No nosso primeiro sábado em Londres, fomos ao Borough Market pela manhã. Uns dias antes do Natal, aquilo estava uma muvuca indescritível. Mas mesmo assim, foi um dos melhores passeios que fiz naquela cidade nesta minha segunda visita. Meus pais tinham chegado do Brasil e o Uriel da India, então estávamos com a família quase completa, só faltando minha cunhada e minha outra sobrinha, que chegariam no domingo. Foi um esfoço manter todo mundo junto naquela multidão. Nos guiávamos pelo beret beige da minha mãe e pela touca vermelha do meu irmão, que é bem alto e bem visível. Conseguimos passear e comer muita coisa boa, até aportarmos numa cervejaria belga numa das saídas do mercado para almoçar. Adorei tudo o que vi e comi lá. Tomei vinho quente, sopa de cogumelos, pão de amêndoas, azeitonas, queijos, o Gabriel comeu um curry, que ele disse estar perfeito. Foi o melhor mercado de comida que já visitei. Super alegre e animado, apesar de tri-lotado.
Mês: dezembro 2009
and so this is christmas
um chá com a Valentina
Marcamos de nos encontrar na saída do metrô em Notting Hill. Foi a primeira vez que fui me encontrar com uma amiga blogueira totalmente às cegas, pois apesar de conhecer a Valentina e o Trem Bom há anos, nunca tinha visto uma foto dela. Por alguns minutos fiquei lá parada com aquela expectativa estranha, olhando para cada rosto que se aproximava pensando, será ela? Mas quando ela chegou, sorridente e já de braços abertos para um abraço, não me surpreendi. A Valentina é exatamente o que ela nos passa pelo blog. Nem precisa mesmo de foto!
Fomos caminhando pela noite gelada pelas ruas de Notting Hill, conversando sem parar, até que encontramos um lugarzinho simpático para beber um chá. Eu não vou saber dizer onde fica exatamente, mas era uma loja, com coisas lindas de decoração, uma boutique de roupas no subsolo e um restaurantezinho no fundo da loja. Ainda não eram nem 6pm, apesar da escuridão, e portanto ainda poderíamos oficialmente pedir um chá da tarde.
A Valentina que me orientou nos pedidos, pois eu queria provar algo tradicional inglês. Pedimos então duas tortas—pra mim a banoffee pie com banana fresca e pra ela uma treacle tart com custard. Bebemos chá, of course, eu fui de hortelã fresco e a Valentina de lapsang souchon, um chá bem aromático, que ela mesma disse que não é todo mundo que gosta. Achei o aroma bem defumado, mas não provei.
Conversamos tanto, tanto, que até constrangimos o garçon. Fomos caminhando novamente pelas ruas de Notting Hill, paramos numa livraria para olhar livros de culinária e depois a Valentina me acompanhou até a minha estação, pra não ter perigo de eu pegar o lado errado da linha às nove da noite. Foi de uma delicadeza ímpar.
Tivemos um encontro de duas dinossauras da velha guarda dos blogs de culinária brasileiros. Já fizemos e vimos muita coisa e continuamos firmes, ou quase. Esses são laços importantes, que eu gosto de preservar. Valentina, muito obrigada pela noite tão agradável! e espero um dia poder retribuir toda a sua gentileza, quando você for me visitar lá do outro lado do mundo!
Ottolenghi [take out]
Precisava comprar os dois últimos presentinhos de natal, então fui até a High Street em Kensignton, um lugar que eu já conhecia bem. Aproveitei também pra dar um pulo numa das filiais do Ottolenghi que fica na rua de trás, a Holland Street. Cheguei lá verde de fome e já fui perguntando se eles serviam almoço. Infelizmente aquela loja só fazia take out, ou take away, como eles dizem aqui. Comprei toda comida que eu pude carregar—arroz iraniano com pistachos, saladas diversas, pãezinhos de queijo, bolinho de maracujá e torta de frutas. Perguntei se podia tirar fotos e o mocinho que me atendeu super gentilmente disse que não. Então me conformei só em olhar e fotografar de fora. Comprei o livro também e voltei pra casa carregada, com mais fome ainda e com uma apertamento daqueles de fazer xixi. Me atrapalhei na estação de metrô e peguei o trem pro sentido oposto. Esperei um tempão na estação pra pegar o trem de volta, desta vez no sentido certo. Quando cheguei em casa, meu irmão estava lá e devoramos juntos toda a comida, super fresca, super saborosa. Adoramos.
Partridges
Se eu tivesse me programado para visitar esta sex-shop gourmet, talvez não tivesse dado tão certo. No meu caminho entre a King’s Road e a Saatchi Gallery, lá estava ela toda convidativa. Entrei e fiquei zanzando pelos corredores. A loja é bem pequena, com uma lanchonete no fundo. Olhei e quis comprar quase tudo, mas a minha zuretice causada pelo jet lag me preveniu. Comprei porém umas mince pies tradicionais, que não gostei. A massa, feita com gordura de animal, foi um pouco demais para o meu paladar. Mas meu irmão, mais versado nas iguarias inglesas, traçou. Quero voltar nessa loja mais vezes e olhar tudo com mais tempo e atenção.
uma cozinha inglesa
Os headquarters do Chucrute mudaram de continente temporariamente e estará transmitindo todas as programações festivas direto de Londres, UK. Chegamos com a neve. Mas já enchemos a geladeira de ingredientes para muitos rangos. Teremos um cozinheiro convidado, pois desta vez quem vai comandar as panelas é o Gabriel. Estamos na expectativa!
meyer lemon
super rosa
é o resultado de dois destes rabanetes ralados.
halibut com lentilhas
Algumas semanas antes da revista Gourmet ser assassinada, a Ruth Reichl lançou o livro Gourmet Today, com milhares de receitas escolhidas por ela e testadas na cozinha da revista. Eu tenho alguns livros de celebrações anuais da Gourmet e depois de olhar muito pro livrão verdinho acabei decidindo—vou esperar um pouco. Também porque o livro vinha com uma assinatura grátis da revista, e eu não precisava de uma. Quando a revista sucumbiu, corri pra comprar o Gourmet Today, pois me pareceu naquele momento importante tê-lo. Nesses últimos meses a falta de tempo tem sido um grande problema pra mim. Não paro um minuto e mesmo assim não consigo fazer tudo o que quero, o que incluí ler livros. Então o Gourmet Today ficou num canto da cozinha, esperando por uma oportunidade de ser folheado com atenção.
No sábado que comprei uma posta grande de halibut, abri o livrão da Ruth, pois tinha certeza que iria achar uma receita legal com esse peixe por lá. Dito e feito! Fui no index, procurei por halibut e estacionei nessa receita super deliciosa e prática de peixe com lentilha. O almoço ficou pronto rapidamente e que delicia essa mistura do peixe carnudo, com a lentilha e o limão. Adoramos! Use uma variedade de lentilha que não desmanche, como a verde francesa ou a beluga. O halibut pode ser substituído por bacalhau fresco ou outro peixe de posta larga.
1 xícara de lentilhas francesas [*usei a beluga]
2 colheres de sopa de manteiga
1 xícara de cebola cortada em fatias finas
2 dentes de alho picados [*não usei]
3/4 colher de chá de sal
3 colheres de sopa de folhas de salsinha picadinha
1 colher de sopa de suco de limão
1 colher de sopa de azeite
Lave as lentilhas, escorra e cozinhe em água até ficar molinha, mas sem desmanchar. Enquanto isso coloque a manteiga e o azeite numa panela e junte a cebola, o alho e o sal. Cozinhe em fogo médio na panela tampada, mexendo de vez em quando, até a cebola ficar dourada. Destampe e cozinhe, mexendo sempre, por mais 10 minutos até a cebola caramelizar.
Seque o peixe [halibut ou bacalhau fresco] com um papel e tempere com sal e pimenta do reino. Numa frigideira coloque 1 colher de sopa de manteiga e 1 colher de sopa de azeite e frite o peixe, virando até que os dois lados fiquem bem cozidos e amarronzados.
Misture a cebola com as lentilhas cozidas. Espalhe numa travessa, coloque o peixe frito por cima e tempere tudo com suco de limão, azeite e as folhas de salsinha picadas. Sirva com pedaços de limão.
de colores