usando o forno solar

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No verão passado eles me prepararam um banquete no forno solar. Neste ano combinamos um chá da tarde, para eu poder provar um delicioso nectarine cobbler assado no calor do sol. Os fornos solares estão ficando muito populares e são incrivelmente eficientes. Eu tinha planejado comprar um, mas me resignei quando percebi que meu quintal tem muita sombra das árvores e que eu precisaria de uma persistência de maratonista para conseguir cozinhar nele. Mas meus amigos moram num sítio e têm espaço ensolarado abundante, o que propicia um prolifico uso dessa engenhoca genial. O forno atige a temperatura de 400ºF/205ºC e cozinha mesmo! Com os verões tórridos que temos por aqui, é legal poder aproveitar esse calor natural e economizar gás e eletricidade. O cobbler ficou delicioso. Devoramos acompanhado de um sorvete de nectarinas que eu levei e uma caneca de chá.

O sorvete da pamonha

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Tive a idéia fazendo o almoço e concretizei o experimento no jantar. Eu tinha certeza que ele iria detestar. Ao som de rufos de tambores imaginários ele pegou um naco com a pontinha da colher, degustou e deu o veredito:

—dá pra comer!

E pegou outro naco, um pouco maior, que colocou no potinho e comeu sem muito entusiasmo. Já eu não conseguia parar de devorar o meu saboroso sorvete de milho verde. Quisera ter usado o milho amarelo, mas com o branco também ficou bom. Era exatamente o que eu queria e esperava. Comi um tanto a mais do que a boa educação à mesa manda e ainda lambi a colher.

Sorvete da pamonha
2 sabugos de milho verde
1 xícara de buttermilk
1/2 xícara de leite integral
3 colheres de sopa de açúcar demerara
1 pitada de canela moída

Cozinhe e milho na água, escorra e remova os grãos com uma faca. Bata os grãos cozidos no liquidificador com os outros ingredientes. Coe tudo por uma peneira fina e coloque o liquido na sorveteira. Eu não usei muito açúcar pois o milho daqui já é bem doce, mas isso fica a critério do freguês. Pra mim esse sorvete ficou perfeito. E pra ele, deu pra comer!

salada antepasto

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Que tal uma salada cujas sobras podem virar um antepasto? Corte uma berinjela em fatias grossas, tempere com azeite e sal grosso e asse na churrasqueira, forno ou na grelha. Essa parte pode ser feita um dia antes, como eu fiz, aproveitando o espaço na churrasqueira enquanto fazia uma carne para o jantar. No dia seguinte, ou depois que esfriar, corte as fatias da berinjela assada em tiras e coloque numa saladeira. Corte fatias finas de uma abobrinha amarela pequena e meio pimentão vermelho. Misture bem, jogue umas azeitonas pretas, tempere com sal grosso, pimenta do reino, azeite e vinagre de cidra ou de vinho. Jogue um punhado de salsinha fresca picada e misture. Sirva. As sobras vão pra geladeira e no dia seguinte, você já sabe.

sorvete de framboesa e laranja

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1 xícara de creme de leite fresco
1/2 xícara de leite integral
2/3 xícara de açúcar
misture bem com o batedor de arame. Acrescente:
1 colher de sopa de raspas de laranja
1 colher de sopa de licor Grand Marnier
1 xícara de framboesa * usei as frescas
Misture bem e coloque na sorveteira. Neste caso eu quis inovar e coloquei as frutas inteiras. O sorvete ficou extremamente pedaçudo e you-know-who não curtiu muito. A opção é bater a framboesa e o leite no liquidificador e coar, para livrar-se das sementes.

Davis, 3 de agosto de 2007

Querido diário,
Ontem foi um dia estranho. Aliás anteontem também foi um dia estranho, ou melhor, muito mais estranho. Estive muito ocupada no trabalho e no meio da tarde uma dor de cabeça que estava me rondando me pegou de jeito. Tive que sair mais cedo e ir pra casa descansar no quarto escuro. Depois fui cortar e pintar o cabelo, pois eu já estava com aquela cara de mulher louca do saco e era preciso tomar providências urgentes. Minha beleleira é um amoreco. Ela é dois anos mais nova que eu e já é avó, foi padeira, masca chicrete, tem um corte de cabelo super funky, me chama de “honey” e me dá abraços na hora de ir embora. Além do que ela sempre faz o que eu peço—e somente o que eu peço. Me fez massagem na cabeça e usou aqueles produtos aromaterápicos da Aveda. Até melhorei um pouco da dor de cachola. Depois fui buscar o Uriel no trabalho e enquanto ele me contava as novidades do dia e o desenvolvimento das notícias que tivemos nesta semana, eu dirigi como barata tonta por downtown, passando várias vezes pelo mesmo lugar e perguntando—onde você quer comer? Detesto quando ele faz o empurra-empurra respondendo—você que escolhe. Eu não tenho estrutura astrologica pra escolher nada! Parei por acaso em frente a um restaurante tailandês. Davis tem uma abundância de restaurantes asiáticos. Só de tailandeses tem uns seis. Então esse tipo de comida não é especial, nem excitante pra mim. Já passei de fase de achar bacana, agora só acho normal. Carne-de-vaca, como eu diria pro Moa poder rolar de tanto rir. Pedimos uns wontons fritos, que vieram com uma salada de pepino com um molho vermelho cheio de alho cru—todos aqui já sabem da minha ojeriza por alho cru. Resolvi pedir um especial do dia, que era um curry de abóbora com camarão. Eu raramente peço curry no tailandês, mas dessa vez resolvi arriscar e não me arrependi. O curry era vermelho, com leite de coco, camarões, pedaços de abóbora que foram incorporados no molho, abobrinha, cenoura e manjericão. Acompanhou um arroz jasmine. Nós sempre comentamos esse detalhe rindo, pois o arroz vem numa sopeira prateada cheia de rococós com a colher também prateada combinando, e olhando de longe dá aquela impressão de coisa linda e fina. Mas quando a sopeira chega na sua mesa, a decepção é aparente na cara de todos—ela é feita de plástico! O Uriel pediu camarão com gengibre e deve ter gostado, pois comeu tudo. Sobrou metade do meu curry, que o garçon empacotou e vou comer hoje no almoço. Não pedimos sobremesa. Eu não consegui beber todo o meu thai iced tea. Fomos pra casa, onde os gatos nos esperavam na cozinha. O Uriel voltou pro trabalho, como ele sempre faz. Eu tomei mais 800 mg de ibuprofen, um banho e fui pra cama. Um filme antigo, dança, sapateado, vestidos esvoaçantes, dou risada das piadas, viro de lado de costa pra tevê, fecho os olhos…“beautiful music…dangerous rhythm, you kiss while you’re dancing, it’s continental, ooh, it’s continental, you sing while you’re dancing, your voice is gentle and so sentimental..” ZzZZzzzzz.

os olhos de Berenice Abbott

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Fotos da maravilhosa fotógrafa norte-americana Berenice Abbott, que eu peguei num blog sobre cinema da era pré-código [antes de 1934] que eu adoro. Os detalhes dessas fotos é o que mais me fascina. Me encanta olhar o cotidiano do passado através da comida, dos hábitos alimentares, dos preços, dos ingredientes, pormenores que fazem uma grande diferença, pois muitos deles não existem mais, nem são mais praticados. Eu assisto muito filme antigo—mind you, estou ali na fronteira da obsessão, quase em território freak, e tenho o costume de observar as minúcias das roupas, cabelos, sapatos, mobília, ruas, lojas, restaurantes e o que as pessoas estão comendo em cenas de comida. Fico tão compenetrada nessa esmiuçação que muitas vezes deixo de prestar atenção nos diálogos. Num filme de 1933 chamado Double Harness, que eu já revi 567889 vezes, os protagonistas William Powell e Ann Harding estão num restaurante num dos piers do Porto de San Francisco e estão tomando um clam chowder, que é uma sopa de mariscos muito típica e que até hoje se pode tomar na cidade. Fiquei tentando reconhecer o lugar, mas convenhamos que setenta anos passados é muito, muito tempo…