Carpaccio de abobrinha

Esta receita está na edição de agosto de 2006 da revista Martha Stewart Living. Eu dei umas modificadas, porque o procedimento era escaldar a abobrinha inteira em água quente, e resfriar rapidamente numa bacia de àgua com gelo [a técnica de blanching ou branqueamento] antes de fatiar. Eu não fiz isso, simplesmente cortei a abobrinha crua mesmo.
Zucchini Carpaccio
Uma abobrinha de tamanho médio
Um punhado de rúcula ou agrião
Queijo parmesão em bloco
Limão, sal grosso [Kosher], azeite extra-virgem
Rale a abobrinha num mandolin, em fatias mais finas possível. Tempere com bastante suco de limão espremido na hora e azeite de oliva. Salpique com sal. Numa bonita travessa rasa, coloque as fatias de abobrinha temperada, salpique com folhas de agrião ou rúcula, misture. Por cima acrescente fatias finezérrimas de queijo parmesão. Sirva!
* Eu usei uma abobrinha branca, diferente, que recebi na cesta orgânica, bem firme e sem sementes. Usei rúcula e queijo asiago no lugar do parmesão.

ninguém sabe, ninguém viu

Quem é que já não passou por uma confa dessas na vida?
Se eu estivesse nesse jantar, podes crer que o baratão iria acabar no MEU prato. Na minha lua de mel num hotel em Ilha Bela, eu faminta e grávida de seis meses devorava pãezinhos com manteiga e geléia e bebericava meu café com leite. Resolvi querer mais uma xícara, quando da jarra do leite caí uma mosca morta, que estivera lá boiando desde a minha primeira servida. Fiquei tão passada, nunca me conformei com aquilo. Serviram leite com mosca à uma grávida!
Esse assunto é nojento, mas faz parte do processo culinário. Como minhas saladas são orgânicas, eu lavo, lavo, olho com a lupa, afogo tudo no vinagre, mas de vez em quando algum inseto minúsculo resiste e aparece no prato, quase sempre no do meu marido.
Ele, pobre criatura, estava numa viagem de trabalho pelas usinas de cana de açúcar do interior de São Paulo – anos atrás – e parou pra almoçar no Restaurante Pinguim de Ribeirão Preto, reduto famosérimo por seu chopp gelado na serpentina de não sei quantos metros. Pediu um bife com fritas e quando foi cortar a carne, achou achatada por baixo uma enorme barata! Ele ficou sem comer por uns dias.
Queremos comida limpinha, barata-free, mas nem sempre os inconveniente insetos aparecem nos ambientes sujinhos. Pode-se ter o azar de ir comer com a alta roda e acabar de boca seca, sem saber o que fazer, enquando encara o alienígena cheio de pernas bem no meio do seu prato.

fritando ovo na calçada

No ano passado eu tentei secar tomates no quintal. Não deu certo pois eu fiz algo errado, mas essa é uma excelente maneira de aproveitar o calorão que faz aqui. Ontem estava muito quente. Eu vim pedalando minha bicicleta de volta do trabalho às cinco da tarde com uma dificuldade imensa. O calor daqui não tem umidade, o ar fica insalubre, é bem pesado. Acho que é notícia mundial a onda de calor que engolfou o hemisfério norte. Sei lá, eu não deveria estar reclamando, mas quando o clima começa a afetar e interromper a sua rotina, é pra ficar irritado. Cozinhar? Nem pensar! Quarta-feira eu consegui fazer umas bistecas de carneiro, porque usei a churrasqueira no quintal. É assim: corre lá fora, liga a tal, põe as comidas lá, volta rapidinho pra olhar se não tá queimando e virar; daí volta rapidinho pra retirar tudo. Sempre tosta alguma coisa, porque não tem condições de ficar lá fora vigiando a comida no fogo. Felizmente há essa opção, senão estaríamos condenados às saladas e rangos de microondas. Dormi muito mal durante essa noite, suei bicas com um ventilador ligado em cima de mim, não tinha a menor brisa desértica, que sempre temos, pra refrescar a casa à noite. Agora são 8 da manhã e eu já estou suando. Fui olhar a previsão do tempo – agora, vejam vocês se não é pra desanimar – vamos ter um dia descabelantemente tórrido de 44ºC/112ºF. Um ótimo dia pra secar tomates no quintal e ficar trancada em casa, com o A/C ligado, devorando saladas e bebendo litros de água. Lord have mercy!!

de perto ninguém é normal

Eu tenho um livro de receitas bem bonito chamado I AM ALMOST ALWAYS HUNGRY, que comprei só por causa do título. Me identifiquei, pois sou exatamente assim – estou quase sempre com fome, e não sei explicar por que. Talvez seja o meu metabolismo. Eu não preciso me entupir de comida, ou fazer uma refeição completa, mas preciso de uma fruta, um suco, um biscoito, uma barra de granola, uma fatia de queijo, de duas em duas horas. Trago uma lancheira pro trabalho. Meus colegas devem pensar – what the flock? Mas eu preciso das coisinhas da minha lancheirinha, principalmente no período da manhã, pois meu café às 6:30 am é paupérrimo. Além do que fico com fome ao ver alguém comer, ou ver foto de comida, ou se vejo uma cena de filme com gente comendo. Imagine o meu suplício assistindo ao Food Network. Mas acho que metade da humanidade é assim, e felizmente eu tenho condições de satisfazer essa fomezinha neurótica e mimada.

Meu café da manhã não é nada sofisticado, mas precisa ter um item que é completamente imprescindível pra mim: uma xícara de café bem forte, com uma pitada de açúcar e um pingo de leite assim que eu acordo. Sem esse líquido eu não funciono, não saio do lugar, as células cerebrais não re-conectam e eu não me livro do mau humor que acorda comigo todo santo dia. Como resolver isso quando eu viajo e saio da minha rotina? O coitado do meu amigo MOA que bem sabe! Ele acordou todo pirilampo e sorridente quando eu estava hospedada na casa dele, e foi fazer panquecas de cranberry, laralás e tals, e eu sentada num banquinho da cozinha, vestindo minha camisetona do Super-man, com a cara tri-amassada e esperando uma caneca de café aparecer a qualquer momento para me ajudar a iniciar decentemente o dia . Como o papo rolava, mas o café não aparecia, deixei de lado meus melindres de visitante e pedi encarecidamente – será que eu podia ter uma xícara de café, PELOAMORDEDEUS?? No dia seguinte o xícrão de Nescafé foi providenciado rapidamente!

Todo mundo tem suas maniazinhas, não gosta de cebola crua, gosta de comer feijão com macarrão, descasca a maçã, põe açúcar no mamão, come arroz com colher, não mistura a salada com a comida quente, enche o suco de gelo – you name it! Eu tenho inúmeras, uma delas é que eu DETESTO ficar com as mãos sujas de comida enquanto estou comendo. Então já protagonizei algumas cenas Seinfeldianas, quando comi com garfo alimentos que não são comuns de se comer com garfo. Uma mania quase inconfessável é a minha adoração por Cheetos, aquele salgadinho de milho cor de abobrão, que quando me dá vontade de comer, eu compro na seção dos orgânicos pra aliviar um pouco a culpa. Eu como os Cheetos com um garfo, é claro. Anos atrás, quando eu trabalhava como professora, virava e mexia eu aparecia na escola comendo os tais com um garfo de plástico. As outras professoras viam aquilo e não se conformavam. Já as crianças nunca viram exatamente o que eu estava comendo, pois eu escondia o saco de Cheetos dentro de um saco de papel marrom. Eu sou meio boba da côrte, mas nunca dei moleza pra criançada rir da minha cara!

Torta rústica de pêra e blueberry

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A receita, tirada da edição de agosto 2006 da revista Real Simple, era de torta de pêssego. Mas eu adaptei para pêra e blueberry, que eu tinha em casa e ficou excelente. Assim que comprar pêssegos no Farmers Market, vou fazer a versão original. Mas a mistura de pêra com blueberry ficou interessante, ressaltada pelo sabor pungente do gengibre e da noz moscada.

Vou colocar aqui a receita original, e quem quiser faz com pesssêgo, senão faz com pêra e blueberry, ou com outra mistura de fruta assim diferente.

Rustic Peach [Pear & Blueberry] Tart
1/3 xícara de farinha de trigo
1/2 colher de sobremesa de gengibre fresco ralado
1/4 colher de sobremesa de noz moscada ralada na hora
3/4 de xícara de açúcar
8 pêssegos em fatias [* três peras em cubinhos e 200 gr de blueberries]
1 massa para torta – pode ser das prontas, ou qualquer receita boa para torta como a de Pâte Brisée que eu publiquei aqui para a torta de maçã americana.

Pré-aqueça o forno a 425ºF/220ºC. Numa vasilha grande misture a farinha, o gengibre, a noz moscada e o açúcar. Adicione as frutas e misture bem com as mãos. Abra a massa num círculo de 30 cm e estenda num prato refratário ou forma. Coloque a mistura de frutas no centro, dobre as pontas em cima do recheio. Deixe o centro descoberto. Pincele a massa com água e polvilhe com açúcar granulado. Asse por 20 minutos, até ficar dourada. Abaixe o forno para 350ºF/180ºC e asse por mais 30 minutos, até a fruta começar a borbulhar no centro. Deixe esfriar por pelo menos 20 minutos antes de servir.
* eu usei um círculo de massa de 23 cm e fez diferença na hora de fechar a torta. Mais massa fica melhor.

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Chucrute é chique!

A partir de hoje os queridos leitores deste blog terão um “treat” semanal, com as receitas e dica de um chef, o meu amigo Lau. Ele vai nos brindar com suas receitas maravilhosas, todas testadas e aprovadas na sua cozinha lá no Rio de Janeiro. O Lau não é só meu amigo, mas é também o companheiro do meu queridíssimo Moa, com quem eu divido o Cinefilia. Bem-vindo, Chef Lau!

um pratão de macarrão

Hoje foi um dia de desastres. Cheguei em casa à tardezinha com uma dor de cabeça cegante. Tomei uns comprimidos e fui esperar a dor passar enquanto pensava no meu jantar. Meu marido está em Portland, mas tenho comido em casa, porque não curto muito frequentar restaurantes sozinha. Sem falar que tenho montes de tomates, folhas verdes e legumes pra salada, além de uma tonelada de frutas. Pensa daqui, pensa dali. Fui abrir o armário da despensa, que é uma desorganização total, e derrubei um vidro cheio de feijão. Ele caiu em cima de uma mantegueira e quebraram-se em zil pedacinhos, fora os feijões, fora a manteiga. Fiquei um tempão catando caco, milagrosamente sem me cortar, e me certificando que nenhum gato iria espetar a fuça curiosa. Pra completar, a queimadura na minha mão está horrível, não cicatriza e eu bato o tempo todo nela, parece que mirando estratégicamente bem na parte mais machucada. Hoje bati nela umas quatro vezes desde que acordei. O dia não está pra peixe! Pensei, com tanta chatice acontecendo eu preciso comer uma coisa que me dê conforto. Então fiz macarrão ao alho e óleo, que é uma das comidas que eu considero desde a minha infância uma das mais confortantes. Espaguetti ou cabelo de anjo, um dente de alho, sal, pimenta do reino, muito azeite e muita salsinha picada. Um bom queijo ralado na hora por cima e já estou me sentindo outra pessoa. Agora só falta um banho e cama. Arrivederci, dia besta!