peixe com erva-doce, cenoura e tomilho

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Decidi começar pelas revistas. Acho que precisei começar pelas revistas, porque a imensa quantidade delas já estava me preocupando. Estava ficando sem espaço e um procedimento proativo se fazia extremamente necessário.

Comecei catando as edições da Real Simple, que é uma revista que eu assino desde 2000 e tenho desde a número uno. O destino final dessas já estava decidido—o container de lixo reciclável. Também já tinha decidido encerrar minha carreira de leitora dessa revista, que começou a ficar chata há muito tempo, se repetindo e me causando um imenso tédio. Mas quando comecei a colocar os onze anos de Real Simple numa pilha, me assustei. Imagine uma coluna de revistas empilhadas chegando quase na minha altura física. Pois é.

Tomar a decisão de me livrar de praticamente todas as minhas revistas foi a parte mais fácil. O resto foi um bocado tormentoso. Separar tudo, juntar tudo, poderar mais um pouco, folhear algumas, descer zilhões de vezes os vinte degraus de escada carregando todo o peso. Fiz isso por alguns dias.

Nesse meio tempo, separando, decidindo, reciclando, acabei salvando algumas coisas. Fiz ainda no inicio, quando estava com paciência. Rasguei páginas e para o meu próprio espanto iniciei mais uma pequena pilha, desta vez com as folhas com receitas que rasguei das revistas que foram para o lixo.

Felizmente a história de rasgar páginas não vingou e foi praticamente indolor jogar fora as 8624554 edições da Bon Appetit, Food & Wine, Cooking Light, Country Living, Everyday Food, Sunset, Saveur, entre outras revistas importadas, compradas em viagens, ou outras já defuntas como a Cottage Living, Organic Living ou a Domino, que eu guardei por anos e anos sei lá por que raios de motivo. Ficaram somente a coleção da aposentada Gourmet e as Martha Stewart Living, das quais ainda não consegui desapegar.

Essa limpeza não envolveu somente as revistas já acumuladas, mas também delineou um plano para o futuro das que ainda vão chegar. Primeiro que vou deixar expirar a assinatura de parte das revistas que recebo. E as que vou continuar assinando serão lidas, páginas com receitas interessantes arrancadas e o resto vai pro lixo da reciclagem num período que não vai poder ultrapassar um mês. E as receitas que eu não fizer em algumas semanas também serão defenestradas. Estou no momento perfeito para tomar esse tipo de decisão, porque estou mudando de casa e de cidade e não quero carregar absolutamente nenhum peso inútil comigo. Vida nova!

Uma das receitas que guardei no entusiasmo rapidamente esmorecido do inicio dessa empreitada, estava num daqueles encartes de cozinha que vem na Revista Claúdia. Lá tinha muita coisa bem interessante, mas aproveitei que compro peixe no sábado e preparei esse rango bem simples e saboroso. O peixe usado na receita brasileira era o robalo, mas eu usei o nosso delicioso halibut e deu certissimo. Essa é daquelas receitas bem rápidas, enquanto o peixe assa você cozinha uma porção de quinoa e faz uma salada.

faz 8 porções
1 xícara de azeite
1 bulbo grande de erva-doce cortado em fatias finas
8 filés de badejo [120 gr cada—usei halibut]
Sal e pimenta do reino moída a gosto
1/2 xícara de água
2 cenouras médias cortadas em tiras finas
16 ramos de tomilho fresco
2 dentes de alho descascados

Forre uma assadeira grande com papel alumínio deixando sobra suficiente para cobrir toda a superfície. Pincele o interior com um pouco de azeite. Disponha a erva-doce e coloque os pedaços de peixe por cima. Polvilhe com sal e pimenta. Distribua a cenoura e os ramos de tomilho sobre o peixe. No liquidificador ou processador, bata o azeite restante com o alho e tempere com sal e pimenta. Regue os pedaços de peixe com esse azeite. Cubra com a sobra de papel alumínio e leve ao forno aquecido em 355ºF/ 180ºC por 25 minutos. Retire da assadeira com uma espátula e transfira para uma travessa. Sirva imediatamente.

ruibarbo com zabaione

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Essa sobremesa aparentemente super modesta, acabou dando um certo trabalho. Na edição de abril da revista Martha Stewart Living a receita me saltou aos olhos exatamente pela simplicidade e pelo diferencial nos ingredientes. Ruibarbo, ovos e licor. Fui atrás do detalhe evidenciado como o segredo da receita—o licor de elderflowers. O imbróglio é que parece que só existe uma marca desse licor, o St-Germain. Fui investigar com o moço da seção das bebidas no supermercado, argumentando que eu precisava somente de três colheres de sopa e ele me falou se desculpando que infelizmente não existia nenhum outro licor similar, nem numa embalagem menor, nem num preço mais barato.

A sobremesa seria o encerramento do almoço de Páscoa, então quis adiantar tudo no sábado à tarde, preparando o ruibarbo com antecedência. Descasquei, piquei, fiz a calda e [CHICOTADAS] resolvi que não faria o banho de gelo por pura preguiça. Entrei pelo cano quando vi o ruibarbo se desfazendo dentro da panela [MAIS CHICOTADAS]. Como não sou mulher de desistir tão fácil, voltei no supermercado depois do jantar e comprei mais ruibarbo.

No dia seguinte pela manhã comecei tudo do zero e desta vez OBEDECI às ordens da Martha. E deu tudo certo. O licor é realmente importante. O sabor suave e floral das eldeflowers dá um toque especial ao zabaione e combina incrívelmente bem com os ruibarbos cozidos. O zabaione não pode esperar muito pra ser servido. O ideal seria preparar na hora e servir imediatamente. Os ruibarbos devem ficar inteiros e não muito moles. O resultado agradou à todos. Essa sobremesa fica bem delicada e primaveril.

serve 4 porções
3 xícaras de água
2 xícaras mais 2 colheres de sopa de açúcar
1/2 fava de baunilha
[cortada ao meio, sementes removidas com a ponta da faca]
Um tira de casca de limão [sem a parte branca]
800 gr de ruibarbo, descascado e cortado em pedaços
4 gemas de ovos grandes
3 colheres de sopa de licor de elderflower—St-Germain
[ou outro licor floral se não achar o de elderflower]

Prepare um banho de gelo—uma vasilha encaixada sobre uma outra vasilha maior com metade gelo/metade água.

Numa panela, coloque a água, as 2 xícaras de açúcar, a fava e sementes de baunilha e a casca de limão. Leve ao fogo e cozinhe em fogo médio por 10 minutos. Adicione o ruibarbo e cozinhe por 3 minutos. Transfira o ruibarbo para a vasilha em cima da água com gelo. Deixe esfriar completamente.

Num double boiler—uma panela com água quente [em fogo baixo sem deixar ferver] com uma vasilha em cima, coloque as gemas, as 2 colheres de sopa de açúcar e o licor. Vai batendo com a batedeira manual em velocidade baixa até formar um creme denso, mais ou menos uns 6 ou 8 minutos. O creme vai triplicar em volume. Sirva o zabaione mais rápido possível, sobre os ruibarbos.

»com a primeira leva de ruibarbo cozido que se defez, apurei no dia seguinte e transformei o fracasso numa geléia.

arroz com camarão & ervilha

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Eu cansei da revista Everyday Food. Deixei minha assinatura expirar, mas esqueci que tinha optado pela renovação automática no website, então a coisa continua chegando. Na próxima renovação isso não acontecerá. Tenho uma caixa enorme com anos e anos de exemplares, que ainda não sei se vou doar ou reciclar. Por essa e por outras que não comprei nenhuma versão dessa revista para o iPad. Comprei todas as Martha Stewart Living, apesar de ser assinante, porque essa vale a pena ter em formato eletrônico [se você tem um iPad não pisque e compre todas as Martha Stewart Living, que estão superbacanas]. Mas da Everyday Food peguei somente o único exemplar grátis, que achei bem mais ou menos. Exatamente a mesma opinião que tenho hoje da revista impressa. Mas admito que eles fizeram na EF uma coisa bem legal e prática, que ainda não foi implantada na MSL—você pode enviar as receitas direto da revista no iPad pro seu e-mail. Gostei desse arrozinho com camarão, cliquei no iconezinho e enviei pra mim mesma. Assim fica mais fácil organizar o que quero fazer, pois tenho uma conta de e-mail só para enviar receitas. Fiz o arroz na mesma semana. O camarão sugerido pela EF é o grande, mas eu tinha esse bem pequeninho e foi ele mesmo que usei. Meu camarãozinho é selvagem e pescado de maneira sustentável no Canadá, portanto altamente consumível sem culpas ou comprometimentos ambientais.

spiced shrimp with ginger rice and peas
4 colheres de chá de óleo vegetal
2 cebolinhas picadas, parte branca e verde
1 colher de sopa de gengibre fresco picadinho
1 xícara de arroz
[usei o basmati que é o meu arroz do dia-a-dia]
Sal marinho e pimenta do reino moída
1 xícara de ervilhas congeladas
1/2 quilo de camarão limpo
1/2 colher de chá de cominho em pó
1/2 colher de chá de coentro em pó
Fatias de limão para servir

Numa panela média coloque 2 colheres do óleo e leve ao fogo. Adicione a parte branca da cebolinha e o gengibre e cozinhe por uns 3 minutos, mexendo sempre. Adicione o arroz lavado e 1 e 1/2 xícara de água. Tempere com sal, deixe ferver e abaixe o fogo. Deixe cozinhar até o arroz absorver toda a água e ficar macio. Remova a panela do fogo e coloque as ervilhas congeladas por cima do arroz. Tampe e reserve.

Tempere o camarão com o cominho, coentro em pó, sal e pimenta do reino. Numa outra panela aqueça as 2 colheres restantes do óleo e adicione o camarão temperado. Cozinhe rapidamente. Com um garfo, mexa bem o arroz e misture com as ervilhas, que vão estar cozidas. Junte a parte verde da cebolinha e misture bem. Sirva com os camarões e uma fatia de limão.

*como eu usei camarões pequenos, misturei tudo com o arroz.

as edamames

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Para quem ainda não conhece, essas são as edamames, também conhecidas como soja verde. Aqui elas são vendidas quase sempre congeladas e nas versões com casca ou descascadas. Eu sempre compro as descascadas, porque é só jogar o pacote num pote de água salgada fervendo e cozinhar por cinco minutos, depois comer como pipoca ou usar em receitas—em saladas, refogados, recheios, patês. Mas noutro dia distraída, fazendo compras e conversando ao mesmo tempo com meu marido que me acompanhava, peguei por engano o pacote de edamames com casca. Elas têm um visual lindo, embora sejam muito mais trabalhosas pois precisam ser descascadas. Elas também são petiscos comuns servidos nos restaurantes japoneses. Como as funky edamames do restaurante Mikuni—as sojas cozidas com casca e temperadas com pimenta, que eu simplesmente adoro.

sunomono

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O meu sunomono eu faço do jeito que mais gosto. Apenas fatio o pepino bem fininho usando um mandoline, preparo um molhinho com 1 colher de sopa de vinagre de arroz, 1 colher de sopa de mirin, 1/2 colher de chá de açúcar e 1/4 colher de chá de sal. Misturar bem e temperar o pepino. Depois é só salpicar com bastante [eu gosto de bastante] sementes de gergelim torradas. Eu já compro as sementinhas torradas no mercadinho asiático, mas pode-se torrar as sementes cruas bem rapidinho numa frigideira, no fogo. Mas cuidado, fique de olho porque elas torram numa piscada. Misture bem e sirva. Adoro essa salada adocicada de pepino.