Cereja combina com creme. Por isso arrisquei numa invencionice sem receita e chutei o balde usando 1/3 de creme fraiche, 2/3 de half-and-half [o creme de leite diluído] que bati no liquidificador com muitas, muitas cerejas frescas descaroçadas e mel a gosto. Não deixei bater muito, pra fruta ficar pedaçuda. Depois disso sorveteira por vinte minutos e grawngrawngrawn…
frogurt de manga e menta
Esse bafão descabelante fora de época tem me dado ganas descontroladas de ingerir sorvete. Por isso tirei a poeira da minha sorveteira e fiz esse frozen yogurt [frogurt] de manga e menta. Usei metade de iogurte natural, outra metade de kefir natural, um saquinho de manga congelada, mel a gosto e folhinhas de menta chocolate fresca, que já abunda na minha horta. Bater, jogar na sorveteira e devorar muitos copinhos. Sem brincadeira, nos devoramos mesmo, como dois trogloditas esbaforentados…
aprium
damasco & ameixa |
o que não é blogável
Preparei a mega salada, fotografando o passo-a-passo, que nem era necessário, mas achei legal mostrar o processo de montagem de um prato único e completo. Em seguida fotografei o resultado final e para isso movi algumas coisas aqui e ali. Depois olhei as duzentas fotos uma por uma, escolhi umas quinze, que cortei e preparei para publicação. Quando vi as fotos montadas, uma sensação de que aquilo iria dar em nada tomou conta de mim. Não senti firmeza, não só pelas fotos, mas pela salada em si. Isso não é blogável, afirmei. E assim abortei mais um ex-futuro post para o Chucrute com Salsicha.
Outro dia uma pessoa me perguntou por que eu tinha ido naquele evento, que era a mesma coisa sempre, todo ano. Porque tudo lá é muito blogável, respondi. No vocabulário dos blogueiros, o jargão blogável — não blogável já está ficando comum. Eu sempre gasto um minuto de análise antes de publicar algo, porque ladies & gentlemen nem tudo é realmente blogável. Como foi o caso da multi salada, que vai ficar somente na minha memória.
O Chucrute com Salsicha não é um blog partidário do radicalismo, aqui todo assunto é um bom assunto. Mas eu mantenho sempre ativa e alerta a percepção de que tem muita coisa que não é blogável, assim como outras tantas simplesmente não são fotografáveis. E a infotograbilidade é um fenômeno que interfere terrívelmente com a possível blogabilidade da situação. Portanto temos que aceitar estes fatos incontestáveis de que certas coisas não fotografam bem, como outras coisas não blogam bem. Conscientes disso, prossigamos então, avante—próximo post, por favor!
A taberna da Adelia
Em Nazaré, depois de passearmos pela linda praia, onde as criancas cataram pedras e conchinhas e o Fausto tomou um caldo, voltávamos para o estacionamento quando eu vi esse restaurante. Ele estava fechado, mas eu colei a minha cara nos vidros e fiquei simplesmente encantada com o que vi lá dentro. A oportunidade de registro era única. Micos à parte, o que importa é que fotografei o restaurante, que agora vai ficar gravado para sempre na minha memória, para no futuro, quem sabe, eu poder voltar à Narazé e jantar na Taberna da Adelia.
Pelo que me contaram da história de Nazaré, com sua população de pescadores vestidos de camisa xadrez e touca de meia de lã e as mulheres com as saias curtas—certamente para poder entrar na água e ajudar os maridos com mais destreza, a Taberna da Adelia reproduz todos esses simbolos da cidade. Com as cadeiras forradas de tecido xadrez, a foto da própria Adelia vestida a carater e todos os micro-detalhes das louças e tachos de metal. Um chame de lugar, onde eu não comi, mas isso realmente não importa.
não estou preparada pra hoje
É difícil alguém me pegar reclamando do frio. A não ser que chova muito e a umidade e falta de sol comece a mofar e cansar a beleza. Mas de maneira geral, eu encaro bem outono e inverno, nunca reclamei, nem mesmo quando morei em Alaskatoon. Mas o calor, lordhavemercy, esse me pega sempre com as calças na mão, tentando correr pra me esconder sem sucesso. Como eu abomino os dias infernais. Só não abomino mais os dias infernais daqui, do que a sauna do verão tropical. Sou uma pessoa temperada, não gosto de exageros.
Então me deu um siricotico histérico quando olhei a previsão do tempo para esta semana e vi lá na quinta-feira números inacreditáveis para esta época do ano. Hoje, 39ºC / 102ºF. O que significa isso??
Significa que preciso me vestir o mais confortável possível, com roupas que não apertem, não sufoquem, e beber muita água, andar devagar, não se abanar nem se afobar, fechar as janelas e cortinas da casa na hora do almoço—na verdade deveria ter fechado agora de manhã—evitar usar o forno e tentar usar o fogão o mínimo possível. Plantas irrigadas, gatos com suplemento extra de água, coragem pra pedalar para casa às 5 pm, quando o mercúrio do termómetro estiver batendo lá nos trinta e nove.
Essa ondaça de calor vai durar até domingo. A coisa boa é que está ventando muito. E ontem eu dormi com todas as janelas escancaradas e ouvindo uma deliciosa sinfonia de grilos, que pra mim é sempre um som nostalgico e reconfortante.
arroz de atum
A inspiração veio toda da Mariana e eu fiz exatamente como ela fez, usei até atum português! Arroz basmati, cenoura, ervilha, tomate, só omiti o alho. Ficou mesmo comida de comer na tigela, com colher. Pra comer enquanto se conversa sobre os assuntos do dia, encerrando o expediente. O bom é que deu uma quantidade pra servir umas quatro pessoas bem servidas, então tenho rango pro almoço de hoje. Hmmm!
um fio de cada
fui ao Continente
Para não quebrar a minha tradição de dar um pulinho no supermercado local dos paises que eu visito, em Portugal eu tive que ir ao Continente. Primeiro fomos ao pequeno Inter Marché perto da casa dos pais do Luis em Granja do Ulmeiro. Depois fomos ao Continente em Coimbra, porque esse é o supermercado bacanérrimo do pedaço, que todos elogiaram, o paraíso do consumo. O Continente é um hipermercado nos moldes do Carrefour. Um lugar para se passar muitas horas encaroçando pelos corredores e prateleiras. Eu adorei ver os produtos, principalmente os frescos que vem de diferentes lugares da Europa, Ásia, Africa e até do Brasil, como é o caso da cana. Na Europa fico sempre encantada com a seção de queijos e iogurtes. No Continente, parei na frente dos azeites e dos vinhos também. Não só parei pra olhar, mas também pra fotografar, para o total desespero do meu cunhado, que caminhava a metros de distância na minha frente tentando fingir que não me conhecia. Micos galore! Pobre Luis! Mas eu não poderia perder a oportunidade de registrar o meu passeio ao Continente. Pois sim, visitar supermercados estrangeiros é passeio pra mim! Pena que as maledetas companhia aéreas impõem limite de peso à bagagem, senão eu teria feito uma bela de uma compra, mesmo correndo o risco de ficar parecendo uma farofeira das boas, carregando postas de bacalhau e sacolas de comida dentro do avião.
necas de pitibiriba
Eu cheguei, mas ainda não estou realmente aqui.
O negócio é que ando sem a menor vontade de cozinhar. Durante a semana tenho feito um rangabofe simples, porque precisamos comer e gastar os produtos frescos que já se aboletam nas gavetas da geladeira. Mas pra falar a verdade, ando sem inspiração e sem ânimo. Olho as receitas nas revistas do mês que se empilharam durante a minha ausência e tenho ganas de jogar tudo pra cima, depois pisotear as folhas coloridas e impressas com fotos bacanas bem pisoteadas e sair correndo pela rua, braços estendidos em direção à qualquer restaurante ou birosca que venda batata frita. Esse é o meu estado de espírito atual. Não tenho nenhuma pretensão de me explicar, só quero registrar esse fato singular de que não ando querendo cozinhar.
Tenho planejado tentar replicar alguns dos rangos bacanas que experienciei em Portugal. Naquele dia da semana passada fiz numa piscada de olho a sopa de tomate alentejana que tanto encanta a minha irmã e que me deixou realmente abismada pela sua simplicidade. Cebola, tomates pelados e picados, azeite e um ovo pochê acomodado no caldo, ajeitado numa cumbuca forrada por uma fatia de pão rústico. Naquele dia eu jantei sozinha às 5:30 da tarde, porque não consegui esperar pelo Uriel, tamanha era a minha fome e o meu sono. Quando a sopa ficou pronta eu pensei em tirar fotos e esse pensamento me fez curvar de tanto cansaço. Simplesmente não consegui tirar foto nenhuma, só consegui comer, comer e pronto.
Não estou querendo cozinhar, não ando querendo tirar fotos das minhas comidas, por isso vou sentar e esperar essa vontade de fazer nada na cozinha passar. Porque vai passar, eu tenho certeza que vai.
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** O tempo que tenho economizado não cozinhando está sendo usado pra fazer outras mil coisas, como capinar novamente a horta que foi tomada por um matagal durante a minha ausência. Finalmente plantei meus pés de tomate. Desta vez apenas quatro, pois quero experimentar dar bastante espaço para os arbustos. Plantei vários tipos de manjericão e orégano, mais cibouletes, sálvia e lemon verbena, pra fazer par com o lemon balm [melissa] que está crescendo lindamente. Replantei também as ervas dos vasos. No interim tomei conhecimento de um novo morador no meu quintal—um esquilo, que se divide entre a minha casa e a do vizinho. No ano passado foi um filhote de lebre muito fofinho que detonou com metade das minhas ervas. Neste ano é o senhor esquilo, que está prestes a fazer um belo estrago, talvez nas frutinhas de pêssego e nectarina.
*** Também aproveitei para fazer um remanejamento das roupas no closet, armários e gavetas. Saí de cena artigos de lã, veludo, mangas compridas, casacos, cachecóis. A previsão do tempo para esta semana está arrepiante. Ainda estamos em meio de maio e já teremos uma ondaça de calor temporã. Quinta-feira, mínima de 16ºC, máxima de 38ºC. ARGH!!!

