* post reciclado daqui.
April 15, 2005 – The Meaning of Food
Estou encantada com a maravilhosa série The Meaning of Food, transmitida pela rede de televisão pública PBS. Os frequentadores assíduos deste blog devem saber que eu adoro ler, ouvir e falar sobre comida. Meus dotes culinários deixam muito à desejar, pois sou desorganizada, desajeitada e aflita demais para seguir receitas e passo-a-passos. Mas adoro as histórias que envolvem comida, das suas origens, desenvolvimento, aspectos culturais dos hábitos alimentares, da preparação e preservação, aos segredos e causos de família. E essa série é um apanhado de tudo que eu gosto. Nos dois primeiros capítulos que assisti ontem – Food and Life e Food and Culture, chorei com o relato de uma judia que recorda as trocas de receitas que as mulheres faziam durante o período em que definhavam a pão e água num campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Me emocionei com a história do imigrante grego em Seattle, sua ligação de amor e dedicação com o fillho de cinco anos e como a comida representa um grande papel nesse relacionamento. Aprendi que os negros que vieram da África para plantar arroz na Carolina do Sul têm uma cultura peculiar chamada Geechee. E fiquei interessada na receita de arroz vermelho, que é passada de pai e mãe pra filhos. Viajei pro Havaí e descobri a importância da raiz de tarô para os havaianos. E conheci a Makah Nation, uma tribo de índios pescadores do estado de Washington, que não podem mais praticar o ritual mais importante pra cultura deles – a caça da baleia. O host da série é um chef de New York, nascido na Etiópia e criado por país adotivos na Suíça. O terceiro episódio, Food and Family, também deve ser fascinante e eu não vou perder. A série The Meaning of Food é como um daqueles nossos pratos favoritos de infância, que esperamos com grande antecipação e saboreamos com alegria e gosto.
Autor: Fer GuimaraesRosa
café da manhã de verão
bravo!
Fico imaginando um programa de culinária onde eu seria a apresentadora. Primeiro que eu não ficaria falando, falando, como na maioria dos shows culinários. Eu ficaria ouvindo música, como realmente faço na minha cozinha, às vezes cantando, outras vezes falando com os gatos, rindo sozinha e praguejando quando as coisas dessem errado. E tudo iria dar errado, como é normal acontecer. Eu iria cortar o dedo, esquecer o prato no forno, queimar o molho de tomate, não iria conseguir achar a tal forma ou um utensílio qualquer. Iria perder a paciência, cortar tudo grossão, acrescentar ingredientes à olho, inventar receitas, espirrar, derrubar, contornar. Assim seria o meu show e tenho certeza que seria um sucesso!
livros
e pra beber, não vai nada?
Thai Milk Tea
Uma bebida muito na moda aqui é o Thai Tea. Pode-se até comprar pronto, em caixinha ou pozinho. Eu percebi o sabor especial dessa bebida logo no primeira gole – é a base de Chá Mate. Pois então, o fabuloso chá de erva mate não é nossa exclusividade. Como eu tenho uma caixa de Mate Leão, que trouxe do Brasil séculos atrás, resolvi fazer a bebidinha famosa em casa.
A receita:
3/4 de chá mate gelado [de preferência feito com a erva queimada e não com o pozinho artificial]
1/4 de leite integral [não usar leite desnatado que não fica tão bom]
açúcar
Bater no liquidificador até ficar cremoso, Servir num copão com gelo e canudinho.
Aqui eles colocam nesse drink uma porção de tapioca. É uma tapioca grande e de cor escura. Não sei se colocar tapioca normal dá no mesmo, mas essa tapioca dá um charme extra ao drink , que a gente bebe com um canudão largo.
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Ginger Ale
Eu adoro ginger ale. Essa bebida se tornou a substituta do Guaraná para mim. Outro dia eu tomei um ginger ale feito em casa, numa garrafinha tão charmosa, comprado numa lojinha natureba em Mendocino, que me lembrei que eu tinha uma receita que saiu numa revista Real Simple. Comprei gengibre e fiz.
A receita:
1 1/2 xícara de gengibre fresco em fatias [não precisa descascar]
1 1/2 xícara de açúcar
1/2 xícara de suco de limão fresco
1 1/2 garrafa [1 litro] de club soda ou seltzer gelada
Misture o gengibre, o açúcar e 1 1/2 xícaras de água numa panela de tamanho médio e leve ao fogo para ferver, mexendo para dissolver o açúcar. Abaixe o fogo e cozinha por uns 15 minutos ou até que ela fique com a consistencia de um xarope para panquecas [syrup]. Coe esse liquido e deixe esfriar em temperatura ambiente. Misture o suco de limão. Coloque duas colheres de sopa desse xarope num copo grande e encha com club soda. Misture gentilmente. Adicione gelo, mais club soda ou xarope, se necessário. Cheers!
os limões que ninguém quer
Eu sempre chamei esses limões cor-de-laranja de limão vinagre e ele tem outros nomes em português, como limão bravo, rosa, cravo ou china. O Urso que é o entendido em frutas daqui de casa me disse que em inglês eles são chamados de rangpur lime, que eles podem ser um híbrido, uma mistura do limão amarelo com a tangerina e que crescem em pouquíssimas áreas aqui nos EUA.
O nome muda, mas o sabor é o mesmo, que lembra a minha infância e minhas visitas à Querência Echaporã da minha Tia Anah e Tio Gimenez. Eles tinham uma árvore desses limões ao lado da casa. Esses limoeiros parecem que nascem e crescem como se fossem mato, e toda vez que eu ia lá, eu procurava pelo limões e fazia jarras de limonada.
Aqui eu nunca tinha visto desse limão pra vender, até mudar pro Aggie Village e encontrar duas árvores baixinhas, meio arbusto, na divisão entre a vila e o Arboretum. As árvores não pertecem à ninguém e, melhor, parece que essa variedade de limão é detestada e desprezada pela galera cítrica da cidade. Então sobra tudo pra mim, que adoro e não deixo por menos – todo inverno vou até a esquina com a minha cesta, minha tesoura de horta, luvas de pano e cato um monte!! Cato limão até dizer chega, até a árvore ficar vazia, até o inverno acabar. E faço jarras de limonada, como fazia anos atrás no sítio dos meus tios.
comer em Portugal
» não é bem uma citação, mas sim um parágrafo de um livro. mesmo assim acho que atende ao pedido da querida Gorete!
“Em Sendim, são horas de almoço. Que será, onde será. Alguém diz ao viajante: “Siga por essa rua fora. Aí adiante há um largo, e no largo é o Restaurante Gabriela. Pergunte pela senhora Alice.” O viajante gosta dessa familiaridade. A mocinha das mesas diz que a senhora Alice está na cozinha. O viajante espreita à porta, há grandes odores de comida no ar que se respira, um caldeirão de verduras ferve a um lado, e , da outra banda da grande mesa do meio, a senhora Alice pergunta ao viajante que quer ele comer. O viajante está habituado a que lhe levem a ementa, habituado a escolher com desconfiança, e agora tem de perguntar, e então a senhora Alice propõe a Posta de Vitela à Mirandesa. Diz o viajante que sim, vai sentar-se à sua mesa, e para fazer boca trazem-lhe uma suculenta sopa de legumes, o vinho e o pão, que será a posta de vitela? Porquê posta? Então, posta não foi sempre de peixe? Em que país estou, pergunta o viajante ao copo do vinho, que não responde e, benévolo, se deixa beber. Não há muito tempo para perguntas. A posta de vitela, gigantesca, vem numa travessa, nadando em molho de vinagre, e para caber no prato tem de ser cortada, ou ficaria a pingar para a toalha. O viajante julga estar sonhando. Carne branda, que a faca corta sem esforço, tratada no exacto ponto, e este molho de vinagre que faz transpirar as maçãs do rosto e é cabal demonstração de que há uma felicidade do corpo. O viajante está comendo em Portugal, tem os olhos cheios de paisagens passadas e futuras, enquanto ouve a senhora Alice chamar da cozinha e a mocinha das mesas ri e sacode as tranças”
Viagem a Portugal – José Saramago [ O Sermão aos Peixes]
Chocolate Ganache Tart
Essa foi a sobremesa que decidi fazer para o Thanksgiving. Peguei a receita da edição nº 27 [novembro] da revista Everyday Food da Martha Stewart. É uma torta bem pesada, bem rica. Pra quem gosta de chocolate é um manjar! Precisa ser servida com uma fruta, tipo uva, pra quebrar um pouco o sabor pesadíssimo do chocolate. Mas fica muito boa!
Pré-aqueça o forno em médio [350ºF ou 176ºC].
Faça a massa: no food processor moa 3 colheres de sopa de amendôas sem casca. Acrescente 6 colheres de sopa de açücar, 1 1/4 xícara de farinha de trigo e 2 colheres de chá de casca de limão ou laranja ralada [opcional]. Misture bem na opção ‘pulsar’. Acrescente 6 colheres de sopa de manteiga gelada cortada em pedacinhos. Vai acrescentando a manteiga aos poucos e pulsando até a massa ficar uma farofa. Coloque a massa numa forma de 22 cm [9 inch] com o fundo removível. Aperte bem dos lados e no fundo, tentando deixá-la o mais fininha possível. A massa fica uma farofa, não fica grudenta. Asse no centro do forno por mais ou menos 20 minutos, até ficar firme e dourada. Transfira para uma grade e deixe esfriar completamente por mais ou menos uma hora.
Faça o ganache: coloque 340 gramas [12 ounces] de chocolate amargo quebrado em pedaços numa vasilia. Numa panela pequena coloque 1 1/4 de heavy cream pra ferver. Coloque o creme fervendo em cima do chocolate – passe o creme por uma peneira. Bata bem até o chocolate ficar todo derretido e a consistência cremosa. Adicione 1 colher de chá de baunilha.
Monte a torta: desenforme a massa e ponha numa travessa. Coloque a mistura de chocolate no centro. Deixe descansar por duas horas. Pode gelar por uma hora antes de servir. Mas como estamos no inverno, a visita à geladeira não foi necessária. Serve dez pessoas.
forno médio
chá das cinco
Ficamos sem aquecimento na casa o domingo inteirinho, então à noitezinha [depois das cinco já é noite] fiz um bule cheio de chá. Nós tomamos chá nas noites de domingo, mas ontem o tal chá serviu também pra esquentar. Falei para o Senhor Urso, vai ver é por isso que na Inglaterra, por exemplo, se bebe tanto chá…. brrr!
Eu não sou muito exigente com chá e faço desde os de ervas frescas, ou chá solto até os de saquinho. Mas gosto de fazer no bule e antes de fazer o chá nele, sempre dou uma escaldada com água fervendo. O melhor chá é o que você bebe com as mãos frias. Pisc!