No final resolvemos o dilema do carregamento de azeitonas cruas. Uma pessoa que sabe como processá-las levou tudo, vai fazer a salmoura e todo o mais, e quando elas estiverem prontas e comestíveis, vai nos dar uma parte. Done deal!
todo dia eles fazem tudo sempre igual
Meus dias se iniciam às seis e meia da manhã, que nem consigo dizer ‘manhã’, pois ainda está escuro. Vou para a cozinha com dois gatos pulando entre as minhas pernas. Ponho uma xícara com água no microondas pra fazer meu café com leite e um waffle na tostadeira. Vou até a laundry e pego os potinhos e a lata de rango felino. É um excitamento, uma coisa tão dramática que dá a impressão que os bichos ficaram uma semana sem ver comida. Eles correm pra laundry quando me vem caminhando pela cozinha com os potes e se arranjam no tapetinho, sempre na mesma posição: Roux pra direita, Misty pra esquerda. Volto pra cozinha, termino de preparar meu café, que é minguado, pois todos já sabem que não tenho apetite logo que acordo. Sento e bebo o café com leite enquanto leio e-mails, bloglines. Enquanto isso os mortos de fome devoram o rango, o Roux tudo de uma vez só, o Misty fazendo pausas de lord pra lavar as patas, como quem usa um guardanapo de linho. Eu ainda estou na cozinha lendo quando começa a função do banheiro. Todo dia é a mesma coisa e todo dia eu fico rindo alto, considerando o meu permanente mau humor matinal. Primeiro vai o Roux, que faz tudo escandalosamente. Esse gato não faz nada discretamente – come fazendo barulho, caga e mija fazendo barulho, até para andar pela casa ele faz barulho. No banheiro dá a impressão que ele vai virar a caixa de cabeça para baixo. Finalizado a aliviação geral da fome e dos intestinos, ficam os dois caminhando pela casa, como que procurando coisas pra fazer. Se encaram, o Roux dá pulinhos, tenta dar um bote no Misty, que sai correndo injuriado. Um tédio de vida…. Nessa altura já são sete e alguma coisa e eu subo pra tomar banho, me arrumar. Rotina de gato é divertida de se observar, mesmo com um humor azedo, às seis da madrugada.
waste no more!
New Technology Turns Food Leftovers Into Electricity, Vehicle Fuels
Restos de comida doados por alguns restaurantes localizados na Bay Area – região de San Francisco – serão transformados em energia limpa e renovável através do Projeto Biogás Energia, desenvolvido por uma colega do meu marido no departamento de Engenharia Agrícola daqui da Universidade da Califórnia. Cascas de laranja e batata produzindo eletricidade. Esse tipo de pesquisa joga literalmente uma luz no panorama tenebroso que eu visualizo para o futuro da humanidade.
tireless fezoca
Hoje o blog mãe completa seis anos de escrevinhações ininterruptas.
Haja folêgo, hein cata-milho?
todo sábado
um concurso de chili
Ontem tivemos duas festas para ir. Uma foi um Chili Cookoff with Bluegrass, na casa de um professor da UC Davis. Ele é o guitarrista da banda de bluegrass que tocou durante a festa. Mas o evento – além do encontro de amigos – era um concurso de chili. Os contestantes teriam que levar uma receita especial que seria provada e votada, a mais criativa, a mais saborosa, a mais apimentada! Haveriam prêmios. Nós ficamos para ouvir o bluegrass, que eu adoro. Provei dois dos chilis também. Eu não sou muito fanzoca dessa comida, mas conversei com o autor de uma das receitas e achei que ele foi muito inovador usando limão e laranja nos temperos. Perguntei se a receita era dele, e ele respondeu – que nada, eu sou um tipo de cozinheiro do Joy [of Cooking]. Ele usou uma receita básica do livro Joy of Cooking, e acrescentou o toque pessoal. Era um chili vegetariano. Hoje fui correndo procurar a receita!
A banda Chicken Tractor tocou no evento do chili. Essa foto é de uma outra festa, pois ontem eu não levei a minha câmera. Eles ainda têm um baixista e um bandolinista.
A receita básica de Chili con Carne do Joy of Cooking:
Derreta 2 ou 3 colheres de sopa de gordura de bacon ou manteiga. Acrescente 1/2 xícara de cebola picada e/ ou 1/2 dente de alho picado. Refogue. Adicione 1 quilo de carne moiída [vaca ou carneiro]. Refogue até a carne ficar cozida. Adicione 1 1/2 xícara de tomates em lata, 4 xícaras de feijão cozido – Kidney é o mais comum, mas qualquer feijão funciona – no cookoff de ontem, uma das receitas levava feijão branco, 3/4 colher de chá de sal, 1/2 folha de louro, 1 colher de chá de açücar, 1/4 xícara de vinho tinto sêco, 2 colheres de chá ou de sopa – conforme a resistência e o gosto – de pimenta em pó – chili powder – aqui também o céu é o limite, pois o chili powder pode [e deve] ser substituído por pimenta fresca, as jalapeños, por exemplo. Cubra e cozinhe por no mínimo uma hora. Quando mais cozinhar, mais grosso e saboroso o chili vai ficar. Pode preparar um dia antes. Servir com tortilas ou pão de milho, sour cream, queijo amarelo ralado, azeitonas pretas picadas, coentro, cebola picada.
Muitos contestantes trouxeram o seu chili na panela elétrica – slow cooker. Alguns tinham carne, outros eram vegetarianos – que que fez muito o meu gosto! O chili do rapaz que usou essa receita básica do Joy of Cooking não tinha carne e ele temperou com o suco e as raspas de uma laranja e um limão. Usou as jalapeño peppers. Ficou bem picante, mas com um sabor de cítricos acentuado que eu gostei muito!
salada de frutas
love is a many splendored thing
Ele espremeu o envelopinho de maionese e com o fio de creme amarelo pálido escreveu o meu nome no prato – FER.
cooking for one
Finalmente acabou a colheita da azeitona e do pistacho, e meu marido volta para Davis e para suas atividades normais – que não exclui correria, mas pelo menos é por aqui! Foram algumas semanas de omeletes, saladas, sanduíche de queijo com tomate, macarrão e outras improvisações. Eu não tenho motivação para cozinhar só para mim. Ontem fui pintar minha cabeleira mariabetânica descabelada, que estava lindamente multicolorida. Fiquei no salão, lendo revistas da Oprah até tarde. Saí de lá com tanta fome! Já tinha me decidido parar num restaurante no caminho de casa – eu faço tudo à pé aqui em downtown, mas depois que me vi no espelho com uma kanekalon NEGRA, parecendo um corvo corcunda gigante, resolvi só passar no lugar das saladas e pegar uma to-go. Mas da esquina já vi a fila dentro do lugar e desanimei total. Corri pra casa e preparei o famigerado alho e óleo com uma massa integral, e temperei uma salada de rúcula com tomates secos. Um copo de vinho e voalá – melhor do que qualquer restaurante. Mas com a volta do Uriel, vou poder retomar às minhas excursões culinárias, sem falar que ele está trazendo da fazenda uma tonelada de azeitonas fresquinhas, e já falou – procura uma receita para prepará-las. Azeitonas verders virgens, alguém sabe como processar as ditas?
um camarão frito de bar
A Raquel fez a pergunta que não quer calar — o que você comeu na sua lua de mel?
Bom, minha memória é péssima, e já são quase vinte e cinco anos, então não lembro muito bem que comi na minha lua de mel em Ilha Bela. Quer dizer, lembro que bebi o café com leite com mosca no hotel, e que voltei muitas vezes num tipo de um boteco, desses onde a frente da casa tinha sido transformada num bar onde o marido servia as pingas e cervejas, enquanto a esposa preparava uns aperitivos comestíveis. Não lembro como fomos parar lá, mas comi um camarão frito que nunca me esqueci, possívelmente temperado com alho e pimentão vermelho. Uma coisa maravilhosa! E porque na minha lua de mel eu estava grávida de seis meses, aquele camarão virou uma obsessão e eu só pensava e só queria comer aquilo! Tentei reproduzir o tal camarão em casa por anos, mas nunca consegui.