gosto não se discute

Fomos à um pequeno restaurante aqui em Davis, que tinha sido altamente recomendado pelo meu vizinho blogueiro culinário. Nunca tínhamos ido lá, pois o lugar nunca realmente nos chamou a atenção. É um lugar pequeno, ligado à uma loja de produtos naturais, com mesinhas cobertas de toalhas coloridas com vasinhos com flores naturais. O menu é todo orgânico, escrito com palavras muito bem escolhidas, fazendo tudo parecer muito apetitoso. O problema é que o lugar é super low profile, e não combina com o preços, que são de restaurante um nível acima do que experienciamos ali. Resumindo, comida simples, preço sofisticado. O atendimenrto foi ótimo, afinal num sábado na hora do almoço só tínhamos nós dentro do lugar. A cozinha é logo atrás do balção de atendimento e ficamos ouvindo a conversinha da atendente americana com o casal de cozinheiros mexicanos, num espanhol sofrível. E ouvimos e cheiramos a comida ser preparada, o que resultou num cheiro de fritura impregnado na minha roupa e cabelo. A comida era boa, nem ótima, nem ruim. A conta foi alta. E enquanto vestíamos os casacos para ir embora, eu vi uma BARATA saindo de trás de um quadro na parede. Nem preciso dizer que NUNCA mais voltaremos, né?
Fazia muito tempo que queríamos ir à um restaurante italiano em Sacramento, que tem pizza feita em forno à lenha. Quando queremos comer boa comida italiana temos que ir à San Francisco, porque essa região aqui, do Sacramento Valley, não deve ter recebido uma boa imigração italiana. Os restaurantes são péssimos, e eu, como neta de italianos, sempre comi a melhor pizza e pasta feita em casa pela minha mãe, que realmente faz o melhor molho e massa. Então sou exigente, percebo na hora se o molho é de lata e odeio, ODEIO, o molho de pizza que eles usam aqui, muito grosso, com cebola, uma coisa enojante. Ouvi dizer que esse restaurante em Sac tinha uma pizza boa, mas que tinha um ambiente cafona e presunçoso. Fomos, finalmente. Que surpresa boa! O lugar tem um ambiente simpatícissimo, instalado num prédio antigo na Capitol Avenue, entre Old Sacramento e o Palácio do Governo, o Capitol. Nos lembrou os restaurantes antigões de São Paulo, com os garçons de paletó branco e gravatinha preta, um estilo europeu, com pé direiro alto, super diferente e aconchegante. Fomos muito bem atendidos pelo garçon Louis e comemos muito bem, eu uma pizza muitíssimo bem servida, com mussarella, parmesão em fatias, cogumelos, rúcula e prosciutto, regada com azeite de trufas. O Uriel comeu um ravioli verde, com massa feita no local e molho apimentado de lingüiça italiana. Louis nos disse que todas as massas e os pães e crostines [deliciosos] eram feitos lá. Bebi um chardonnay do nosso quintal, segundo o Louis, uma vinícola perto de Davis. Nos sentimos tão confortáveis, que até pedimos sobremesa, o Uriel um tiramisu e eu um creme de fennel com crosta de chocolate. Saímos de lá incrívelmente felizes com a nossa experiência italiana em Sacramento e já decidimos que voltaremos em breve!

novo, como uma uva passa

* da próxima vez que eu for comprar uma caixa de uvas-passas, já vou encontrar a caixinha redesenhada das passas mais famosas da Califórnia. A California Sun-Maid ganhou uma modelo mais atual. Eu não gostei. Acho que a original, baseada numa pessoal real, era mais legal.
Reproduzo aqui a matéria do jornal de Sacramento, Sacbee, onde li a notícia:
Raisin icon gets a makeover
By Gwen Schoen
Published 2:15 am PST Wednesday, March 29, 2006
Story appeared in Taste section, Page F2
It must be all that sunshine and iron-packed raisins, because the Sun-Maid girl turns 90 this month, and she’s never looked better.
The original Sun-Maid girl, wearing a red bonnet and holding a tray of freshly picked green grapes, was Lorraine Collett, who posed in 1916 in Fresno for what became the dried-fruit company’s raisin packaging.
Her likeness became one of the best-known trademarks, representing grapes and sunshine. Over the years, her image has remained basically the same.
The Sun-Maid Growers of California have finally decided she needs a more modern look, so they updated her hair and her blouse, gave her a big, toothy smile, got rid of the tray and put her in front of rolling hills. She still has her signature red bonnet, and she’s still surrounded by sunshine.
The new Miss Sun-Maid should start showing up on raisin boxes in April.

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a caixa das passas como era até ontem
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a modelo original, Lorraine Collett, posou em 1916
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a nova caixa, com a versão computadorizada

purê de ervilha

Não sei de onde eu tirei essa receita, mas ela foi um grande sucesso de crítica todas as vezes que preparei. É simplérrima e um excelente acompanhamento pra absolutamente tudo. Todas as vezes que eu fiz esse purê de ervilha, ele acompanhou um salmão grelhado na churrasqueira.

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A receita:
Um pacote de ervilhas congeladas [a de lata não sei se funciona]
Um dente de alho grande
Leite ou iogurte natural
Folhas de hortelã fresco
Sal e pimenta do reino a gosto

Ferver a ervilha numa panela com água e o dente de alho descascado. Quando a ervilha estiver macia, coar e colocar ervilha cozida e alho no liquidificador. Acrescentar sal, pimenta do reino, um pouquinho de leite* ou iogurte natural e umas folhas de hortelã. Bater até ficar com consistência de purê. Servir.

* cuidado pra não colocar muito leite e deixar o purê aguado.

sagu de lambrusco

Uma das minhas doces lembranças de infância é uma sobremesa que era preparada em duas variações – o sagu. Na época de uvas, tínhamos sempre o sagu de uva, feito com uvas vermelhas, daquelas boas pra se fazer vinho e que eram extremamente comuns na década de 70. E quando não tinha uva, minha mãe mandava fazer o manjar dos deuses para nós, crianças, o fabuloso sagu de vinho! Imaginem a nossa felicidade, ao poder comer uma vez por ano, talvez duas, uma sobremesa feita com bebida alcóolica! Nos sentíamos os bacanões, como se estivessemos girando displiscentemente uma bela e perfumada taça de vinho.
Toda essa reminiscência proustiana pra dizer que outro dia me deu vontade de comer sagu, e tinha que ser o de vinho, o mais excitante. Saí pra comprar sagu, mas meu etinerário não me levou na direção das lojinhas asiáticas, onde é facílimo achar as bolinhas de tapioca, que é o nome que o sagu leva aqui. Por acaso, achei uma coisa bem mais prática, vamos dizer, um sagu instantâneo, coisa pra sossegar as bichas em menos de dez minutos. A tapioca milagrosa vem numa pequena caixinha e tem o sugestivo nome de Quick Cooking Minute Tapioca da marca Kraft. Comprei [excomunguem-me!] no Wal-Martão de Dixon, onde agora tem [lordhavemercy!] um supermercado.
Bom, pra fazer o sagu, usei um vinho borbulhante de sobremesa, o adocicado Lambrusco. Segui a receita da caixinha, que era para pudim de suco de maçã. Fica pronto num instante e mata bem as saudades do sagu de vinho da minha infância.
A receita:
Sagu de vinho
1/3 xícara de açúcar
3 colheres de sopa de tapioca
1 pitada de sal
2 xícaras de vinho lambrusco
Misturar os ingredientes numa panela média e deixar descansar por 5 minutos. Cozinhar em fogo médio mexendo sempre até começar a ferver e engrossar. Tirar o fogo e deixar descansar. O sagu engrossa bem depois de frio. Serve 4 porções médias, 6 pequenas, duas grandes.

o bifão vegetal

Os cogumelos Portobello já são considerados um bife, pelo seu tamanho e textura, que se assemelha muito à carne. É bem comum o sanduíche de Portobello nos menus dos restaurantes. Ele é normalmente grelhado e montado como se fosse um hambúrguer. Realmente, o Portobello é um cogumelo muito saboroso e prático. Eu fiz uma receita inventada nesta semana.

Portobello recheado
Dois Portobellos – não lave, apenas passe um paninho para limpá-los.
Um bulbo de erva doce pequeno
Meio pimentão vermelho
Queijo Feta grego
Um dente de alho
Azeite, sal e pimenta do reino

Retire os caules dos cogumelos, pique e reserve. Doure um dente de alho numa frigideira com bastante azeite. Acrescente os cogumelos e frite um minuto de cada lado. Retire da frigideira e coloque numa forma refratária. Na frigideira, acrescente a erva doce e o pimentão ralados bem fininho, e os caules dos cogumelos picados. Refogue e tempere com sal e pimenta. Recheie os cogumelos com uma camada grossa de queijo feta [ou outro queijo branco picado] e cubra com o refogado. Asse em formo médio [365ºF/185ºC] por uns 15 minutos.

a cozinha estrangeira

Quem mora ou já morou no exterior sabe como é feita a adaptação dos hábitos e ingredientes brasileiros ao mercado local. Mas a pessoa recém-chegada normalmente se sente um bocado perdida. Quer fazer um arrozinho básico e compra um tipo “short grain” que vira uma gororoba. Não entende qual feijão é o mais parecido com o nosso “mulatinho”, na imensa variedade de feijões que se vê nas prateleiras do supermercado. Pão de queijo? Feijoada? Pastel? Quindim? Que ingredientes usar, como adaptar? Todas essas perguntas são super normais, mas nem sempre tem alguém pra respondê-las. Por isso um dos projetos da nossa associação Brazil in Davis era montar um banco de dados de receitas. E a melhor ferramenta para isso, com possibilidade de arquivos e links, é sem dúvida o publicador de blogs. Então montamos um Blog culinário, que será um esforço coletivo para organizarmos um livro de receitas para a comunidade. E como num grupo grande, cada um tem uma especialidade, sabe fazer uma coisa diferente, esperamos que com o tempo possamos ter um verdadeiro guia da culinária brasileira para o estrangeiro. Estou super animada com o projeto do Na Cozinha com Brazil in Davis!