Bodega Las Mercedes, Montilla

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[ainda na Espanha…]
Na tarde de domingo visitamos uma bodega [vinícola] na cidade de Montilla, nos arredores de Córdoba. Os vinhos são bem interessantes. Eles fazem um vinho verde, com as uvas imaturas, muito parecido com o português. E também fazem o Pedro Ximenez, que é um vinho no estilo do Porto. Eu comprei o vinho e o vinagre feito com esse vinho. Eles também fazem o vinho branco Fino, que todos os andaluzes bebem durante a tarde acompanhando os tapas. É um vinho bem seco. Outro é o Amontillado, que achei seco demais e forte demais, quase um brandy. E o Oleroso, que é mais adocicado, muito saboroso. A bodega era muito bonita e bem cuidada, apesar de pequena. O guia, señor Francisco, foi muito gentil e atencioso, contou piadas, que eu e o Uriel rimos fingindo que entendíamos tudo! ha ha ha! Os barris são feitos de carvalho americano—informacao que nos deixou de boca aberta—e muitos têm mais de cem anos. O señor Francisco nos deu uma prova da primeira etapa da fermentação do vinho, que ficam numas caçambas enormes de barro. É bem gostoso. Mas o legal foi ver ele tirar o liquiido do fundo do pote com um apetrecho especial com uma haste compridona e por o vinho nos copinhos com um movimento bem habilidoso, fazendo o liquido voar no ar, de um copo para o outro.

Óleo Cultura

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[ainda na Espanha…]
No último dia em Córdoba fomos almoçar com todos os nossos amigos no Restaurante Óleo e Cultura, que fica na pequena cidade de Castro del Rio, instalado num antigo moinho de azeite. A comida estava impecável. De entrada tivemos umas tostaditas com fatias finérrimas de bacalhau, outras com pimentão vermelho e berinjela, mais pão fresco com azeite orgânico para molhar, croquetas de bacalao e o delicioso salmorejo, que é uma sopa de tomates do outro mundo. De prato principal eu pedi um bacalau que veio misturado com ovos, cebolas e batatas, como num mexido, feito com muito azeite. O Uriel pediu um peixe espada. De sobremesa eu pedi fatias de laranjas regadas com mel. Adorei essa opção de pedir fruta fresca como sobremesa.

Nas estradas que percorremos na Espanha—de Madrid a Córdoba, depois até Sevilla, até Granada e nas redondesas de Córdoba, só o que se vê são oliveirais. Árvores de azeitonas a perder de vista. Fiquei com a impressão que o país é todo coberto de oliveiras. Disso para o paraiso, falta pouco!

La Antigua Bodeguita

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Mais tapas, desta vez em Sevilla. O Sergio nos recomendou comer nas tabernas da praça onde se comem tapas em pé, em mesas altas sem banco, com apenas uma prateleirinha para se colocar bolsas. Às 3pm a taberna estava lotada de gente bebendo vinho e cerveja e comendo os tapas. Nós despirocamos na comilança—eu queria provar TUDO! Você ia até o balcão do minúsculo estabelecimento e pedia bebida e tapas, carregava tudo lá pra fora. Eu bebi um vinho branco e depois um tinto de verano. Comemos as gigantescas azeitonas sevillanas, bacalhau frito e com molho de tomate, atum, tortillas de camarão, bocadillos de bacalhau e queijo manchefo. O pessoal que estava com a gente [um cara da fazenda das azeitonas da Califórnia e a sobrinha dele] pediram camarões gigantes [gambas], presunto ibérico, lombo de porco e mais bacalhau. Comemos muito e depois fomos fazer a digestão visitando a magnifica catedral de Sevilla.

Tetería del Hammam

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No meu primeiro dia em Córdoba, camelei como uma condenada, me perdi, nem vou contar as trapalhices, que são típicas de turista em país estrangeiro. Ainda estava tentando me localizar—depois de ter entrado numa avenida enorme, sem volta para as ruazinhas e que acabou desembocando numa outra avenidona, o que me causou um quase pânico—quando reentrei novamente na parte histórica da cidade pelo bairro judeu e vi que estava passando em frente dos banhos árabes, o único lugar de Córdoba que eu tinha lido à respeito antes de viajar. Para experienciar os banhos, que simulam os rituais de limpeza feitos pelos califas nos magnificamente engenhados banheiros [que pode-se visitar as ruínas], precisa ter hora marcadas, mas para o restaurante e casa de chá ao lado dos banhos, é só entrar. E eu entrei, completamente exausta e descabelada, e pedi por um almoço. Passei pela sala dos chás e fui levada às mesas do restaurante, num ambiente lindo e relaxante. Levei um tempão pra escolher o que comer, pois tudo me parecia delicioso. Como tinha enfrentado uma camelagem homérica sob um solão de trinta e um graus, resolvi pedir coisas frias. Pedi uma salada de alface fresquissima com pinoles, nozes, passas, cubos de maçã verde e ameixa seca, temperada com um molho de mel e amêndoas. E depois pedi o salmorejo cordobês, um prato típico local, que é uma sopa fria de tomate estilo gazpacho salpicada com presunto ibérico em cubinhos e fatias de ovos cozidos. De entrada vieram azeitonas temperadas com os pimientos ahumados, que eu não conseguia parar de comer, e um pãozinho árabe quentinho e crocante. Para refrescar a moringa, bebi uma limonada com hortelã que estava perfeita—gelada, cítrica e mentolada no ponto, sem estar muito doce. Eu adorei tudo o que pedi e comi com gosto. Mas a sopa de tomate foi uma surpresa deliciosa. Tive um surto de alegria quando sorvi a primeira colherada. Minha busca pela sopa de tomate perfeita terminou naquela segunda-feira, no salão de almoço do restaurante e tetería del Hammam, na cidade de Córdoba.

as laranjas

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Se eu não estivesse tão cansada das minhas longas camelanças sob o impiedoso sol mediterrâneo, iria ficar rabiscando mil e dois adjetivos para descrever essas laranjas—que se chamam naranjos e não são comestíveis cruas, por serem amargas. Elas ficam boas somente cozidas em forma de marmelade ou como parte de receitas. Córdoba e Sevilla têm essas laranjeiras por toda a parte, é uma coisa impressionante, pois elas são praticamente onipresentes. Para mim elas são a epítome da beleza e muito mais originais do que qualquer outra planta ornamental. Também se vê muitas árvores de limão amarelo, mas as laranjas dominam. Eu dei muita sorte de chegar no inicio da primavera, quando elas começam a florir e impregnam a cidade com o cheiro delicioso da flor da laranjeira.

en la casa de Sergio & Esther

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Nossos anfitriões aqui na Espanha nos prepararam um jantarzinho com tapas bem tarde da noite. O orgulho da gastronomia espanhola é esse presunto ibérico. Segundo o Sérgio, o porco vive uma vida maravilhosa, comendo somente nozes e se refastelando ao sol. O pernil leva 18 meses de preparação e descanso, até poder ser consumido. Em todo canto se vê esse apetrecho de apoiar o presunto, que é cortado em fatias finíssimas com uma super faca afiada e por mãos habilidosas. Achei tudo muito bacana, mesmo frente àquela visão tenebrosa da pernoca com casco e tudo sendo dissecada. Só me assustei mesmo quando vi o ossão que sobra quanto de consome toda a carne—té-tri-co! Os espanhóis amam esse presunto, mas eu achei muito forte. Preferi comer a tortllla de patatas, os pimientos com atún, as croquetas de cosido, o queso manchego e as maravilhosas acetunas. O Sérgio também preparou um delicioso peixe grelhado, temperado somente com sal e o azeite especial feito pelo irmão dele. Bebemos um vinho branco andaluz.

los dulces

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Todos já devem saber que eu não sou a maior fanzoca dos dulces e que dou preferência para os que têm fruita. Por isso, entre as inúmeras opções açúcarada oferecidas pela padaria San Pedro, escolhi um recheado com doce de cidra, que não consegui terminar de comer. Bebi um chá de menta. O Uriel comeu um doce com maçãs, que ele elogiou por não estar muito doce, e bebeu um café con leche. Os outros comeram diversos tipos de tortas e bolos. Ninguém quis o flan, nem a crema catalana.

La Cazuela de la Espartería

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No dia em que chegamos, fomos comer tapas numa taberna típica de Córdoba com nossos amigos. São dezenas de tapas, eu não iria saber escolher, um por não saber o que era o que, e dois por estar uma zumbi depois de tantas horas de viagem—entra em avião, sai de avião, aquela via crucis de sempre pra gente viajar do fim do mundo [Califórnia] até o planeta Terra. Tudo o que comemos estava uma delícia. Era quase tudo fritura—talvez por isso tão delicia! Só não comi um tapa de lula, porque não gosto desses bichos do mar. Mas o resto eu comi tudo—berinjela frita, peixe frito, croquetes de carne, um enrolado com presunto que parecia uma alheira portuguesa, um salmão com molho bechamel e berinjelas, que a primeira vista pode parecer uma mistura esdrúxula, mas é uma delicia. Eu bebi um vinho branco frutado delicioso que o Sérgio escolheu pra mim e depois fui na indicação da Esther e bebi um tinto de verano, que é vinho tinto misturado com soda de limao, que eu adorei e vou fazer em casa. A taberna fica cheia, todo mundo mandando bala nos tapas, sentados ou em pé, em bancadas. A Angela me contou que por causa das tabernas os espanhóis são considerados o segundo povo mais barulhento do mundo, perdendo o primeiro lugar para os japoneses e seus divertidos karaokês. Realmente, estava animado. O Uriel ainda pediu um azeite pra gente molhar o pão. Tudo estava uma delícia. Depois dessa verdadeira comilança, fomos a uma padaria comer doces! Aguardem o próximo capítulo.