Categoria: datas comemorativas
happy halloween!
Uma centena de crianças e adolescentes baterão hoje na porta da minha casa pedindo doces. A minha vizinhança é uma área bem popular com os trick-or-treaters que invadem as calçadas caminhando em grupos barulhentos carregando lanternas, e sacolinhas e baldinhos para coletarem as gostosuras. A noite das bruxas é uma das celebrações mais divertidas daqui do hemisfério norte. Eu adoro participar e já estou muito bem preparada!
salada de lentilha
[com camarão]
As lentilhas são a única tradição de ano novo que ainda sigo. O restante das superstições e rituais já viraram coisa do passado. Não acredito que essas coisas vão fazer grande diferença no meu ano, então salvou-se apenas o detalhe da comida. No dia 30 de dezembro fomos almoçar num bistrozinho francês em Sacramento e eu pedi uma entrada com lentilhas e camarões. Gostamos tanto do que comemos, que eu decidi tentar replicar a receita em casa. Fiz, ficou bem parecido e foi o nosso prato com lentilhas do ano novo. Usei camarões um pouco menores do que o servido no restaurante, porque comprei o selvagem pescado na Flórida. E usei a lentilha verde de Puy, que continua bem firme depois de cozida e é ótima em pratos assim, servida como salada.
Numa panela, coloque 1 xícara de lentilhas e cubra com água. Cozinhe até as lentilhas ficarem macias. Escorra a água. Reserve. Numa outra panela refogue rapidamente um punhado de camarões em um pingo de azeite, tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Reserve. Bata 1 xícara de creme fraiche com um punhado de ciboulette picadinha, temperado com sal, pimenta do reino moída na hora e um fio de azeite. Reserve. Misture umas 2 colheres de sopa de mostarda dijon com um pouco de suco de limão, um fio de azeite e sal. Bata bem para emulsificar e reserve. Monte a salada, colocando as lentilhas cozidas numa travessa, regue com o molho de mostarda. Coloque os camarões sobre as lentilhas e o creme fraiche no centro. Sirva a seguir acompanhado de pão fresco ou torradas.
os dias restantes
Foram umas das melhores férias que já tive, porque não fiz nada e fiz esse nada muito bem acompanhada. Ficamos em casa na semana entre o Natal e o Ano Novo e descansamos muito. Tivemos dias ensolarados e lindos, colocamos muitas coisas em ordem, conversamos com a família pelo skype e aproveitamos o tempo juntos. No último dia de 2011 preparei lentilhas e cuscuz paulista para o nosso almoço de primeiro dia do ano novo e à noitinha partimos para Napa, onde jantamos no restaurante Oenotri e depois passamos a meia noite no wine bar 1313. No primeiro dia ficamos em casa, no segundo dia celebramos 30 anos de casados e no terceiro dia voltamos ao trabalho e à rotina. Nosso final de ano foi simples e tranquilo, mas foi memorável.
[muitas coisas novas]
Não faço nenhuma resolução ou plano de ano novo. Porque as palavras geralmente se espalham com o vento e o tempo, e acaba ficando apenas o dito pelo não dito. O meu ideal é ir fazendo o que for preciso ser feito. Com bom senso as chances de sucesso abundam. Se eu tivesse feito planos para o ano de 2011, tudo teria dado com os burros n’água, porque este foi um ano cheio de surpresas e mudanças. Nunca, nem em algum delírio alcoólico, pensei, cogitei, sonhei, imaginei que um dia estaria morando em Woodland—uma cidade que foi minha vizinha por quatorze anos, mas que eu nunca me interessei em conhecer. Todas as mudanças deste ano foram inusitadas e inesperadas. Me pegaram não só de surpresa, mas mudaram um bocado o meu cotidiano. Diminuí muito o ritmo deste blog, olhei pra muita coisa com outros olhos, adotei sem pudor as fotos toscas, aceitei minhas limitações—que não posso blogar todos os meus almoços e jantares, em casa ou em restaurantes. Gostei de ficar mais em casa, mudei meus caminhos da roça, respirei outros ares, expandi meus horizontes. E admito que até pensei, algumas vezes e bem seriamente, em encerrar minha carreira de blogueira de culinária. Porque temo um pouco a monotonia e a repetição. Mas por esse ano ter sido bem incomum, os assuntos acabaram por se distinguir. Tudo foi novidade pra mim durante os últimos seis meses, porque eu nunca tinha estado nessa cidade e vizinhança antes, e fui aos pouquinhos descobrindo as particularidades da minha nova casa. Me espantei alegremente com minha conta de eletricidade caindo em dois terços no verão, por causa das inúmeras árvores ancestrais que rodeiam a casa. Também descobri que tenho camélias no quintal. E que elas abrem nessa época do ano. Quando tudo fica com uma cara cinza, essas flores foram um colírio em tons de cor-de-rosa para os meus olhos. E no próximo ano, mesmo que nem tudo seja mais novidade, o que vier será com certeza especial. Pra mim, pra você e para todos, desejo um Feliz 2012 cheio de boas e bem-vindas surpresas!
O Natal em Columbia
O vilarejo de Columbia fica num parque histórico estadual e faz parte da rota da corrida do ouro, no condado de Calaveras. Lá todo dezembro, celebra-se o natal dos mineiros. Chegamos um pouco tarde para o segundo dia do evento e perdemos algumas das atrações. Mas mesmo assim deu pra fazer muita coisa. As crianças adoraram a peneiragem para achar ouro e pedras [preço do ingresso variando conforme a ambição de riqueza do pequerrucho] e decoraram velas, que era um dos artesanatos mais populares em 1850. Também andamos de stagecoach, a famosa diligência do velho oeste que nos levou por estradinhas íngremes pelo meio da floresta, com direito a assalto com bandido vestido a caráter. Pra quem se inscreve com antecedência, tem a disputada confeção das candy canes—um dos doces mais tradicionais do Natal. Nós só pudemos olhar pelo vidro. As crianças ganharam moedas de chocolate do Father Christmas e nós bebemos café feito na fogueira, onde os mineiros também assavam castanhas e amendoim e contavam histórias para os passantes. E tinha o ferreiro, os bombeiros, as mercearias, os bares, a livraria, as maravilhosas lojas de doces, a estação da carruagem, o jornal, o hotel, o dentista, a loja chinesa, eteceteráeteceterá. Um lugar super gostoso pra se passar uma tarde, com ou sem crianças.
the feast
Acho que nunca comi tanto numa ceia de Thanksgiving. Estava tudo delicioso, em especial um prato feito com vagens, cogumelos e um crisp de pão por cima. O segredo deve ter sido a gordura do bacon que foi usada para refogar os legumes. Como de costume, fomos convidados para a ceia preparada pelos nossos amigos de longa data, que consideramos como família. Isso porque eles realmente foram nossa família durante os anos em que nossos filhos estiveram juntos. Eu fiz as sobremesas—o clafoutis de cranberry e nozes que já brilhou neste palco iluminado umas semanas atrás e uma torta de abóbora com chocolate, receita da Martha S. que foi o maior sucesso do jantar e que vou publicar aqui em breve. Fora isso não cozinhei mais nada. Essa pose de cozinheira pimpona foi só pra exibir o avental vintage feito a mão [little house on the prairie] que ganhei da gentilíssima anfitriã—e que também tem a casa mais fotogênica que conheço. Foi uma delícia de thanksgiving e sou muito grata por isso!
thanksgiving morning
quantos anos mesmo?
Nem faz tanto tempo assim, mas em vida virtual alguns anos já são uma eternidade. Eu já sou uma estabelecida dinossaura, depois de completar onze anos no blog pioneiro, agora estou completando seis anos neste blog tão popular. Não preparei absolutamente nada especial, nem bolo, nem fotos, nem mesmo um discurso decente. Mas de qualquer maneira gosto de marcar datas, porque me faz refletir um pouco sobre o que fiz e sobre a passagem do tempo.
Muita coisa mudou na minha vida real nos últimos seis anos. E na vida virtual de repente apareceram outros zilhões de blogs, todos tentando achar o seu lugar especial, se sobressair e brilhar no palco iluminado. Eu já encontrei o meu lugar há tempos. Estou feliz com o que faço e como faço. Não consigo me expandir mais do que já fiz, nem me dedicar mais do que já faço, mas esse tanto que faço me diverte muito e essa é a melhor parte e a mais importante. Porque ter um blog é com certeza um compromisso, mas como tudo na vida é preciso acrescentar um toque de espontaneidade e de originalidade, senão fica tudo muito igual e chato.
Passei batido por muitas fases e modinhas durante os últimos seis anos, sempre mantendo o Chucrute com Salsicha autêntico, honesto e real. E quero que seja sempre assim porque este blog reproduz a minha vida. Aqui eu mostro o que preparo na minha cozinha para alimentar a minha família, e como eu faço isso baseada em coisas que acredito e pratico. Tudo o que eu escrevo aqui é factual. Não tem papo encomendado, não tem cenário montado, não tem conversa fiada.
Com minha mudança de casa, cidade e rotina, meu tempo na cozinha ficou bem mais restrito. Mas este blog não é—nunca foi—um espaço só para receitas. Ele é um espaço eclético, pois gosto de escrever sobre tudo, mostrar meus achados vintage, comentar filmes antigos, discorrer sobre minhas idéias sobre alimentação e até um pouco sobre politica vez em quando. Aqui exponho um pouco da minha filosofia de vida e da minha rotina diária nessa belíssima região agrícola onde vivo.
Adoro fazer este blog. E adoro saber que muita gente é visitante há anos e gosta do que eu faço aqui. Enquanto tudo isso for um prazer pra quem faz e pra quem visita, vamos em frente. Com muitas idéias bonitas para este novo ano. Viva!
it’s halloween [again]!
No ano passado eu estava no Brasil e perdi o que seria o meu último Halloween em Davis. Minha vizinhança lá não era muito populada por crianças, então fui diminuindo a cada ano a quantidade de doces que eu comprava, pra evitar sobras. Mas sempre tive trick-or-treaters batendo na minha porta e sempre achei essa festa super divertida, pela magnitude da coisa e pela tradição. Por isso estou na expectativa da noite de Halloween este ano em Woodland, que parece que será bem movimentada. Alguém me recomendou comprar muitos doces, porque a vizinhança é bem popular. Já percebi pela decoração das casas dos meus vizinhos que a coisa é realmente séria. Decorei a minha porta também, como sempre fazia em Davis, com a adição das algumas várias abóboras que imitei do que vi nas casas em Woodland. Será que tenho doces suficientes? Será que terei muitos trick-or-treaters? Logo saberei.