bolo de figos secos

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Não tinha como não fazer essa receita extraordinária da querida Elvira que tinha tudo pra ser um hit na parada de sucessos. Me atrapalhei um pouco com as medidas, principalmente com o “1,5 dl” que eu nunca tinha visto, mas na Elvira mesmo tem uma página de equivalências e tudo acabou bem. Dá um bolão, então na próxima vez vou tentar fazer metade da receita. Como eu tinha um evento no domingo de manhã, levei o bolo e quase cansei de tanto ouvir elogios. Participei de uma yard sale com mais seis garotas. Eu vendi para arrecadar uma graninha extra pra Brazil in Davis. Como chegamos bem cedo no local, tivemos café, mimosas, donuts e o meu maravilhoso bolo de figos secos, que sem dúvida alguma deixou os donuts com complexo de inferioridade. Delicioso!

500 g de farinha para bolos com fermento
[* ou 500 g de farinha + 1 colher (sobremesa) de fermento em pó]
500 g de açúcar
400 g de figos secos [*misturei dois tipos, escuro e claro]
250 g de manteiga amolecida (ou margarina vegetal)
6 ovos
1,5 dl/ 150ml/ 5oz de leite
5-6 colheres (sopa) de aguardente [*usei brandy]
1 colher (sobremesa) de canela em pó
manteiga e farinha para a forma

Cortar os figos secos em cubinhos pequenos e colocá-los numa tigela. Regar com a aguardente, envolver e deixar macerar por 1 hora. Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar uma forma redonda de buraco com manteiga e polvilhar com farinha. Reservar. Numa tigela, bater muito bem a manteiga com o açúcar. Juntar os cubinhos de figo previamente escorridos (reservar a aguardente) e envolver. Adicionar os ovos, a canela, o leite e a aguardente reservada. Misturar muito bem. Incorporar a farinha previamente peneirada, sem parar de bater até a massa ficar lisa e homogénea. Transferir a massa para a forma e levar ao forno por aproximadamente 1 hora, a 180ºC. Verificar a cozedura da massa com um palito ou uma lámina fina. Desenformar o bolo e deixá-lo arrefecer sobre uma grelha.

vamos ver se tem chucrute

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Meu plano para a hora do almoço era chegar em casa, vestir um robe, um chinelo, improvisar um rango e relaxar um pouco. Mas o pessoal que limpa a minha casa toda sexta-feira estava atrasado e quando eu cheguei eles ainda estavam lá, um na cozinha, outro na sala. Resolvi pegar um rango ambulante no Fuzio e enquanto esperava meu linguini com calamari ficar pronto, dei um pulinho na Borders. Pra quê? Saí de lá com o livrão debaixo do braço. Esses não são bem livros de receitas, apesar de terem receitas. São mais livros dos detalhes gastronômicos de cada país e são muito interessantes de ler.

Ashima Ganguli fez o jantar

Contar sonho em blog é pior que fazer lista, o famoso enche linguiça. Mas nem todo sonho é cinematográfico ou tem um tema culinário, então vou deixar meus brios de lado e dizer que perdi hora pela manhã por causa de um sonho desses. Eu sonho muito, desde que era criança, e lembro de todos os micro detalhes quando acordo. Mas nem sempre meus sonhos são agradáveis ou pândegos, geralmente eles conseguem mudar o meu humor ou estragar o meu dia. Meu mundo onírico tem muitas semelhanças com filmes como os de Tim Burton ou do Terry Gilliam. Nesta manhã, porém, sonhei um misto de Woody Allen com Mira Nair. Na realidade o Uriel convidou um colega professor e sua esposa para jantar aqui em casa no próximo sábado. Eles são indianos e vegetarianos. O Uriel mencionou a possível presença de um dos filhos. São dois já adultos, génios da computação. Cogitamos convidar também o Gabriel. E fiquei pensando no que vou cozinhar, um cardápio brasileiro veggie. Fui dormir e sonhei que estávamos em casa num sábado qualquer, relaxados e despreocupados, quando de repente bateram na porta. Era o casal indiano, mais os dois filhos. Os filhos eram mini-adultos se comportando [horrívelmente] como crianças mimadas. O casal era Ashoke e Ashima Ganguli, personagens do filme The Namesake [Nome de Família] da Mira Nair. Pânico total, não por eles serem o Ashoke e a Ashima, mas por terem vindo jantar na nossa casa no dia errado! Eu fiquei paralisada, enquanto a Ashima tomava as rédeas e dizia, não te preocupas, eu te ajudo. E se pôs a cozinhar na minha cozinha, que ficou perfumada de cheiros indianos e cheia de fumacê de algumas frituras que ela fazia nas panelas. Vi ela dissolver um molho vermelho, fritar samosas, fazer chapatis. Eu estava envergonhadíssima, pelo fato de estar despreparada e não ter muitos ingredientes disponíveis. Mas Ashima nem tchuns, e continuou improvisando e fazendo rangos e mais rangos. Em breve corri desajeitadamente para arrumar a mesa e nos sentamos para degustar uma fartura de pratos feitos pela minha convidada. O resto do sonho se desenvolveu como sketches de programa humoristico, onde personagens que faziam vizinhos ou conhecidos riam da minha situação enternecedora: convidou Ashoke e Ashima Ganguli para jantar e foi Ashima quem cozinhou.

reusáveis

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Encantadoras as novas reusable totes do Trader Joe’s. Elas são feitas com um tipo de plástico trançado com tecido, muito resistentes. Parecem pequenas à primeira vista, mas quando você começa a empacotar, oh dear, cabe coisa que não acaba mais. Comprei duas, pra deixar no carro—$1,99 cada!
* lembrando que já discutimos as vantagens das sacolas de supermercado reusáveis neste post antigo.

Meu passado me condena

Aniversários são datas empolgantes para pessoas que gostam e sabem como assar um bolo. Pra mim sempre foram datas de sacrifício, desgaste, estresse e humilhação. No aniversário de dois anos do meu filho inventei de fazer um bolo de chocolate. Não tive ânimo de buscar uma foto para ilustrar a tragédia, que pode muito bem passar sem a imagem constrangedora de uma amassarocado de cor marrom, torto e desnivelado, lambuzado e melecado de brigadeiro mole e pegajoso e salpicado aleatóriamente com balinhas coloridas de goma. Felizmente ninguém fez nenhum comentário e até que comeram fatias do desmilinguido bolo. O importante é que o Gabriel aproveitou muito a sua festinha e saiu em todas as fotos com o seu sorrisão feliz. Depois dessa fiquei anos sem fazer bolo por muito tempo, se bem que a atmosfera inebriante dos aniversários ainda me fez cair em algumas armadilhas. Anos atrás resolvi que tinha que superar esse trauma e sentimento de incapacidade. Munida de uma infalível receita da minha melhor amiga, a Marthinha Heleninha Kostyraa, fiz num cuidadoso passo-a-passo um bolo de aniversário, mesmo não sendo aniversário de ninguém. Fiquei tão abobalhada com o resultado positivo, do que posso chamar de meu primeiro bolo, que fiz a receita novamente para o aniversário de uma amiga. Meus arroubos bolísticos são bem raros. Hoje eu sei que consigo fazer um bolo de aniversário semi-decente, se me concentrar e usar uma receita detalhada e testada. O duro é quando resolvo inventar moda, como fiz no aniversário de trinta e cinco anos do Uriel. Eu deveria ter queimado a prova do crime, mas resolvi confessar abertamente—o passado me condena.