sopa marroquina de tomate

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A receita de moroccan tomato soup foi publicada num artigo de 1991 na coluna da Barbara Kafka no NY Times. Para quem nunca ouviu falar dessa autora, ela era a guru do microondas e publicou uma biblia no assunto, que eu recebi de presente [de grego] na última primavera. Mas essa receita não envolve o uso do microondas, muito pelo contrario. Kafka usa o food mill para moer os tomates. Eu achei a receita interessantissima e quis testar. O NYT publicou a versão antiga da Kafka e uma versão renovada pela Tessa Kiros, que também testarei em breve. Vou adiantar que ADOREI essa sopa, que me surpreendeu mais do que eu imaginava que faria. Não é uma sopa purê, pois ela usa o moedor grosso do food mill, então entram as sementes e a textura fica bem legal. Eu usei uma mistura de tomates orgânicos super maduros vermelhos e amarelos. Os tomates amarelos são um pouco menos ácidos que os vermelhos.

Serve quatro pessoas
2 dentes de alhos picadinhos [*ela usa 5 mas eu diminui, se quiser aumente]
2 1/2 colheres de chá de páprica doce
1 1/2 colheres de chá de cominho em pó
1 pitada generosa de pimenta cayenne
4 colheres de chá de azeite de oliva
1 quilo de tomates orgânicos e maduros cortados em pedaços
1/4 xícara de coentro fresco picado, e extra para decorar se quiser
1 colher de sopa de vinagre de vinho branco
2 1/2 colheres de sopa de suco de limão
Sal Kosher [mais grossinho]

Numa panela pequena coloque o azeite, o alho, páprica, cominho e pimenta cayenne e refogue em fogo médio, mexendo constantemente, por 5 minutos. Remova do fogo e reserve.

Passe os tomates pelo food mill [ou pulse no liquidificador ou processador] com o ralo mais grosso. Coloque o tomate numa sopeira e junte o azeite com os condimentos, o coentro fresco picado, o vinagre, o suco de limão e sal a gosto. Junte água gelada se for necessário. Eu fiz isso no food mill.

Deixe a sopa na geladeira por uns 30 minutos e sirva com mais coentro fresco, se quiser. Eu não quis.

gelado de damasco & alecrim

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Pra refrescar a moringa, porque lá fora está um FORRRRNOOOO.

Fiz uma imersão fria com 1 xícara de creme de leite fresco e 1 colher de chá de alecrim seco [que era fresco e eu sequei]. Deixei na geladeira de um dia para o outro. Então coei o creme para remover o alecrim e bati no liquidificador com 5 damascos descaroçados, 1/2 xícara de leite integral e mel a gosto. Sorveteira e pronto. Ficou bem interessante e o alecrim não se impôs como eu achei que iria. O sabor ficou bem suave. Esqueci de colocar a vodka e mesmo assim esse sorvete não empedrou. Acho que a qualidade dos produtos influí bastante. Eu uso o leite e o creme de leite orgânico desta fazenda, que acho os melhores.
Uma coisa que adoro fazer é misturar sorvete com suco de laranja [ou manga], fazer um ice cream float, e esse sorvete de damasco fez uma mistura deliciosa com o suco. Hm!

esse bolinho vai dar história

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No final de tarde tórrido me plantei em frente da geladeira, determinada a dar cabo das sobras—especialmente uma, de um salmão selvagem que eu tinha assado na churrasqueira. Assei um pedaço maior com o fortuito propósito de ter algumas sobras e por consequência poder fazer alguma coisa com elas. Sobras de salmão sempre resultam em pratos novos interessantes.

Vejam bem, eu não compro salmão sempre. Só compro quando acho o selvagem, pescado no Pacífico, que não come ração com antibiótico nem com adição de tinta. O salmão selvagem não desbota depois de assado, como salmão de fazenda. É lindo de ver, delícia de comer e, esse sim, saudável. Custa maia caro e não aparece sempre, porque ele tem a pesca controlada. Mas vale a pena esperar pela oportunidade de ter um filé para assar e as sobras para inventar.
Por todos os motivos relatados no parágrafo acima, essas sobras de salmão eram preciosas!

Resolvi fazer uns bolinhos e assá-los na churrasqueira. Coloquei as sobras do peixe assado numa vasilha, juntei alcaparras, ciboulettes picadinhas, umas fatias finas de abobrinha picadinhas, um dente de alho micro-picado, colheradas de creme fraiche e farinha de pão [rosca] até dar o ponto de fazer os bolinhos. Coloquei tudo na minha nova frigideira, acendi a churrasqueira e lá ficaram os bolinhos, assando.

Fui fazer uma salada, dar snack pros gatos, ligar pro Uriel, arrumar a mesa, eteceterá e quando voltei pra checar os bolinhos, surpresa: aparentemente o gás da churrasqueira tinha acabado. Liguei pro Uriel por favor vir trocar o botijão e me estiquei no sofá me sentindo exausta, também porque até ele chegar, o troço iria demorar. E a fome já estava incomodando. Fome me dá um baita mau humor e paciência de esperar não é realmente o meu forte, apesar das minhas eventuais práticas zen.

Deitada no sofá fiquei relembrando que enquanto fazia os bolinhos refletindo sobre a qualidade do salmão e dos outros ingredientes, um diabinho sussurrava no meu ouvido—e se essa invencionice der errada? Já tinha começado mal, com a churrasqueira me deixando na mão, mas o que mais poderia acontecer? O que mais poderia dar errado, além do risco natural de usar uma receita inventada, sem medidas e tals? Quando você pensa que algo tem tudo para dar errado, com certeza vai dar.

O Uriel chegou, trocou o botijão, acendeu novamente a churrasqueira no fogo alto e fomos conversar. Não deu nem dez minutos, saí para checar o andamento do cozimento da comida e voltei chorando—não temos mais jantar, esturricou tudo! Lagrimotas de frustração, tristeza, e cansaço quase pingavam na salada de tomate. O Uriel correu para analisar a catástrofe e veio com o prognóstico de que nem tudo estava perdido. Trouxe os bolinhos, meio esturricados apenas de um lado, ajeitados cuidadosamente numa travessa.

Olha—ele mostrou a travessa tentando me animar—não está tão ruim, queimou só um pouco na parte de baixo!
Comemos então somente a parte de cima, carvucando a massa saborosa e removendo a casca preta. Apesar dos maus agouros e dos pequenos tropicões e sustos durante os procedimentos, o salmão virou bolinho, o bolinho virou jantar, e depois tudo virou história.

gazpacho andaluz

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Este gazpacho foi o nosso almoço do domingo e brilhou em apresentação solo. Tirei a receita do livrinho Cocina Tradicional Andaluz da Ana Maria Calera, que comprei numa livraria em Córdoba. Lá tem pelo menos dez receitas de gaspacho, além do salmorejo. Essa foi a primeira que escolhi para fazer. Como não entendi se o pão era só pra acompanhar ou era também ingrediente da sopa, decidi colocar umas fatias no liquidificador, junto com os outros ingredientes. Da próxima vez vou testar fazer sem. Também servi um pão de azeitonas de acompanhamento.

1 quilo de tomates
1 pepino
1 dente de alho
1 pimentão verde
250 ml de azeite de oliva
1 “chorrito ” de vinagre * usei o balsâmico de Pedro Ximenez
Pão
Sal

Colocar todos os ingredientes, menos o pepino, no liquidificador. Triturar tudo muito bem e adicionar água gelada necessária para a textura que mais lhe agrade. Servir frio, com pepino picadinho, tomate e pão. Se quiser adicionar ovo picadinho por cima.

frogurt de morango & lavanda

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Milagrosamente eu usei uma receita para fazer este sorvete. É o strawberry frozen yogurt do livro The Perfect Scoop do David Lebovitz que dei uma pequena [pequena mesmo] modificada. Troquei o limão pela lavanda. Na verdade, usei um açúcar biológico de lavanda que ganhei da Carlota, quando nos encontramos em Lisboa. Demorei pra achar uma receita legal para usar esse açúcar e também demorei pra sacar que fazer açúcar de lavanda é a coisa mais fácil do mundo, daí fiz um tanto para usar novamente no futuro. Como tenho o paladar muito sensível para o açúcar, achei que esse sorvete ficou um pouco mais doce que os que eu normalmente faço, usando mel ou nectar de agave. Mas nada que me previna de comê-lo com animação. E ficou com uma cor impressionante. Pensar que ele é cem por cento natural—a really good thing.

450 gr de morangos orgânicos picados
2/3 de xícara de açúcar * usei o açúcar biológico com lavanda
3 colheres de sopa de vodka ou kirsch * usei vodka
1 xícara de iogurte orgânico integral
1 colher de chá de suco de limão * não usei

Coloque os morangos numa tigela e misture o açúcar e a vodka ou kirsch. Mexa bem e deixe descansar por pelo menos 30 minutos. No liquidificador coloque os morangos e o iogurte e bata bem. Coloque na sorveteira e é só.

um curau natureba

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Todo mundo fez uma careta de espanto quando eu servi esse curau de cor estranha. Mas eu garanti que um sorriso iria aflorar logo na primeira colherada. E assim foi. O curau ficou com essa cor de caramelo porque usei açúcar de rapadura pra adoçar. Fiz com duas xícaras de grãos do milho raspados da espiga com uma faca, 1 xícara de leite integral, 1/2 xícara de açúcar de rapadura e raspinhas de canela, que fiz na hora com o microplane. Bater tudo no liquidificador e passar por uma peneira. Dai é só cozinhar, cozinhar, cozinhar em fogo baixo. Eu adoro milho e qualquer comida preparada com ele. Curau pra mim é o verdadeiro manjar.

a última leva

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Eu compro livros compulsivamente, embora meu tempo para leituras seja bem limitado. Mas já tendo os livros nas estantes, me organizo para ir lendo aos poucos, em etapas, conforme vou sendo direcionada por curiosidade, dúvida ou interesse. Essa leva de livros chegou há duas semanas. Ja folheei todos, até marquei algumas coisas interessantes, mas ainda não consegui ler com mais cuidado e por algumas coisas em prática. Os dois do Mark Ruhlman já são bem conhecidos e achei Ratio bem interessante [so far]. O The Flavor Bible foi recomendação da Elise e recomendação da Elise pra mim é ordem! Achei bem legal, pelo que já vi. Os autores dão inúmeras possíbilidades de combinação de ingredientes. Acho que Ratio complementa The Flavor Bible, um dando as proporções básicas para algumas receitas e o outro abrindo um horizonte extremamente amplo para combinações de sabores. E o último, Vefa’s Kitchen, outro volumão da editora Phaidon, todo dedicado à culinária grega. Como os outros livros dessa editora, o Vefa’s é lindo, cheio de fotos e receitas maravilhosas. Vou precisar de tempo para examiná-lo com cuidado, mas só uma passada os olhos pelas centenas de páginas já foi suficiente para marcar várias receitas.