Fomos até San Francisco para quebrar um pouco a nossa rotina. Nós adoramos visitar a The City, que é para mim uma das cidades mais encantadoras e charmosas do mundo. Como era o dia do Ano Novo Chinês, resolvemos dar uma passadinha em Chinatown. San Francisco tem o maior bairro chinês fora da Ásia. A segunda maior Chinatown do mundo fica em Vancouver, Canadá. Elas são muito semelhantes – borbulhante de gente, comércio e uma imundice desgraçada. Sinceramente, o que me desanima de visitar Chinatown é a nojera. É chocante, mas faz parte do show. Eu gosto de entrar nas lojinhas, de comprar cacarecos e de olhar as pessoas apressadas fazendo as suas comprinhas, toneladas de frutas, verduras, legumes, raizes, carnes, aves, peixes.
O Ano do Porco [Dourado] tem tudo para ser um ano muito especial, com ênfase em atitudes de honestidade e bondade. Estamos muitíssimo precisados de um ano assim. Mas para a entrada do ano de 4704, não houve nenhuma celebração pública especial na Chinatown de San Francisco. Vimos muitas crianças e adultos estourando traques e até algumas bombinhas, e havia papel vermelho picado pelas calçadas – aumentando a sujeirada – e muitos cookies e chocolates em embalagens douradas e vermelhas à venda, além de todos os apetrechos típicos do dia, para boa sorte e fortuna. Eu comprei um quimono, um xale, colheres de porcelana e uma garrafa térmica com peneirinha para chá. Caminhamos muito, estava uma muvuca horrível, nós sempre comentamos das filas nas padarias, casas de chá e restaurantes em geral. Tudo sempre está abarrotado. É tanto cacareco e tanta comida pra vender, tanta gente, tanto movimento. Destoa um pouco do resto da cidade, lotada de figuras sofisticadas e modernex, turistas e mendigos. Aliás não se ve um mendigo em Chinatown – e olha que eles abundam no resto da cidade. Acho que é porque em Chinatown não tem espaço para os carrinhos de supermecado, que são as casas ambulantes dos homeless, e não dá pra dormir naquelas calçadas. Ninguém, nem mesmo os junkies no fundo do poço se arriscam.
Enquanto eu entrava nas lojinhas e me divertia olhando os cinco milhões de opções de badulaques inúteis e coloridos, o Uriel entrava nas vielas, obcecado em encontrar o ex-barbeiro do Frank Sinatra. Ha Ha Ha! Só o meu marido mesmo! O que ele encontrou foi um muquifo cheio de indivíduos imersos numa jogatina danada. Dispersa, dispersa, e arrepia na geral!