em fogo baixíssimo por uma hora, mexendo vez em quando já pro final, pra não deixar a geléia colar no fundo da panela. O resultado foi uma geléia linda e deliciosa, que devorei com torradas e pão integral tostado durante o final de semana.

Para o almoço do domingo fiz uma receita de figo assado para acompanhar carne, que tirei do lindo livro A Platter of Figs do David Tanis. Na outra semana troquei um plá sobre livros com a Carlota e comentamos desse um, que nem eu, nem ela tínhamos usado ainda. Pois eu só precisei de um clique, e no sábado com aquela fartura de figos na minha cozinha, fui buscar no livro com um figo ilustrando a capa, receitas com figo. Por mais incrivel que pareça, só há duas receitas bem simples pra usar figos no livro do figo. Eu fiz uma delas.

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assando figos com tomilho

Corte os figos ao meio e coloque todos com a parte cortada para cima num refratário. A receita diz pra espalhar folhas de tomilho fresco por baixo dos figos, mas eu coloquei por baixo e por cima. Regue com azeite e leve ao forno em 400ºF/ 205ºC por 20 minutos. Sirva com pratos de carne ou como sobremesa, acompanhado de creme batido ou creme fraiche.

figo grelhado com prosciutto

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A revista Martha Stewart Living de Julho de 2009 trouxe uma reportagem super bonita, com receitas de aperitivos em diversas partes do mundo. Esses figos grelhados são servidos em Veneza. São feitos com a fruta da variedade de casca verde e pancetta. Eu não achei pancetta, usei então fatias finíssimas de prosciutto. E troquei as sementes de fennel pela de anise [erva-doce], pois acho as duas bem parecidas. Ficou um aperitivo delicioso, que devoramos acompanhado de limonata no domingo à tarde.

6 figos cortados ao meio
1/2 colher de chá de sementes de fennel [*usei a de anise—erva-doce]
6 fatias finas de pancetta [*usei prosciutto]

Pré-aqueça o broiler*. Jogue as sementes sobre as partes cortadas dos figos e embrulhe cada uma numa fatia de prosciutto. Arranje numa assadeira com a parte cortada para baixo. Coloque sob o broiler e deixe por 3 minutos. Vire cada figo e deixe sob o broiler mais 3 minutos. Sirva morno ou frio acompanhado de prosecco ou outra bebida refrescante e borbulhante.

*Se não tiver broiler faça no forno, com temperatura bem alta.

frogurt de figo & mel

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Os figos chegaram no Farmers Market e no Co-op e eu já exagerei, porque simplesmente adoro essa fruta. Aliás, estou tendo que devorar a passos ligeiros um monte de pêssegos, damascos, ameixas e cerejas, que comprei de quilo no sábado, esquecendo completamente que eu iria estar sozinha nesta semana.

Com os figos eu fiz um frogurt, que poderia ter sido o prato principal do jantar, mas me comportei e comi de sobremesa. Foi só bater uns 6 figos com uma xícara e meia de iogurte natural, mel a gosto e uma pequena doce da vodka invisível. Bater, sorveteira, servir-se e sair cantando e dançando heaven… I’m in heaven, and my heart beats so that I can hardly speak. and I seem to find the happiness I seek, when we’re out eating some frogurt made of figs….

salada de radicchio, figo seco & batata doce

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O super lindo radicchio em flor teve dois fins—uma salada e um refogado. Eu não sou muito fã dessa verdura, mas o Uriel adora e devora tudo, de qualquer jeito, cru ou cozido. A primeira leva virou salada, montada muito simplesmente num prato. Uma camada de folhas de radicchio, outra camada de cubinhos de batata doce cozidos no vapor e pedacinhos de figo seco cozidos no vinagre balsãmico. Para o vinagrete usei suco de limão, azeite, flor de sal e umas sementinhas de erva-doce.

figos com vinho do Porto

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Quando a Constance Escobar sugeriu uma redução de vinho do Porto para acompanhar os figos frescos, fiquei entusiasmadíssma e já fui logo perguntando como fazer. Ela ensinou—para cada 500ml de vinho, 100gr de açúcar e um pau de canela, deixar reduzir até virar um xarope.

Eu fiz e servi com os figos frescos. Fica uma sobremesa deliciosa e bonita de ver. Nossa, que chique, foi o comentário do crítico. Comemos todos, um por um!

torta de figo com mascarpone

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Essa torta era prioridade na minha lista de receitas para fazer. Aproveitei o final de semana, que é quando tenho mais tempo para me atrever em performances mais elaboradas e mandei bala. Fui até a árvore de ninguém buscar os figos, pois queria fazer exatamente como a querida Pipoka fez, com os figos verdes.

Para a massa:
1 e 1/2 xícara de de farinha de trigo
1/2 xícara de cornmeal
1 colher de sopa de açúcar
¼ colher de chá de sal
½ xícara – 113g de manteiga sem sal, cortada em cubos
1 ½ colher de sopa de alecrim fresco [*usei o seco]
4 a 5 colheres de sopa de água gelada
Para o recheio:
Figos frescos a vontade cortados em rodelas
½ xícara de sour cream
1 xícara – 225 gr de queijo mascarpone
¼ xícara de açúcar
1 ½ colher de chá de raspas de limão

No processador pulsar a farinha, o cornmeal, o açúcar, o alecrim e o sal. Juntar a manteiga e pulsar até a mistura ficar granulada. Colocar 4 colheres de sopa de água gelada e continuar pulsando até formar uma massa consistente. Se precisar, colocar mais um pouquinho de água, até a massa dar liga.

Colocar a massa numa forma de torta com fundo removível pressionando com os dedos . Gelar por 30 minutos. Assar em forno pré-aquecido a 400ºF / 200ºC por 20 ou 30 minutos. Remover do forno e deixar esfriar completamente.

Para o recheio misture bem todos os ingredientes numa tigela. Colocar o recheio na forma quando a massa estiver totalmente fria e arranjar os figos por cima.
Nota: esta torta fica bem melhor quando feita com antecedência. Um dia antes faça a massa e o recheio e guarde tudo na geladeira. Monte 1 ou 2 horas antes de servir.  Mantenha a torta na geladeira.

Far breton com figos frescos

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Eu coleciono as receitas da Elvira, que vou fazendo aos pouquinhos. Não somente eu, mas também a minha irmã, que é cozinheira estreante e adora a praticidade e simplicidade das receitas que a Elvira testa. Este far breton de figos frescos simplesmente me deu uma rasteira. Vim pra casa decidida a fazê-lo e como o universo sempre conspira em favor das coisas boas, a cesta orgânica da semana me trouxe um saquinho de figos—dos verdinhos, como os que a Elvira usou. Mãos à obra. Fiz apenas um terço da receita, pois estou sozinha. Vou confessar sussurrando que já devorei metade.

24 figos pequenos
160 g de farinha de trigo
100 g de açúcar
1 colher (sopa) de açúcar baunilhado
3 ovos grandes
250 ml de leite integral
250 ml de creme de leite fresco
50 ml de rum
20 g de manteiga
açúcar de confeiteiro

Pré-aquecer o forno a 400ºF / 200ºC. Untar muito bem uma forma ou uma assadeira – de barro, de preferência – com a manteiga. Reservar.

Bater o açúcar com o açúcar baunilhado e os ovos. Juntar o leite, o creme de leite, o rum e a farinha de uma só vez. Misturar muito bem.

Eliminar os cabinhos dos figos. Fazer um corte em forma de cruz em cada um, sem chegar até à base. Distribuir os figos pela forma.
Colocar a massa sobre os figos e levar ao forno por 25-30 minutos. Retirar do forno e polvilhar com o açúcar de confeiteiro. Deixar repousar. Servir morno ou à temperatura ambiente, na própria forma.

gelado de figo & Porto

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O meu grande problema neste momento é conseguir me controlar e parar de comprar todas as cestinhas de figo que vejo pela frente—fato que só evidencia um comportamento ostensivo de ganância extrema. O que posso fazer se adoro essa fruta e estamos na temporada? Pior seria se eu também fosse pegar figos lá na árvore de ninguém. Até agora me contentei com os figos comprados, mas o grande problema dessa obsessão é conseguir consumir todas as frutas antes que elas fiquem completamente incomíveis.

Na lida de uma dúzia de figos maduríssimos e prestes à irem pras cucuias, resolvi num rompante não muito criativo que eles iriam virar sorvete. Fiz a mesma receita de sempre, sem nenhuma novidade nesta frente culinária. 1 xícara de creme de leite fresco, 1/2 xícara de leite, mel a gosto, a dúzia de figos maduros e uma pequena dose de vinho do Porto. Liquidificador, sorveteira e o resto é história.